O "pacífico" Brasil e seus milhares de
mortos.
O Brasil é
novamente o país com mais cidades no ranking das 50 mais violentas do
mundo, de acordo com recente levantamento da organização não governamental
mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. Delas,
19 são brasileiras, sendo nove capitais da Região Nordeste do país. Essa foi a
quinta edição do ranking que considerou apenas cidades com mais de 300 mil
habitantes e levantou dados disponibilizados pelos governos.
Os
números são alarmantes, nenhum outro país teve tantas cidades incluídas na
listagem. Depois do Brasil, o segundo colocado foi o México, com dez,
quantitativo que quase corresponde, apenas, aos municípios nordestinos
brasileiros constantes do rol.
A
pior performance no país foi a da capital paraibana, João Pessoa, com um
índice de homicídios de 79,41 por 100 mil habitantes, seguida de muito perto
por Maceió, com 72,91 por 100 mil.
Campanha do Desarmamento recolheu quase 650 mil armas.
Campanha do Desarmamento recolheu quase 650 mil armas.
A Organização
das Nações Unidas estabelece como aceitável o índice máximo de 10 homicídios por
100 mil habitantes. A partir daí, a violência é considerada epidêmica. É o
triste caso de muitas cidades do Brasil.
A
compreensão das causas da criminalidade é complexa. Porém, na análise do
fenômeno regional, alguns fatores surgem claros como contributivos para a
instauração do quadro atual.
O
que se evidencia, além da expansão das atividades relacionadas ao tráfico de
drogas, que se instalaram no país de forma rápida e com pouca resistência, é a
utilização de uma estratégia equivocada no combate à violência.
O
governo federal considerava – ou dizia considerar - o desarmamento civil como a
solução para altos índices de homicídio. Após onze anos da Lei 10.826/2003,
mais conhecida como Estatuto do Desarmamento, e mais de meio milhão de armas de
fogo retiradas de circulação por meio de campanhas de entrega voluntária,
quando são analisados os efeitos da política desarmamentista na circulação de
armas de fogo no Brasil e no número de homicídios, a conclusão da ineficiência
se reforça.
Nenhuma
outra região do país teve tanto investimento em campanhas de desarmamento como
o Nordeste. E os dados do Ministério da Justiçaindicam que, no
recolhimento de armas, ali se conseguiu uma ótima adesão. Nas primeiras edições
da campanha, Sergipe e Alagoas foram os estados com maior número de armas
entregues, mas isso, como mais uma vez se mostra, não produziu nenhum efeito no
número de homicídios. As capitais dos dois estados continuam entre as 50
cidades mundialmente mais violentas. Importante também frisar que o nordeste é,
de acordo com dados da Polícia Federal, a região com o menor número de armas
legais.
Enquanto
se investe em retirar de circulação armas dos cidadãos de bem – as únicas
atingidas por campanhas de desarmamento -, e impedir que os brasileiros
permaneçam com suas armas regularizadas que, opressos por uma legislação
burocrática e morosa, são empurrados para a irregularidade somente por querer
exercer um direito constitucional, o tráfico se expande pelo país. Uma
organização criminosa extremamente “profissional” sendo combatida de forma
surpreendentemente amadora.
É
certo que os criminosos não adquirem armas de fogo em lojas legais de armas,
tendo fácil acesso a armamentos através do desenfreado contrabando que assola o
país. E, a cada estudo a situação brasileira parece piorar. É necessário adotar
medidas urgentes e efetivas para evitar mais mortes.
Interessante
lembrar que o México, o segundo país com mais cidades violentas do mundo,
a restrição à posse legal de armas também é fortíssima sendo que há apenas uma
loja de arma legal no país todo e a mesma é controlada diretamente pelos
militares.
Enquanto
isso, nos EUA, os americanos com seu alardeado belicismo, com suas
guerras, com suas penas de morte, com suas prisões perpétuas e com mais de 10
milhões de armas entrando no mercado legalmente e abastecendo o mercado civil
anualmente veem ano após ano, ver cair todos os índices de criminalidades, que
já são baixíssimos.
É
exatamente isso que mostram os números divulgados, no último dia 26,
pelo FBI em seu relatório semestral sobre crimes violentos e contra a
propriedade. Os crimes violentos, entre eles homicídios e estupros, tiveram uma
queda de 4,6% no primeiro semestre de 2014 em comparação ao mesmo período de
2013. Já os crimes contra o patrimônio tiveram uma queda mais expressiva ainda
de 7,5%. Pobres coitados americanos com suas mais de 300 milhões de armas nas
mãos da população. Bom é o desarmado e pacífico Brasil.
*Bene
Barbosa é bacharel em direito, especialista em Segurança Pública e
Presidente da ONG Movimento Viva Brasil. Estudo completo, aqui.
Fonte:http://www.momentoverdadeiro.com/2015/01/o-pacifico-brasil-e-seus-milhares-de-mortos.html?
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