Homossexuais e a Burrice
Num pequeno espaço de tempo do mesmo mês ocorrem duas grandes paradas em São Paulo. A “Marcha para Jesus” e a “Parada do Orgulho Gay”. Ambos eventos polarizam opiniões e movimentam muita gente pelas ruas, trazendo bônus e ônus.
Ontem teve parada do orgulho gay. Paradas gays são divertidas. Paradas gays movem milhões de reais, lotam hoteis, alimentam e geram empregos. Paradas gays causam uma balbúrdia feladaputa e deixam um monstruoso rastro de sujeira. Paradas gays conclamam héteros, transgêneros, assexuados e toda miríade de subgrupos que possam ser arregimentados sob a sigla LGBT.
Sob músicas como “Its Raining Man” e hits da Gloria Gaynor, como “I will Survive”, a galera se esbalda num carnaval fora de época, meio trio elétrico baiano, com beijaços de todos os tipos, meio blocos cariocas com suas fantasias, mães pela Igualdade (formada por mães orgulhosas de seus filhos gays), muita cerveja, pegação, danças e bagunça. No discurso, a festa importada de São Francisco, justifica-se como uma ocupação do espaço afim de reivindicação de direitos, demonstração de que a “minoria” não é tão nanica assim. Os gays, com o perdão da expressão, querem botar o pau na mesa. Assim o fazem, com a festa, sempre muito colorida e cheia de personagens marcantes, como as drag queens, os barbie fortões, as meninas que se auto-intitulam “do velcro” e etc. E claro, não faltam os estúpidos:
Como toda arregimentação popular, é óbvio que ali estão os inteligentes, os cultos, os ignorantes, os que só querem aparecer a qualquer custo e os estúpidos. Acho que estamos maduros o suficiente para reconhecermos que sim, a burrice não tem NADA A VER com a condição sexual da pessoa. Existem burros em todos os lugares, (menos em Brasilia, como meu pai costuma dizer, pois lá só tem “espertos”).
Não poderia ser diferente que entre os gays querendo aparecer estivessem os provocadores. Os gays, principalmente suas representações políticas, tem passado aperto com os conflitos deflagrados pelas bancadas evangélicas e outras bancadas associadas, como a CNBB e outros agrupamentos políticos alinhados ao conservadorismo.
Esse acirramento de posições vem usando as midias sociais como um terreno conflagrado, em que sobram porrada para todos os lados, e basta qualquer um emitir qualquer opinião que seja para acabar acusado de homofóbico, racista, sexista, ou de carola, bicha enrustida ou hipócrita.
No fundo, é sempre mais do mesmo. As redes sociais criaram clusters de identificação que produzem força. Os movimentos pequenos vão atraindo adeptos e crescendo. O problema é que nunca crescem de um lado só. Se crescem de um lado os simpatizantes das causas das ditas minorias, do outro lado também crescem os incomodados. A discussão filosófica sobre o espaço social, os direitos, o respeito e etc é sempre interessante e é bom que seja fomentado. Mas a merda dá é com aqueles que não satisfeitos com um debate no alto nível, partem para agressões. O foda é quando essa agressão parte de uma meia duzia de cinco e resultam em prejuízo para todo o grupo.
Os homossexuais deveriam parar um minuto sua espetacular auto-celebração para refletir acerca do que “convém e o que não convém” a eles mesmos.
Recolha sua indignação que vou passar com minha liberdade de expressão
Sempre que surgem certas situações aparecem também aqueles que eclodem à reboque da ideia de “liberdade de expressão”. Isso é inegável. Tanto há liberdade de expressão que ninguém matou essa ativista (que eu saiba). Não questiono aqui o direito a liberdade de expressão. Questiono somente que se use da liberdade de expressão para expressar a própria babaquice. E isso vale tanto para os gays quanto os héteros.Quando um religioso como o Malafaia ou similares (que estão por aí às baciadas, tentando capitalizar em cima da expansão dos direitos dos gays uma bandeira para chegar ao poder para beber na cornucópia do dinheiro público que nunca seca) surge dizendo que o homossexual é uma aberração, e etc e tal, ele também exerce seu direito à imbecilidade e à liberdade de expressão.
Hoje o que mais tem aí é fiscal do cu alheio e faltam-me adjetivos para qualificar o quão tacanha é toda essa discussão. Gays sempre existiram, querer exigir que eles desapareçam porque a ideia de que eles existam te incomoda, deveria ser resolvida não na igreja, mas num consultório, numa terapia, porque se você pensa assim, você tem problemas, meu chapa.
Penso que a sensatez se tornou item escasso nas prateleiras cerebrais nos últimos anos. O que seu livro sagrado, ídolo, Deus ou seja lá que crendice, fé ou folclore você professe, deveria manter-se restrito a SUA vida. A do outro é do OUTRO, não é a sua. Assim, acho que Moisés perdeu uma ótima oportunidade de meter um décimo primeiro mandamento nas Tábuas la lei:
“11- Metei-vos com a vossa vida”.
Por outro lado, sempre tem aquele que gosta de provocar. Vestir-se de Jesus, Alá ou seja lá quem for para tentar incomodar seus desafetos é não apenas um exemplo de insensatez, como também demonstra uma infantilidade na causa que chega a dar nevoso. Será que o movimento que se organiza para uma festa dessas não consegue autocontrole o suficiente para saber onde está o limite do ridículo? Exigir respeito fazendo isso será o caminho?Há quem pense que sim. Setores mais inflamados dessa guerra por espaços, (talvez, no fundo, gente sendo manipulada por interesses políticos) querem partir para a porrada. Qual será o próximo capítulo da novela? Gays sendo espancados até a morte, ou igrejas pegando fogo? Ambos talvez.
Só ontem vi o tão polemico comercial do Boticário. Senti uma tristeza profunda com aquela porra de comercial.
Minha tristeza se justifica pelo fato de que “tanto fusuê por esta merdinha?”
Eu não consigo entender. Serião. Estou na classe A, homem, branco, heterossexual, não trabalho pro governo. Eu sou tudo o que muitas minorias odeiam como obrigação existencial. Eu não vejo ABSOLUTAMENTE MERDA NENHUMA de chocante numa moça dar um perfume para a namorada, e um cara para o namorado dele.
Quando eu ainda não tinha visto o comercial, me impressionei com o tamanho do auê na internet. Aquilo me deixou intrigado. Será que o publicitário foi longe demais? Acionaram até o CONAR… Pensei, “porra devem ter mostrado alguma coisa bem cabulosa, como a centopeia humana” (dica: não procure) na Tv, ou talvez pior, contrataram as meninas do site MFX (absolutamente não procure sob hipótese alguma a menos que você tenha todas as estrelinhas Gump no seu prontuário) para fazer o comercial do Boticário. Se bem que se fosse, o Boticário já estaria fazendo perfume com cheiro de cocô.
Fiquei intrigado com o grau de caretice do Brasil. Nem sempre foi assim. Será que estamos nos talibãnizando?
Se somos excessivamente caretas (Talvez melhor, Hipócritas) de um lado, você chega numa festa de casamento que depois das duas da manhã vai ver meia duzia de tiozão com caipirinha à pampa na cabeça, requebrando até o chão e se bobear, dando beijinho no ombro. Porra, véio! Quando toca gloria Gaynor então, fodeu.
Estamos vivendo uma esquizofrenia muito louca.
Hoje, com esse galinheiro institucionalizado com Jean Willys de um lado e Pastor Marco Feciliano do outro, só tem um lado que ganha: è a imprensa.A mídia não gosta quando dizemos isso, mas eles são abutres, cara. Eles gostam que dê alguma merda, pois se tudo estiver bom, eles vão colocar o que na capa do jornal para vender? O povo, desde o tempo dos romanos quer ver sangue, porrada, morte! Era isso que enchia o coliseu, e é o que ainda enche as estimativas do Ibope.
Quando uma mocinha tira a roupa e se fantasia de Jesus no maior evento Gay do Brasil, ela não está somente fazendo um ataquezinho chinfrim à fé alheia, ela está dando munição para o conflito. Está jogando aquela garrafinha de álcool marota na fogueira. A imprensa vai lamber os beiços, porque é isso que ela quer, afinal.
Pessoalmente, reservo-me ao direito de ser a favor dos direitos e deveres dos gays, mas principalmente quero poder dizer que um GLS é imbecil quando ele de fato for. E isso é a mais pura imbecilidade. É como pegar e dizer, ah, você me odeia? Então toma isso aqui pra odiar mais. Ainda não entendi a vantagem dessa merda.
Fica claro que o movimento gay é em grande parte caótico e no mínimo desorganizado. Permitir esse tipo de coisa, é erguer o telhado de vidro. Um telhado que a ampla maioria é óbvio que não gostaria de ter.
No vácuo da liberdade de expressão sobra espaço para a burrice. Lembro que a primeira coisa que eu pensei quando os terroristas mentecaptos passaram fogo nos cartunistas do tablóide Charlie Hebdo, é que: “Quem procura acha”, e “passarinho que come pedra tem que saber o cu que tem”. Os cartunistas se revestiram no poder de criticar e esculhambar a fé dos outros e se foderam. Mudou o que para o Islã? Nada, mas certamente, para a família deles mudou muito. Valeu à pena? Quem disser que sim deve ter um certo déficit cognitivo.
De volta aos conflitos dos homossexuais na Tv, vejo com estarrecimento certas coisas. A mais palpável é a reação quase desesperada dos que se sentem agredidos por certas cenas, como a das idosas se beijando na novela. Outra coisa que me causa espanto é ninguém ser contra isso no universo homossexual, (pelo menos não que eu tenha visto) comprando a “linda” cena como uma declaração de apoio da Globo à causa gay.
Não, velho. Não é. Nunca foi.
Isso é o USO da questão Gay como alavanca de audiência, pura e simples. Eles não dão ponto sem nó. Eles sabem que isso gera fusuê, e tal qual o marketeiro lá do comercial também sabia. O gay certamente está sendo usado, mas grande parte faz uma vista grossa, pois sabem que estão sendo usados, mas isso tudo trabalha em prol de uma dessensibilização social que é útil à causa gay. Aí vale.
Talvez seja mesmo. Mas nada me tira da cabeça que é coisa planejada, de caso pensado, para pegar carona no auê dos trouxas na internet. Não me lembro de ter visto na vida nenhuma cena de novela com idosos hétero se beijando – o que acho um erro, pois eles certamente se beijam. Assim, não sou nem nunca fui contra beijo gay em novela, mas sou contra o uso que a TV faz disso. Hoje, ao que parece, toda novela da Globo tem que ter Gay. Será que é cota?
Novamente, não sou ter gay em tudo que é novela, mas acho que serei se isso for cota. Se for, o gay está ali como um objeto e não como um efetivo personagem necessário para a trama. Eu, como autor, imagino que merda deve ser trabalhar num projeto onde alguém te obriga a botar um personagem assim/assado porque agora virou regra da emissora, porque “pega bem”. Deve ser um cu. Talvez resulte em personagens caricatos e rasos.
Gays na novela não me causa NADA. Lhufas, porra nenhuma. Não entendo quem fica puto com isso.
Acho que vão acabar fazendo uma novela com o elenco todo de gays (tenho quase certeza que isso um dia ainda vai acontecer). Só me preocupo com um fator: Ela vai ser boa como foi Roque Santeiro e Pantanal? Se for, está valendo.
Me incomoda muito mais as gritarias, socos, tiros, porradas em novelas cada vez mais cedo. Me incomoda pra caralho é tentar mudar de canal e a cada canal que eu passo tem um pastor diferente pedindo dinheiro, e o R.R. Soares, cunhadão do Edir Macedo, está onipresente em três canais ao mesmo tempo! Me incomoda ligar o radio e ao vagar pelo dial, constatar que das 12 rádios que até mês passado estavam tocando musica ou passando uma entrevista ou reportagem, agora nove estão gritando aleluia e pedindo dízimo. Eu fico bem mais impressionado com o que rola em Malhação do que com as colegas de trabalho se beijando. Como disse Zé Simão “O famoso beijo das Coregas”.
De volta a parada do orgulho gay, fico pensando sobre essa coisa de querer direitos, de protestos pela opressão e tal. Sou sempre a favor de protestos contra a opressão e principalmente de protestos pelos direitos.
Há quem diga que a Parada gay é só uma desculpa para carnaval fora de época e muita putaria. De fato, acho difícil de negar que rola uma certa lascívia naquele evento. Quem argumenta isso para ser contra esquece ou não sabe como são certos bailes de carnaval por aí. Alguns colocariam o imperador Calígula ruborizado.
A parada do orgulho gay, que eu saiba, nunca foi um evento “familiar”. Ela surgiu no gueto, dos travestis, michês e drag queens que vem sendo oprimidos desde sempre. Há de se reconhecer que a parada surge como um alívio da pressão social, como a válvula de uma panela de pressão – como o carnaval também é em grande parte. A parada gay reveste-se de festa mas é um grito de liberdade sexual e de direitos civis, que tenta romper com um moralismo idealizado que cerceia liberdades em todas as esferas sociais.
Eu realmente não sei se a ampla maioria ali tem clareza da dimensão política do ato em que se encontram. Ao meu ver os homossexuais estão lutando por respeito, respeito este que é garantido constitucionalmente em teoria, mas na prática não é o que acontece.
Não sei se muitos LGBTs ali entendem que existem outras pessoas que também precisam ser respeitadas. Em uma sociedade plural, e até mesmo dentro do próprio micro universo homossexual existe uma enorme pluralidade, como gays religiosos, gays reprimidos, e até mesmo os gays enrustidos – que não raro são vítimas de bulling de outros gays, mas que também deveriam merecer respeito, afinal não conhecemos os motivos deles ainda estarem no armário.
O fato é que embora seja marcada por excessos, a parada gay é um local democrático e político, talvez até anárquico e com grande visibilidade e isso é uma força que opera para o bem e para o mal dos homossexuais. Há muitos gays que acreditam que só vão se impor socialmente metendo o pé na porta e chegando com tudo, com direito até a boquete na avenida.
Os homossexuais sofrem tanta pressão social que nesses eventos rola uma sensação coletiva de vácuo do controle social. Isso é certo? Não, véio, não é. Você pode ser gay, lésbica, transsex, pode trepar com a árvore como o cantor Serguei, mas, meu, ao tirar o teu bilau pra fora no meio do evento para seu amigo mamar, tu está assinando atestado de sem noção.
Infelizmente estamos num país onde andar de biquíni ou sunga na praia é normal, mas calcinha, sutiã ou cueca é atentado ao pudor. Querendo ou não, todos os que lutam pelos direitos sociais dos homossexuais, transgêneros e etc precisam RESPEITAR ESTA CULTURA, o que não significa dizer que terão que concordar com ela, e nem mesmo quer dizer que devam aceitá-la.
Mas por respeito às pessoas que vão à parada gay, e por entender que é um local de política, e de apoio ao ser humano, seria bom que certos indivíduos parassem e pensassem que devem respeitar as diferenças, principalmente as diferenças culturais, e ensinar, não de forma agressiva que alguns valores podem e devem ser melhorados, principalmente na aceitação do diferente.
A parada do orgulho gay, hoje pode estar no mesmo problema de confusão generalizada que assola o país. Se você perguntar os motivos dos participantes estarem lá, muitos, não todos, evidentemente, irão responder que é uma FESTA linda, uma grande rave na rua, que podem encontrar um “boy magia”; porque vai estar cheio; e poucos dirão que foram pra lá pela luta em si. Mas claro, no Brasil, este país festeiro do caralho, poderia ser diferente? Acho que não. O povão, a massa, que é o que realmente enche aquele lugar está lá pela festa.
Assim, fica a questão sobre os símbolos religiosos na parada gay como mecanismos de enfrentamento. É justo pedir respeito mesmo desrespeitando o outro? Quando eu digo que a burrice caminha entre nós, isso se torna palpável quando vejo que muitos perdem o foco que é ganhar a guerra para centrar-se no combate improdutivo que só levará ao ódio. Com o crescimento descontrolado das facções religiosas nesse país, cada vez mais ignorante, ressalvemos, corre-se o risco de vermos conquistas obtidas pelos LGBTs com suor e sangue serem demolidas por atitudes irracionais de uns poucos posers.
E a vida segue seu curso perverso. A Tv quer Ibope, o jornal quer manchete, o político quer voto e poder. Os foliões só querem festejar, os candidatos a subcelebridade querem os holofotes.
Para o gay pobre, sobram tiro, porrada e bomba.
Fonte:http://www.mundogump.com.br/homossexuais-e-a-burrice/
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