QUAIS SÃO OS CONCEITOS BÁSICOS DO ZEN ?

Quais são os conceitos básicos do Zen?

Um conceito básico é que os conceitos são apenas conceitos, não são a realidade. São instrumentos que servem para dominar a habitual incapacidade de ver a realidade de Isto, Agora, e que podem ser abandonados depois de utilizados.
Compaixão – juntamente com a sabedoria, é uma das principais virtudes para os praticantes do Zen. Fundada na experiência iluminada da unidade é mais do que uma simples emoção sentimental e que, com naturalidade (sem esforço ou pretensão), se distende sem diferenciações à vida no seu todo – inimigos, estranhos, animais, tudo.

Origem condicionada (ou “origem interdependente”, “relação condicionada”, “nexo causal”) – todos os fenómenos físicos e psicológicos que consubstanciam as vidas individuais são interdependentes e condicionam-se mutuamente. A origem condicionada é, juntamente com a doutrina do “não-eu”, o ensinamento nuclear de todas as escolas budistas. Compreender a sua função é a condição para se alcançar a iluminação.
Vazio – todas as coisas, incluindo as pessoas, são vistas como não possuindo uma essência duradoura, não sendo mais do que meras manifestações. Sem o vazio, tudo seria imóvel e não haveria nenhuma hipótese de mudança ou de desenvolvimento. O vazio torna assim possível a existência de todos os fenómenos. Este conceito de vazio é, no entanto, bastante diferente do mero niilismo. O vazio não quer dizer que as coisas não existam, significando, antes, que mais não são do que manifestações. Nos escritos Zen, o vazio é frequentemente comparado com o absoluto uma vez que nele não há dualidades nem formas empíricas.
Causa e efeito (karma em sânscrito) – a ação da causa e efeito aplica-se obviamente a todos nós na vida diária, se bem que o campo de ação desta função seja tão vasto e intrincado quanto a própria duração do universo. As coisas são o que são por causa das condições que as precederam. Essas condições foram causadas por outras condições conexas e por aí adiante. A noção de causa e efeito está intimamente relacionada com o ensinamento sobre a origem condicionada. Não se baseia nas ideias de punição ou de recompensa, mas antes na observação natural da corrente de pensamento, das palavras e ações no mundo, e no modo como a combinação  das múltiplas coisas que constituem cada momento mental produz a experiência do próximo momento. Se bem que os efeitos não sejam antecipadamente determinados nas nossas vidas, o modo como respondemos às circunstâncias e tomamos decisões é obviamente influenciado por acontecimentos passados e por experiências que modelam a nossa visão ou programação mental. Além disso, cada pensamento, palavra e ato contribui para a totalidade do estado do universo, podendo as suas consequências perdurarem e fazerem-se sentir durante muito tempo.
Não-mente – pura imediação na plenitude das coisas como elas são, tal como experimentadas, por exemplo, durante shikantaza (apenas sentar em meditação). Esta experiência de “sem pensar” carateriza-se por:
  • Atitude de não ter atitude: nem afirmar nem negar; a consciência deixa de ser um vetor intencional procedendo de um sujeito para um objeto, sendo antes um campo dinâmico em que se manifestam os objetos.
  • Não-distinção sujeito/objeto: o sujeito dissipa-se.
  • Imediação: a experiência, sem um sujeito que a sustente, é de imediação no campo dinâmico da consciência.
  • Plenitude: uma vez que o objeto não é filtrado por uma ato intencional, ele apresenta-se na sua plenitude.
  • Pureza e simplicidade: a pura presença das coisas tal como são – não-mente não quer dizer não-plena-atenção, significando antes não estar preso ou distraído pelo pensamento discursivo e por ideias que obscurecem as coisas tal como são.
  • Não-eu: a doutrina de que nenhum eu existe intrinsecamente numa pessoa como uma substância imutável, eterna, absoluta e independente. A compreensão profunda consiste em apreender a impessoalidade da existência, reconhecendo que a existência é um fluxo de aparecimento e desaparecimento dos fenómenos físicos e mentais no qual não há um em-si ou um eu individual constante.
Sabedoria: uma noção central do Zen é a da sabedoria inerente experimentada sem mediação, que não pode ser comunicada por conceitos ou por termos intelectuais. O estádio último da sabedoria é a compreensão profunda do vazio, reconhecido pela experiência
pessoal como sendo a verdadeira natureza da realidade. A realização da sabedoria é frequentemente reconhecida como a realização da iluminação.
cortesia de openway.org.au /tradução de José Eduardo Reis
Fonte:https://artezenpt.wordpress.com/o-zen/quais-sao-os-conceitos-basicos-do-zen/

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