Camboja: encontro com a cidade perdida
A cidade de Angkor esteve perdida na selva durante demasiado tempo: primeiro, ignorada pelo ocidente até à chegada dos franceses à Indochina; depois, demasiado perigosa para visitar, graças às minas espalhadas pelosKhmer Vermelhos. Agora é um dos locais mais visitados do sudeste asiático – mas conseguimos manter o mistério da descoberta se optarmos por uma visita a solo.
A sinfonia de pássaros exóticos camuflados nas árvores frondosas, era constantemente boicotada pelo ranger de milhões de asas de cigarras, também elas invisíveis, excitadas pelo calor quase insuportável que nem a sombra atenuava. Meia dúzia de raparigas saíam da letargia da sesta, carregando caixas térmicas com gelo já derretido e onde boiavam latas de cerveja, coca-cola e seven-up, “very cold, very cold”, como me demonstravam encostando o alumínio frio aos meus braços suados. Bebi com uma necessidade de esponja, espantei a moleza com um leque de sorrisos e só a beleza arquitetónica daqueles monumentos, encaixilhados no verde da selva, me fizeram pisar o asfalto peganhoso e enfrentar o chumbo derretido que caía do céu.
A primeira plataforma – o Terraço do Rei Leproso – com as lajes negras comidas pela humidade, tem paredes decoradas com dançarinas voluptuosas e figuras de reis e princesas, habilmente esculpidas na pedra mole. No ponto mais alto, uma estátua muito lisa representa um ser humano nu, sem sexo nem cabeça: pode ser Xiva, o deus hindu da Criação e da Destruição, ou Yasovarman, o fundador de Angkor que teria morrido de lepra. Na continuação lógica de muros cobertos de líquenes, com árvores a despontarem por detrás como se saíssem das entranhas da pedra, há outra plataforma que deve o seu nome aos elefantes estampados em relevo, num friso de muitos metros. Do cimo deste desmesurado terraço pregavam os reis-deuses aos súbditos reunidos em assembleias que, no auge do Império Khmer, acabavam sempre em grande pompa, com desfiles muito coloridos de infantaria e cavalaria. É impossível imaginar tanto aparato naquele cenário enterrado em plena selva, com os poucos figurantes do presente diluídos nas sombras, ou passando num silêncio de fantasmas, flutuando nas ondas do calor.
A cerca de duzentos metros dos terraços, nas traseiras, ergue-se o Baphuon, o terceiro e último monumento importante deste grupo. É uma pirâmide imponente, com o topo destruído e que representa o Monte Meru, centro simbólico do universo, “a casa dos deuses”, segundo os conceitos religiosos hindus. O Baphuon é um dos vários “templos de montanha” espalhados pela vastíssima área de Angkor, destinados a centralizar o culto ao rei-deus (devaraja) e através dos quais a sagrada personalidade do soberano era adorada, em altar próprio, como sendo a única e verdadeira essência do reino.
A decoração do pórtico e as figuras em alto-relevo que animam a longa cintura de pedra, valem a caminhada no descampado martirizado pelo sol, que acentua a humidade de piscinas que foram o deleite da corte e dos peregrinos, agora transformadas em pântanos onde pastam vacas cravadas no lodo. No regresso ao tapete acanhado do asfalto e à abençoada sombra onde deixara a motorizada de aluguer, fui intercetada por três miúdos que interromperam as suas brincadeiras para me mostrarem um estreito corredor, cuja entrada passa completamente despercebida. A passagem segue paralela aos muros principais e é um não mais acabar de esculturas duma perfeição a toda a prova; às dançarinas sensuais, figuras mitológicas e cobras de cinco, sete, nove ou onze cabeças, é difícil dar uma idade tão avançada – quase 800 anos – pois parecem ter sido esculpidas no dia anterior. Mas para aqueles miúdos, que me incitam com sorridentes “par ici, par ici”, o ex-líbris é um guerreiro ou um rei a quem chamam Buda e que tem uma bala cravada no coração. “Khmer Rouge…” , dizem, excitados, apontando o projéctil preso com cimento para que não escape à história.
Entre os séculos I e VI, grande parte do território cambojano pertencia ao reino de Funan, estrategicamente situado na rota comercial que ligava a Índia à China. Teve uma influência vital em todo o Sudeste asiático, devido a uma cultura que reunia hinduístas e budistas. Crê-se que invasores javaneses passaram a controlar grande parte do país, a partir do século VIII e é precisamente um descendente destas dinastias – Jayavarman II (802-850) – que inicia o chamado período de Angkor, que se prolongaria até ao século XIV. É o primeiro soberano khmer a receber o título de devaraja (rei-deus). Instala-se em quatro capitais diferentes, nas imediações do lago Tonlé Sap, mas só com a construção de um vasto e sofisticado sistema de irrigação, levado a cabo por Indravarman I (877-889), seu sobrinho e sucessor, é possível a cultura intensiva das terras circundantes e a consequente subsistência duma população numerosa, que vivia numa área relativamente pequena. As conquistas começariam com Yasovarman (889-910), que muda a capital para Angkor, o futuro centro de uma extensa possessão que se estenderia aos actuaisVietname, Laos e Tailândia. Mas as sucessivas guerras com birmaneses, vietnamitas e Cham, povo que dominava o centro-sul do Vietname, enfraqueceram o poder khmer e Angkor é conquistada e saqueada em 1177, deixando o império num caos.
Só aquele que é considerado um dos mais importantes reis khmer – Jayavarman VII (1181-1201) – consegue repôr a ordem e iniciar a construção de inúmeros monumentos. A ele se deve a edificação de Angkor Thom, uma cidade fortificada que chega a ter um milhão de habitantes (mais do que qualquer cidade europeia da época), protegida por uma muralha quadrada com doze quilómetros de extensão, oito metros de altura e rodeada por um fosso, largo de cem metros, onde abundavam crocodilos. O acesso era feito por entradas monumentais; as cinco portas de pedra, com vinte metros de altura, ainda ostentam o rigor e a qualidade dos artistas da época: os elefantes e as inúmeras caras de Avalokitesvara parecem ter sido petrificadas, e não esculpidas… Em frente a cada uma das portas, à esquerda e à direita, existiam cinquenta e quatro estátuas de deuses e outras tantas de demónios, segundo a inspiração nas histórias contidas na Agitação do Oceano de Leite. O relato do comerciante chinês Chou Ta-Kuan, que visitou a cidade em 1296, não deixa margem de dúvidas: “magnífica e excitante metrópole”.
Mas como há sempre um declínio nos grandes impérios, Angkor foi desfalecendo, ao mesmo tempo que abandonava a adesão ao hinduísmo para enveredar pelo budismo hinayana; até o uso do sânscrito foi trocado por uma língua sagrada. As sucessivas incursões tailandesas, que sabotavam o imprescindível sistema de irrigação, foram o golpe de misericórdia: Angkor é ocupada em meados do século XV, obrigando a corte a edificar uma nova capital nos arredores de Phnom Penh. Seguem-se quase quatro séculos de instabilidade, de confusões dinásticas e de guerras que envolviam tailandeses, vietnamitas, espanhóis e até portugueses!
A história mais recente
Em 1884, o Camboja torna-se uma colónia francesa à força e eis que Angkor, “a cidade perdida”, renasce no interesse dos europeus, sobretudo após a publicação do livro Le Tour du Monde, um relato das viagens do naturalista francês Henri Mouhot. Imediatamente se idealizaram programas de pesquisas, com o envolvimento de arqueólogos e filólogos sob a direcção da École Française d’Extrême Orient. No entanto, só em 1908 se deu início aos primeiros trabalhos no terreno: remover toda a vegetação nociva aos monumentos, reconstruir estruturas danificadas pela selva e pelo tempo e restaurar tudo o que fosse possível, tentando fazer reviver a grandeza original. Este enorme esforço foi interrompido no início dos anos 70 devido à guerra que, desta vez, envolvia vietnamitas do norte e do sul, americanos e uma nova facção, os Khmer Vermelhos, que tomariam o poder em abril de 1975 e que escreveriam com sangue e terror quatro anos de história…
A invasão do Camboja pelo Vietname, em janeiro de 1979, teve, pelo menos, a virtude de acabar oficialmente com um regime inqualificável. Mas os Khmer Vermelhos continuaram a actuar com a violência demente que lhes era característica, a partir de bases instaladas na selva e nas montanhas do norte. Previa-se o pior para a “cidade perdida”, mas os estragos não foram tantos como o previsto. E só no início de 1992, com a chegada dos primeiros vinte e dois mil funcionários das Nações Unidas, cuja tarefa principal era manter a paz e administrar as eleições livres, foi possível reabrir a área à visita de turistas estrangeiros.
Mesmo que a bala espetada no Buda do Terraço dos Elefantes seja o resultado da imaginação de quem andou por ali em restauros, e não a obra de um atirador exímio, é natural que cause espanto e reflexão a muitos dos visitantes, que só aguardavam tempos de paz verdadeira para se deliciarem com uma obra que já atingiu o estado de lenda. Do cimo do Phnom Bakhung, a Montanha de Idra, uma intrusa na monotonia plana da paisagem, há uma vista panorâmica sobre os limites de Angkor Thom, se a visibilidade não se turvar com inesperadas mudanças climatéricas; as chuvadas costumam ser violentas e prolongadas, verdadeiras cortinas líquidas. Até Angkor Wat, ali a dois passos, pode desaparecer engolido pela tempestade e só renascer com os últimos raios de sol que se escapem do manto rasgado das nuvens do poente. Brilhando no palco talhado na selva, suspenso nos efeitos especiais dos fumos da condensação, ultrapassa a categoria muito generalizada de ser “o mais inspirado e espetacular monumento jamais concebido pelo pensamento humano”, para entrar nos limites do imaginário, como uma nave de pedra vinda de outra galáxia, aqui ancorada para nosso eterno deleite.
Esta jóia da arquitectura foi construída durante o reinado de Suryavarman II (1112-1152), que o dedicou a Vixnu, deus com quem se identificava, para mais tarde aí ser sepultado. O abandono forçado de Angkor Thom, devido à invasão tailandesa, não significou a perda de Angkor Wat, imediatamente habitado por monges budistas que evitaram a pilhagem e os danos causados pela vegetação, tornando-o num dos mais importantes lugares de peregrinação do sudeste asiático. Presentemente, apenas algumas dezenas de monges vivem nos dois pagodes que existem dentro do complexo.
A primeira sensação é a de grandiosidade. Angkor Wat foi concebido para representar um microcosmos do mundo mítico, e o seu acesso faz-se por um longo passeio de pedras negras que atravessa o fosso retangular que cerca o monumento. Após a primeira entrada, guardada por um Vixnu com oito braços, surge uma avenida com quase quinhentos metros de comprimento e dez de largura, ornamentada com parapeitos laterais representando nagas (cobras). Ao fundo, as silhuetas das três torres principais recortam-se no papel de lustro do céu e o fascínio aumenta a cada passo, até se tornar uma experiência impressionante. Há um labirinto de galerias em cada um dos três andares e escadarias íngremes que atingem o topo, o lugar ideal para o desfrute da grandiosidade do monumento e da sua relação com a selva. A visão rende-se à atração fatal do rendilhado da pedra, à volúpia das dançarinas de peitos redondos e à interminável parede com uma série extraordinária de baixos-relevos, que representam cenas épicas.
Orgulhosamente inalterado, tal e qual como quando foi descoberto pelos primeiros exploradores franceses, satisfazendo as insistências dos românticos da época que o desejavam original e misterioso, o Ta Prohn é um dos maiores edifícios do período de Angkor. No reinado de Jayavarman VII chegou a albergar mais de doze mil pessoas, das quais quase três mil e quinhentas eram monges e coristas que celebravam e participavam em todos os rituais religiosos. Presentemente é um local que exala vibrações enigmáticas e contraditórias: ultrapassa tanto o seu estado de solidão e de abandono ao poder da selva, que acaba por se tornar um monumento mais vivo do que qualquer outro. Num cenário digno das aventuras fantásticas de Indiana Jones, percorre-se corredores, galerias e passagens, muitas vezes obstruídas por desabamentos, árvores derrubadas e teias de raízes. Os templos ganham beleza e dimensão no enquadramento caprichoso da floresta, e nem o fino tapete de musgo e líquenes consegue ofuscar os magníficos pormenores de esculturas e frisos. Uma grande parte das paredes e dos tetos não resistiram à força implacável do crescimento de árvores gigantescas e com muitas centenas de anos, que rompem a pedra com a aflição de quem sufoca, verdadeiras torres erigidas à fecundidade vegetal, que derramam raízes tentaculares numa coreografia imprevisível. No acaso da exploração, é possível encontrar recantos incríveis com divindades a nascerem da negrura da pedra, intactas, apesar das derrocadas de enormes blocos que abriram brechas por onde se infiltram raios de luz. Se não fosse a sinfonia constante de pássaros, cigarras e grilos, o silêncio seria abissal, quase medonho, neste lugar de extremo exotismo, onde há a nítida sensação de podermos ficar presos para sempre nas poderosas garras da selva.
Ainda dentro do perímetro de Angkor Thom, precisamente no seu centro, ergue-se aquele que é, para a maior parte dos visitantes, o mais fabuloso e inquietante monumento de Angkor: o Bayon. A primeira impressão, quando visto de longe, é completamente oposta: parece uma ruína sem interesse, com torres talhadas na amálgama quase disforme e sem atractivos da pedra esverdeada. No entanto, quando se chega perto da entrada principal, os nossos olhos começam a distinguir algumas das 172 caras de Avalokitesvara, o rei-deus que se identificou com Buda, esculpidas nas quatro faces das torres. O efeito é surpreendente; se desviarmos o olhar por uns minutos elas voltam a desaparecer, como que absorvidas pela pedra, mas reaparecem num pestanejar, imponentes e com aqueles sorrisos enigmáticos, só usados por deuses e santos.
No terceiro andar consegue-se o contacto directo com a grandiosidade duma arquitetura sublime, imaginada por Jayavarman VII para venerar Xiva; só mais tarde, com a construção desta última plataforma, é que o Bayon se transformou em templo budista. Quando se percorrem as alas que contornam as torres, há diversos ângulos em que é possível juntar mais de meia dúzia de caras no nosso campo visual – inteiras ou de perfil – numa espécie de jogo fantasmagórico que muda constantemente.
Os traços do rei khmer são tipicamente cambojanos, até no sorriso, eternamente desenhado na pedra. O povo acolhedor e caloroso, de sorriso fácil, que aqui costumava vir nas noites de lua cheia venerar deuses e antepassados, é o melhor cartão de visita do país, que agora parece ter encontrado o rumo para a paz. E Angkor não deverá ser, nunca mais, uma cidade perdida.
Fonte:http://comedoresdepaisagem.com/camboja-angkor-cidade-perdida-selva/
Eleito melhor atração por viajantes, templo no Camboja está no Guinness
Angkor Wat lidera ranking de melhores pontos turísticos do TripAdvisor.
No livro de recordes, ele está como maior monumento religioso do mundo.
09/06/2015 05h00 - Atualizado em 09/06/2015 05h00
Paisagem do Camboja tem o templo Angkor Wat ao fundo (Foto: Gisele Oliveira/VC no G1)
O maior monumento religioso do mundo segundo o Guinness -- tem 1,6 milhão de m² -- foi também eleito por viajantes usuário do site TripAdvisor como a melhor atração turística do planeta. Localizado em Siem Reap, no norte do Camboja, o templo de Angkor é um tesouro arqueológico considerado patrimônio da Unesco (veja galeria de fotos neste link).
O ranking com as melhores atrações foi divulgado pelo TripAdvisor, que reúne avaliações de milhões de viajantes do mundo todo, na última semana.
Os vencedores são eleitos por meio de um algoritmo que leva em conta a quantidade e a qualidade de avaliações no site em um período de 12 meses.
Considerado uma obra-prima arquitetônica, Angkor Wat é tão importante para o Camboja que tem sua imagem estampada na bandeira do país.
O monumento religioso foi construído no século 12 como templo funerário para o rei Suryavarman II, do Império Khmer. Originalmente, homenageava o deus hindu Vishnu. Centenas de anos depois, tornou-se budista.
, a edificação é considerada pelo livro Guinness o maior monumento religioso do planeta.
Nascer do sol em Angkor Wat (Foto: Rafael Koch Rossi/VC no G1)
Angkor Wat é o maior e mais preservado monumento do sítio arqueológico de Angkor. A área, de 400 quilômetros quadrados, reúne ruínas de diversos monumentos, que pertenceram ao Império Khmer do século 9 ao século 15.
Na América do Sul, o monumento do Rio de Janeiro ficou em segundo lugar, perdendo apenas para Machu Picchu, no Peru.
Os 10 pontos turísticos mais bem avaliados no mundo
1° - Angkor Wat (Siem Reap, Camboja)
2° - Machu Picchu (Machu Picchu, Peru)
3° - Taj Mahal (Agra, Índia)
4° - Grande Mesquita Sheikh Zayed (Abu Dhabi, Emirados Árabes)
5° - Basílica da Sagrada Família (Barcelona, Espanha)
6° - Basílica de São Pedro (Vaticano)
7° - Catedral de Milão (Milão, Itália)
8° - Alcatraz (São Francisco, EUA)
9° - Cristo Redentor (Rio de Janeiro, Brasil)
10° - Ponte Golden Gate (São Francisco, (EUA)
Os 10 pontos turísticos mais bem avaliados no Brasil
1° - Cristo Redentor (Rio de Janeiro, RJ)
2° - Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, RJ)
3° - Catedral Metropolitana (Brasília, DF)
4° - Usina hidrelétrica de Itaipu (Foz do Iguaçu, PR)
5° - Teatro Amazonas (Manaus, AM)
6° - Praça da Liberdade (Belo Horizonte, MG)
7° - Catedral de Pedra (Canela, RS)
8° - Igreja de São Francisco (Salvador, BA)
9° - Igreja Matriz São Pedro Apóstolo (Gramado, RS)
10° - Mosteiro de São Bento (São Paulo, SP)
Fonte:http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2015/06/eleito-melhor-atracao-por-viajantes-templo-no-camboja-esta-no-guinness.html
Angkor Wat é desde 1992 Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Este simples fato já bastaria para ser considerado um Lugar Único no Mundo, mas o lugar mais famoso do Camboja tem muito mais a dizer. Capital do império Khmer do século IX ao XV a cidade ficou de pé durante incriveis seiscentos anos ostentando a inacreditável área de 400 quilômetros quadrados, quase a mesma superfície ocupada por Andorra. Para se ter ideia da importância de Angkor Wat, ela foi a maior cidade do mundo na era pré industrial com quinhentos mil habitantes (alguns dizem que chegou a um milhão de habitantes). Só o reservatório de água para abastecer a cidade tinha oito quilômetros de comprimento por dois quilômetros e meio de largura. A alternância de reis que se revezavam entre a devoção ao Hinduísmo ou ao Budismo também deu um toque todo especial e único a arquitetura do local. Se vocês ainda não acreditaram na unicidade de Angkor Wat deixo uma pergunta para reflexão: que outro lugar do mundo está estampado na bandeira de seu país?
A magia de Angkor Wat
Localização
Angkor Wat fica no sudeste asiático, mais exatamente no noroeste do Camboja. Está localizado a quatrocentos e seis quilômetros de Bangkok, a capital da Tailândia e principal cidade da região e a trezentos e dezenove quilômetros da capital cambojana, Phnom Penh. Angkor Wat é o nome do mais famoso templo do Parque Arqueológico de Angkor e por isso é comum as pessoas se referirem a todo complexo como Angkor Wat que é o que faremos também neste post. Só como curiosidade, wat significa templo na lingua Khmer. O local que já foi uma das maiores cidades de sua era, atualmente é desabitado. A cidade base para visitar os templos e ruínas de Angkor é Siem Reap que fica a seis quilômetros de distância. Siem Reap tem quase toda sua economia baseada no grande fluxo de turistas que visitam a cidade, mas as ONGs também tem um papel secundário importante na economia local. Com população de cento e setenta e quatro mil pessoas é considerada uma cidade média se comparado com os quase quinze milhões de habitantes do país. È apenas a quarta ou quinta cidade mais populosa do Camboja.
Como chegar a Siem Reap?
Para chegar a Siem Reap existem três opções.
De ônibus
Para chegar a Siem Reap de ônibus existem muitas opções inclusive internacionais. A rota mais comum é sair de Bangkok e foi o que fizemos quando estivemos por lá. Na Khaosan Road (a rua dos mochileiros em Bangkok) existem inúmeras agências que oferecem esta rota. O preço é mais ou menos o mesmo em qualquer agência, algo em torno de dez doláres. A viagem é cansativa e dura cerca de dez horas com saídas no início da manhã. A vantagem é que você não precisa ir até a rodoviária, os ônibus saem da Khaosan mesmo. O visto pode ser retirado na fronteira por vinte doláres. Na chegada a Siem Reap o ônibus vai te deixar fora da cidade e você obrigatoriamente vai ter que usar os serviços de algum tuk tuk que estiver te esperando. Não pague mais que tres dolares até o centro da cidade. Abaixo outras opções de ônibus para Siem Reap.
Opções terrestres a Siem Reap
De barco
Esta é a opção dos mais aventureiros e ricos. No speed boat a aventura fica por conta do constante balanço do barco, sol na cabeça durante todo o tempo e você tem até usa capacete. Mesmo com toda esta velocidade a viagem dura as mesmas seis horas do ônibus e se for época de seca pode durar até mais. É para os mais ricos pois custa quarenta doláres, uma fortuna para os padrões locais. As saídas são apenas de Pnhom Phen. Abaixo as opções.
Vai encarar o barco?
De avião
O aeroporto de Siem Reap fica a treze quilômetros da cidade. Quando fomos as alternativas aéreas ainda eram muito caras, mas hoje em dia a oferta cresceu e os preços foram lá para baixo. Você pode voar de qualquer país vizinho para conhecer Angkor Wat por preços mais que convidativos gastando poucas horas do seu tempo. Arriscaria dizer que esta é a melhor opção para chegar lá. O visto também pode ser obtido na chegada ao aeroporto pelos mesmos vinte doláres. Abaixo várias opções de vôos com preços, horários e companhias aéreas.
Vôos para Siem Reap
Onde ficar
Ficamos hospedados na Shadow of Angkor II guest house. Para quem ainda não sabe tudo no sudeste asiático é super barato incluindo hospedagem. Na época (2009) pagamos inacreditáveis quinze doláres para diária do casal em um hotel novo em folha com ar condicionado, wi fi grátis, tv a cabo, frigobar e piscina. No site do hotel o preço para casal subiu para vinte e cinco doláres, mas também como tudo na região pode ser negociado. A localização é ótima pois fica a poucos minutos de caminhada da rua dos restaurantes e do Old Market, mas longe o suficiente para evitar o ruído constante destes locais. Para quem busca outra alternativa de preço ou de localização sugerimos consultar o site: Travellers Point que tem ótimas pedidas para todo Sudeste Asiático.
Recepção e quarto
Piscina e quarto
Quando ir
Na Tailândia que é o país vizinho escutamos de um guia que esta região do mundo tem três estações do ano: hot, hotter and the hottest. Ou seja em qualquer época do ano vai fazer muito calor. Um calor úmido que te fará suar muito durante o dia. Entre novembro e fevereiro as temperaturas são mais amenas o que significa máximas acima dos trinta graus, mas noites bem agradáveis chegando próximas aos vinte um graus como podem ver pelo gráfico abaixo. É também nesta época do ano que as chuvas são menos frequentes e portanto um período bastante propício para sua visita.
Temperaturas médias durante o ano
Temporada seca de novembro a fevereiro
Estivemos por lá em abril e mesmo assim não nos deparamos com muita chuva, em compensação o calor é digno dos dias mais quentes do verão brasileiro.
Onde comer
Quando chegar a Siem Reap esta dica vai parecer sem utilidade, pois mesmo se perguntarem a cem pessoas todas irão sugerir a Pub Street como o local para comer. Nós apelidamos a rua de Beverly Hills tamanha a quantidade de luzes e propagandas existentes. Lá você pode saborear desde a tradicional culinária Khmer, até a cozinha italiana, mexicana e o fast food americano. Um boa dica que ninguém vai te dar é comer nos restaurantes da vizinhança que são bem mais baratos.
Seja qual for sua escolha sempre acabará na Pub Street
Como se locomover
A cidade é pequena e caminhar é a melhor opção. Restaurantes, internet cafes, agências de turismo, hotéis, Old Market e Pub Street e qualquer outro lugar interessante estão localizados a uma distância que pode ser percorrida em poucos minutos até pelos mais sedentários. Para ir de Siem Reap a Angkor Wat você tem várias opções. As mais comuns são o tuk tuk ou bicicleta. Alugar uma bicicleta custa dois doláres por dia e é uma ótima opção para visitar os templos que ficam a apenas seis quilômetros da cidade. A bike pode ser alugada no próprio hotel ou na Angkor Cycling. O aluguel do tuk tuk é mais caro pois já vem com o motorista. Sai doze doláres a diária e o motorista te leva para onde você quiser no Complexo de Angkor e fica te esperando na saída de cada templo. A diária é das oito da manhã a cinco da tarde. Se quiser ver o nascer do sol nos templos a saída é as cinco da manhã e você deve pagar uma taxa extra de tres doláres. Os tuk tuks levam até dois passageiros. Para reservar um tuk tuk basta pedir a recepção do seu hotel. Existem ainda outras opções mais excentricas e claro mais caras como helicopteros e vôos de balão.
De Tuk tuk pelas ruas de Angkor Wat
Ingresso para Angkor Wat
Os ingressos podem ser comprados somente em postos autorizados. Nenhum hotel, agência de turismo ou ponto de venda que não seja do Governo do Camboja está autorizado a vender os ingressos. Existem passes para um, três ou sete dias de visita. Os passes de tres e sete dias são para dias consecutivos. Os preços são respectivamente US$ 20, 40 e 60. Os passes são individuais e não podem ser transferidos a outra pessoa, por isso vem com uma foto tirada na hora e já inclusa no preço. Menores de doze anos não pagam. Os ingresso não podem ser comprados com antecedência.
Dinheiro
No Camboja o dólar americano é amplamente aceito em qualquer lugar, até em super mercados. Foi o único país do mundo em que conseguimos sacar dolares no caixa eletrônico. Os caixas podem também tem riel (moeda local), mas com tamanha aceitação do dólar não vale a pena usá-los.
Atrações de Angkor
Angkor Wat é um doa maiores monumentos da civilização Khmer e com certeza o mais conhecido. Construído no século XII pelo rei Suryavarman II, serviu também como mausoléu após sua morte. De beleza inigualável, é a jóia mais rara do complexo.
Angkor Wat visto de um ângulo diferente
Bayon foi um dos templos que mais gostamos em todo complexo. É tão incrível que ousamos compará-lo a estrela de Angkor Wat. Bayon foi contruído no fim do século XII pelo rei Jayavarman VII. Possui cinquenta e quatro torres e em cada uma delas foram esculpidas 4 faces gigantes, totalizando duzentos e desesseis caras te olhando todo o tempo independente de onde você está no templo. Incrível.
Bayon, olhos por todos os lados
Baphuon supostamente é a representação do Monte Meru sagrado no Hinduísmo. Dentro do templo existe um buda deitado que foi construído durante uma das mudanças de religião do povo Khmer do Hinduísmo para o Budismo. O templo estava em restauração quando eclodiu a guerra civil no Camboja e ficou um bom tempo destruído, talvez fora este o motivo pelo qual ele não nos chamou muito a atenção. Dizem que nos dias atuais já foi totalmente reconstruído.
Phnom Bakheng é o primeiro templo construído na montanha e por isso mesmo tem uma vista privilegiada de Angkor Wat e muitas vezes lota durante o período do por do sol. É necessário algum preparo físico para subir as escadas até o topo.
Ta Keo é um templo bastante grande e bonito por fora mas sem nada em seu interior. Òtimo para apreciar a vista do complexo do seu topo.
Ta keo. Reapare no tamanho das pessoas escalando o templo
Ta Prohm é um dos cartões postais mais conhecidos do complexo de Angkor. É aqui que as pedras trabalhadas foram invadidas pelas sinuosas raízes de árvores dando um ar extra terrestre ao local. Com certeza está entre os três mais interessantes pontos turísticos do local.
Ta Prohm, árvores engolindo as construções
Ta Som é menos conhecido que seu irmão mais famoso Ta Prohm, mas é neste local que as árvores se tornaram ainda mais imponentes em relação as construções de pedra. Os edificios mais parecem pequenas maquetes de brinquedo engolidos por raízes gigantescas que mais parecem tentáculos de polvos de filme de ficção cinetífica.
Ta Som, inacreditável o tamanho das árvores
Banteay Kdei é uma mistura de Ta Prohm com Bayon. Aqui você verá as primeiras árvores invadindo as construções e também as faces gigantes presentes em Bayon.
Prasat Kravan é o último templo do circuito menor. Apesar de pouco conhecido está em excelente estado de conservação.
Prasat Kravan, muito bem conservado
Prasat Prei é o templo com a maior árvore que vimos em todo complexo.
Prasat Prei. Fabi virou um pontinho amarelo na foto
Preah Khan era a sede do rei antes da cosntrução de Angkor Wat. Fica mais afastado (dentro do circuito grande) e por isso mesmo tem menos turistas e vale a visitação.
Neak Pean é um lugar um tanto diferente dos demais e por isso vale a visita. São quatro lagos menores circundados por um lago maior com uma torre no meio.
Outros templos que merecem ser visitados caso opte por um passe de três dias são: Kleang, The Elephant Terrace, The Terrace of the Leper King, os cinco portões de entrada, East Mebon, Phimeanakas, Pre Rup, Preah Palilay e Thommanom.
The Elephant Terrace
Fonte:https://quatrocantosdomundo.wordpress.com/2013/10/13/lugares-unicos-no-mundo-angkor-wat-camboja/
Há 1213 anos, um pessoal construiu uma megacidade chamada Angkor, numa área do que hoje é o Camboja (e um pouco de Tailândia, também, vale dizer) – era o pessoal do império Khmer, que abrangia grande parte do Sudeste Asiático. Lá, além de “casas” e “prédios” que a cidade precisa para funcionar, esse pessoal construiu uma infinidade de templos, com tamanhos, detalhes, motivos e arquitetura variados. A civilização oficialmente angkoriana existiu de 802 até 1431, quando uma invasão fez a população migrar para outras regiões, e abrigou pelo menos 0,1% da população mundial na época – estima-se em mais de 1 milhão de pessoas. Quer dizer, não foi pouca coisa. O império Khmer foi um dos mais importantes de sua época, Angkor foi a maior cidade pré-industrial do mundo e seu principal templo, o Angkor Wat, é o maior monumento religioso do mundo. Haja grandiosidade nessa história!
Descoberto pelos portugueses em 1586, a restauração dos templos de Angkor só teve vez no século XX, e levou mais de 70 anos, mas só uma parte deles teve esse privilégio – ao total, juntando restaurados e não restaurados, são mais de mil templos. Ainda hoje, muito do que vemos são ruínas e pedras espalhadas pela região.
A grandiosidade dos templos, os detalhes das construções, a ideia de que aquilo tudo já foi habitado num tempo muito distante de nós – tudo isso contribui para que a visita seja arrepiante, emocionante e bem da mística, viu? Me senti minúscula perto daquilo tudo, e minha cabeça girava tentando entender (adivinhar?) como a sociedade funcionava na época, quem passava por aqui, quem fez pedidos (o que pediu?) aos deuses naqueles templos e, principalmente, como foram capazes de construir prédios daqueles tamanhos, com tantos detalhes encravados e significados ocultos, sem ter uma maquininha sequer pra ajudar? Como será que eles faziam? Maquetes? Desenhos? Tudo isso passava na minha cabeça enquanto eu ia encontrando e desvendando os diferentes templos, cada um a seu tempo. Não dá para negar: visitar Angkor tem uma misticidade única, uma energia especial. Apesar do preço salgado (especialmente quando comparado com atividades na Ásia), vale muito à pena todo o centavo e cada minuto que você puder dedicar por lá. Para coroar, os cenários são incríveis para brincar com a máquina fotográfica e fazer várias fotos legais! Abaixo algumas dicas para aproveitar melhor sua visita às ruínas de Angkor.
OS TEMPLOS QUE MAIS GOSTAMOS
Com um dia e meio de visitação, não conseguimos ver todos os templos, mas conseguimos ter uma boa noção deles.
De todos os que visitamos, o que mais gostei foi o Pre Rup, porque ele era bem alto, o que proporcionava cenários incríveis com as torres do templo e a paisagem de vales e florestas por trás. Além disso, a altura também proporcionava uma ventilação extra que foi super bem-vinda.
O Angkor Wat, principal templo do complexo, dispensa comentários: ele realmente é impressionante e cheio de energia. Porém, como pode-se imaginar, fica lotado de gente em quase todos os horários, e a melhor forma de ve-lo um pouco mais tranquilamente é cedinho pela manhã: mesmo que você não vá ver o nascer do sol, tente chegar por volta das 7h.
O Ta Phrom é o templo que serviu de cenário para o Tomb Raider, e por isso é famosíssimo – o que resulta em uma quantidade mais do que suficiente de pessoas por lá. Não desvendamos o melhor horário para visitar, então o melhor a fazer aqui é ter paciência e calma para evitar estresse. Cheio de raízes por todos os lados envolvendo as ruínas, o cenário justifica a lotação e o tempo dedicado a explorá-lo.
Já o Ta Som é um outro templo devorado por raízes de árvores gigantes, porém bem mais vazio, o que faz dele um cantinho especial. Dê-se tempo para explorar os cantinhos mais remotos e dar a volta, além de ir até o portão de trás, onde há uma imensa árvore em cima de uma muralha. É incrível.
Neak Poam é um dos templos em que o que menos impressiona é o templo em si: ele fica em uma espécie de ilhota no meio de um lago enorme, e o caminho até lá é magnífico, passando por uma ponte de madeira, com um cenário que se diferencia muito de todo o resto que vimos nas ruínas – e isso, acreditem, é muito bem-vindo em um dia cheio de templos e ruínas.
Preah Kan foi um dos templos onde mais ficamos. Já era o fim do nosso passeio, estávamos exaustos por causa do dia puxado, e nosso plano era só dar uma passadinha: mas tem tanta coisa para ver lá dentro que não conseguimos nos desvencilhar! São 4 corredores (norte, sul, leste e oeste) que se abrem para diferentes espaços: a biblioteca, por exemplo, é um deles, um salão de dança, a área onde fica a raiz que parece uma tromba de elefante. Se você tiver decidido visitar as ruínas de Angkor sem um guia, vale a pena conversar com os guardinhas que ficam no vão central do Preah Kan, pois eles se prontificam a explicar alguns detalhes do templo, o que faz uma boa diferença. Ao final, eles pedirão uma doação, e sinta-se à vontade para faze-la ou não. Nós fizemos, já que apreciamos a explicação e o tempo dedicado a nós.
Bayon é mais um dos templos super famosos, mas que nos impressionou bastante. Infelizmente estava chovendo muito quando fomos lá, mas isso não nos impediu de se perder nos corredores dos dois andares inferiores, que tinham alguns budas aqui e ali, misticamente iluminados e decorados, e de explorar o andar superior, onde dá para ver mais de pertinho as inúmeras faces cravejadas em suas torres. É de impressionar
Banteay Srei foi um arrependimento, pois não fomos até lá. É unânime o sentimento de quem vai: é um dos mais impressionantes de Angkor, e não dá para perder! Não espere a grandiosidade dos outros: aqui o que se destaca é a riqueza dos detalhes de sua construção e a coloração rosada de suas pedras. Ah, não podemos esquecer, ele é conhecido como o templo das mulheres!
O Rapha ali de boas observando o movimento no templo Preah Kan | Foto: Manu Pontual
A raiz de árvore que parece tromba de elefante, no Preah Khan! | Foto: Manu Pontual
Antiga biblioteca no Preah Khan | Foto: Manu Pontual
Neak Poan, um templo pequenino, simples, mas encantador | Foto: Manu Pontual
Torre do topo do Angkor Wat | Foto: Rapha Rotta
Brincando de fotografia nas ruínas do Pre Rup Temple | Foto: Mundo Plot
Uma das inúmeras figuras do Buda que permeiam as ruínas de Angkor, no East Mebon | Foto: Manu Pontual
O Rapha explorando o East Mebon | Foto: Manu Pontual
Incríveis faces cravadas nas pedras adornam os templos das ruínas de Angkor | Foto: Manu Pontual
Entrada do Ta Som Temple, nas ruínas de Angkor, no Camboja | Foto: Manu Pontual
O incrível Pre Rup | Foto: Manu Pontual
Monge descansando nas ruínas do Angkor Wat | Foto: Manu Pontual
Detalhes das gravuras do Angkor Wat | Foto: Manu Pontual
Detalhes das gravuras do Angkor Wat | Foto: Manu Pontual
Monges chegando ao Angkor Wat | Foto: Rapha Rotta
COMO VISITAR
Bom, em primeiro lugar: fique em Siem Reap. Algumas pessoas escolhem hotéis próximos de Angkor e afastados da cidade, mas essa escolha não faz sentido mesmo que você tenha pouco tempo por lá – além de Siem Reap ser uma cidade bem legal, o complexo fica a apenas 5km de distância, então não é tanto tempo assim.
Em seguida, você precisa escolher seu meio de transporte. Qualquer que seja, contrate-o pelo dia inteiro ou pelas horas que você decidir ficar em Angkor. O complexo é imenso e não dá para passear por lá à pé. As opções que você tem são:
- tuk tuk: custa cerca de U$ 15 por dia e pode ser dividido em até 4 pessoas (é possível que o motorista cobre algo a mais para levar 4). Esta foi a opção que escolhemos, mas sugerimos fortemente pegar indicação no hotel e garantir que seu motorista fala um bom inglês, para que possa se comunicar e combinar o trajeto da forma que você preferir – caso contrário, ele te levará ao mesmo roteiro que todos os turistas fazem, nos mesmos horários, o que vai resultar em caos na sua visita.
- bicicleta: uma bicicleta por um dia custa por volta de U$2 dólares e é uma opção legal se a) você é atleta ou super bem condicionado; ou b) se você tem tempo à disposição e quer experimentar um dia diferente de visitação. Isso porque o complexo é grande e você não vai conseguir cobrir muita coisa apenas de bicicleta. Há de se considerar também o calor escaldante do Camboja, que mais parece uma fogueira constante. Não experimentamos essa opção, mas me pareceu bem agradável para quem pode ir com calma, apreciando especialmente o caminho e seus detalhes.
- van: uma opção com mais conforto mas também mais turisticona, já que você dividirá a van com até 12 pessoas. Por isso, também não te permite personalizar o roteiro e fazer os templos no seu tempo.
SEU ROTEIRO NAS RUÍNAS DE ANGKOR
As ruínas de Angkor são tradicionalmente divididas em dois roteiros: o grande e o pequeno.
O pequeno é formado pelos templos mais próximos de Siem Reap (cidade-base para visitação do complexo) e ficam a 5km da cidade e é neste que se encontram os templos mais famosos: Angkor Thom, Ta Phrohm, and Banteay Kdei e o famoso Angkor Wat. Já o maior é formado pelos templos mais afastados, distantes até 26km – sua jóia é o Banteay Srei, o templo das mulheres. Há ainda templos fora desses dois roteiros, pois são distantes demais (tipo 60km).
Cada templo e construção tem uma complexidade imensa, e pra gente foi super confuso entender tudo aquilo tanto antes quanto depois da visita, já que não contratamos um guia (se você puder, contrate um!). Por isso, aqui vão algumas dicas para se localizar e entender melhor os templos:
- Não sei quem foi que fez o mapa de Angkor, mas assim, gente: tá ruim! Achei mega confuso. Ainda assim, veja aqui:
Mapa das ruínas de Angkor, no Camboja | Imagem: reprodução
A ideia, ao montar seu roteiro, é selecionar os templos que você faz questão de ir (que provavelmente serão aqueles onde a maioria dos turistas também estarão) e organizá-los de forma a fugir um pouco do caos – ou seja, não siga o fluxo dos roteiros pré-estabelecidos. De preferência, faça exatamente o oposto.
ORGANIZANDO O TEMPO
A sensação que dá é a de que dá para passar uma vida inteira explorando o Angkor e ainda assim faltar coisa pra ver! Por isso, sejamos espertos na hora de organizar o tempo. Primeiramente, não venha até aqui para ficar apenas um dia – não é que não vale à pena, mas não é justo. Aloque pelo menos 2 dias do seu roteiro para Angkor e, se puder, fique com 3. Quanto mais rápido você fizer o passeio, mais “cansado de templos” você ficará. Para curtir bem, é preciso ir com calma, deixar seus olhos perceberem os detalhes, se dar tempo para descansar, para observar, para tirar suas fotos, para conversar com quem está por lá. Além disso, evite reservar um dia inteirinho para o Angkor, pois você ficará cansado. Nós tivemos apenas 1 dia e meio, por causa de trabalho, e confesso que foi bastante cansativo. No segundo dia, chegamos lá para o nascer do sol e abortamos a missão às 15h, ainda com templos para visitar, mas já sem energia.
COMPRANDO O INGRESSO DO ANGKOR
O ticket para o Angkor só é vendido na entrada do complexo. Não vimos ninguém oferecendo tickets fora de lá mas, se te oferecerem, não compre: é proibido. Os ingressos são pessoais e intransferíveis pois, na hora da compra, você faz um cadastro com foto, que fica impressa no seu ingresso. As opções são as seguintes:
- 1 dia: U$ 20
- 3 dias: U$ 40 (válido por uma semana, não precisa ser usado em dias consecutivos)
- 7 dias: U$ 60 (válido por um mês, não precisa ser usado em dias consecutivos)
#dicaplot ingressos comprados após as 16h dão direito a entrada no mesmo dia, mas são contabilizados apenas a partir da próxima utilização. Isso significa que você pode ir até lá, comprar seu ingresso, entrar e ver o pôr do sol, por exemplo, sem descontar dos dias do seu ingresso. Importante: todos os templos fecham entre 17h e 17h30.
O QUE LEVAR
Tudo lá no complexo é mais caro do que na cidade. Portanto, se você quer economizar seu suado dinheirinho, vale a pena levar água (nós levamos duas garrafas de 1,5L e ainda tivemos que comprar mais lá), além de lanchinhos (nós levamos sanduiches e salgadinhos).
Fora isso, é importante prestar atenção na vestimenta: como são templos, em alguns deles é exigido que a mulher esteja com os joelhos e ombros cobertos, e homens não devem usar regata. Nossa dica, para as mulheres, é ir com um vestido/saia/shorts mais comportado e levar uma calça leve na mochila, para colocar apenas se exigido. O calor é muito intenso e ninguém merece ficar de saia longa o dia inteiro.
Por fim, os sapatos: nós fomos de havaianas e o único problema foi a sujeira que ficou no nosso pé, já que o local é cheio de poeira e terra, mas vale pesar aqui que estamos vivendo de havaianas há 8 meses. Como anda-se muito e o piso não é nivelado (afinal, são ruínas), um tênis ou algo mais fechado vai melhor, especialmente se for em época de chuvas.
NASCER DO SOL NO ANGKOR WAT
O incrível nascer do sol no Angkor Wat: especial | Foto: Manu Pontual
O nascer do sol no Angkor Wat é uma experiência mundialmente famosa e amplamente divulgada para os turistas. Ou seja: é lotado até o talo. Sabendo disso, nem cogitamos essa possibilidade – já nos frustramos o suficiente na nossa passagem pelo Monte Bromo e pelo Borobudur. Mas, aos 45 do segundo tempo, uma amiga do Brasil insistiu para que fôssemos, pois era uma experiência maravilhosa e muito emocionante. Ela disse que valia a pena, mesmo com a multidão.
Eu gostaria de tentar explicar para vocês como eu e o Rapha ficamos com esse tipo de decisão – dois indecisos por natureza, passamos horas debatendo, pedindo conselhos, lendo relatos e tudo mais. Até que concluímos que, bem, se for ruim, pelo menos a gente tem uma história pra contar! Resolvemos então seguir em frente e fechar a programação: acordar às 3h30 para sair às 4h com destino à felicidade. Chegamos no Angkor ainda escuro, e tivemos uma imensa dificuldade de achar o local exato de onde deveríamos ver o nascer do sol. Sei que provavelmente foi estupidez nossa, mas realmente não somos bons em acordar cedo. Por isso, deixo aqui a dica amiga: se você for nessa, saiba que precisa de fato entrar no Angkor Wat, atravessar a ponte, continuar entrando pela passarela, até chegar nos espelhos d’água.
Assim que chegamos, o desespero: havia uma montanha de gente disputando um espaço perto do espelho d’água para tirar a foto mais famosa do Camboja. Socorro. Decidimos então explorar mais um pouco, e descobrimos que, do outro lado da passarela, existe também um espelho d’água com vista para o nascer do sol, mas ninguém vai pra lá. Foi ali que escolhemos montar nossa barraquinha.
É óbvio ululante que o local que escolhemos não tem a melhor vista do nascer do sol: se tivesse, a lotação aconteceria ali. Mas a única diferença é a existência de umas árvores a mais, que nós consideramos uma troca justa, visto que conseguimos sentar (não rolava sentar do outro lado), tirar todas as fotos que queríamos, ver o nascer do sol com calma, sem nenhum barulho, e ainda conseguimos meditar. Vejam bem, conseguimos meditar. Era muito mais calmo e tranquilo, e muito mais “a cara do nascer do sol” do que o aglomerado de pessoas do outro lado. Por tudo isso, eu recomendo essa opção. E sim, eu recomendo ver o nascer do sol no Angkor Wat.
Superando o fato de acordar cedo e de lidar com um monte de gente a essa hora da manhã, é realmente especial ver o sol nascendo e iluminando as torres do Angkor Wat, nessa atmosfera de encantamento e magia.
Fonte:http://mundoplot.com.br/ruinas-de-angkor/
ANGKOR - A CIDADE MITO DO CAMBOJA
A maior cidade medieval do mundo, Angkor, escondida na selva profunda do Camboja, revelou grande parte de seus mistérios aos cientistas graças à tecnologia laser.
Essa fascinante cidade perdida foi descrita pela primeira vez no diário do explorador francês Henri Mouhot, que ficou deslumbrado com sua descoberta, em 1858.
Desde então, se tornou um mito escondido, uma Atlântida na selva, e, recentemente, a ciência conseguiu ampliar o conhecimento em torno de sua história.
Angkor é uma região do Camboja que serviu como sede do Império Khmer, que floresceu aproximadamente entre o século IX e o século XIII.
A palavra "Angkor" é derivado do Sânscrito nagara, que significa "cidade". O período Angkoriano começou em 802 d.C., quando o monarca Khmer Hindu Jayavarman II declarou-se como um "monarca universal" e um "deus-rei", até 1431, quando invasores Ayutthayan (Tailandês) saquearam a capital Khmer, fazendo a sua população migrar para a zona sul de Phnom Penh.
As ruínas de Angkor estão localizadas em meio a florestas e terras ao norte do Lago Grande (Tonle Sap) e ao sul dos montes Kulen, próximo à moderna Siem Reap, e são consideradas como um Patrimônio Mundial da UNESCO.
Na área de Angkor foram encontradas mais de mil ruínas de templos, variando em escala de pilhas de escombros até o imponente templo Angkor Wat, considerado o maior monumento religioso do mundo e um dos tesouros arqueológicos mais importantes do planeta.
Muitos dos templos de Angkor foram restaurados e, juntos, compõem o sítio mais significativo da arquitetura Khmer. O sítio de Angkor recebe mais de dois milhões de visitantes anualmente.
Em 1586, António da Madalena, um frade Capuchinho português foi o primeiro visitante ocidental a chegar a Angkor.
Em 2007, uma equipe internacional de pesquisadores usando imagens de satélite e outras técnicas modernas concluiu que Angkor tinha sido a maior cidade pré-industrial do mundo, com um elaborado sistema de infra-estrutura se conectando à uma área urbana de pelo menos 1.000 quilômetros quadrados, a partir dos templos já conhecidos no seu núcleo.
A rival mais próxima de Angkor, a cidade maia de Tikal, na Guatemala, tinha entre 100 e 150 quilômetros quadrados de área total.
Apesar de sua população ainda ser um tema de pesquisa e debate, recentemente foram identificados sistemas agrícolas na área de Angkor que poderiam ter sustentado até um milhão de habitantes.
Aproveitando a redemocratização do país, a Unesco, ao qualificar o conjunto de templos como Patrimônio Mundial em 1992, abriu as portas para novas fontes de doações que pudessem cobrir os gastos necessários com as restaurações.
Cooperações bilaterais imediatamente foram criadas e instituições alemãs, francesas e japonesas começaram a trabalhar com o governo cambojano para recuperar as ruínas.
|
Cinco apsaras esculpidas em uma das paredes internas de Angkor. |
|
Duas apsaras em uma parede exterior do templo. Todas as janelas eram ornadas com pilares finamente trabalhados. |
|
Um longo baixo-relevo na entrada de Angkor ilustra as batalhas épicas do hinduísmo. |
Em duas décadas, Angkor Wat passou de um lugar misterioso tomado pela floresta a uma das atrações turísticas mais importante da Ásia, tão admirável como o Taj Mahal na Índia ou a Grande Muralha na China.
Hoje, quase dois milhões de visitantes chegam ao vilarejo de Siem Reap para descobrir as estruturas elegantes de um complexo de centenas de templos e pagodas que se espalham por uma área de 150 quilômetros quadrados.
Um de seus templos mais impressionantes, Angkor Wat, foi construído em torno de 1150 e é quatro vezes maior do que o Vaticano.
Angkor Wat – ou "cidade templo", em sânscrito - é maior que qualquer catedral medieval e protegida por um fosso.
O templo ergue-se nas regiões alagadiças no centro do Camboja. Sua altura é duas vezes maior que a da Torre de Londres, representando um dos maiores projetos de engenharia da história - não apenas pelo tamanho, mas por ter sido construído sobre água.
Angkor Wat flutua sobre um pântano sustentado por diversas galerias subterrâneas. O local foi construído ao longo de 35 anos (muitas catedrais europeias levaram mais de 200 anos e são muitas vezes menor que Angkor Wat).
O que quase ninguém sabe é que esse templo era cercado por uma cidade de quase 1 milhão de habitantes.
Angkor Wat é o principal templo do complexo. Rodeado por uma muralha de 3,6 km de extensão, Angkor é considerado o maior monumento religioso do mundo. Pesquisadores concluíram que existem mais pedras aqui – e mais elaboradas – do que nas Grandes Pirâmides do Egito.
O templo Angkor Wat é o principal representante da arquitetura angkoriana, sendo a sua mais refinada realização, e é também a ultima construção realizada sob influência puramente hinduísta.
O que levou seu rei a construir esse magnifico templo foi a insegurança causada pela forma como chegou ao poder - usurpando o trono do tio aos 14 anos. Pretendendo consolidar-se como legítimo rei, Suryavarman II, no começo do século XII, foi orientado por seus conselheiros e iniciou a construção do templo: a arquitetura e a arte são em diversas culturas uma forma de um rei provar ser o escolhido pelos deuses para reinar. Construir um templo é uma das maneiras de os reis Khmer demonstrarem seu poderio, por isso existem mais de 700 templos espalhados pelo Camboja.
|
Torre de Angkor Wat |
Além do povo, o rei requisitou arquitetos, filósofos, poetas e profetas neste projeto, para que sua alma fosse direto para o paraíso com a construção do templo. Sua escala é divina, reproduzindo na terra o mundo dos deuses em ricos detalhes. A concepção do templo é baseada no Monte Meru, a morada dos deuses, que estaria localizada em um dos cinco montes ao norte do Himalaia. Por isso, no centro fica a torre principal, rodeada por cinco torres – com formato de flor de lótus - que se elevam a 65 metros dos pântanos.
Edificado na primeira parte do século 12 como um santuário hinduísta dedicado a Vishnu, Angkor transformou-se no século seguinte em um templo budista e continua até hoje a ser um local de veneração.
Angkor representa o coração e a alma do Camboja: é o principal símbolo do país. O desenho do templo está no centro da bandeira nacional azul e vermelha. O perfil do conjunto com suas torres estava presente até mesmo na bandeira vermelha revolucionária adotada durante os regimes comunistas de 1975 a 1989.
|
Templo Ta Prohm - Angkor Wat |
|
Angkor Thom |
O orgulho que os cambojanos sentem pela majestosa construção tem fundamento. Na época de sua construção, antes de 1150, a Europa vivia um período medieval obscuro e nenhum castelo ou templo no Ocidente chegava aos pés do que era Angkor.
Os detalhes da decoração impressionam até hoje os visitantes. Uma das singularidades é a presença de mais de 3 mil esculturas nas paredes mostrando as apsaras. Cada uma destas ninfas celestiais possui um desenho particular, mas todas apresentam traços em comum: pulseiras, braceletes e colares requintados, uma cintura bem desenhada e seios redondos e perfeitos. Pesquisadores identificaram 37 penteados diferentes.
Agora, uma equipe internacional de cientistas, liderada por Damian Evans, da Universidade de Sydney, desenhou um mapa preciso de uma área de 370 km² ao redor de Angkor Wat – o que foi uma tarefa difícil, dadas as dificuldades óbvias apresentadas pelo terreno selvagem e pelas perigosas minas deixadas pela guerra civil cambojana.
Porém, o esforço foi recompensador: com raios lasers posicionados em um helicóptero, os pesquisadores encontraram paisagens urbanas na selva, com templos, trilhas e aquedutos complexos.
|
Imagem produzida através de Raio Laser |
Dessa forma, reconstruíram a história da cidade pedida, que teve seu apogeu no final do século XII, quando foi transformada em uma metrópole de 1.000 km², depois de ser a capital do poderoso Império Khmer, que dominou a região durante séculos.
Em seus tempos de glória, que duraram três séculos, os governantes de Angkor ordenaram a construção de templos descomunais.
E como essa cidade imponente chegou ao fim?
As causas foram as mudanças climáticas no Sudeste Asiático no final da era medieval. Também pode ser observado, através da tecnologia laser, o enorme dano causado pelas inundações, o que deu início a um processo de deterioração incontrolável.
No século XV, os reis Khmers abandonaram a cidade, que foi apodrecendo à medida que era devorada pela selva. Agora, a tecnologia e a ciência devolvem ao presente um tesouro precioso do passado.
Comentários
Postar um comentário