Religião não se discute
Religião é assunto de foro privado, de você com seu
Deus, com sua família ou com sua paróquia. Por isso não se discute. Deixamos
alguma eventual polêmica para os teólogos — não vamos nos permitir entrar num
diálogo em que alguém esteja desafiando nossa fé ou tentando nos converter a
algo.
Essa é nossa perspectiva usual de religião — nossas convicções de foro
mais íntimo, que em alguns casos não exigem justificação nem no escopo pessoal,
nem para nós mesmos, que dizer para com os outros.
Porém, na visão budista pode ser um tanto diferente.
Uma das dúvidas mais comuns que surgem no relacionamento com os
ensinamentos budistas é exatamente se o budismo é uma religião. Alguns afirmam
categoricamente que sim, outros que é mais como uma ciência da mente, e ainda
outros, como eu, tentam uma visão compatibilista. Isto é, embora o conceito de
religião como o entendemos no ocidente não tenha uma perfeita tradução
asiática, certa definição antropológica e restrita de religião de algum modo
efetivamente se aplica a determinados aspectos do budismo. Existe fé, devoção,
o mágico, o ritual, e estruturas hierárquicas e sociais semelhantes ao que
vemos como religião no ocidente. Porém, isso não é tudo que o budismo é, e nem
talvez seja o mais relevante, ou o que é propriamente característico do
budismo.
Um dos aspectos importantes dos ensinamentos budistas — como
apresentados pelo próprio Buda, e por milhares de comentadores de seus
ensinamentos na Ásia — é seu aspecto público, examinável e lógico. Nesse
sentido, o budismo é como a ciência ou a filosofia ocidental: um conjunto de
juízos pretendidos como justificados e justificáveis, sobre os quais podemos
debater e, até certo ponto, sobre os quais podemos efetuar provas e refutações.
Portanto, o budismo foi desde sempre debatido — isso é algo encorajado
pela maioria das tradições budistas, quando não é parte do treinamento formal.
E o diálogo respeitoso com pessoas que tenham visões diferentes sempre foi
praticado e considerado enriquecedor, pelo menos na Índia medieval, que desenvolveu
as mais influentes tradições budistas.
Porém, quando o budista se depara com as tradições religiosas do
ocidente, rapidamente percebe que por aqui as coisas andaram de outro modo.
Embora algumas tradições antigas ainda preservem uma união entre fé e razão — a
razão vista como menor, mas uma ótima coadjuvante da fé — o que ocorre na
prática é que houve uma cisão entre religião e ciência, ou mais amplamente
entre racionalidade e convicção pessoal e foro íntimo. Para muitas pessoas no
ocidente não é considerado educado desafiar uma crença básica. Consideramos no
mínimo uma intrusão, e possivelmente uma ofensa. Curiosamente, isso acaba
acontecendo tanto no lado da fé quanto por vezes, também do lado da ciência.
Uma religião como o budismo, que refuta a existência de um criador, e ainda
assim acredita numa série de coisas que soam “sobrenaturais” é muito estranha
para um ocidental. Bem como é difícil para um cientista lidar com as noções
epistemológicas do budismo que desafiam o realismo ou o materialismo — bases
metafísicas injustificadas da maior parte da ciência praticada hoje, e para
quais justificativas, quando existem, se mostram puramente circulares.
E então surge Sua Santidade o Dalai Lama, que é uma pessoa que há
quarenta anos interage com cientistas e religiosos de outras tradições,
procurando entender e dialogar significativamente com as perspectivas
hegemônicas no ocidente.
No início deste milênio Sua Santidade parece ter optado por uma versão
secular de humanidade comum como base para seus diálogos. Evidentemente, na
visão budista de modo geral, ao contrário de algumas fés monoteístas, a
conversão não é um objetivo considerado particularmente elevado.
Tradicionalmente, desde a época do Buda, para receber ensinamentos é necessário
requisitá-los formalmente. É considerado uma infração ensinar o budismo a
alguém que não peça por isso. E em alguns casos foi considerado adequado
ensinar somente após a terceira requisição.
Portanto, não é estranho, por exemplo, que Sua Santidade, tenha ensinado
publicamente com base em um texto budista apenas em sua terceira vinda ao
Brasil. Os ensinamentos que Sua Santidade concede, particularmente num país
católico como o nosso, são muito pouco especificamente budistas. Ele sempre
ensina sobre um bom coração, sobre como é possível exercer boas qualidades no
mundo e assim por diante. Ele ressalta que o melhor é praticar bem a sua
religião, e não trocar de religião. Algo que além de verdade, sem dúvida cai
muito docemente sobre os ouvidos do diálogo inter-religioso.
Cabe lembrar que, ao contrário de outros professores budistas e lamas
tibetanos, Sua Santidade não tem uma cadeia de centros de prática, com sua
franquia específica, alimentando financeiramente projetos na Ásia, e
coordenando uma estrutura hierárquica de professores por todos os lados. Sua
Santidade é uma figura respeitada por todas as tradições legítimas do budismo,
mas não existe uma estrutura formal de obediência, e principalmente de doações
que revertem a uma administração central — a exemplo do que ocorre com a Igreja
Católica. O Dalai Lama ocasionalmente se pronuncia sobre certos tópicos, e cada
professor budista vê isso como um bom conselho, os professores ligados ao
budismo tibetano ouvem um pouco mais, os professores de outras tradições
budistas ouvem um pouco menos, mas todos eles acatam essas orientações apenas
na medida em que as considerem relevantes para seus contextos próprios. O Dalai
Lama é principalmente treinado numa das quatro formas principais de budismo
tibetano, chamada “Gelug”, e mesmo dentro de sua própria escola sua opinião,
embora muito respeitada, não é definitiva.
De modo geral, é um bom critério confiar num professor que respeita e
segue o que o Dalai Lama diz, mas isso é uma prerrogativa pessoal que depende
também de sua confiança na pessoa e na instituição do Dalai Lama.
Assim, o Dalai Lama fala de uma perspectiva bastante livre, em termos
políticos e de impacto sobre visões diversas. Livre e leve, porque, como já
dito, o objetivo dele como monge budista, como ele sempre diz, não é fazer
budistas, mas ajudar os seres humanos a serem melhores seres humanos.
Sendo assim, quando é
adequado discutir foro íntimo, ou religião? Apenas quando houver abertura
explícita para isso. De outra forma, por melhor que seja sua intenção, é uma
espécie de violência.
E isso é válido do ponto de vista dos ensinamentos budistas. Sua
Santidade muitas e muitas vezes começa seus ensinamentos fazendo um louvor ao
Buda composto por Nagarjuna, um influente professor budista indiano, geralmente
tido como tendo ensinado no séc. III D.C. “Prostro-me ao Buda, que não se apega a nenhuma perspectiva”. Os ensinamentos
budistas que negam a existência de um “eu” tem algumas implicações
interessantes. Eles estão na base de coisas polêmicas como a refutação budista
de um criador — que teologicamente e filosoficamente, é, desde os gregos, o
“ser enquanto ser”, o ser por excelência, e assim igualmente o “eu”, ou ser
independente, por excelência. Mas também na base da abertura budista ao
diálogo, uma vez que ausência de eu, vira ausência de uma essência nas coisas,
e enfim, ausência de uma essência nos ensinamentos budistas, e em quaisquer
visões.
Essa perspectiva, é de fato a imparcialidade ou isenção tão prezada na
busca do conhecimento. Não se fixar a conceitos é não se deixar enganar pela
ideia de que se detém uma formulação final de sobre como as coisas são. Não se
aferrar ao que se pensa é o que permite ouvir o outro — e debater com o outro,
não de um ponto de vista de conversão, mas de um ponto de vista que converge
para a liberdade e isenção.
E não é que o budismo, com isso, esteja negando a possibilidade de
conhecimento ou verdade. É apenas que essa visão última é unicamente resultado
de uma isenção absoluta, e da análise exaustiva — até o final, não no sentido
de cansativa — das visões que se apresentam.
Nas palavras de Sua Santidade em Além de Religião (Lúcida Letra, 2016):
Para aqueles que
acreditam que a verdade requer um Deus, só Deus pode fazer com que a ética
prevaleça. Sem Deus como garantia, eles dizem, existe, na melhor das hipóteses,
apenas a verdade relativa, de tal modo que aquilo que é verdadeiro para uma
pessoa pode não ser verdadeiro para outra. E, em situação como esta, não existe
uma base para distinguir o bem do mal, para avaliar o que é certo e o que é
errado, ou para dominar os impulsos egoístas e destrutivos e cultivar os
valores internos.
Embora eu respeite
plenamente este ponto de vista, não compartilho dele. Não concordo que a ética
precise se basear em conceitos religiosos ou na fé. Ao contrário, acredito
firmemente que a ética também pode emergir de forma simples, como uma resposta
natural e racional à nossa própria humanidade e à condição humana que
compartilhamos.
…
Não me enquadro entre
aqueles que pensam que os seres humanos em breve estarão prontos para dispensar
totalmente a religião. Pelo contrário, na minha opinião, a fé é uma força para
o bem e pode ser extremamente benéfica.
“Além de religião” pode ser adquirido no site da Lúcida Letra, compre
já!
A proposta secular do Dalai Lama
Por onde quer que passe, quando Sua Santidade ensina no Ocidente, ele
sempre reafirma que não está num trabalho de “conversão”. O esforço do Dalai
Lama não é em transformar as pessoas que o ouvem em budistas, mas em trazer um
pouco de sua experiência como budista e como “apenas um monge” para o diálogo
com uma diversidade de culturas e inclinações.
Ele acredita que — e aparentemente quem quer que interaja com ele
invariavelmente concorda — pode haver algum benefício nessa interação.
Como sou uma pessoa que possui o defeito de ser extremamente cínico,
muitas vezes, considerei as palavras de Sua Santidade uma maquinação política
sofisticada, um “converter pelo não converter”. Afinal de contas, se o darma
budista é bom, e queremos o benefício dos seres, queremos que todos os seres
encontrem o darma do Buda. Não é isso?
Pelo jeito não. Embora a visão de Sua Santidade seja de fato mais
sofisticada do que parece a primeira vista, ela não tem nada de maquinação. O
objetivo do budismo nunca foi produzir budistas. Por mais que o compromisso com
a prática seja importante para o praticante, se ele não surge de um processo
pessoal de questionamento e conclusões, de pouco serve.
Esse livro que a Lúcida Letra agora publica no Brasil com o título de Além de religião: Uma ética para um mundo sem fronteiras é uma continuação de
temas que Sua Santidade já explorou no também verdadeiramente excelente Ética para o novo milênio. Em ambos os livros Sua Santidade reafirma
que os valores éticos — os valores que levam a uma boa vida e ser uma boa
pessoa — não exigem ensinamentos ou compromissos propriamente religiosos. Nesse
novo livro, no entanto, além de renovar e condensar o argumento do Novo Milênio, o diferencial é que ele fornece
alguns métodos práticos de cultivo mental (meditação), de origem budista, num
formato absolutamente secular.
De fato, se você quer se tornar um budista, não é muito fácil fazer isso
com uma conexão com Sua Santidade. Ele mesmo repete vez após vez (e também
nesse novo livro) que o melhor é você ficar com sua própria tradição, levá-la a
sério e praticá-la bem. E agora, se você não tem tradição alguma, mas apenas
segue o humanismo secular ou a visão científica, ele também não parece interessado
em fazer de você um budista. Se você sentir inclinação para o cultivo e
treinamento da mente com alguns métodos de origem budista, você pode se engajar
neles sem compromisso algum, e sem precisar aceitar nenhuma ideia religiosa.
Além disso, Sua Santidade, ao contrário da maioria dos outros
professores budistas, não funda centros de prática pelo mundo. Você não
consegue ir a um lugar para se tornar um seguidor dos métodos do Dalai
Lama — esse lugar simplesmente não existe. A única coisa que Sua Santidade diz
é que, se você realmente quiser ser budista, pense duas vezes, porque será
difícil e é melhor levar a coisa muito a sério. Além disso, parece realmente
não haver muita gente que deseje compromisso com o budismo: se for para levar
pouco a sério, melhor nem iniciar — melhor ficar com o contexto secular que Sua
Santidade agora também promove.
A visão de Sua Santidade sobre uma ética completamente secular pode
parecer óbvia para alguns de nós que gostamos dos ideais iluministas e que não
temos realmente convicções religiosas. Porém, para a maioria das tradições
religiosas, dizer algo desse tipo é bastante temerário. Ainda assim, o
secularismo de Sua Santidade, é claro, tampouco é antirreligioso. As religiões
têm valor, e podem ajudar, mas não são essenciais para o desenvolvimento
daquilo que ele chama de “valores interiores”.
Nas palavras de Sua Santidade:
“Para mim, embora os
seres humanos possam viver sem religião, eles não podem viver sem valores
internos. Meu argumento em separar a ética da religião é, portanto, muito
simples. A meu ver, a espiritualidade tem duas dimensões. A primeira, base do
bem-estar espiritual — com isto refiro-me à força e ao equilíbrio mental e
emocional –, não depende de religião, mas faz parte da nossa natureza humana
inata como seres sencientes que possuem uma predisposição natural para a
compaixão, a bondade e o afeto com os outros. A segunda dimensão é aquela que
pode ser considerada como espiritualidade baseada na religião, adquirida a
partir de nossa educação e cultura, e está ligada a determinadas crenças e
práticas. A diferença entre essas duas dimensões para mim é como a diferença
entre a água e o chá. Ética e valores internos sem o conteúdo religioso são
como água, algo de que precisamos todos os dias para
nossa saúde e sobrevivência. Ética e valores internos baseados em um contexto
religioso são mais como o chá. O chá que bebemos é composto por água, mas
também contém outros ingredientes — folhas de chá, especiarias, talvez um pouco
de açúcar ou, pelo menos no Tibete, sal — que o tornam algo que queremos todos
os dias, mais nutritivo e substancial. Mas não importa como o chá é preparado,
seu principal ingrediente é sempre a água. Enquanto podemos viver sem chá, não
podemos viver sem água. Dessa mesma forma, nascemos sem religião, com necessidade de
compaixão.”
Nem mesmo o budismo é necessário para uma boa vida com bons valores.
Porém, para aqueles que têm conexão com os ensinamentos do Buda e talvez
aspirem algo mais do que essas necessidades básicas, os ensinamentos ainda
estão disponíveis e seu valor é indiscutível. Algumas vezes essa abertura
budista a uma perspectiva secular é mal interpretada, como se implicasse que o
compromisso com o budismo é desnecessário para toda e qualquer pessoa — todo
budista se alegrará (e Sua Santidade não é diferente) com alguém que se engaja
em praticar e sustentar os ensinamentos do Buda. Ocorre apenas que, se a pessoa
não for fazer isso após ter atingido uma convicção íntima independente de
caprichos e subserviências, melhor nem começar.
Origem do secularismo
Muitas e muitas
vezes Sua Santidade traça a origem de sua perspectiva na Universidade de
Nalanda, uma instituição budista que no ápice abrigou 10 mil monges-alunos.
Nalanda funcionou do séc. V até o séc. XIII, e mais do que “mosteiro”, merece o
título de “universidade” — talvez a primeira do mundo. O que ocorre é que
Nalanda, embora uma instituição budista, também se dedicava ao estudo de todas
as outras correntes religiosas e filosóficas da Índia. Havia um interesse
nítido no diálogo interreligioso e professores de outras tradições eram
frequentemente convidados para ensinar e debater.
No entanto,Sua
Santidade vai além de Nalanda para explicar o que entende por “secularismo”.
Nós, aqui no Ocidente, entendemos a perspectiva secular ou multicultural como
tendo sua origem no iluminismo. Antes disso, o respeito pela alteridade não era
institucional e não fazia parte do discurso racional — ele ocorria, mas não era
justificado ou fomentado, com exceções aqui e ali. Um dos aspectos que
entendemos por “moderno” é conviver diariamente com pessoas que agem e pensam
de acordo com critérios vastamente diferentes dos nossos, especialmente nas
grandes cidades, e especialmente no Novo Mundo. Mas, como todos sabem, e pela
grande confusão ideológica no cenário particularmente político, lidar com a
alteridade, embora essencial, não é fácil nem mesmo para seres pós-modernos e
pós-iluministas como nós.
Ainda assim, ao
que parece, segundo Sua Santidade, o secularismo multicultural não é nem uma
invenção do iluminismo, nem do budismo: é uma invenção indiana, de antes de
algo chamado “Índia” existir. Muito antes de Nalanda, a Índia, talvez por
densidade demográfica e fragmentação cultural, já lidava com um
multiculturalismo efervescente. Ao contrário do imperialismo cultural
greco-romano, ou das perspectivas monoteístas do ocidente, o que chamamos hoje
de Índia era uma esfera multicultural que ia do Afeganistão até o sudeste
asiático. Centenas, talvez milhares, de línguas eram faladas, e as pessoas
conviviam o tempo todo com religiões diferentes, ou pelo menos com variações
grandes de uma mesma religião numa vizinhança.
E Sua Santidade
afirma também que a independência indiana, com Gandhi e com os primeiros
presidentes, foi fundada nesses exatos princípios de tolerância mútua. Segundo
o Dalai Lama, os princípios do imperador budista Ashoka, no terceiro século
antes de Cristo, ainda estão bem vivos na Índia e seguem a fundação de um
estado democrático hoje. Em um de seus éditos em placas de metais afixadas em
obeliscos, ainda hoje de pé, está escrito: “Honre a religião alheia, porque
assim irá fortalecer tanto a sua própria quanto a do outro”.
Também na Índia,
durante o período que chamamos na Europa de “alta idade média” (do séc. V ao
séc. X), não havia apenas religiosos, mas também os charvakas, uma escola
materialista que rejeitava escrituras, rituais e o sobrenatural. Isto é, mais
ou menos semelhante ao que reconhecemos hoje como o ceticismo materialista
predominante no pensamento secular. Eles recebiam, em Nalanda e também nos
outros contextos não budistas, o mesmo tratamento respeitoso reservado às
muitas tradições religiosas.
Sua Santidade
chega a afirmar que criticar a religião pode ser útil até para o fortalecimento
da religião, já que os que encontram falhas em professores hipócritas ajudam as
tradições a melhorarem.
De todo modo, nos
elementos realmente cruciais, no que diz respeito a convívio mútuo, compaixão e
ética, Sua Santidade diz não haver necessidade de religião: “…acredito
firmemente que a ética também pode emergir de forma simples, como uma resposta
natural e racional à nossa própria humanidade e à condição humana que
compartilhamos.” Bem como “Neste livro, meu intento foi descrever o
que considero serem os elementos-chave de uma abordagem puramente secular da
ética e da promoção dos valores humanos básicos. É um projeto com o qual estou
comprometido desde que compreendi que nenhuma religião pode ter a esperança de
satisfazer a todos. Simplesmente existe um número muito grande de disposições
mentais diferentes entre os 7 bilhões de habitantes do nosso planeta para isso
ser possível.”
O livro Além de religião
O Dalai Lama
publica muitos tipos diferentes de livros e em português nem sempre as
traduções são boas. Há tratados de pontos intricados de filosofia budista,
livros de divulgação de tópicos gerais e simples do darma, diálogos com
cientistas, pensadores e religiosos, coletâneas de frases, palestras
transcritas, livros que se aproximam da autoajuda e manifestos em linguagem
direta sobre o que ele considera ser mais necessário hoje. Esse livro agora
lançado se enquadra nessa última categoria, e a Lúcida Letra se esmera em fazer
traduções de qualidade. De texto simples e acessível, ele se inspira
efetivamente no espírito e na sofisticação filosófica de Nalanda e do
secularismo como surgiu e se manteve na Índia, melhor entendido como convívio multicultural
enriquecedor.
Este livro é uma
boa pedida para todos os fãs do Dalai Lama, ou para pessoas interessadas numa
perspectiva secular de ética e boa vida inusitada em nossa cultura. Para
aqueles inclinados ao viés secular, ou vinculados a outras tradições, mas que
se interessam em conhecer métodos de treinamento da mente inspirados no
budismo, o livro será recompensador. Também é imprescindível para os
praticantes que se interessam em seguir o exemplo de Sua Santidade em como
lidar com a sociedade moderna.
Fonte:https://medium.com/
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