Cantamos e ouvimos falar muito sobre as sete linhas da umbanda, mas poucas pessoas compreendem e conhecem a origem histórica das sete linhas da umbanda. Neste artigo iremos nos aprofundar no estudo da origem das sete linhas da umbanda e também apresentaremos a visão doutrinária do Núcleo Mata Verde sobre as sete linhas.
Sabemos que a Umbanda, como um culto organizado, começou em Niterói/RJ no início do século XX, tendo como data oficial da primeira reunião o dia 16 de Novembro de 1908.
Todos os documentos históricos indicam que o jovem Zélio de Moraes foi o responsável pelo início da umbanda.
Zélio de Moraes
Zélio fundou a primeira Tenda de Umbanda do Brasil, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundou as primeiras sete Tendas de Umbanda que teriam a responsabilidade de divulgar a ampliar a religião em solo brasileiro; criou o primeiro jornal de umbanda, a primeira federação de umbanda e também foi um dos organizadores do primeiro congresso de umbanda realizado em 1941.
Em sua vida teve oportunidade de divulgar a umbanda de norte a sul do nosso país.
Neste artigo não vamos entrar em maiores detalhes sobre a origem da umbanda, mas todas as informações acima são fundamentadas em livros, atas, estatutos registrados em cartório, gravações de vídeo e áudio.
A origem da umbanda com Zélio de Moraes, não é somente um mito, um “achismo”, como alguns afirmam, mas fruto de pesquisa de muitos estudiosos, escritores, pesquisadores e umbandistas sérios.
Sabemos que a umbanda teve seu início em 1908, mas e as sete linhas da umbanda?
Elas sempre existiram?
Quem elaborou as sete linhas da umbanda, foram os Orixás, os espíritos, os dirigentes umbandistas, os escritores?
Qual foi a primeira apresentação (codificação) das sete linhas da umbanda?
Quais as visões existentes?
Quais são as sete linhas da umbanda segundo a doutrina dos Sete Reinos Sagrados, ensinada pelo Caboclo Mata Verde e seguida no Núcleo Mata Verde?
Estas são algumas das perguntas e esclarecimentos que pretendemos desenvolver neste texto doutrinário.
O Início
Sabemos que foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas o espírito responsável pela organização da umbanda, orientando logo na primeira reunião como seria esta nova religião, como seriam os trabalhos espirituais, o uniforme utilizado, o horário de início e término, os estudos etc.…
Era o Caboclo que orientava e dava todas as determinações, por isso era chamado pelos integrantes da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade de CHEFE.
Além do Caboclo das Sete Encruzilhadas, logo na primeira reunião se manifestou outro espírito chamado Pai Antônio, um Preto Velho. Estes dois espíritos foram os iniciadores do que conhecemos hoje como religião de umbanda, um CABOCLO e um PRETO VELHO.
Somente em 1913 (passados cinco anos do início da religião) é que Zélio de Moraes começa a trabalhar com a entidade conhecida como Orixá Mallet.
É importante deixar registrado que até esta data (conforme gravação de áudio do próprio Zélio de Moraes) o nome da nova religião era ALABANDA. Segundo Zélio de Moraes nome original da religião foi Alabanda, onde Alá é uma palavra árabe que significa “Deus” e banda significando “do lado de”.
Logo, Alabanda significa do lado de Deus. Esse nome foi dado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, como uma homenagem ao Orixá Mallet, que era malaio e muçulmano (Alá é a forma como os muçulmanos chamam Deus). Portanto até esta data não se falava em “SETE LINHAS DA UMBANDA”, também não existia na umbanda crianças, exus, pomba gira, ciganos, baianos e outras linhas conhecidas atualmente.
Qual foi a primeira Sete Linhas da Umbanda?
Leal de Souza
Somente em 1925 (passados dezessete anos do início da umbanda) é que o senhor Leal de Souza em entrevista a um jornal do Paraná, chamado “Mundo Espírita” apresenta pela primeira vez uma codificação das Sete Linhas da Umbanda.
Leal de Souza era escritor, jornalista e redator chefe do jornal “A Noite” do Rio de Janeiro; foi um participante ativo e dedicado, durante 10 anos, da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e amigo de Zélio de Moraes.
Afastou-se da Tenda Nossa Senhora da Piedade, sob as ordens do Caboclo das Sete Encruzilhadas, para fundar a Tenda Nossa Senhora da Conceição.
Em 1932 é convidado para escrever uma série de artigos sobre Espiritismo e Umbanda e novamente apresenta as Sete Linhas da Umbanda.
Em 1933 publica o primeiro livro a falar sobre a umbanda: “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas da Umbanda”.
O arquivo (PDF) deste livro está disponível no site do Núcleo Mata Verde e também é apresentado no curso EAD – Umbanda Os Sete Reinos Sagrados.
Segundo Leal de Souza, que vivia a umbanda em sua origem, as Sete Linhas da Umbanda eram:
- Oxalá
- Ogum
- Oxóssi
- Xangô
- Iansã
- Iemanjá
- As Almas
Em 1941 (passados 33 anos da fundação da umbanda) é realizado no Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda e neste congresso é ratificado as sete linhas da umbanda.
As linhas são chamadas de “Pontos da Linha branca de umbanda” ou graus de iniciação e são:
- 1º Grau de iniciação – Almas
- 2º Grau de iniciação – Xangô
- 3º Grau de iniciação – Ogum
- 4º Grau de iniciação – Iansã
- 5º Grau de iniciação – Oxóssi
- 6º Grau de iniciação – Iemanjá
- 7º Grau de iniciação – Oxalá
Reparem que os Sete Pontos ou Graus de iniciação confirmados no Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda ( 1941 ) são as Sete Linhas da Umbanda apresentadas por Leal de Souza em 1925.
É neste primeiro congresso de umbanda que a Tenda Mirim apresenta um trabalho sugerindo que o nome da religião seria Aumbandã.
Em 1942 Lourenço Braga publica sua tese chamada “Umbanda e Quimbanda”, no qual apresenta o primeiro esquema formulado e pensado das sete linhas da umbanda com sete legiões para cada linha, também marca seu pioneirismo na apresentação da LINHA DO ORIENTE e das sete linhas da Quimbanda:
- Linha de Santo ou de Oxalá – dirigida por Jesus Cristo
- Linha de Iemanjá – dirigida por Virgem Maria
- Linha do Oriente – dirigida por São João Batista
- Linha de Oxóssi – dirigida por São Sebastião
- Linha de Xangô – dirigida por São Jerônimo
- Linha de Ogum – dirigida por São Jorge
- Linha Africana ou de São Cipriano – dirigida por São Cipriano
Em 1952 (após 44 anos do início da religião) o Primado de Umbanda, ente federativo que tem como seu Primaz o Senhor Benjamim Figueiredo, responsável pela Tenda Mirim apresenta sua doutrina e os Sete Seres Espirituais responsáveis pela luz espiritual emanada de Deus, o primeiro elo entre Deus e as outras hierarquias espirituais.
Em nosso sistema solar, os chamados Orixás Maiores regem as Sete Linhas da Umbanda:
- Orixalá
- Ogum
- Oxóssi
- Xangô
- Yorimá (Iofá, Obaluaê)
- Yori (Ibeji – Erês – Crianças)
- Iemanjá
Em 1955 Lourenço Braga publica o livro “UMBANDA E QUIMBANDA – VOLUME 2”, onde apresenta a seguinte distribuição, onde atribui a cada linha um Arcanjo como responsável e relaciona com os planetas:
- Linha de Oxalá ou das almas – Jesus – Júpiter
- Linha de Yemanjá ou das águas –Gabriel – Vênus
- Linha do Oriente ou da Sabedoria – Rafael – Urano
- Linha de Oxóssi ou dos vegetais – Zadiel – Mercúrio
- Linha de Xangô ou dos minerais –Oriel – Saturno
- Linha de Ogum ou das demandas – Samael – Marte
- Linha dos Mistérios ou encantamentos – Anael – Saturno
Em 1956 W.W.Mata e Silva apresenta no livro “Umbanda de Todos Nós” as sete linhas da Umbanda:
- Orixalá
- Iemanjá
- Yori (Crianças )
- Xangô
- Ogum
- Oxóssi
- Yorimá (Linha das Almas, Pretos Velhos)
Notamos que foi a partir da década de cinquenta que os estudiosos retiram das sete linhas a vibração de Iansã e substituem pela Yori (Crianças).
Em 1964 no livro “Okê Caboclo – Mensagens do Caboclo Mirim”, de Benjamim Figueiredo fundador da Tenda Mirim, os Orixás se dividem em menores e maiores, sendo estes últimos os regentes das sete linhas:
- Oxalá (Inteligência)
- Iemanjá (Amor)
- Xangô Caô (Ciência)
- Oxóssi (Lógica)
- Xangô Agodô (Justiça)
- Ogum (Ação)
- Iofá (Filosofia)
Em 2003, Rubens Saraceni, apresenta uma nova organização no livro “Sete Linhas da Umbanda – A Religião dos Mistérios”:
- Oxalá – essência cristalina – fé
- Oxum – essência mineral – amor
- Oxóssi – essência vegetal – conhecimento
- Xangô – essência ígnea – justiça
- Ogum – essência aérea – lei
- Obaluaê – essência telúrica – evolução
- Iemanjá – essência aquática – geração/vida
Em 2009 no livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista”, Rubens Saraceni, traz a seguinte ordenação:
- Oxalá
- Ogum
- Oxóssi
- Xangô
- Oxum
- Obá
- Iansã
- Oxumaré
- Obaluaê
- Omulu
- Nanã
- Oiá Tempo
- Egunitá
- Exu
- Pomba-Gira
Em 2010, Janaina Azevedo Corral, no livro “As Sete Linhas da Umbanda”, traz a seguinte apresentação:
- Linha de oxalá
- Linha das Águas
- Linha dos Ancestrais (Yori e Yorimá)
- Linha de Ogum
- Linha de Oxóssi
- Linha de Xangô
- Linha do Oriente
Além das codificações citadas acima, existem outras.
Estas codificações tentam explicar ou justificar como e porque, os espíritos se manifestam com determinadas características, porque possuem preferência por determinadas cores, nomes, regiões da natureza (praia, montanhas, matas, cemitérios etc.…)e demais afinidades.
Todos estes escritores e pesquisadores umbandistas, inspirados por seus mentores, observaram, estudaram e de acordo com suas observações agruparam as entidades espirituais em linhas, que foram em determinadas épocas separadas em falanges, legiões etc.…
Bibliografia:
1) Umbanda Os Sete Reinos Sagrados – Manoel Lopes – Ícone Editora
2) Umbanda Um Século de História – Diamantino Fernandes Trindade – Ícone Editora
3) História da Umbanda – Alexandre Cumino – Madras Editora
4) Umbanda de Todos Nós – W. W. Matta e Silva
5) Curso Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior – Universo dos Livros
6) Curso EAD do Núcleo Mata Verde – www.mataverde.org/ead
Obs. Este texto foi extraído integralmente do site:
http://www.blog.mataverde.org
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