Umbanda: “Conjunto das Leis de Deus” aum-ban-dan
O vocábulo Umbanda, com sete letras e três sílabas, é uma corruptela da palavra místico-sagrada aum-ban-dan, cujo significado é “lado de Deus”, “O que vem de Deus”, “Conjunto das Leis de Deus”. Possui influências dos cultos indígenas, africanistas, do espiritismo, do catolicismo e das religiões e filosofias do Oriente.
As primeiras manifestações dos Espíritos de Luz designados para esse trabalho, sob forma de Caboclos e Pretos Velhos, foram rechaçados nas sessões espíritas e classificados como “espíritos atrasados”. Essa situação permaneceu até 15 de novembro de 1908, quando um jovem de 17 anos, chamado Zélio Fernandino de Moraes, compareceu a uma sessão da Federação Espírita, em Niterói, e foi convidado a participar da mesa, manifestando-se nele um espírito que se identificou como Caboclo das Sete Encruzilhadas, dizendo então, que assim seria chamado porque para ele não haveria caminhos fechados. Relatou o teor da sua missão; reorganizar a Umbanda, estabelecendo as bases de um culto, no qual os índios (caboclos) e os escravos (pretos velhos) viriam para o cumprimento de missão determinada pelo astral superior, e proferindo uma frase que se tornou famosa e se eternizou por tão real; “levarei daqui uma semente e vou plantá-la nas neves, onde ela se transformará em árvore frondosa”. E assim foi.
Os médiuns usariam roupa branca; não seria permitida retribuição financeira pelo atendimento ou pelos trabalhos realizados; ficavam proibidas as matanças (sacrifícios de animais); evangelização seria a palavra-chave desse culto. A umbanda reverencia doze Orixás, e estes formam um conjunto, juntamente com inúmeros outros seres que também trabalham para o bem maior da humanidade, cada um com a sua função. Assim, sete são as linhas de vibração, encimadas pelos Sete Orixás Maiores ou Principais. São denominadas as Sete Linhas de Umbanda. Cada Linha representa uma força cósmica, tendo os Caboclos, Pretos Velhos, Ibejis e Exus como entidades medianeiras entre os Orixás e os homens.
Oxalá é o maior dos Orixás. Jesus Cristo é o Pai-Oxalá. É o governante do planeta Terra. O grande respeito e a maneira superlativa do nome-Oxalá – já o identifica como sendo mais que um Orixá, tratando-se pois, do Chefe Supremo. Seu elemento é o ar. Tem entidades medianeiras próprias e os elementais do ar a seu serviço. É saudado com a exclamação: Eia Babá! Tem a sua representação no astro-rei – o Sol. A cor da linha de Oxalá é a branca.
N.Sra. da Glória, Iemanjá e Nanã. A segunda linha de vibração figuram dois Orixás das águas: a água do mar – Iemanjá – sincretizada (sobretudo no Rio de Janeiro) com N. Sra. da Glória e a água do céu ou da chuva – Nanã ou Nanãburoque, em correspondência católica com N. Sra. de Sant’Ana. Têm entidades medianeiras e os elementais das águas, respectivamente, do mar e da chuva, a seu serviço. Iemanjá é saudada com a expressão: Ofê-Iába ou O-Miô! Para Nanã é dirigida a saudação: Saluba! O astro representativo de Iemanjá e Nanã é a Lua. Suas cores são: branco cristalino (Iemanjá) e lilás ou roxo para Nanã.
Ibejis, São Jorge, Ogum. A terceira linha é a dos Orixás da magia. Ogum é sincretizado (principalmente no Rio de Janeiro) com São Jorge e os Ibejis são assimilados a São Cosme e São Damião (associados ainda a Doum). Tem entidades medianeiras (Caboclos de Ogum e Crianças) e os elementais do fogo a seu dispor. Ogum é saudado assim: Ogum-lê! Para Ibeji não existe uma saudação especial. Ogum recebe a consagração do planeta Marte. Suas cores características são: vermelho e branco para Ogum e rosa (podendo adicionar o azul) para os ibejis ou crianças.
O reino vegetal, a mata representa Oxóssi e Ossãe. Oxóssi tem sua correspondência com São Sebastião (Rio de Janeiro). Na Umbanda, Oxóssi absorveu a cultuação Afro-brasileira dedicada a Ossãe. possui as entidades medianeiras (Caboclos da mata) e os elementais do reino vegetal a seu serviço. A saudação feita a Oxóssi é: Okê Bambe ôclim. Seu planeta é Mercúrio. Sua cor, o verde.
I*ansã, Santa Bárbara e Xangô (São Jerônimo, São Pedro, São Joa Batist*a). Xangô e Iansã são da quinta linha. Xangô representando o Reino Mineral, e Iansã, o tempo – os raios, as tempestades e os ventos. A invocação endereçada a Xangô envolve desde os Doze apóstolos, a todos os santos velhos. Iansã é sincretizada com Santa Bárbara. Tem entidades medianeiras (sobretudo caboclos de Xangô, Caboclas de Iansã e Mestres do Oriente) e elementais do reino mineral a seu serviço. Xangô é saudado com a exclamação: Caô cabecilê! E Iansã: Eparei! seu planeta, Júpiter. a cor de Xangô é marrom e de Iansã é o amarelo ou vermelho-coral.
Na mesma faixa vibratória temos: Oxum representada pela água da terra ou água doce (rios e cachoeiras) e Oxumaré pelo arco-íris, união do mundo visível e invisível. Na Umbanda há uma fusão na invocação para Oxum e Oxumaré. Oxum é assimilada, notadamente no Rio, com N. Sra. da Conceição. Possui entidades medianeiras (principalmente Caboclas) e elementais da água doce a seu serviço. É saudada com a exclamação: Aiê, Ieu! Seu planeta é Vênus. A cor de Oxum é o azul-claro ou azul celeste.
Omolu ou Obaluaiê, ou ainda Xapanã, identifica-se com o elemento terra. Este Orixá é conhecido como senhor da Morte, assenta-se no cruzeiro dos cemitérios. É *sincretizado com São Lázaro e São Roqu*e. Tem entidades medianeiras (principalmente Pretos Velhos) e elementos da terra a seu serviço. Sua saudação, Atôtô-Iê. Seu planeta é Saturno. Tem como cor o preto ou preto e branco.
Os Caboclos (índios) representam a força e a energia dos trabalhos e das sessões, agindo sempre com muita altivez, como desbravadores dos caminhos da espiritualidade e da fé. Na linha de Caboclos vamos encontrar os ligados aos * rixás Ogum, Xangô e Oxóssi.*
Os Pretos Velhos são denominados de magos velhos da magia e das sete ciências ocultas. São entidades profundamente doces, autênticos vovós e vovôs, que escutam todos os queixumes dos filhos de fé, e os orientam e consolam. Vale aqui citarmos a importante mensagem contida em “As Sete Lágrimas de um Preto Velho: “Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho pitando seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava… sete lágrimas desciam-lhe pelas faces. ‘A primeira’, diz o Preto Velho, ‘eu dei a esses indiferentes que aqui vem em busca de distração para sairem ironizando o que sua mentes ofuscadas não podem conceber… a segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam… a terceira, distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar seus semelhantes… a quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se delas de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão… a quinta, chega suave, tem o riso e o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, estará escrito: creio na Umbanda, nos Caboclos e no seu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso ou me curarem disso ou daquilo… a sexta, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente… a sétima, filho, notas como deslizou pesado! Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos Orixás. Fiz doações dessas aos médiuns vaidosos que só aparecem no centro em dia de festas e faltam as doutrinas. Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas crianças precisando de amparo material e espiritual… assim, meu filho, foi para todos esses que vistes rolar e cair uma a uma ‘As Sete Lágrimas de um Preto velho’.”
A linha das Crianças é a da pureza e do amor. O termo “criança” aqui é puramente simbólico, pois trata-se de uma roupagem fluídica, escolhida pelo espírito para assim se apresentar, por melhor se adequar à missão que precisa cumprir.
Há Povo da Água e do Oriente. O Povo do Oriente fala pouco e, quando o faz, o seu linguajar é perfeito e bastante correto. Não gosta de dar consultas. Raramente usa o termo “chefia de cabeça” e sempre demonstra muita sabedoria e amplos conhecimentos filosóficos e esotéricos. Na Umbanda, os componentes desse Povo são chamados de Mestres da Linha do Oriente (egípcios, tibetanos, chineses, etc).
O povo D’Água, geralmente representado pelas Caboclas das Águas, identifica-se com os Orixás ditos femininos, numa convergência com diferentes representações de Nossa Senhora (Virgem Maria).
Exu, Pomba-Gira e Zé Pelintra. Na Umbanda, Exu, Pomba-Gira Cigana e Zé Pelintra trabalham para o bem. Os Exus auxiliam na abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos pertubadores durante a gira. São considerados “policiais”, que agem nos sub-mundo espiritual.
Fonte :Federação Brasileira de Umbanda
http://www.xamanismo.com.br/umbanda/
Fonte :Federação Brasileira de Umbanda
http://www.xamanismo.com.br/umbanda/
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