Projeto “Fátima Subterrânea” – Por Vitor Manuel Adrião
Quinta-feira, May 19 2016
No início do ano 1998 fui convidado pela Firma Risco, do senhor arquitecto Vittorio Gregotti, a concorrer, em nome dela, ao concurso de decoração sacra de um futuro espaço subterrâneo, onde caberiam cerca de sessenta mil pessoas, a nascer sob a praça defronte ao Santuário de Fátima, o de maior afluência Mariana do Mundo. Isso por já não caber mais gente, sempre a aumentar em número, no recinto exterior e as condições deste serem pouco abonáveis ao conforto dos que piamente aí vão.
Ponderei o convite. Acedi e concorri. A minha Proposta (datada de 7.3.1998) de decoração sacra de dois “grandes espaços cobertos para assembleias” (GECAS) gorou-se, não por motivos culturais-religiosos (em cujo projecto iria dispor de vasta equipe dos mais renomeados desenhistas, pintores, ceramistas e escultores preferencialmente só portugueses) mas simplesmente por razões económico-fiduciárias, conforme alegou como desculpa a Reitoria do Santuário. Foram apresentadas ao concurso três propostas, cada uma de um país diferente. Perderam a meu favor os espanhóis e perdi a favor dos gregos, apesar do minha Proposta ter merecido Menção Honrosa. Seja como for, o facto é que perdi e como essa Proposta agora só serve para enriquecer o curriculum pessoal – vendo as obras concluídas pelos gregos nessa nova igreja defronte ao Santuário na qual não caberão mais de seis a nove mil pessoas, cujo custo final duplicou ou triplicou (fala-se em setenta milhões de euros mais dez milhões para acabamentos) sobre o orçamento inicial, ultrapassando em largos milhões de euros a Proposta portuguesa que iria ficar bem num lugar de culto todo ele português, mas que a cúria romana não quis – achei por bem, invés de a abandonar e esquecer numa gaveta, trazê-la aqui para mais-valia do enriquecimento cultural e espiritual do leitor, acrescendo à Proposta o significado esotérico, aqui revelado mas que não fiz junto da cúria romana, subjacente ao imobiliário decorativo dos dois espaços – duas assembleias, o que engloba duas igrejas.
No íntimo persegui aquilo que o Dr. António Augusto Carvalho Monteiro, nos inícios do século XX, idealizou e realizou na arquitectura e decoração da sua Quinta da Regaleira em Sintra: deixar um testamento esotérico e exotérico (velado e desvelado, racional e confessional afins à teologia e à catequese) à posteridade, ao entendimento iluminado e à devoção popular.
Enfim, Carvalho Monteiro conseguiu realizar. Eu, somente idealizar… contrariado pelos fortes “lobbies” dos poderes económicos.
Antes de adentrar a exposição da minha Proposta, acho por bem discorrer um pouco sobre a génese histórica e espiritual da vila de Fátima (hoje elevada a cidade, no sopé da serra de Aire que fica no concelho de Leiria), e igualmente aflorar o fenómeno das aparições da Virgem aos três pastorinhos aí, na Cova da Íria.
Assim, ter-se-á de recuar ao ano 1158 quando a metade Sul de Portugal, do Tejo ao Algarve (Al-Garb transposto a Allah-Garden, “Jardim de Deus” postado no “Ocidente” ou Garb), era ainda território do Islão. Numa manhã de São João desse ano longínquo, conta a lenda assumida história, saiu do castelo de Alcácer do Sal (antiga Salácia romana, depois a árabe Al-Cassir, “O Castelo”, ainda assim prevalecendo aquela nos salacianos) um garrido cortejo moiresco de moços e moças indo em alegre inocência divertir-se nas margens do rio Sado.
Mas eis que os jovens moiros caem numa emboscada preparada pelos cavaleiros portucalenses chefiados pelo temível “tragamoiros” D. Gonçalo Hermingues. Os que se salvaram da surtida foram feitos cativos e levados para Santarém, à presença de D. Afonso Henriques. Como recompensa do feito pelo capitão cristão, o rei concedeu-lhe a mão da mais bela das cativas: Fátima, filha do walî da wilaya alcacerense, tendo esse nome por se a considerar da descendência directa de Ismael, portanto, de linhagem fatimida originada naquela outra Fátima, quinta filha do profeta Mahometh.
Desposada à-força com o cavaleiro infiel e batizada cristã, por certo também à-força, a bela Fátima recebeu o novo nome de Oureana (que faz lembrar o de Orejona, a deusa Vénus que veio povoar a Terra como contam as tradições maias e polinésias). Com esse laço nupcial mesclou-se o sangue real de Borgonha com o sacerdotal Fatímida, para não dizer, o patrístico e o matrístico em que afinal assenta a Patrologia Lusitana, e assim, em conformidade aos documentos disponíveis anteriores ao século XIX, desde já podendo afirmar não ter havido nenhuma surtida, nem emboscada e tampouco matança, a não ser na fantasia romântica de certos autores oitocentistas. A haver núpcias terá sido com consentimento mútuo por afeição mútua, podendo-se muito bem concluir que o cavaleiro cristão e a donzela moira estariam deveras enamorados entre si. Se nas bodas esposais esteve presente a Ordem do Templo, a Tradição informa que essa servia de “escudo defensivo” a uma outra muito mais secreta e soberana de quantas haviam na Península Ibérica, a Ordem de Mariz, a real emissora da aprovação do consórcio através da Ordem do Templo que estava para a Ordem de Mariz como estava a Ordem de Santa Maria de Montesa do lado espanhol. Essa Milícia, publicamente, exercia funções idênticas às que exerceu a portuguesa Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas internamente, cerrada ao século, seria dinamizada pelos próprios raros mas insignes confrades da Ordem de Mariz, os “Caballeros del Grial”, como os consignou o ilustríssimo Dr. Mário Roso de Luna nos volumes da sua Biblioteca das Maravilhas.
A História conta-nos que a Ordem Militar de Santa Maria de Montesa, ramo aragonês saído do Templo, remonta à sua aprovação pontífica por João XXII e reconhecimento do rei Jaime II de Aragão em 10 de Junho de 1317, recebendo a Regra da Ordem de Cister. Extintos os templários no território aragonês a despeito dos protestos de Jaime II, o Justo, em 1312, o monarca temeroso que numerosos bens do Templo caíssem na posse de estranhos ao reino e à Ordem, solicitou do papa Clemente V autorização para constituir Milícia que substituísse aquela e tomasse a seu cargo as suas propriedades móveis e imóveis. Não foi atendido por esse papa e sim pelo seu sucessor João XXII, tendo-lhe enviado a bula de aprovação da nova Ordem, assim adjudicando à Ordem de Montesa todos os bens que os templários possuíam em território aragonês. O castelo de Montesa, no reino de Valência, foi a sede da nova institução militar, motivo aparente do nome adoptado para ela. Os seus membros deram muitos exemplos de heroísmo e esplendor, batendo-se em campanhas tanto dentro como fora da Península. A insígnia adoptada por ela, após várias vicissitudes, é a de Alcântara, em sable, com uma cruz plana de goles.
Pois bem, recorrendo aos anais ocultos da Tradição Espiritual da Península Ibérica, verifica-se que Afonso Henriques, (Anrique, o Terrível, ou melhor, El Rike ou Allah-Rishi, o Rei Divino) era na época o próprio Chefe Supremo da Soberana Ordem de Mariz, consequentemente, esta terá na sua real pessoa apadrinhado os esposais Hermingues e Oureana nos paços de Santarém. Dessa maneira o sangue lusitano se fundiu na fina essência arábica, nomeadamente a de Fátima, para todo o efeito, tronco delfim feminino do próprio Profeta assim expressando a Allatah, a Mãe Divina na Fé corânica, tal qual Ester e Maria as são para judeus e cristãos. Fátima (português), Fatmah (árabe) ou Fathan (aghartino), como “libertadora das mentes humanas pela insuflação de novas ideias”, aquivale ainda à Sakali hindu, a Goberum atlante em quem a “Estrela” Algol incarnou, a fim de tornar-se Rainha de Agharta.
Essas são realidades sibilinas que se velam no críptico da mais Alta Iniciação, para todo o efeito, sendo facto provado a união consanguínea de duas castas raciais opostas, com isso unindo a Haste Lunar da Tradição à Haste Solar da mesma, passando o touro de Ismael e o cordeiro de Cristo a pastar juntos no mesmo prado pastoral.
Afonso Henriques fez oferta da vila de Abdegas aos recém-casados, e então o lugar mudou de nome tomando o da sua nova dona Oureana, hoje Ourém.
Quando Oureana entregou ainda moça a alma a Deus, Gonçalo Hermingues, desgostoso, abjurou ao mundo e fez-se monge na abadia cisterciense de Alcobaça, a trinta quilómetros de Ourém, recentemente fundada a pedido do próprio S. Bernardo de Claraval e que funcionava além de mosteiro como escolástico, deixando mesmo supor, como vários indícios documentais transpiram, a presença da praxis heterodoxa própria de um colégio iniciático, nessa que foi a Casa-Mãe da Ordem de Cister em Portugal.
Com o passar dos anos, os cistercienses alcobacenses quiseram fundar um outro mosteiro da serra mesmo ao pé. Como rezam as crónicas, foi ao próprio frei Gonçalo Hermingues atribuída essa incumbência, por certo por sua virtude e dedicação. Apenas terminada a capela, apressou-se a mandar trasladar para lá o corpo da saudosa esposa amada, aí ficando para sempre sem nenhuma inscrição a assinalar a sepultura. Em volta desse mosteiro um pequeno povoado edificava-se a breve trecho: Fátima tinha nascido.
O edifício desapareceu em meados do século XVI, mas a capela com os restos mortais da bela princesa foi poupada. Todavia, com as restaurações e transformações posteriores, tornada igreja paroquial da então vila, em pouco tempo desapareceu a capela sob o chão da actual que assenta em lajes sepulcrais.
O valoroso amigo senhor Hermínio de Freitas Nunes, notável investigador da história da região já com vasta e preciosa colheita literária editada, chamou-me a atenção para a possibilidade da míngua bibliográfica no tocante a Gonçalo Hermingues – Fátima /Oureana. Concordei com ele e passo a transcrever parte da carta (datada de 28.1.1999) que lhe enderecei referente ao assunto, adiantando os devidos respeitos:
“Começo por D. Gonçalo Hermingues, o “Tragamoiros”. O que se depreende na leitura da Monarquia Lusitana, Livro X, pág. 181, sobre a Comenda cisterciense de Tomaréis, a “escassos dez quilómetros” da Comenda Velha (Templária) da Sabacheira, ter sido uma fundação senhorial pelo capitão do primeiro rei português, possivelmente para “servir de panteão familiar e assegurar a narração futura da gesta e dos actos heroicos do iniciador da dinastia”, não está errado. Tampouco há contradição com o que escrevi, talvez ou decerto só insuficiência descritiva, que agora comatarei.
“Vamos, pois, aos factos. Ainda cavaleiro da Ordem de S. Bento de Avis, D. Gonçalo Hermingues, estremenho com morada em Tomaréis, toma parte activa na fundação da Casa e Comenda de Cister, aquela “encostada” a esta tal a pouca distância que as separa, possivelmente em troca de favores dos conhecimentos (agrários, alfabetização e assistência religiosa) da freiria cisterciense, a fim de desenvolver e promover o espaço do seu senhorio. O laborare et orare dos cistencienses de Alcobaça, traduzido como trabalho intelectual e manual, aos quais o Portugal de hoje deve muitíssimo no sentido do progresso socioeconómico alavancando o país rural para o industrial, é facto atestado pelo próprio fr. Fortunato de São Boaventura, alcabacense professante na Ordem de Cister desde 25 de Agosto de 1795. Diz ele nas suas Considerações Gerais sobre a Santidade dos Institutos Religiosos, Cap. I, Tit. I da sua História Cronológica e Crítica da Real Abadia de Alcobaça, edição de 1827: “Limito-me agora a ponderar que as virtudes cristãs, em que sobressaíam estes monges, foram o primeiro móvel de quantos benefícios se originaram dos seus institutos; que sucedendo outros males e a ignorância, eles, como professos de uma religião que não teme os sábios e que preza as ciências, salvarem estas de um naufrágio iminente, e nos guardaram os mais preciosos monumentos da literatura clássica dos gregos e latinos. Era a virtude da penitência que os fazia lançar mão da enxada e da charrua, para desbravar as terrras incultas; pois lembrados da pena que se cominara ao primeiro homem, queriam levá-la em todo o rigor, adquirindo o sustenho à custa de suores e fadigas”.
“Após a morte precoce porque ainda jovem da sua esposa, talvez por doença o que não era raro na época, o viúvo choroso ter-se-á recolhido primeiro aí em Tomaréis, o que leva a pensar ter abandonado o seu palácio em Ourém, possivelmente por estar impregnado das memórias da falecida chorada que o traria em desgosto permanente. Depois, talvez influenciado pela comunidade cisterciense de Tomaréis, indo contrair e professar votos perpétuos na Casa-Mãe portuguesa de Cister, ou seja, o Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Daí, passados anos, fr. Gonçalo Hermingues iria partilhar na fundação de uma nova Casa de Cister, em torno da qual se desenvolveu povoado modesto que seria a génese da vila de Fátima, em cuja paroquial ainda lá está apagado e esquecido, sob o soalho, o túmulo da malograda princesa moura de linhagem fatimida, portanto, descendente do tronco familiar do próprio Mahometh.
“De maneira que o percurso cisterciense de fr. Gonçalo inicia-se em Tomaréis, passa a Alcobaça e finalmente a Fátima. Em Abdegas, hoje Ourém, teve domínio senhorial, acastelado, oferecido por D. Afonso Henriques a ele e sua esposa Fátima/Oureana. A sua linhagem nobiliárquica apesar de importante é pouco destacada pela historiografia. Pessoalmente, estou em crer que ela é a família Ourém de que fala o Armorial Lusitano, pág. 408: “Ourém. Família de origem desconhecida, cujo apelido deve ser tomado da Vila de seu nome. Atribuem-se-lhe as seguintes Armas: de prata, com uma águia estendida de negro, armada de vermelho. Timbre: a águia do escudo”. E é tudo, tal a pobreza ou intenção deliberada de diminuir ou até apagar a memória de tão grande vulto que teve a suprema audácia de miscenizar à Alma e ao Sangue de Portugal a descendência directa do próprio autor do Alcorão. Ficou só a lenda e o apodo de “Tragamoiros”, mesmo assim porque, por tudo o dito, em verdade “tragou, assimilou o Sangue Moiro, Moria, Maru, Mariz”…
“O seu domínio primitivo, presumo que herdado de seu pai que o teria recebido do conde D. Henrique de Borgonha em uma das surtidas ao Sul, seria de facto Tomaréis, o qual doaria à Ordem de Cister introduzida no país por S. Bernardo de Claraval e seu sobrinho, D. Afonso Henriques, aquele consignado fundador espiritual de Portugal e este fundador temporal do mesmo que, desde a primeira hora da fundação, é posto sob o padroado geral de São Miguel Arcanjo e de Santa Maria Maior, esta também evocada como Sagrado Coração de Maria expressivo do Graal-Consciência de que o Graal-Objecto é representação simbólica.
“Tudo isso é o que deduzo de todos os autores consultados, não raros, se não todos, com insuficiências descritivas.”
Foi em torno da meseta da serra de Aire que se desenrolaram os mais renhidos combates entre cristãos e mouros jogando o destino da formação do novo país… bem à vista de Fátima, tendo o justo equivalente em Nossa Senhora da Conceição, posto participarem do atributo comum de Deusas de humana justiça e espiritual nutrição.
Senhora da Conceição que, ao lado do Dragão Verde dos Lusos, igualmente figurou no estandarte da Ala dos Namorados (ou os figurados Andróginos em separado), indo abençoar no campo de Aljubarrota a vitória retumbante dos portugueses sobre as armas de Castela, ficando garantida a Independência Nacional pelo feito glorioso do Condestável Nuno Álvares Pereira, depois, ingresso na Ordem do Carmo, Fr. Nun´Álvares de Santa Maria, que Pinharanda Gomes muito justamente apodou de “Galaaz do Carmelo”. Sim, vitória retumbante das armas de Portugal nesse 14 de Agosto de 1385, coroando a dinastia de Avis (ou Siva, anagramaticamente, assinalado pela Avis raris do Espírito Santo) já de si incorporando a glória das gestas passadas da dinastia de Borgonha.
Como se repara, Portugal sempre esteve sob o manto protector da Mãe Divina, donde a Sua evocação constante, quer lhe chamem Fátima ou Senhora da Conceição, ou algum outro dos Seus atributos locais, como antanho a chamavam Ísis e antes desta, aqui na Península Ibérica, de Atégina e Lusina, a Grande Deusa-Mãe, cedo esculpida, pintada e iconografada Virgem Negra por ser a Primordial ante-Criação que assiste à génese desta, por isto sendo a Única e Soberana Mãe do Verbo em Sua Concepção ou Conceição feliz, o Aspecto Feminino do Criador como a própria Criação Universal – a Natura Naturante et Naturada.
No lugar da Ortiga terá aparecido o “Anjo da Paz”, também chamado “Anjo de Portugal”, aos três pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia (a única a restar viva até há poucos anos e que cedo entrou em reclusão religiosa em Casa da Ordem do Carmelo), sendo que da terceira vez apareceu na Loca do Cabeço, corria o Outono de 1916 (estranhamente essa data coincidia com a sexta-feira de 13 de Outubro de 1307, quando Filipe IV de França ordenou a prisão massiva dos cavaleiros da Ordem do Templo dando início ao processo da sua extinção, acontecimento que doravante marcaria a “sexta-feira 13” como data azarenta, superstição possivelmente tendo a sua origem na próprio Portugal Templário reinando D. Dinis), portando o cálice e a hóstia (evocativos da Eucaristia) e evocando a presença da Santíssima Trindade, esta que assim se reflecte na carne, no sangue e na alma lusitana. Por fim, em 13 de Outubro de 1917 a Virgem Celeste, sob o patronímico “Senhora do Rosário”, apareceu pela última vez aos pastorinhos, episódio desfechado com o “milagre do Sol” ante mais de setenta mil pessoas, mesmo nem todas vendo o que outras ao seu lado viam: o astro-rei girando em velocidade vertiginosa de encontro à Terra, efeito espectacular de fenómeno astro-telúrico de maya-vada ou espelhismo, certamente provocado pela excitação psíquica colectiva. Isso culminando as três aparições da Senhora cuja primeira aconteceu em 13 de Maio de 1917, como conta a voz corrente. Não deixa de ser interessante a igreja paroquial da Ortiga ser consagrada a Nossa Senhora cuja imagem no altar mor, só por “acaso”, é a de uma Virgem Negra medieval, possivelmente coeva dos templários.
O próprio apelativo “Nossa Senhora” deve-se a São Bernardo, pois, conforme a sua hagiografia miraculosa, dirigiu-se à Senhora do Leite (de quem há igualmente uma imagem nas cercanias de Fátima, possivelmente coeva de Cister e do Templo) nos seguintes termos: Monstrate Matrem, “Mostra-te Materna”, resultando logo a seguir, por corrupção fonética, em Noster Mater, “Nossa Mãe”, “Nossa Senhora”, ficando assim como o primeiro a tratá-La tão familiarmente, indo depois compor o belíssimo hino Ave Maris Stella dedicado a Maria como “Estrela do Mar” – Vénus, a Misericórdia que ilumina – servindo de estrela polar aos navegadores a bordo da Barca da Fé cruzando o mar incerto do corporal mundano.
Ante a vasta presença medieval de Cister e do Templo na região tendo o epílogo na Senhora da Azinheira, centro da devoção simples mas sincera do povo mariano reunido em Fátima, acode-me à memória essa outra lenda templária galega da Virgen de la Encina, ou seja, a Virgem da Azinheira. A sua história tem lugar na comarca do Bierzo, ou “Berço”, e conta que nos meados do século V São Toribio de Liebana trouxe da Palestina para a Galiza várias relíquias, dentre elas a imagem da Virgem. Alguns séculos depois, durante as guerras sarracenas, para evitar o saqueio todas essas relíquias foram escondidas por diversos sítios. Passaram-se os anos, os decénios e mesmo alguns séculos, até que cerca de 1178 quando os cavaleiros da Ordem do Templo construíram um castelo naquele lugar, um deles, encarregado do corte das árvores, viu um resplendor que saía da floresta. Ao chegar perto do sítio de onde a luz emanava, viu uma azinheira que tinha uma abertura no tronco, e olhando para dentro descobriu a imagem da Virgem que ali estava escondida há tanto tempo. Em breve a imagem miraculosa tornou-se motivo de veneração geral sob o patrocínio da Ordem dos Templários.
Realmente, volvendo ao espaço estremenho português, tudo quanto tem a ver com a mística de Fátima prende-se de raiz aos templários e os seus mentores, os cistercienses, uns cavaleiros-monges, outros monges-sacerdotes, todos trajando o branco alvo da Pureza. Tudo tresanda a mistério, a arcanum templarium. Tomar é logo ali ao lado, estendendo-se por toda essa meseta bailios e granjas do Templo e de Cister!… Também não deixo de anotar a hostilidade mais ou menos declarada da “Fátima eclesial” à “Fátima mesquital”, como a tentativa constante de apagar a segunda da memória colectiva.
O ano 1917 (cujo valor 17 marca numerologicamente o biorritmo de Portugal) foi importante em Aparições Marianas: em 13 de Fevereiro de 1917 aconteceu a aparição da Virgem Negra a Endoxia Andrianova, na Rússia, tendo os cristãos ortodoxos passado a chamá-la Kervajnaie, “tornada branca”, a “Nossa Senhora Branca” por estar vestida dessa cor. Logo a seguir, em 13 de Maio desse mesmo ano, deram-se as aparições de Fátima, mas sem esquecer as anteriores em La Sallete em 1848, em Obernaebach, Baviera, nesse mesmo ano, e ainda em Lourdes em 1858. Aparições sucedendo sempre em lugares telúricos, hídricos e junto ou dentro de grutas, onde no passado distante já haviam cultos matriciais à Mãe-Terra, ou seja, à Grande Deusa-Mãe Primordial, Ghea ou Rhea, que mais tarde, com a cristianização territorial, tomaria forma iconológica em alguma santa, fosse qual fosse desde que fosse mulher, posto o género feminino santificado ser a expressão mundanal do Divino Espírito Santo que toma forma na Matéria como a própria Mater-Rhea.
Segundo a Teosofia, os Três Logos ou Hipóstases do Logos Único, como sejam os Três Tronos constituindo a Santíssima Trindade, assim se dispõem no Esquema de Evolução Planetária:
Raio ou Fluxo de Vida, Energia e Consciência provindo do Eterno Logos Solar, tanto vale. O Quarto Raio, aquele que predomina na actual etapa da Evolução Humana influindo no desenvolvimento Mental (Superior e Inferior) em consonância com as características do Quarto Globo em que tudo e todos vivemos e evoluímos, é o que une o Espírito à Matéria conferindo Unidade às Hipóstase dos Logos que assim se torna Uno-Trino, que é dizer, Um mais Três como valor do Quarto Raio gerador da Harmonia Universal entre os pólos contrários.
Reconhece-se sem dificuldade que hoje campeia a fantasia, não raro grotesca e bizarra como essa dos improváveis “discos-voadores extraterrestres”, vindo a terreno pretender explicar o acontecimento dito milagroso da Aparição da Virgem de Fátima aos três pastorinhos. Já para não falar em teorias da conspiração e outras coisas mais e más do género, por haver para todos os gostos e feitios: basta escolher de acordo com o paladar. São «explicações» descontextualizadas tanto do fenómeno espiritual como dos cânones tradicionais. A mecânica oculta da Natureza age provocando os ditos “milagres” aos olhos do povo ingénuo e crédulo, mas também sincero na sua devoção, “milagres” esses que para os entendidos ou formados na Sabedoria Divina, que é dizer Teosofia, são apenas os efeitos visíveis de causas ocultas naturais, pois não acreditam em milagres e sim em forças ou energias postas em acção pela Alma Universal que é a mesma Mãe Natureza (Íria, Ísis, Sophia, Maria, etc., tanto vale). De maneira que, cingindo-me exclusivamente à Tradição Iniciática das Idades como a única salvaguarda segura para o entendimento correcto do Transcendente ou Espiritual manifestado como Patente ou Psicomaterial, os fenómenos psico-telúricos ocorridos na Cova da Íria em 1917 apontam como sendo o que a Teosofia chama manifestação de forças elementais da Natureza a ver com os silfos ou “elementais do Ar”, aos três meninos pastores (assim sendo videntes congénitos, de visão e sensibilidade psíquicas activadas pela intensidade hidro-telúrica do espaço natural de seu habitat. Ademais, quantas não são as crianças que vêem “Nossa Senhora”, o “Menino Jesus”, os “Anjos”, os “amiguinhos anões e gnomos”, etc., nos primeiros anos da sua vida inocente, para depois, no decurso dos anos de vida corporal com os sentidos voltados exclusivamente para a atenção exterior, essa visão etérica embotar-se e desaparecer?), com os subsequentes fenómenos de mayas-vadas ou espelhismo, como já foi dito, pelos que os presenciaram (o Sol movendo-se de encontro à Terra, os flocos ectoplasmáticos caídos do céu visíveis mas não tangíveis, etc.).
Com tudo isso, de maneira alguma pretendo afirmar que a Divindade Feminina acaso não tenha se manifestado por meio dessas forças elementais ou primárias da Natureza. Os Mahatmas ou “Grandes Almas” costumam agir dessa maneira, tanto quanto sei, mas quanto ao resto o crédito parece impossível… ficando só o credo sincero das bocas e nas almas do povo simples que aí vai adorar a Mãe de Deus, criando e alimentando poderosa Egrégora viva ou “Forma Psicomental Colectiva”.
Todo o território em redor de Fátima é intensamente telúrico, mas a construção da gigantesca rede ferroviária do Entroncamento acabou afectando os veios e nódulos telúricos locais provocando como que uma alteração, perturbação ou rompimento da tela etérica ou vital do espaço local e com isso alterando o estado fisioanímico dos habitantes locais mais sensíveis, tornando-se mais propensos a cultos mediúnicos nesse espaço ambiental alterado propício a aparições… “marianas”, ou seja, de cariz lunar como é todo o medianimismo. E assim se tem Fátima, Ladeira do Pinheiro, Alcaria…
Falo das possibilidades e fundamento oculto dos pretensos “milagres”, deixando inteiramente de lado a incoerência das especulações fantásticas e o charlatanismo, porque senão ir-se-á encontrar “terra sim, porta sim” uma “vidente milagreira” e um “messias santeiro”… a justificar os famosos fenómenos do Entroncamento.
Maio é o mês das Maias, da fecundação aquando a Natureza regurgita vibrante lançando para fora as suas sementes dando flor e fruto. É o mês da alegria, da comunhão, do Touro sideral e totem sinergético da Terra. Antanho, os romanos costumavam imolar um boi branco a Apolo, tal como os cretenses um touro a Mitra. Hoje, tem-se a sua memória no sacrifício do touro como parte do programa da Festejo Popular do Império do Divino Espírito Santo, em Sintra, em Alenquer, nos Açores e demais lugares do mundo onde o Português o levou.
Também na Lua Cheia de Maio, correspondendo ao signo de Touro e a Vénus, os antigos druidas e druidisas cortavam com uma foicinha de ouro o visco que nasce nos ramos de certas árvores, como a azinheira, o carvalho, a pereira, etc. Tido como possuindo propriedades miraculosas, o visco tornou-se sagrado entre os celtas, gauleses e bretões; Ram consagrou-lhe a Memória, instituindo a Festa do Natal, a do Solis Invictus como depois lhe chamaram os latinos. Os discípulos de Ram andavam por toda a Cítia com os seus ramos de visco, sendo considerados mensageiros divinos e o seu mestre um deus.
O número 13, do dia da primeira Aparição da Virgem aos pastorinhos, assinala a Rota da Iniciação no acto de transformar a vida-energia em vida-consciência, pois sendo o valor do Arcano da Morte (Yama) esta dá-se em toda a natureza inferior no sentido de gerar, ressurgir como natureza superior, pelo que no Tarot sacerdotal Aghartino tem o significativo nome de A Grande Mãe. Na Teurgia e Teosofia, o 13 de Maio não deixa de ser considerado como Dia das Mães, e dele diz o Professor Henrique José de Souza num texto datado de 1952:
“O dia 13 de Maio, a própria Igreja consagra a Nossa Senhora de Fátima – ao par da das Graças – considerada “como a mais milagrosa”. A maior prova que se tem do caso é feita ao lugar onde Ela se acha, na gloriosa Terra Lusitana, da qual, na sua grande maioria, os Brasileiros descendem. Sim, o sangue nobre dos Portugueses infundido na Raça autóctone (a Tupi), da qual surgiu a nossa.
“Sim, “Bendito seja o fruto do ventre de Maria”, mas também o de todas as Mães ou Mulheres que sabem honrar tão dignificantes nomes.”
Passo, agora, à descrição da minha Proposta de Decoração Sacra do Grande Espaço Coberto para Assembleias (GECAS), destinado a nascer subterraneamente defronte ao actual Santuário de Fátima.
PROJECTO DO “GRANDE ESPAÇO COBERTO PARA ASSEMBLEIAS” (GECAS)
No perímetro interior do G1 figurarão as 14 estações da Via Sacra, representadas em cruzes latinas de madeira de carvalho, simples mas torneadas nas extremidades em flores-de-lis, incrustadas nas paredes distadas uma das outras 33 metros, idade com que Jesus morreu, como é de tradição nos santos evangelhos. 14 x 33 = 462, e 4+6+2 = 12, Arcano O Sacrifício, expressivo da Paixão e Morte do Senhor e consequente descida aos Mundos Interiores ou Inferiores (donde Inferius e o seu derivado latino Infernus, como seja o Mundo Subterrâneo dos “Mortos-Vivos”, dos Iluminados, ao qual a Tradição chama Duat), para ao terceiro dia de Aleluia ressuscitar, sempre amparado pelo Arcanjo de Deus Todo-Poderoso, Al-Djabal ou o mesmo São Miguel. A Via Crucis é o caminho da Morte garante da Ressurreição para os crentes verdadeiros na verdadeira Fé, esta nada tendo a ver com crença simples e petitiva, pois ao primeiro desaire pode descobrir-se que quem crê muito poderá descrer ainda mais…
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – O formato estipulado para o altar corresponde ao da tampa navegante do Santo Sepulcro, tendo sido o adoptado nos templos dos antigos cavaleiros templários e de São João do Hospital de Jerusalém (depois de Rodes e por fim de Malta). Os seus suportes jónicos relacionam-se simbolicamente à finalidade feminina ou mística (coracional) da ara, mara ou aram, onde se praticam os sacrifícios devocionais ao Senhor das Eternidades, que no particular representa-se na Mulher (ara) como base do Homem (sacrifício), nisto incarnado pelo presbítero tendo altar e ofício adiante de si, ou como se canta no Hino Exaltação ao Graal: “Sol e Lua à sua frente”. Tampa “navegante” porque levantada sobrenaturalmente pelos Anjos de cujo sepulcro saiu Cristo Ressuscitado triunfante da Morte. Geosoficamente, também o rectângulo de Portugal defronte ao Mar Oceano dos Vivos e dos Mortos, como Reino dos Lusos ou “Filhos da Luz” em guisa de Duat aflorado sobre a Terra, vem a simbolizar a tampa ou portal de Cordo Maris (“Coração do Mar”), já não tanto como Sepulcro mas Lugar Iluminado da Aliança de Deus com o Homem, a Humanidade, nisto participando a assinalada Montanha Sagrada de Sintra, Salém, Shamballah, etc., variando os nomes mas não o sentido que deve corresponder com justeza e perfeição ao interiorizado Lugar da Pax, o Locus Amoenus ou o mesmo Paraíso Terreal teoplasmação do Paraíso Celeste.
A cruz latina, cujos palos devem desfechar em flores-de-lis mas despossuída da figura de Jesus Crucificado, além de corresponder à Igreja do Ocidente, a Romana, igualmente corresponde ao entrosamento real (donde a supracitada flor, além de designar a Realeza Divina do Segundo Trono expresso pelo Cristo Universal e por isto mesmo considerada Lótus Sagrado de Agharta indicativo da Consciência Universal, tendo sido adoptada como insígnia dos Companheiros do Dever saídos da correnteza operática dos Construtores Livres ou Monges-Construtores medievais) do Poder Espiritual com a Força Material (Purusha – Prakriti, em sânscrito, Espírito – Matéria), exercício realizado pelo ancião ou presbítero, o preste, pai ou chefe espiritual da comunidade dos crentes. Esse, juntando o seu título presbitérico (do grego, πρεσβυτερος, presbyteros) ao do tutelar São João da Igreja de Jerusalém (Iod ou Jod-He-Shadai), onde se encontra o Santo Sepulcro, resulta o latino Pater Iohanis, Pai, Preste ou Presbítero João, a misteriosa representação medieval do mesmíssimo Melki-Tsedek, o Rei do Mundo por em si reunir a Arma e o Sacerdócio, e cuja emanação universal (este o sentido literal da palavra grega católico, “universal, universalista”) o presbítero deve incarnar no acto do sacramento, na liturgia da ressurreição dos vivos e dos mortos onde Deus, o Espírito e o Homem fazem-se um.
O Arcanjo S. Miguel, Custódio do Céu e da Terra (particularmente de Portugal, prerrogativa instituída por D. Afonso Henriques e oficializado o seu culto por D. Manuel I), como Mikael é o “Assistente da Sinagoga” e como Mirraïl é o “Assistente da Mesquita”. Aclamado Chefe das Milícias Celestes, a tradição judaico-cristã situa-o no topo da Árvore da Vida como “Pólo Celeste” (Metraton) para o “Pólo Terrestre” (Sandalphon) expresso como Shekinah, a “Presença Real de Deus”, de quem o presbítero é a expressão corporal diante da assembleia dos fiéis. Assim, a Pax e a Lex dos Pólos Celeste – Terrestre (Kether – Malkuth, a primeira e a última sephiroths ou “emanações da Árvore da Vida – Otz Chaim) tomam forma racional como Magistério e Dogma da Igreja desde o mais alto Céu à Terra na inter-relação psicopompa Arcanjo – Presbítero.
De altura entre o natural e o atlante, mais atlante ou agigantado em virtude da vastidão do espaço G1, S. Miguel figurará com a balança na sinistra e a espada flamejante (mizna) na destra, apresentando-se como guerreiro alado com as asas abertas em modo de dar a impressão de abarcar com a sua presença toda a assembleia, o que se enquadra no seu anagrama cabalístico Malaki, “Meu enviado”, isto é, “Enviado de Deus”, ou por extenso, Maleak-Ha-Elohim, “Anjo no qual é Deus”, a ponto de ambos se confundirem em um só (tal qual o sacerdote na liturgia deve confundir-se com o Divino) indo suscitar entre os latinos a interrogação pasmada: Quis ut Deus, “Quem é Deus”? Respondendo os fatimidas: Mirraïl Al-Djabal, “Miguel, o Todo-Poderoso”.
As 14 estações da Via Sacra ou Via Crucis correspondem ao Caminho das Angústias, afinal, a Via do Discipulado irrevogavelmente Cristocêntrica, por nela a criatura humana, caindo e levantando sempre, realizar interiormente a sua transformação rumo à superação e consequente metástase com o seu Deus Interno, Único e Verdadeiro, para que, de facto e direito, seja verdadeiramente cristã.
Acompanhando o compasso quaternário da Terra (Bhumi) e as fases de solstícios e equinócios, tem-se também as 14 estações da Via Sacra corresponderem ao “desatar dos nós” ou nadhis e cada uma das quedas de Cristo corresponder a uma Pessoa da Trindade, com Ele de rosto contra o pó, ou não estivesse Deus no Centro da Terra… O desenrolar do caminho último da Paixão encontra as seguintes similitudes astro-teosóficas:
EQUINÓCIO DA PRIMAVERA
1.ª Estação = Jesus é condenado à morte
2.ª Estação = Jesus carrega a cruz às costas
3.ª Estação = Jesus cai pela primeira vez > Chakra Raiz > Manifestação do Espírito Santo
4.ª Estação = Jesus encontra a sua Mãe
SOLSTÍCIO DE VERÃO
5.ª Estação = Simão Cirineu ajuda a Jesus
6.ª Estação = Verónica limpa o rosto de Jesus
7.ª Estação = Jesus cai pela segunda vez > Chakra Cardíaco > Manifestação do Filho
EQUINÓCIO DO OUTONO
8.ª Estação = Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
9.ª Estação = Jesus cai pela terceira vez > Chakra Coronário > Manifestação do Pai
10.ª Estação = Jesus é despojado das suas vestes
11.ª Estação = Jesus é pregado na cruz
SOLSTÍCIO DO INVERNO
12.ª Estação = Jesus morre na cruz
13.ª Estação = Jesus morto nos braços de sua Mãe
14.ª Estação = Jesus é descido ao sepulcro
Como os solstícios são os períodos em que o Sol se “acende (Verão) e apaga (Inverno)” em relação à Terra, isso vem a representar a Tríade Superior imanifesta. Como os equinócios são os períodos em que o Sol se “apaga (Outono) e acende (Primavera)” relativamente ao nosso Globo, com isto representa-se o Quaternário Inferior manifesto.
Como já disse, as cruzes latinas indicam a ocidentalidade da Igreja e, aparte as flores-de-lis torneadas, o restante das peças é simples e nu em madeira de carvalho (árvore que para os antigos celto-lusitanos tinha o significado de templo), de maneira a melhor e mais intensamente inspirar à nudez ou despojamento dos habituais e viciosos hábitos físicos, morais e mentais e à adopção de outros mais simples e saudáveis, naturais e mais eficientes na vida do corpo e da alma para o Espírito de Deus poder finalmente manifestar-se em um e todos.
GECA 1
2.9 – CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO = Altar-mor de três patamares; no topo, imagem de Jesus Cristo em Glória. Abaixo, imagem de Nossa Senhora de Fátima tendo aos pés os três pastorinhos ajoelhados. Por fim o sacrário, no terceiro patamar, onde se guardará o Santíssimo Sacramento.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – Os três patamares ou andares equivalem aos três Planos Universais do Espírito, da Alma e do Corpo, correspondendo aos Três Tronos (Santíssima Trindade, Orago do GECA), ficando no topo Cristo para o Pai (“Não ireis ao Pai senão por Mim”, João 14:6), desde logo em Glória, Ressuscitado, não Morto para sempre Imortal. No Plano Intermédio a Mãe Divina, onde os pastorinhos a seus pés simbolizarão, mais que o acto místico da Aparição, as três gunas (em sânscrito, “cordas” ou cordame de enlace, encadear, unir) ou “qualidades subtis da Matéria” (Mater-Rhea, Mãe-Terra): Satva – Rajas – Tamas, ou seja, energia centrífuga, energia rítmica ou equilibrante, energia centrípeta. Finalmente, no patamar o Plano Inferior iria dispor-se o Santíssimo Sacramento, o Santo Vaso (Saint Vaisel) repositório eucarístico do Sangue Real (Sang Greal, San Grial, Santo Graal) como ideoplasmação do Terceiro Trono, Deus Espírito Santo.
2.5 – PRESBITÉRIO = Altar rectangular com tampa navegante suportada por quatro colunelos jónicos. Crucifixo tradicional de proporções ajustadas às dimensões do espaço. À direita do altar, lado da Epístola, a imagem, conformada à iconologia tradicional, do Arcanjo Custódio de Portugal e das Almas como Primeiro em deus, S. Miguel (Quis ut Deus).
GECA 2
Entre as 1.ª e 2.ª colunas (todas jónicas, atendendo à Iniciação Matrística, Coracional ou Feminina por que se distingue Fátima), do lado direito, imagem pia de S. Francisco de Assis. Entre as 1.ª e 2.ª colunas, do lado esquerdo, imagem pia de S. Bento de Núrsia (evocativa da sua Regra Trinitária conformada ao dogma da Santíssima Trindade, Orago do GECA). Entre as 2.ª e 3.ª colunas, do lado direito, imagem pia de St.ª Clara de Assis. Entre as 2.ª e 3.ª colunas, do lado esquerdo, imagem pia de St.ª Teresa do Carmelo. No espaço a partir da 3.ª coluna, no parietal lateral direito, representação pictórica de: a) Anjo da Paz falando aos três pastorinhos; b) Nossa Senhora sobre a azinheira falando aos três pastorinhos. No espaço a partir da 3.ª coluna, no parietal lateral esquerdo, representação pictórica de: a) Papa Pio XII; b) Papa Paulo VI, ambos devotos de Fátima, aquele promulgador da peregrinação e este peregrino à Cova da Íria (tanto valendo por Loka de Ísis, a que não falta a procissão das velas como antanho se fazia nas nocturnas a essa deusa).
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – S. Francisco e St.ª Clara expressam o aspecto Patrístico ou Masculino (Pingala) da Igreja, representado no Franciscanismo expressivo do ideal de pobreza e pureza. St.ª Teresa de Ávila do Menino Jesus refere-se ao aspecto matrístico ou Feminino (Ida) da mesma Igreja, assinalado no Carmelo como ideal de contemplação e adoração. Ambas as vertentes encontram-se em S. Bento, cuja Regra Trinitária uniu a Cristandade Oriental à Ocidental, dando assim à Igreja carácter universal (católico) e andrógino (Sushumna) no sentido perfeição absoluta, de maneira que esta assembleia vem a transmitir a ideia benta de Scalae Coeli, “Escada do Céu”, como lugar de recolhimento, adoração e assunção.
ÁTRIOS / NÁRTEX
1.0 – ANDRO = Fonte com escultura de Santa Luzia, de rosto moreno, tendo na destra o cálice eucarístico donde sobressaem dois olhos de que irrompem dois pequenos repuxos (alusivos aos “olhos d´água” e ás “águas matriciais”, as que devolvem a luz aos cegos de quem esta santa é padroeira, cegueira essa tanto corporal como espiritual).
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – Foi esta peça a que maior confusão provocou nas cabeças do Reitoria do Santuário de Fátima. Expliquei o significado dela mas sem o aprofundar, de maneira a não chocar as mentalidades conservadoras, e os responsáveis acabaram aprovando. Além de ir decorar e dar ar de frescura a entrada larguíssima, há um outro sentido em tudo isso: Luzia, Deusa-Luz (que ilumina os cegos corporais e sobretudo espirituais), nada mais é que a cristianizada deusa celta Lusina (feita Melusina nas trovas e prosas medievais), Virgem Negra raiz matricial de toda e qualquer espécie de culto hidro-telúrico, seja ou não ctónico. O cálice eucarístico alude ao Santo Graal e os olhos irrompendo dele tão-só o convite a ver e compreender com “outros olhos” quanto o crente e o não crente venham a avistar dentro das assembleias.
1.1 – ÁTRIO PRINCIPAL = Escultura do Papa João Paulo II, declarado devoto e peregrino de Fátima, a quem atribuiu a salvação da sua vida após sofrer um atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano.
1.9 – ÁTRIO SECUNDÁRIO = Defronte à igreja da Reconciliação, escultura da Rainha Santa Isabel no acto de deixar cair do regaço, com a sinistra, as rosas do seu milagre tradicional, e com a destra segurando recto o bastão em tau de peregrina jacobeia, o qual foi sepultado com ela na igreja das franciscanas de Santa Clara a Velha, em Coimbra.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – Sendo rainha e santa, Isabel deve apresentar a cabeça coroada de cujo aro da coroa sobressaem cinco flores-de-lis estando o interior fechado de modo a sobressair do centro a cruz de Cristo sobre o globo do mundo, ela, rainha santa, verdadeira Budai (como feminino de Buda) cujas rosas de amor e caridade, evocando a Misericórdia do Céu, reconciliou Portugal com o seu rei e o seu Deus, donde o merecido epíteto de Anjo da Paz. O ano: 1336; o lugar: Estremoz, indo ela interpor-se entre exércitos prestes a bater-se; o rei: D. Afonso IV, seu filho; o opositor: D. Afonso XI de Castela. O Deus: reencontrado na Páscoa Rosada (donde a lenda do “milagre dos rosas”) correspondendo ao período da Quaresma, antecedendo quarenta dias a Páscoa. Também por intermédio da Ordem Terceira (da Regra) de S. Francisco, a rainha santa instituiu em Alenquer a celebração do culto do Império Popular do Divino Espírito Santo, no que a Ordem de Cristo auxiliou sobremaneira na sua propagação dentro e fora de fronteiras, dando início ao tempo da translatio imperii (tema depois assumido como os cinco Impérios do padre António Vieira, o derradeiro sendo o Português divinamente chancelado pelo Espírito Santo) e da gesta Dei per Portucalensis (que teria o seu auge no período ecuménico das Descobertas Marítimas).
2.1 – NÁRTEX = Permeio às colunas, ao centro a escultura do Anjo da Paz ladeada pelos escultóricos tradicionais da Fé, Esperança, Caridade e Obediência.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – As estátuas das quatro Normas, em mármore fino da região de Coimbra, tomariam aspecto antropomórfico para assim a humanidade simples dos crentes melhor as entender e apreender. Ao centro ficaria o Anjo da Paz, que é o mesmo da Obra de Deus (Theos-Ergon, em grego, Teurgia). Ele seria configurado com longos cabelos louros em cascata, vestido de túnica branca em tau e com asas brancas de cisne (simbólico da comunhão espiritual); carregaria na mão esquerda um globo azul anilado onde se inscreveria triangularmente em letras douradas a palavra Pax, e a mão direita configuraria, com três dedos erectos e dois recolhidos, a bênção sacerdotal (trishulahastra, em sânscrito, designando a Trimurti ou Trindade). Em representação do Senhor do Mundo (Ardha-Narisha, Chakravartin ou Melkitsedek, tanto vale), teria como emissários outros quatro Anjos (todos com asas de cisnes) representativos dos Senhores da Evolução: Manu (Legislador) para a Obediência; Yama (Executivo) para a Fé; Karuna (Judiciário) para a Esperança; Astaroth (Coordenador) para a Caridade. Sendo os cinco Anjos afins aos respectivos cinco Reinos da Natureza: Espiritual, Humano, Animal, Vegetal, Mineral, ficando tudo sintetizado num Pentalfa dourado (Tetragramaton) aos pés do Anjo da Pax, marcando assim o tradicional “centro do mundo”.
LAUSPERENE
5.3 – PRESBITÉRIO = Escultura evocativa do Sagrado Coração de Maria, tendo na base um listel onde se inscreve, em caracteres góticos, a legenda latina: Ave Mariz Nostra.
Aparte do campo de visão do Ostensório, nas paredes laterais figurarão três peças pictóricas retratando os Mistérios da Encarnação, da Cruz e da Eucaristia.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – O Sagrado Coração de Maria tem conotação mística ao Graal-Consciência como cerne de demanda de si mesmo pela tomada definitiva da Consciência Divina, onde a Mente Espiritual é o afloramento mais próximo da condição passageira do ser mortal. A legenda em caracteres góticos, estilo marcando a ascese ou assunção, designa tanto o Salve Nossa Mãe como Salve Nossa Mariz, legenda essa que é o lema da Ordem Soberana que tomou esse nome Mariz, de acordo com as fontes da Tradição, e apesar da História a desconhecer quase por completo ela marcou indelevelmente os destinos de Portugal e da Europa, até mesmo do Brasil, a partir do século XII quando foi fundada por D. Afonso Henriques nas proximidades de São Lourenço do Pombal de Ansiães, Carrazeda de Ansiães, dizem as mesmas fontes tradicionais. Estas adiantam que essa Ordem Iniciática Secreta seria como que quinta Rama de entre as sete que constituem a Árvore frondosa da Comunhão dos Santos e Sábios, os Mestres ocultados da Humanidade agregados em Grande Fraternidade Oculta distendida estrategicamente por todo o Orbe.
Essa Ordem de Mariz constituída em Carrazeda mas familiarmente formada e tomando o solar próximo de Barcelos, constituía-se dos melhores intelectual e moralmente da Raça Humana desde o Centro ao Sul da Europa com extensão a África, donde as suas características alquímicas, cabalísticas e gnósticas afins ao pensamento heterodoxo da Tradição Iniciática das Idades, sempre tomando por Orago a Mãe Divina expressiva do Divino Espírito Santo, tomasse o nome que tomasse mas sendo sempre Ela, como se denota na sua ladainha já de si participando da herança evocativa de outras expressões anteriores suas, conforme demonstra o quadro sinóptico da Ladainha à Virgem extraído do tomo III de Ísis sem Véu da magistral Helena Petrovna Blavatsky:
Estando a igreja do Lausperene desta assembleia subterrânea vocacionada sobretudo para a meditação e a oração, sob a direcção das Servas de Maria, congregação feminina fundada por Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos (falecida com 97 anos de idade em 13.2.2005), todo este espaço votivo, circular ou redondo, centraliza-se na Hóstia Sagrada (expressiva da Mónada Divina) no Ostensório, ficando à guarda das religiosas do Santuário. Acrescentarei ainda que a freiria feminina católica com contracção perpétua de voto de castidade, simbolicamente casadas com o Eterno corporificado em Cristo-Deus como se fosse as suas contrapartes femininas (shaktis) em ponto menor, têm o seu precedente nas virgens consagradas a Ísis, no Egipto, nas vestais a Vesta, em Roma, nas pitonisas a Pítia, na Grécia, nas goris do Islão, nas devasis de Nari, na Índia, etc., todas elas vivendo em celibato rigoroso.
O espaço da igreja do Lausperene deve estar inteiramente pintado de azul claro suave, cor rajásica da Mãe Divina, expressiva da Fé e do Amor, igualmente propícia à meditação, adoração e elevação da alma do crente em solilóquio consigo mesmo, essa sendo a cor do Céu ou do protector Manto Azul (do Akasha ou Éter) da Excelsa Mãe como Alma Universal, presente não só nos templos cristãos mas igualmente egípcios e hindus.
Os Mistérios da Encarnação, da Cruz e da Eucaristia possuem significado cosmogónico e antropogónico: referem-se às respectivas Involução do Espírito à Matéria, Manifestação do Espirito na Matéria e Evolução da Matéria ao Espírito no Esquema do Universo, da Terra e do Homem, pelo que no contexto do ser humano aqui se lhe apresenta o convite mudo à reflexão sobre a sua encarnação, carnação e desencarnação de volta à Eternidade.
IGREJA DA RECONCILIAÇÃO
5.13 – SACRAMENTO = Imagem de Nossa Senhora do Rosário, em destaque. Haverá, em ambas as paredes laterais, quatro peças pictóricas ou quadros: a) evocação do Purgatório; b) evocação do Céu; c) evocação da Ascensão de Jesus; b) evocação da Ascensão de Maria.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO: – A imagem beatíssima evocativa do Rosário, além de padronizar o conselho dado pela Virgem aparecida aos pastorinhos à prática do mesmo, conselho já antecedido pelo Anjo da Paz, conforme é tradição corrente, significa mais ocultamente a evolução da Mãe-Terra ao longo do extenso rosário de Cadeias, Globos, Rondas e Raças por que o Logos e o Homem têm de passar. O Purgatório é o Mundo Inferior ou Astral como Tala, e o Céu é o Mundo Superior ou Mental como Loka. A Ascensão de Jesus representa a Libertação do Espírito, e a de Maria a Sublimação da Matéria, isto no Esquema de Evolução Universal por meio das duas Energias Cósmicas básicas: Fohat (Electricidade, Fogo Frio Celeste) e Kundalini (Electromagnetismo, Fogo Quente Terrestre). Do atrito de ambas, tudo se locomove no esteiro da transformação da vida-energia em vida-consciência até à Reconciliação final, a Reintegração do Tudo no Todo.
Volvendo ao rosário, o uso deste foi introduzido em Portugal durante o século XIII pelos religiosos de S. Domingos de Gusmão, os dominicanos também chamados frades pregadores (Ordo Praedicatorum). S. Domingos teria adoptado do Islão o uso do rosário, durante as suas viagens pelo Médio Oriente. Esse uso islâmico terá sido importado das práticas religiosas asiáticas, nomeadamente hindu-tibetanas, objecto que por norma é utilizado como suporte de mais fácil concentração mental em determinada ideia ou coisa, indo servir como instrumento de encantação e base mnemo-técnica.
O rosário cristão consta de um conjunto de contas enfiadas num fio que se fazem desfiar uma a uma por entre os dedos, enquanto se vai recitando Padres Nossos e Ave Marias. Compõe-se de 15 Mistérios ou dezenas, ou seja, de 150 contas que se vão desfiando contando-as no rosário da interiorização: Utiliza-se da maneira seguinte: reza-se um Padre Nosso e a Gloria Patri para cada conta mais grossa; para cada conta menor, reza-se a Ave Maria. A divisão da terça parte do rosário composta de 50 contas (evocativas dos cinco Mistérios principais da vida de Cristo: Nascimento, Batismo, Transfiguração, Crucificação, Ressurreição), chama-se terço.
Por norma, as contas do rosário são de madeira torneada e escavada (também podendo ser feitas de alguma outra matéria mais rica) e enfiadas num fio ou corrente (nisto possuindo o sentido oculto de Cordão de Sutratmã, o elo espiritual que liga as criaturas e os mundos entre si).
Por sua vez, o “colar de reza” ou salah muçulmano consta de 99 contas esverdeadas, número cíclico referente aos Nomes de Deus. A centésima conta, não manifestada, exprime o retorno do Múltiplo à Unidade, do Manifestação ao Princípio.
A redução teosófica de 99 conduz sempre ao algarismo 9, que é o número cabalístico do Santo e Sábio da Comunhão Apostólica, o Adepto Perfeito como Iluminado Espiritual. Esse número leva-me ao outro 432, que somado e reduzido também dá 9. Ora, 432 acrescido de sete zeros equivale a um Dia de Brahma segundo a concepção cosmogónica hindu, ou seja, um período de Manifestação Universal ao qual chamam Manvantara (4.320.000.000 anos).
É precisamente no Hinduísmo que o rosário como fileira de pérolas enfiadas num fio ou cordão toma o seu significado de Cordão de Sutratmã, descrito no Bhagavad-Gïta (“Cântico do Senhor”) como sendo o fio Atmã ou Purusha no qual todas as coisas são enfiadas, encadeadas, todos os Mundos, todas os estados da Manifestação. Purusha, o Espírito Universal, liga esse Mundos entre si através do seu Sopro ou Prana que lhes dá o Jiva, a Vida. Por isto, em princípio a fórmula pronunciada para cada conta do rosário deve estar ligada ao ritmo da respiração (pranayama, “disciplina do sopro ou do respirar”).
Na tradição hindu, o rosário possui 108 contas (12×9), cifra cíclica do Homem Universal (Brahma) percorrendo as 12 casas do Zodíaco em um só Dia que é o seu, motivo de normalmente ser aplicado à expressão de desenvolvimento da Manifestação Universal (Prakriti, a Matéria) representada nas próprias contas. Na mesma teologia hindu, atribui-se o rosário ao Pensamento de Brahma e da sua Shakti ou consorte, Sarasvati (equivalendo no Cristianismo ao Padre Eterno e á Madre Celeste), fixado como o alfabeto, ou alfa e beta em grego, como seja o “princípio” e a “boca” ou beth, em hebreu, consequentemente, o Poder Criador da Palavra produzido pelos Dois – Vishnu, Vâch ou o Verbo como Filho. O seu rosário (akshamala) comporta 50 contas (aksha) correspondentes às 50 letras do alfabeto sânscrito, de a a ksha. Como sempre acontece no caso de guirlanda de letras, o rosário hindu está ligado ao seu Criador (Shabda) e ao sentido da Audição (Akasha-Tatva).
No Lamaísmo tibetano o rosário também tem 108 contas, por vezes as dezenas sendo separadas por aros de prata. A matéria e a cor do “colar de reza” (donde rosário) variam segundo as personagens do seu santoral: rosário amarelo para os Budas; contas azuis para os Bodhisattvas; contas de coral ou então contas brancas feitas de conchas para aquele que converteu o Tibete arrancando-o da necromancia nefasta, Tsong-Kapa; para o terrível Yamantaka, o “domador da Morte” como o mesmíssimo Yama hindu, rodelas cranianas, pintadas de vermelho, de nadjorpas ou eremitas santões falecidos; para as Divindades do Yoga (Tchakram-Bija-Avataras), sementes de um arbusto chamado tulosi; finalmente, para os simples mortais, ele é feito em madeira comum e pintado de negro.
CAPELAS LATERAIS
6.2 – CAPELA 1 = Altar com imagem evocatória de S. João Evangelista e a águia.
6.3 – CAPELA 2 = Altar com imagem evocatória de S. Marcos e o leão.
6.4 – CAPELA 3 = Altar com imagem evocatória de S. Lucas e o touro.
6.5 – CAPELA 4 = Altar com imagem evocatória de S. Mateus e o anjo.
6.6 – CAPELA 5 = Altar com imagem evocatória S. Tiago Maior, Padroeiro da Península Ibérica e primeiro Peregrino Mariano.
6.7 – CAPELA 6 = Altar com imagem evocatória de S. Cristóvão, protector dos peregrinos, romeiros e viajantes, ele mesmo Kristus-Baal como Cristo Andante ou Volante, ou seja, o Princípio Crístico activo ou a activar na criatura humana.
6.8 – CAPELA 7 = Altar consagrado ao Divino Espírito Santo com a iconografia tradicional da Pomba dentro do Triângulo em resplendor.
NOTA: – Em todas essas capelas laterais deve figurar uma imagem subsidiária de Nossa Senhora de Fátima: nas quatro primeiras em azulejaria de painel de caixilho, colorida onde sobressaia o azul; nas três restantes em peças escultóricas, coloridas nos tons tradicionais a ver com os respectivos ícones, de proporções modestas mas não ínfimas.
As secções restantes dos GECAS deverão receber decoração apropriada ao espaço sagrado, conforme a utilidade de cada uma delas, exceptuando as secções destinadas ao uso profano, as quais nada deverão receber por serem desapropriadas à evocação Divina.
Terminei. E logo alguém sussurrou-me ao ouvido: “Está tudo muito bem, mas esqueceu-se do principal: falta S. Pedro, o primeiro Bispo de Roma…”, ao que respondi, também em sussurro:
– Não esqueci: ignorei. Ainda assim ele aí está nessa nova imagem de Pio XII, o Pietrus Christi, hoje com as Chaves da Salém Celeste abrindo o seu Portal ao Advento do Divino, e com isto não creio que me esteja percebendo. Mas certamente perceberá que em Terra Portuguesa manda Portugal e nenhum outro e qualquer império psicofísico, pois que assim é desde D. Afonso Henriques e também porque a Igreja de Roma é afinal vassala da que foi fundada antes dela por Apóstolo de Cristo e Devoto de Maria, S. Tiago Maior, aqui mesmo, na Península Ibérica, começando em Braga e desfechando em Compostela. Sempre foi aqui, a esta Terra de Santa Maria Maior, Terra de Luz do Divino Espírito Santo, que desde sempre peregrinam papas, imperadores e reis prestando-lhe a vassalagem da sua devoção. Com isto, fica tudo dito.
Fonte:https://lusophia.wordpress.com/
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