QUEM NÃO GOSTA DE STAR WARS NÃO É UM FREAK

Quem não gosta de Star Wars não é um freak

Star Wars tornou-se num objecto gigantesco, dominador, opressivo. Quem não gosta corre o risco de ser exposto como um freak.

Mesmo esgravatando fundo na história do cinema é difícil pensar numa figura mais oportunista do que George Lucas. Há muito que desistiu de ser um cineasta - e se o foi, nesses ótimos THX 1138 e American Graffiti… – para se tornar, assim que acertou com a picareta na mina de ouro de Star Wars, numa espécie de “gestor de projecto” a longo prazo, que vive há 40 anos da auto-reciclagem e da eternização do mesmo (e pode-se dizer muito mal de Spielberg mas não se pode negar que no mesmo período experimentou quinhentas coisas diferentes).
Star Wars tornou-se num objecto gigantesco, dominador, opressivo – tal qual a Primeira Ordem que neste episódio cumpre a função de império do mal. Quem não gosta corre o risco de ser exposto como um freak. Pois bem, o leitor está a ler alguém que nunca frequentou a igreja de São George Lucas nem o Templo de Star Wars, e que confessa o maior desinteresse pelo maniqueísmo pueril que está no centro da série, e pela sua dimensão de telenovela genealógica onde a grande expectativa é descobrir quem é filho de quem, pai de quem, etc. etc. etc..
Alguém que esperava, só, o mais difícil: um espectáculo vistoso, um filme de aventuras apresentável. Mas são estas contas que saem furadas, com um J.J. Abrams mais manietado aqui como “mestre de obras” do que nos filmes que faz para ele próprio (que sempre são mais airosos), um argumento que se enrola e 
volta a enrolar nos seus laboriosos rodriguinhos, personagens e actores assépticos (espantosa a falta de carisma de todos os protagonistas, com a natural excepção de Harrison Ford, cuja bem rodada nonchalance ilumina o que pode iluminar), uma sisudez deprimente (o humor, varrido do grande espectáculo hollywoodiano, foi a maior vítima da “seriedade” do filme de super-heróis), e uma concepção visual surpreendentemente pobre, onde parece que há sempre mais uma explosão à mão para dar a sensação de que se passa alguma coisa. Leva-se muito pouco daqui e o final é inquietante: lembra que ainda vêm aí mais dois episódios.

Fonte:http://publico.uol.com.br/culturaipsilon/noticia/quem-nao-gosta-de-star-wars-nao-e-um-freak-1717919





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