CORPO PARA QUE TE QUERO? USOS, ABUSOS E DESUSOS. ENSAIOS SOBRE O CORPO NA CENA CONTEMPORÂNEA
Book (PDF Available) · January 2012 with 73 Reads
DOI: 10.13140/2.1.4730.7844
Edition: 1a, Publisher: puc/appris, Editor: Vilhena & Novaes, ISBN: 9788580060690
Edition: 1a, Publisher: puc/appris, Editor: Vilhena & Novaes, ISBN: 9788580060690
CORPO PARA QUE TE QUERO?
USOS,ABUSOS E DESUSOS.
ENSAIOS SOBRE O CORPO NA
CENA CONTEMPORÂNEA
JUNIA
DE VILHENA
JOANA DE
VILHENA NOVAES
ORGANIZADORAS
A PRESENTAÇÃO
Não há dúvida que o
corpo entrou em cena. Corpo-máquina para
o trabalho e
corpo que se rende às
modelizações do que é ditado como belo e saudável; corpo que se
quer livre e procura
afirmar novos direitos e sexualidades; corpo-potência que protesta
nas ruas contra
um mal-estar inaceitável; corpo-captura que sofre
de indiferença,
negligência e loucura.
Dilacerado nas “doenças
da beleza” e na violência cotidiana;
sofrido pela fome de
comida nos “mundos tão desiguais”, sofrido pela fome de afeto,
em um mundo tão
indiferente, o corpo é fonte de angústia, de prazer, de consumo, de
carência, visível ou ignorado,
esquadrinhado, controlado, liberto ou regulado.
Multifacetado em tantos
aspectos e objeto
de tantos estudos
e análises haverá ainda
muito a ser dito sobre o
corpo? Acreditamos que sim.
Diferentes
pesquisadores, e atores sociais, com seus múltiplos olhares, buscam
nesta coletânea trazer
ao leitor uma ampla gama de discussões
que se propõe a formar
um campo
transdisciplinar, de linhas teóricas diversas; discussões que vão da história à
antropologia, da psicologia
social à comunitária,
da propaganda e marketing à
psicanálise, da
dramaturgia ao mundo virtual.
Ana Cleide G.Moreira,
Elizabeth Levy e Igor Frances
abrem este livro
discutindo como o
sofrimento psíquico provocado pela relação do HIV com o processo
de adoecimento é intensificado
pela comunicação do diagnóstico,
de efeito
traumatizante, produtor da reatualização da condição de desamparo humano. É esta a
temática abordada em Se seu corpo ficasse marcado…: As delicadezas
do eu corporal
Em Corpo e
Imagem: Excessos em Deslocamento,
os autores Ana Lúcia
Mandelli de Marsillac e
Edson Luiz André de Sousa buscam refletir sobre a intrincada
relação entre corpo, imagem, excesso e deslocamento.
Primeiramente, através da obra:
“A Lição de
Anatomia do Doutor
Nicolaes Tulp” do
artista Rembrandt, analisam a
imagem alegórica do
corpo, uma vez que a alegoria barroca coloca em cena um excesso,
a riqueza do
desperdício. Em um segundo momento, analisam o trabalho de plastinação
dos corpos, de autoria
do médico anatomista Gunter Von Hagens, onde verificam uma
aposta na superação dos
limites e na perfeição da forma, excessos peculiares à lógica
contemporânea.
Anderson Tibau, seguindo
o método da foto etnografia, ou seja, da construção da
narrativa etnográfica baseada em imagens
fotográficas, busca em
Territórios
de
existência material e
usos do corpo: sobre juventude, consumo e
aparência na Baía
aparência na Baía
da Ilha Grande
os possíveis nexos entre a invenção dos territórios de
existência
os possíveis nexos entre a invenção dos territórios de
existência
material e os usos do
corpo a partir dos trabalhos de campo realizados com os jovens
estudantes das escolas
públicas da Ilha
Grande. São abordados
aspectos relativos às
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mídias móveis e
o corpo, à
desfiguração entre o
que seria próprio
e alheio à
cultura
caiçara, ao investimento
no capital-aparência, enfim, ao consumo de signos de prestígio
sociocultural e às
fronteiras étnicas entre comunidades tradicionais e cultura urbana.
Por que repensar
a questão do corpo? Indagam
Flavia
Sollero e Monah
Sollero e Monah
Winograd. Se é possível
dizer que a questão do corpo é o umbigo da psicanálise, ela
também é absolutamente
contemporânea, na medida em que as neurociências
têm se
dedicado a tais temas
com grande assiduidade. Nessas discussões, segundo as autoras é
notável a ausência da psicanálise, embora envolvam questões sobre a constituição do
sujeito e apontem
dramaticamente para a questão do corpo, ainda que, em boa parte das
vezes, de uma perspectiva naturalizante. O contato
com esta literatura
exige a
reconsideração das
formas pelas quais as disciplinas "psi" abordam a problemática do
corpo, em comparação com
os autores das neurociências.
O texto de Henrique
Figueiredo Carneiro Sujeito e corpo:
intervenções e limites
no campo da saúde se
propõe a analisar os impactos sociais das
práticas psicológicas
práticas psicológicas
no campo das demandas
sociais de atenção à saúde. Quais os limites imagináveis para
pensarmos as intervenções
desde um saber
psicológico dirigidas à saúde
do sujeito?
Como pensar o
particular da ciência
psicológica com aporte
na saúde em
função da
diversidade de
abordagens do campo psi? Existe uma unidade factível nas
intervenções
psicológicas quando se
leva em conta o espaço ético do sujeito? E, finalmente, qual o
lugar do psicólogo
dentro do espaço social multiprofissional da instituição de saúde?
"Você tem fome
de quê? Sobre
o atendimento de obesas
em um hospital da
em um hospital da
rede pública", de
autoria de Joana de Vilhena Novaes relata
os percalços vividos na
os percalços vividos na
instauração de um serviço de atendimento
psicológico cujo foco
é o combate
à
obesidade em um
território dominado pelo saber médico. Segundo a autora a obesidade
pressupõe um olhar
multifacetado e
bastante plural para que o seu tratamento
seja
eficaz. Abordando as
diferentes visões do corpo para a medicina e para a psicanálise a
autora conduz-nos às
delicadezas da clínica psicanalítica com pacientes marcadas por
carências reais e
subjetivas, violências concretas e simbólicas,
mas também pela
insistência em seus
vínculos com a vida em toda a sua dureza.
Em Corpos invisíveis. Violência e dor Junia de Vilhena vai buscar dar voz “aos
negros de todas as
raças”, fixando seu olhar nos socialmente invisíveis -, especialmente
os moradores de rua e os
loucos. Segundo a autora para as populações que habitam os
subúrbios da cidadania, a invisibilidade social se inscreve nos
corpos, cujos discursos
corpos, cujos discursos
são os únicos
passíveis de serem
ouvidos-, seja pela
doença, seja pela
violência ou
meramente pela
desistência da vida na polis que lhes nega seu lugar. Esta violência que
não pode ser reconhecida
como humana, que coloca em
jogo o próprio
status de
humano daquele que a
perpetra, fica sem palavras. O que acontece com esta violência,
com a sua memória? Como
esta pode ser recuperada e como ela atua sobre os sujeitos,
construindo um lugar
para ser habitado?
Amor materno, fome e reconhecimento social, de Karla
Martins e Cecilia
Martins e Cecilia
Gomes, trata da questão
do amor materno nas condições de privação do alimento e suas
relações com a cultura.
Retomam a discussão
de Josué de
Castro sobre a fome,
abordando-a em sua
perspectiva ética e estética. Leitor de Freud e de sua obra social,
Josué de Castro
reconheceu na experiência da fome mais do que a privação do alimento,
relacionando-a às experiências
culturais e aos modos de
organização coletiva. Já
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naquela ocasião,
denunciava o tabu que impunha ao tema silêncio e invisibilidade nos
meios acadêmicos e nas produções discursivas no campo
da cultura. Neste artigo
as
autoras discutem a questão
relativa à dor moral como
experiência subjetiva que
sobrevém à mãe nestas
condições e os impasses relativos à problemática especular nos
casos associados à
desnutrição. Partindo do pressuposto que as dimensões do olhar e do
rosto materno são balizadores
fundamentais na compreensão
dos impasses ocorridos
nos primórdios da constituição
psíquica, o rosto
da mãe será
aqui considerado uma
importante matriz das
experiências sociais de reconhecimento, fundadoras para o sujeito
de um lugar na cultura.
A fotografia é o fio condutor
do artigo de
Maria Bernadette Brasiliense,
Corpo e tempo:
o desabrochar da mulher
na meia idade.
Resultado de um trabalho
Resultado de um trabalho
fotográfico de mulheres
de meia idade mostra que a beleza e a sedução estão altamente
presentes na velhice.
Segundo a autora a existência passa pelo corpo e tudo que nele é
diferente nos perturba.
O tempo impõe
sobre o corpo
as marcas, as cicatrizes,
o
amarrotar da pele,
o pratear dos cabelos
e outras mudanças
que, muitas vezes,
depreciam o sujeito.
Esta existência corporal diferente traz consigo o estigma de uma
sociedade intolerante e
intransigente no que toca
a questões de beleza,
juventude e
sedução. O trabalho de
Bernadette traz a possibilidade de entender a mulher mais velha
não como objeto de seu
corpo, mas como sujeito que faz do seu corpo um objeto de
arte, beleza e
prazer.
"Sobretudo corpos obedientes..." de Maria Helena Zamora, é
um trabalho que
um trabalho que
tem como inspiração
a obra de
La Boétie sobre
a obediência voluntária, escrita no
século XVI. Contudo
a sujeição, como qualquer
fenômeno, precisa da devida
contextualização
histórica. A autora busca rastrear a questão da servidão voluntária na
modernidade, compreendendo, com Foucault,
que o (bio)poder
sempre se exerce nos
corpos – seja sobre
o corpo individual,
seja sobre o
corpo da população.
Aqui se
estabelecem diferenças
entre as ações destituídas da capacidade plena de pensar, típicas
dos corpos em
obediência, resultantes da submissão total, como se vê nos testemunhos
dos que
sobreviveram a tais
processos maciços de
mortificação. Mas isso
também
acontece quando o
agir mecânico é fruto
do desejo de
poder, ainda que
pela via da
submissão. Também se
procura pensar que resistências podem ser produzidas para fazer
face às capturas da
nossa potência e apontar para novas possibilidades de criação, para
além da repetição, tão
próprias da vida capital.
Segundo Maria Inês
Bittencourt, em seu artigo Infância, consumo e
subjetividade: observações sobre o
fenômeno da adultização
precoce, observa-se
precoce, observa-se
atualmente, entre
meninas ainda longe da adolescência vivendo no contexto das cidades,
uma difusão precoce da preocupação
com práticas ligadas à beleza
e à moda,
evidenciada na imitação
da aparência de mulheres adultas. A autora encontra no Rio de
Janeiro ecos deste
fenômeno globalizado, manifestados em diversas classes sociais, com
repercussões nos
modos de sentir, pensar
e agir das crianças. A
questão remete à
construção de
subjetividade no contexto dos
valores que circulam na
sociedade de
consumo contemporânea, na qual
diferentes modos de
vida coexistem e se
interpenetram formando
configurações caleidoscópicas.
Mary Del Priore nos
informa que nos
últimos anos, a mulher brasileira viveu
diversas transformações físicas. Acompanhou a invenção
do batom, em
1925, do
desodorante, nos anos
50, cortou os
“cabelos à la garçonne”, gesto sacrílego
contra
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vastas cabeleiras do
século passado. O
espartilho, graças ao
trabalho feminino nas
fábricas, diminuiu e se
transformou em soutien para possibilitar uma maior mobilidade
dos braços. “Manter a
linha” tornou-se um culto. Conversas sobre a
história do corpo
nos conduzirá, através do tempo,
às exigências infligidas ao corpo
feminino que se
mantem atrelado à
impossível tarefa de não envelhecer..
A história de Julia é
relatada em toda sua delicadeza por Nadja Pinheiro em Dos
corpos dóceis aos corpos-em-busca-de-uma-morada.
Apontamentos clínicos sobre as
Apontamentos clínicos sobre as
relações corpo/psique na contem
poraneidade. Através da clínica a autora nos conduz à
uma trajetória subjetiva na qual
a presença de uma mãe com
seu filho nos
braços,
permitiu perceber contornos e indiferenciações,
afetos e racionalizações,
angústias e
organizações, vivências
dispersas e integrações, corporalidade e simbolizações. Ou seja,
nesse encontro clínico
todos os paradoxos subjetivos estiveram presentes na unidade (!)
mãe\filho de forma
deslizante demonstrando que os elementos primitivos que fundam a
subjetividade permanecem
atuais e produzindo seus efeitos.
O imperativo da imagem
atinge a construção do corpo com fenômenos que vão
de um extremo
francamente patológico à expressões aparentemente normais. Diante de
tal espectro, as
possibilidades de diagnóstico das relações do sujeito e da sociedade com
os corpos que
a compõem revelam diferenças de base
cujo exame é
o propósito do
artigo de Nelson da
Silva Jr e colaboradores intitulado Construções
do corpo na razão
diagnóstica da
psiquiatria e da psicanálise.
Corpos em Revista: Uma releitura do corpo
ultramedido nas revista
femininas, no século XXI de Selma Peleias Felerico Garrini
tem por objetivo verificar a
percepção que as mulheres têm das capas, matérias jornalísticas e propagandas
referentes à beleza e a
perfeição estética corporal, veiculadas nas Revistas: Nova e Boa
Forma. Nele
a autora busca
registrar as mudanças
no comportamento de
consumo
feminino, entre
as mulheres de
20 a 45
anos e categorizar
os modelos de
corpos
encontrados, por meio da
recepção e do consumo feminino. A hipótese central é que não
há um ideal padronizado, mas sim
um corpo ultramedido, normatizado pelo discurso
midiático ou pelos
costumes e aprovações sociais, gerando novas práticas de consumo
baseadas em desejos
sinalizados pelas mulheres.
Vera Lopes Besset
e Marina Vieira
Espinoza indagam: Dora hipermoderna:
ainda a histeria? Ao oferecer um espaço de escuta para o
sofrimento das histéricas,
Freud faz ‘falar’
o corpo doente
que desafia o saber
médico da época.
Estamos
distantes, é certo, do
século de Freud e da histeria ‘freudiana’ da qual Dora é paradigma.
No entanto,
apesar de expurgada
da classificação psiquiátrica
em voga, na clínica
psicanalítica, a
histeria persiste, especialmente em seu caráter de desafio ao Outro. Ao
mesmo tempo, os
sintomas situados no corpo se apresentam como ‘mudos’ e nem
sempre se alojam na
histeria, embora invariavelmente digam respeito ao feminino. Eles
instigam nossa
investigação, apontando os limites de nosso saber.
Chegando ao fim desta apresentação
resta ainda falar
do que levou
as
organizadoras desta
coletânea à escolha deste tema. Estando ambas na academia (PUC e
UERJ) foi exatamente a
busca pela multiplicidade de olhares, muito facilitada pela rede
que se constituiu
no Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa
e Intervenção Social
(LIPIS) da PUC-Rio, que
serviu de motor para a elaboração do livro. Com grande parte
dos pesquisadores sendo
associados ao LIPIS, podíamos acompanhar as pesquisas que
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vinham sendo desenvolvidas. Percebemos, também, como seria
possível transmitir ao
leitor estas diferentes
experiências.
Contudo, se a academia é
nosso campo privilegiado de trabalho, não poderíamos
deixar de buscar suas
ressonâncias em diferentes campos da cultura. Que outras formas
de diálogos podem ser
estabelecidas para discuti-lo e, por que não, retirar ou elaborar
algumas de nossas
angústias sobre ele?
Frequentemente, e talvez
não sem razão, somos acusados de dialogar com nós
mesmos. Daí nossa
preocupação em alargar
esta interlocução. Do que falam as
produções televisivas e
teatrais na cena brasileira? Como o corpo é visto ou pensado?
Será ele um tema importante?
Sabemos que desde
as tragédias gregas a
dramaturgia
sempre refletiu e espelhou
o imaginário social. Lembremo-nos, que foi
inspirado na
tragédia de Édipo
que Freud
montou o arcabouço teórico
da Psicanálise. Mitos e
fantasias fazem um jogo
de espelho tal qual Narciso ou Eros e Psychê.
Disto nos falará
Miguel Falabella em
Corpo e Imagem na
dramaturgia.
E os blogs? Quem são
estes autores que no nosso mundo virtual se comunicam
tão rápida eficientemente
com seus leitores?
Segundo
Cinthia Ferreira, autora de
Cinthia Ferreira, autora de
Desmistificando a beleza
e compartilhando conhecimento
, um
dos cinco blogs
mais
influentes do Brasil,
é
divertido, complicado e misterioso
falar sobre a
beleza. Um
minuto no espelho
é o suficiente
para render milhares
de pensamentos em relação
à
imagem feminina. Sabendo da importância
que a estética
adquire para as
mulheres,
Cinthia vai trabalhá-la
também no contexto de algumas doenças que afetam a aparência
feminina, como o
vitiligo, contando as ressonâncias que os blogs adquiriram em nossa
sociedade.
Finalizando, julgamos
oportuno e necessário
agregar aos textos
acima, uma
breve reflexão sobre o
corpo do home e o meio ambiente. Qual o legado que queremos
deixar paras gerações
futuras? Como os cuidados com o corpo podem afetar o ambiente
e em que consistiria um uso responsável e harmônico na forma desse corpo interagir
com esse entorno que o cerca. Para
falar sobre esta questão
ninguém melhor do que
Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente,
que propõe uma
reflexão acerca do
consumo responsável. Consumir o que, como e para quê: corpo e
sustentabilidade faz
uma rápida e jocosa
provocação sobre corpo e sustentabilidade -, teremos chegado ao
eco-corpo?
O resultado é este livro
que apresentamos a vocês – um diálogo sobre o corpo
onde diferentes fios
constituem a tessitura de uma trama sobre a experiência do corpo.
Experiência
simultaneamente íntima e estranha posto que o corpo é, também, o que não
sabemos e cujo caráter
inatingível se dá na multiplicidade de suas verdades. Um corpo
amado é um corpo de desejo,
um corpo invisível
é um corpo
morto que continua
“sendo”.
Quem ainda pode viver e,
todavia estar morto indaga Vidal Naquer.
Esta seria
uma paixão triste porque
esta morte é um mau encontro (Spinoza). Freud nos ensina que
o primeiro ego é o ego
corporal. Nietzsche pergunta se a verdade da linguagem não será
mesmo o corpo.
Segundo o autor
o corpo é
o grande recalcado
da história. O poder
começa pelo corpo
nos diz Foucault.
Filosofado, antropologizado, politizado,
psicanalisado,
teologizado, comunicado ou dramatizado a experiência do corpo nos leva
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do sensível da dança, do
abraço, do carinho e do prazer às profundezas da crueldade, do
ódio e do puro mal.
Para Paul Valéry a pele
é o órgão mais profundo do corpo. Tal como a linguagem
é a mais visível. Na cor (e suas
inflexões), nas tatuagens,
nas marcas corporais
das
inscrições tribais, nos
piercings e em tantas outras “aparências” a pele sente o afago, o
frio, o calor assim
como é marcada igualmente pela dor.
O corpo
é ambíguo e a insuficiência da linguagem
discursiva pode não
dar
conta da explicação que buscamos. Mas apostando
em
Saramago (Ensaio sobre a
Cegueira) esperamos
que este livro
ajude ao leitor
a encontrar sombras em uma sociedade que se quer crer
uniforme, branca e
sem as dúvidas
que o conhecimento.
Fonte:https://www.researchgate.net/publication/269809862_CORPO_PARA_QUE_TE_QUERO_USOS_ABUSOS_E_DESUSOS_ENSAIOS_SOBRE_O_CORPO_NA_CENA_CONTEMPORANEA
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