E a Nasa Baniu Jesus
Na Véspera de Natal de 1968 a Apollo 8 entrou em órbita da Lua. Entre as várias atividades, Bill Anders, Jim Lovell e Frank Borman leram um trecho do Gênesis. Em 1969, após pousarem Neil Armstrong recebeu comunhão de Buzz Aldrin. foguetes russos até hoje são benzidos (uma dica pros brasileiros).
Fora uma ou outra reclamação de militantes ateus histéricos, ninguém vê problema com essas manifestações. A regra é clara: religião é como pênis. Você tem? Use, se orgulhe, mostre pra quem quer ver, ofereça se for adequado. Só não deixe que interfira com seu trabalho e por favor não tente enfiar goela abaixo das crianças.
Nem a Índia, um país profundamente religioso coloca religião na frente da ciência, quem empurra os foguetes deles é Newton, não Shiva, mas não há problema. Cada um sabe seu lugar.
Tolerância inclui tolerar coisas que você não gosta ou respeita. Não há problema em achar idiota a crença de que a Terra tem 6.000 anos de idade, nem em achar primitiva uma religião que pregue que mulheres não podem dirigir ou andar na rua sem um homem segurando a coleira, o problema é você interferir ativamente, explodindo uma mesquita em Rhiad ou jogando um livro de ciências no Museu do Criacionismo.
A intolerância é algo que existe dos dois lados, e está virando uma praga. Nos EUA se tornou errado, ofensivo desejar… Feliz Natal. Há casos de pessoas dando chiliques, chamando gerentes e pedindo que funcionários sejam demitidos por não desejarem “Boas Festas”, a forma politicamente correta. Presépios estão sendo proibidos a menos que incluam símbolos de outras religiões, senão são ofensivos.
Pombas, será difícil entender que o que se fala é muito menos importante que a intenção? Se uma pessoa deseja Feliz Natal, Feliz Ramadã, Feliz Yom Kippur ou Feliz Kwanza (mentira ninguém deseja isso, Kwanza foi inventado por um tal Ronald McKinley Everet em 1966) essa pessoa está te desejando o bem, qualquer pessoa racional, ligada ao credo que for tem UMA resposta válida:
“Obrigado, pra você também”.
“Ah mas você não acredita em Jesus como aceita e deseja Feliz Natal?”
Filho, meus amigos não acreditam que eu tenha qualquer chance de jantar com a Luciana Vendramini, mas nem por isso deixam de me desejar boa sorte. Chama-se educação.
Essa histeria de se ofender com qualquer manifestação religiosa gerou uma histeria ironicamente em sentido oposto: para evitar ofensas, tudo relacionado com religião é removido de materiais públicos. Assim a Casa Branca, que celebra Natal e acende Menorá (não confundir com o Melnorá) representa o governo que agora proíbe decoração de Páscoa em escolas, por ser “ofensivo”. Quem diabos se ofende com um coelho e ovos de chocolate? (não, nem muçulmanos reclamam dessas coisas nos EUA)
A última veio… da NASA.
O Clube de Adoração e Louvor do Johnson Space Center é uma das muitas pequenas organizações que existem em qualquer empresa grande, como o Clube de Xadrez, Clube do Livro, Fãs de Tolkien e Suingueiros, embora esses dois últimos não interajam muito. Reúne funcionários que gostam de rezar e ler sua bíblias em seu horário de folga.
De novo: enquanto não colarem adesivo “Dirigido por Newton Guiado por Deus” nos foguetes, tá tudo bem. A questão não é achar idiota o sujeito desenvolver tecnologia espacial e ter crenças da Idade do Bronze, a questão é que o cara tem esse direito.
Os advogados da NASA não acham. O Clubinho dos espaço-crentes postou um convite na newsletter do Centro Espacial chamando para uma reunião, no horário de almoço, com o tema “Jesus é Nossa Vida”. Logo depois receberam uma ligação do Jurídico, avisando que aquilo era proibido.
Eles estariam violando a Primeira Emenda, rompendo a separação Igreja/Estado, ao mencionar… Jesus.
O tal grupo de oração, que claramente não adora Crom, Mitra, V’Ger, algum Goa’uld qualquer ou Joe Pesci não pode mencionar… Jesus. Postar o anúncio, tudo bem. Mencionar a Entidade específica, proibido.
Hello? É tipo a mulher de César: não precisa ser honesta, tem que parecer honesta. Não há problema em sacrificar bebês, se banhar em sangue de bodes ou seja lá o que role em grupos de oração (eu nunca fiz 1ª Comunhão). Problema é anunciar publicamente o alvo das orações?
Não deixa de ser irônico que o Deus que foi à Lua, ao menos na imaginação de Neil Armstrong, agora seja proibido de ser chamado pelo nome na NASA. Quando James Kirk perguntou ao Criador “Pra que Deus precisa de uma nave estelar?” a resposta pelo visto era “Para poder ser adorado em paz, seus malas!”
Postado Por Carlos Cardoso em 10 02 2016
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