AS QUALIDADES BROTAM ESPONTANEAMENTE - PREM RAGI

As qualidades brotam espontaneamente – 25/11/14 – Piracanga

“Para escutar o coração não é dizer o que eu quero. O eu não existe no coração. O coração é uma porta, é o canal entre você e Deus. Deus é amor, o coração é a forma em que o amor flui através de você. Chega um momento em que é esse amor que te guia. A percepção é você aprender a escutar o que Deus está querendo te dizer. Ele não está te guiando para você ser um super-herói. Ele está te guiando para que você dissolva tudo aquilo que não é verdade, para que você possa ser livre realmente. A vida te guia.”
Prem Ragi – Caminho da Iluminação
Essa foi uma longa semana. Da ultima terça a essa terça muita coisa aconteceu. Uma longa semana. Não parece ter sido só uma semana, parece ter sido muito mais. Aí é onde a gente vê que o tempo é relativo, que o que define o tempo é a intensidade e não o tic tac do relógio. Assim como o que define as nossas vidas também vem de dentro, e não de fora. Não desse tempo exterior, que é o relógio. O tempo real, que está dentro de você. Você pode passar a sua vida inteira sem se mover no tempo, e um instante pode valer por uma vida. O tempo tem a sua importância, cumpre um papel muito importante. Mas é importante compreender a sua limitação. Não ficar esperando que algo aconteça, e cada vez mais tomar responsabilidade desse tempo interior, tomando em conta que tudo já está aqui. Tudo aquilo que buscamos já está aqui. O que faz você ampliar e aproveitar melhor o tempo é a sua percepção da realidade. Essa percepção cresce de dentro, se abre de dentro.
Tem algumas perguntas relacionadas a esse tema. Uma delas é assim: quando a mesma situação se repete varias vezes é porque ainda tem algo que precisamos aprender. OK, entendo isso. Mas está acontecendo de novo e não sei como chegar na clareza do que preciso aprender. Você pode falar um pouco sobre como ter clareza em ver o que preciso aprender?
A distância que você consegue enxergar, a clareza que você pode ter, depende da sua percepção, de um processo de ampliação dessa percepção. Esse despertar do observador interno. Eu venho repetindo e falando para muita gente pessoalmente sobre esse mesmo tema. Saiba enxergar as coisas, mas não se identificar com elas. E à medida que você vai conseguindo enxergar o que se movimenta dentro de você sem se apegar a esse movimento, você começa a ver os detalhes desse movimento. Você começa a ver mais profundo. Um exemplo que não tem muita diferença: você tem um bolo de chocolate na sua frente. Você olha pra ele, a imagem daquele bolo apareceu. Você viu simplesmente um bolo de chocolate. Se você para, observa o bolo, observa o que se movimenta dentro de você, então você vai começando a enxergar detalhes. E à medida que você vai comendo ele, quanto mais alerta você está dentro de você, quanto mais acordado você está, mais sensível você está a esse movimento, você consegue identificar do que esse bolo está feito, o que aquilo tem dentro, se aquilo vai te fazer bem, se aquilo vai te fazer mal. Você sabe na hora. A sensibilidade que se manifesta no mundo material também é fruto de uma ampliação da sua percepção interior. Então se você não está conseguindo ter clareza do que você precisa aprender, é porque você não está ainda tendo a energia suficiente para poder perceber esse movimento. Mas não quer dizer que você precisa encontrar essa clareza desde o lugar onde você está hoje. Essa situação não vai embora. Seu trabalho deve ser em abrir mais e mais a sua percepção.
A gente tem aqui alguns grupos diferentes, alguns que já vêm fazendo um trabalho, outros que chegaram agora. Tem muitas caras novas aqui que eu nunca vi. São todos bem vindos aqui, um desafio que a gente tem de como conseguir conciliar todo esse trabalho com a necessidade de todos, estando escritas ou não. Então tem algumas perguntas aqui que eu não vou poder responder. Por que eu sinto que tem um grupo aqui que acabou de chegar e está precisando chegar ainda, pra gente poder continuar e ir mais para frente.
Mas para deixar isso de uma forma prática: meditação. Medite, observe e não se identifique. Se você não está conseguindo encontrar um aprendizado é porque você ainda está identificado com essa situação. Você ainda está lutando com ela. Só quando você está em paz com a situação você consegue ver o aprendizado. Você não está mais dentro desse conflito, mesmo que seja um conflito interno. Senão que essa distância te dá uma neutralidade, te ajuda a ver como aquilo te faz crescer. “Como ter clareza para ver o que eu preciso aprender”. Ampliar a capacidade de percepção. Com certeza essa pessoa não medita ou medita muito pouco, então precisa dessa pratica. Eu sugiro 40 minutos de manhã e 40 minutos à tarde. Vai ser difícil, faz menos, faz 20. Mas põe essa intenção. E você vai vendo, no dia a dia. Você tem que entender, se a sua energia está aqui embaixo, você não consegue enxergar. A sua energia precisa subir, e uma forma de subir é observando as coisas. Porque a mente está aqui e há coisas que precisam ser enxergadas desde a nossa consciência. E a mente não pode entender certas coisas. Ela tem a sua limitação, ela é racional. Tem alguns aprendizados que não podem ser entendidos pela mente. Podem ser entendidos com o coração.
Eu vou responder todas as perguntas. Não sei se todas hoje, mas as que não forem sendo respondidas eu vou guardando. Mas tem uma segunda parte dessa pergunta. Essa primeira ficou clara? Eu hoje sinto que não vou estar falando muito, só algumas coisas praticas. Ficou claro o que eu falei ou não ficou muito claro? Deu pra entender, se daqui debaixo você não consegue ter a clareza, sobe aqui em cima. Como é que você sobe aqui em cima? Deixando passar o que está aqui embaixo. Porque se você se apega aos pensamentos que estão passando e você quer entender tudo o que está acontecendo, você vai ficar enrolada. Se você deixa isso passar você vai vendo que aos poucos você vai tendo uma clareza melhor. Não sei se alguém tem a experiência, mas quando você chega em uma casa que não foi usada por muito tempo, você abre a torneira e sai uma agua suja. E o que você faz? Deixa a torneira aberta, deixa que saia a agua, que saia, que saia, porque uma hora sai agua limpa. Então essa clareza que a gente está buscando, você não corre atrás dela, você corre atrás de ampliar a sua percepção. E a partir daí que a nossa realidade se transforma.
Eu vou estar falando muito sobre esse tema. Ele aparece agora, então a gente vai estar falando muito sobre ele. Porque eu sinto que talvez seja uns dos temas mais importantes. O que realmente significa ampliar a nossa percepção? O que é isso na pratica? Entender que para subir você tem deixar algum peso também. Você não pode subir carregando um peso embaixo. É um processo que nesses próximos tempos a gente vai estar trabalhando aqui. Então tem muita gente que está percebendo os pesos, aquilo que não deixa subir. E com esse trabalho de ampliar a percepção, observação, deixar as coisas passarem. Você não tem como controlar nem os pensamentos que vêm a você nem nada do que vêm até você. Você tem que ver tudo como um presente, seja bom ou ruim. Porque bom ou ruim é a sua percepção, que está limitada. À medida que você vai vendo, vai subindo, a linha que divide o bom e o ruim vai desaparecendo. Então é importante que você aceite tudo aquilo que vem até você, mesmo um pensamento. Aceitar não significa fazer nada, simplesmente significa deixar acontecer. Permitir que a vida faça através de nós. Começando pelos julgamentos, pelos medos. Você não tem como controlar o julgamento que se cria dentro da sua cabeça sobre você mesmo, uma comparação. Mas você tem como sim escolher o que você vai fazer com ele. Seja bom ou ruim. Às vezes vem um pensamento que te põe lá céu, outro que te leva para o inferno. É a mesma coisa. São simplesmente ideias, pensamentos. Esse é um processo onde você começa a dizer para o ego “eu não quero mais que você controle a minha vida”. Você começa a dizer para mente “você pode estar ai funcionando por que você é muito útil, mas você não vai governar as minhas ações”. No começo é uma luta mesmo. Mas à medida que você vai subindo, subindo, subindo, você vai vendo como um espaço novo se abre, novas qualidades começam a brotar de dentro de você.
Eu vejo muita gente se esforçando muito para serem boas pessoas, para terem compaixão, para serem humildes. Quantas dessas pessoas realmente estão sentindo isso dentro de si, ou estão em uma luta para poder sustentar isso? Até hoje eu não encontrei nenhuma. Eu vi essas qualidades brotando espontaneamente no campo da percepção. Quanto mais fértil ele está, mais provável é daquela planta vingar e crescer. Como é que você deixa o solo mais fértil? Ampliando a sua percepção. A sua percepção, é observar e deixar as coisas acontecendo, principalmente dentro de você. Saber que tudo é um jogo. Isso é parte da entrega também, do controle. A clareza vem naturalmente. É só você olhar e você enxerga. Não tem um esforço. Se você vai buscar alguma clareza, ela é só uma clareza mental, é mais uma ideia. A clareza real, mesmo antes de você ver ela já te transformou, por que ela está acontecendo. Se a nossa vida pode ser vista como uma arvore, o que em muitas culturas é, eu poderia dizer que as nossas qualidades são como os frutos. É assim que eu vejo quando eu olho para as arvores. A máxima expressão delas é como um fruto, como uma flor. Então todas aquelas qualidades que a gente quer desenvolver tem que ser desenvolvidas dentro de nós. A árvore já está aqui, precisa ser alimentada. O que faz essa arvore crescer é a percepção, a observação. Você vai passar por vários estágios de observação. Você não precisa se preocupar se você está no lugar certo ou não, você só começa. Se não você pode passar a sua vida inteira esperando o que você acha que é certo. Não importa por onde você começa, o que importa é que você está caminhando, caminhando, caminhando. Ai chega um momento em que você se encontra com o controle interno. Não tem a ver com o controle exterior, senão com o controle interior. Porque deixar as coisas passarem assim, a cada vez que você deixa, é uma briga perdida para o ego. Uma vitória para você. Mas será que você quer mesmo deixar esse ego? Ou será que você está querendo encontrar a solução junto com ele? Muita gente está nesse desafio.
O mesmo vai para essa segunda pergunta aqui: quando precisamos tomar uma decisão, como fazemos para separar com clareza a mente do coração? Parece fácil, mas no fundo pesa. No fundo para mim não é.
Quando você vai tomar uma decisão, o importante é primeiro você saber que não tem o caminho certo e não tem o caminho errado. Tira esse peso de você. Mas tem caminhos que vão simplificar a sua vida, outros que vão complicar a sua vida. Uns vão te libertar, outros vão te aprisionar mais ainda. Mas mesmo aquele que te aprisiona é para uma futura libertação. Às vezes você está carregando um peso e não é suficiente para você se dar conta de que carregar peso não é bom. Então um faz a escolha de carregar um pouco mais inconscientemente, até que você carrega um peso e não aguenta mais. Aí pronto, solta o peso. Aí você tem aquela vontade autentica de querer mesmo se libertar dele. Então às vezes tem umas escolhas que a gente faz que aparentemente são o caminho contrario. E nem digo que ninguém precisa fazer isso, mas às vezes se dá. E eu já vi esse processo acontecendo e às vezes ele é o necessário mesmo. A gente vai a extremos. E a partir daí a gente pode então encontrar algo verdadeiro dentro de nós, uma escolha verdadeira. O que vai fazer você ter clareza na sua escolha é a sua percepção. É você realmente perguntar dentro de você e enxergar o que Deus quer de você, o que a vida está querendo de você. E não o que eu quero da vida. A escolha vem pelo seu ego ou por que a vida está te mostrando que aquilo tem que ser feito?
Para escutar o coração não é dizer o que eu quero. O eu não existe no coração. O coração é uma porta, é o canal entre você e Deus. Deus é amor, o coração é a forma em que o amor flui através de você. Chega um momento em que é esse amor que te guia. A percepção é você aprender a escutar o que Deus está querendo te dizer. Ele não está te guiando para você ser um super-herói. Ele está te guiando para que você dissolva tudo aquilo que não é verdade, para que você possa ser livre realmente. A vida te guia. O problema é que muitas vezes a gente não sabe escutar. Por que a gente tem todos os nossos quereres no meio também. Então não há muito espaço. E os nossos quereres, as nossas ideias de “o que eu quero, o que eu não quero, de o que eu gosto, o que eu não gosto”, não dá espaço. “O que eu preciso realmente fazer? O que eu estou precisando mesmo?”. Agora o que te ajuda a sair desse lugar de querer do ego é subir a sua percepção. Meditação, observação desidentificada. Observa, deixa passar. Vai deixando, deixando e você vai ficando cada vez mais vazio. Você vai compreendendo que tem um jogo acontecendo e você está dentro desse jogo, porém, você também está isento dele. Isso está acontecendo, tem aprendizados acontecendo ai. O sofrimento é gerado realmente quando você dentro daquele jogo está lutando, quando é uma luta. O seu trabalho é aprender, não é lutar. Aprender, evoluir, crescer. Mas acontece que é uma luta. E você está querendo encontrar a saída, lutando. A saída é deixando o jogo. Deixa ele acontecer. Você não pode querer que o jogo pare. Você pode deixar as coisas acontecerem dentro de você sem ter que lutar com elas. Mesmo que hoje você não consiga perceber o que aquilo está te ensinando, não importa. Caminha na direção certa. Você vai ter a certeza, no momento certo você vai saber o porquê das coisas. A capacidade de enxergar o aprendizado está ali. Você precisa estar maduro o suficiente para receber esse aprendizado. Se não ele pode ser simplesmente um aprendizado mental. Cada situação que aparece para você vem trazer mais um fruto para a sua arvore. Isso é um processo de crescimento, aonde novas qualidades vão se instalando no seu ser, à medida que você vai amadurecendo, se abrindo, se entregando. Abrindo espaço, que a arvore vai crescendo. A arvore é a percepção, é a consciência. Quando você fica lutando aquela arvore não pode crescer. Quando você quer estar no controle a arvore chega só até aqui, mas precisa crescer muito mais.
Esse primeiro tempo a gente tem focado em enxergar as nossas limitações. Por isso tem sido um tempo meio turbulento. Por que a gente está olhando para o lado escuro mesmo. Para poder desde ai deixar as cosias passarem, deixar que elas possam fluir. Não precisa abrir porta, tudo vem no momento certo. Para quem escreveu essa pergunta, meditação. Muita meditação. Meditação e confiança. Confiança. A desconfiança talvez seja um dos maiores bloqueios no caminho espiritual. Falta de confiança. Por que ele bloqueia a possibilidade de você ir para frente. É melhor você errar do que você não caminhar. Porque se você não caminha pela desconfiança, o tempo do relógio passa, mas você não está vivendo. Então é melhor errar mesmo. Não tenha medo de errar não. Não estou dizendo que ninguém tem que errar. Eu estou dizendo, é não ter medo de ser você mesmo. E a partir daí, nesse processo de ampliação da sua consciência.
Quando eu falo ampliação de consciência todo mundo está entendendo? Tem alguém que não entende o que eu estou dizendo? Ampliar a sua consciência. Quando a gente senta aqui para fazer uma meditação, então o que a gente faz? Para, senta, fecha os olhos, observa. Aí muitos pensamentos passam, sensações físicas, emocionais, memorias. Todas essas coisas passam. Então pode ser que inicialmente seja muito difícil estar em paz ali. Você fecha o olho é um inferno dentro de você, cheio de coisas, ideias. Então isso está te indicando que você está completamente enrolado na sua percepção e ela não está nem um pouco afiada. Não é a quantidade de coisas que entra, é o quanto você está enrolado com as historias que passam por você. Porque uma pessoa que lida com muitas coisas vai ter muitos pensamentos. Isso não é um problema. Não fique se preocupando em não ter pensamentos. Não se preocupe com isso. Mas você está conseguindo enxergar além desses pensamentos? Ou seja, você que está ali, esses pensamentos são passageiros. São como um filme que passa por você, mas você está assistindo o filme. Nesse caso, não olhe para o filme. Deixe que ele passe sozinho que ele acaba, tem começo, meio e fim. Se você olha para eles você vai querer colocar play de novo. Apertar de novo e passar outro, e outro, e outro e é sem fim. Você que dá vida para esse filme, você apertou o play. Quando eu falo em ampliar a sua percepção, a sua consciência, eu estou falando nesse processo, nessa disciplina de poder enxergar as coisas e ficar neutro, seja bom ou ruim. Você vai ao céu, você vai cair, vai se machucar. Você vai ao inferno, você se machuca diretamente. É um processo de parar de sonhar e olhar para a realidade.
“Como eu posso me libertar do orgulho? Sinto que muitas vezes…”. A gente tem aqui um portunhol. “…me atrapalha no meu caminho”. A mesma coisa, observe esse orgulho e você vai ver que no fundo no fundo, ele não tem nenhuma força. Mas você precisa fazer essa arvore crescer, por que o orgulho faz parte do subterrâneo, das raízes subterrâneas, parte do inferno. Ele está lá embaixo. Você precisa crescer, ampliar a sua percepção. E você vai ver que esse orgulho vai ser substituído por outra coisa. Vai ser substituído por compaixão, humildade. Mas eu não quero você substituir. Você trabalha na observação e deixa as coisas passarem. É criar uma força tão grande dentro de você que você começa a ver que esse orgulho é ridículo. Por que à medida que você vai permitindo que isso tudo passe por você, você vai vendo que há um espaço novo que se abre dentro de você e começa a ser preenchido por alegria, por amor. E a partir desse amor que você vai desenvolver a tal da compaixão, humildade. Você não pode querer criar humildade. Baseado em quê? Em que você leu? Você pode até tentar, mas você não vai conseguir. Pelo menos eu nunca vi ninguém conseguir dessa forma, querendo criar. Eu vi muito que essas qualidades brotam espontaneamente. É importante que a gente saiba a direção que a gente está caminhando. A gente está caminhando para a compaixão, para a liberdade, para a humildade, para a felicidade, para a alegria. Mas não tenha isso como o objetivo fechado, senão que é só uma direção, uma referencia que te ajuda. Mas o caminho deve ser trilhado de dentro de você. À medida que você vai encontrando aquilo que é real dentro de você, o que não é real começa a cair. E a manifestação do real é a alegria, é a paz, é o amor. Essa é a manifestação do real, é a manifestação de Deus dentro de você. O que fazer para realmente se dar conta de o que é real e não real? Começa por olhar o que não é real e deixar ele passar, até que você vai chegando cada vez mais profundo, até que esse processo vai acontecendo e cada vez mais você vai se livrando mesmo. Muitas coisas vão passando por você, vai ficando cada vez mais leve, subindo, subindo, subindo.
Então, “como eu posso me libertar do orgulho?”. Primeiro, não brigando com ele. Você tem que amar ele também. Se você vê ele como algo negativo, você está nessa luta. Nada se resolve com luta. Tudo se resolve com amor. A gente não pode rejeitar partes nossas, por mais que a gente saiba que o objetivo é dissolvê-las. Mas elas se dissolvem da mesma forma. O orgulho se dissolve da mesma forma que a humildade se constrói: com amor. O que é verdadeiro cresce, o que é falso cai. Você não precisa se preocupar muito. Você tem que fazer uma coisa: encontrar o que é real dentro de você e permitir que isso flua. Também não fique buscando o que é real. Trabalhe em ampliar a sua percepção, enxergando aquilo que não é real e deixando passar. Como é que você deixa ele passar? Se perguntando dentro de você realmente “quem sou eu”. E a resposta que você chega é um espaço de paz. Se você realmente se pergunta “quem sou eu?”, dá um branco. Se você tem resposta, outra resposta, então pode observar isso também. Pode observar desde esse ponto também. “Eu sou médico, mas quem sou eu?”. Vai se perguntando isso, até o ponto de só ver o branco mesmo. E a partir desse branco, que é um vazio, que essas qualidades começam a ter espaço. É preciso ter vazio para ter espaço para ter algo novo passar. Você não pode querer preencher um copo de agua se ele já está cheio, e dentro de você é a mesma coisa. Então você abraça esse orgulho e se pergunta “será que eu sou esse orgulho? Não”, então deixa ele passar. O que você for vendo que não é real, deixa passar, deixa passar. Vai enxergando ele também. Porque tem orgulho aí e por algo ele está aí. Se levando à espaços profundos, enxergando. Há momentos de clareza que vêm, de situações passadas. Enxergar profundamente as raízes desse orgulho, que estão baseadas em uma guerra interna, em uma falta de amor, em uma falta de reconhecimento de si próprio. Então você começa a reconhecer aquilo que é verdadeiro. Eu não estou dizendo que você não tenha que fazer um trabalho de cura também. Eu falei bastante já sobre esse trabalho de cura. Ele tem que ser feito, mas tudo faz parte de um grande processo. Quanto mais afinado você está com o movimento, mais clareza você tem para saber o que tem que ser feito dentro de você, e fora de você também. Você está trabalhando com varias peças em um mesmo quebra-cabeça. Trabalho em diferentes pontos que são necessários para que esse quebra-cabeça possa ser montado.
Tem outra aqui que é da semana passada: “o que estamos fazendo aqui? Às vezes me parece uma loucura toda essa historia de buscar a iluminação, guru, Índia. Faz muito sentido e ao mesmo tempo não faz sentido. Você pode me ajudar?”.
É uma pergunta muito boa. E essa pergunta você deve fazer a você próprio. O que você está fazendo aqui? Eu sei o que eu estou fazendo aqui. Mas você está fazendo o que aqui? Você veio buscar o que aqui? Aqui tanto pode te levar para o paraíso quanto para o inferno. Depende de o que você veio fazer aqui. Quando eu digo aqui eu me refiro a algo muito geral sobre qual é a sua intenção, o que você está buscando. Realmente dentro de você, o que você está buscando. Por que o caminho espiritual não é um caminho fácil. Então o que você está buscando? Eu queria abrir essa pergunta para algumas pessoas responderem. Por que eu sinto que é um dos pontos mais importantes, além da observação. A observação é o combustível, a ampliação da percepção e o encontro com o real é o combustível. O caminho, que pode ser entendido melhor, ou visto melhor, através do conhecimento, através da cura. Cruzar uns obstáculos. Eles são um caminho, mas o destino. Mesmo que você não saiba direito o que, algo dentro de você está buscando. O que você está querendo? O que você está buscando? Então eu queria que todo mundo nesse momento se perguntasse. Talvez já esteja muito claro. Eu sinto que para muita gente já está muito claro. Para outros talvez não esteja. Eu digo isso por que eu sinto que a partir daí talvez a gente vá tirar algumas conclusões. Se você nem sabe por que você está aqui mas o seu coração diz que você tem que estar aqui, ok, está tudo certo. Nem todo mundo precisa saber por que está aqui. Mas sentir desde o coração também é um saber. Talvez seja o mais real. Mas o que eu quero trazer com isso é que é importante que de dentro de você, você saiba o que você está querendo. Por que eu só vou levar você em uma direção. E se você não quer ir nessa direção, melhor você não ir. Por que você vai se machucar, vai doer. E uma hora vai doer. Uma hora vai doer para todo mundo, por que a porta do terceiro chacra para o quarto é muito esteira, o ego não passa. E cortar a cabeça do ego dói. Dói mesmo, é uma luta. Então só para saber mais ou menos onde é que a gente está. Tem um grupo que está aqui, é bom trazer isso, talvez ajude. “No fundo no fundo, qual é a prioridade da minha vida?”. E não fique inventando coisa, seja honesto com você. Por que para mim pouco me importa o que você vai dizer. Mais para você. Por que se você está mentindo para você mesmo não vai te adiantar em nada. Pelo contrário, aí você se machuca mais ainda. Seja real com você, o que você realmente quer na sua vida? Qual a prioridade da sua vida? Não estou falando só da matéria não, internamente, realmente. O que você está buscando realmente? Quem quer começar?
Resposta: Amor incondicional.
Prem Ragi: “Amor incondicional”. E se eu te disser que o amor incondicional não existe como uma busca? E sim que ele é um florescimento. Você está disposta a poder atravessar um caminho desconhecido para que isso possa florescer dentro de você? Não é algo que você precisa responder, senão refletir dentro de você. Esse caminho vai te exigir. Seja aqui, seja noutro lugar, não importa. O caminho é um só, que é o seu caminho. Não tem dois caminhos. Talvez tenha varias trilhas, mas o caminho é um só. Tem diferentes formas de você caminhar esse caminho, isso é verdade. Mas na essência ele é o mesmo. Da nossa percepção limitada às vezes a gente vê diferentes caminhos, diferentes professores, diferentes mestres, com diferentes formas. Mas quando todos chegam no mesmo destino e todo mundo senta para tomar um chá, aí você vê que na verdade era a mesma coisa, só que diferentes pessoas usando diferentes ferramentas. Por que é o que a vida nos trouxe, essa diversidade. Então independente disso, é importante para você saber que há um grande processo rumo ao desconhecido. É importante você saber também que é um processo de desconstrução e não de construção. O amor não pode ser construído, senão que o ego tem que ser destruído para que o amor possa florescer. Então quando eu falo de ego, eu falo de tudo aquilo que o mantém aferrado a esse plano material, apegos, medos, julgamentos. Mesmo a ideia de querer chegar a algum lugar, um dia ela tem que ser eliminada também. Mesmo a própria intenção. É importante a ter, mas saber que é um caminho que é necessário se livrar de muita coisa. É importante você saber que não é um processo construtivo. Você não pode colocar um bloquinho em cima do outro e um dia você chega em cima. Não, é um processo desconstrutivo. Você destrói tudo aquilo que é falso para então se encontrar com tudo aquilo que sobra, que é verdadeiro. E o permanecer nesse verdadeiro faz com que novos espaços sejam abertos. É um processo natural.
Resposta: Eu estou em busca de paz, de simplicidade, alegria. Mas eu vejo ao mesmo tempo uma busca desenfreada, que eu sei que não é verdadeira. Eu estou aqui de verdade e ao mesmo tempo tem uma parte que quer correr. Eu não sei se dá para entender o que eu estou dizendo, por que essa parte é o que cria desarmonia. E mesmo que seja desarmonia, por que eu quero estar aqui de qualquer jeito, eu quero estar aqui de qualquer jeito. Então para mim é um pouco, não sei… eu sei que tem algumas coisas que tem que cair. Dá para ficar claro?.
Prem Ragi: Dá para ficar claro. O importante é que você relaxe nesse processo. Se realmente você está correndo atrás dessa paz, é como se você mesma está fugindo dela, por que ela já está aí. Então ao você correr, você está correndo dela. Se você realmente consegue relaxar dentro de você, essa paz vem naturalmente até você. Não tem nenhum esforço em encontrar ela. A paz está além de uma dimensão mental. Você pode estar brigando e em paz ao mesmo tempo. Então não se preocupe muito com esse encontro, senão que relaxe. Dentro de você mesmo, relaxe e entrega. Não a entrega de você a algo ou alguém, entrega à confiança. A outra cara, a confiança. Não a confiança de você a algo ou alguém, a confiança que você abre dentro de você, a entrega que você vai abrindo. A entrega que não tem uma contenção. Não brigue. Deixar as coisas acontecerem. De certa forma, a entrega na sua intenção, colocou num GPS, já está. Se preocupa agora só em seguir. Por que você vai se dar conta que é a própria entrega que vai te abrindo ao que você está buscando. Quando eu digo relaxar, relaxar é uma forma de, o que acontece quando a gente entrega, saber que você não está sozinho, saber que você não precisa encontrar todas as respostas, senão que elas vão vir para você no momento certo. Essa paz você vai encontrando em um lugar bem diferente do que você imagina. Por que você imagina ela como algo, até às vezes como algo que “eu tenho que fazer, eu tenho que trabalhar, e então eu vou encontrar essa paz”. Não faça isso. Isso é só alimentar mais uma ilusão de que “um dia eu vou ter ela, mas hoje eu não posso”. Se você realmente abre o seu coração, assim como um dos aspectos mais importantes de a gente poder estar em um grupo, que estamos caminhando juntos, essa confiança e essa entrega. E não deixar a mente te pegar, criar duvidas em relação a você mesma. “Não, eu preciso trabalhar isso e fazer isso, eu não posso estar em paz”. Às vezes a gente sente que não merece, a gente tem que estar sempre correndo por que tem que ser muito difícil. Uma entrega mesmo. Mas não tente entregar, senão simplesmente vai entregando mesmo. A entrega não vem de nenhum esforço, ela vem de você estar se abrindo, relaxando mesmo. A partir disso você vai passar por tudo o que você tem que passar, trabalhar tudo o que você tem que trabalhar, mas isso vem até você, você não precisa correr atrás. Então o seu trabalho é parar de alimentar qualquer coisa que te ponha para baixo. Esse é o seu trabalho, só você pode fazer. Deixar de alimentar a desconfiança de você mesmo, o julgamento de você mesmo. Isso também é confiar em mim, por que se eu estou dizendo para você que você não precisa se julgar, você não precisa se julgar. Por que a mente, o que ela faz? Não é por mal que ela julga, só que ela acha “se eu não me julgar talvez eu esteja me enganando”. Você entende? Você não está se enganando, pelo contrario, a mente está te enganando, com essas ideias falsas. Essa é parte da confiança. Mantém esse apoio. Não ter medo de ser você mesma, não ter medo de errar. Na verdade, o medo não ajuda muito. Dissolvendo tudo isso, você começa a ver que a alegria começa mesmo a brotar de dentro de você no momento certo, espontaneamente. Vai soltando, soltando, soltando. Você vai ficando cada vez mais leve. O que você precisa é confiança. Confiança. Você não precisa encontrar confiança em relação a algo, “que agora eu sei que aquilo está certo”. Isso é uma armadilha da mente, que ela quer confiar, mas ela só confia quando você tiver a certeza de que você não está fazendo nada errado. Então você tem que confiar em você mesmo que não seja o que ela quer. Você sai do controle interno. Você vê que tudo que te move está querendo te levar para luz. Então permita que esse processo aconteça. Deixar de brigar com você mesmo e aceitar, trazer todo o seu ser para cá, não se fragmentar em pedaços. Traz todo o seu ser para cá e você vai ver que a luz da sua consciência que vai poder destruir todas as trevas.
Resposta; Meu propósito de estar aqui é o esvaziamento. Eu sinto que tenho muitas coisas na cabeça, ideias, sonhos, imaginação, conhecimento, e que isso não está me ajudando a encontrar com Deus. A minha mente está bem forte e ela está me separando de Deus.
Prem Ragi: Então eu vou te dar um conselho: se livra do eu e esquece das coisas. O eu é o que está causando tanto problema dentro de você. Não precisa se preocupar muito com essas coisas não, por que se você corta o eu você corta pela raiz. Se você corta todas as ideias você só está podando as folhas. O eu é o causador dos problemas. Então mesmo o eu que quer se livrar disso tudo. Ele quer podar as folhas, mas quer continuar existindo. Por que se você, imagina agora, não tem mais eu, qualquer coisa que você vai tentar pensar não tem eu, vai ficar em branco. Uma pagina em branco aí para você poder caminhar a sua vida. O eu dentro de você, que é o ego, a forma do ego, o eu que está por trás de tudo aquilo que se constrói, esse é o que você deve deixar de alimentar. Então você na pratica viver a sua vida, fazer o que você está fazendo, mas quem realmente precisa sair é esse eu, mesmo esse eu que está querendo se livrar desse peso todo. Esse mesmo eu. Por que se você já tira o eu você está livre disso. Aquilo é simplesmente um produto secundário do eu, então você corta o mal pela raiz. Se não tem mais eu, então como é que é agora? Não sei, isso é algo que você vai ter que descobrir, o que significa viver sem eu. Tem o eu que vive sem eu também, então não seja esse eu. Tem esse também, cuidado com esse. Agora tem o eu que vive sem a palavra eu. Mas é a identificação com você como individuo. Eu não digo que você deixe de ser um individuo, mas que você deixe de ter a identificação limitada de que você é aquilo, algo tão pequeno. Você continua existindo, deixa de existir a ideia sobre você mesmo.
Resposta: Eu quero ser instrumento de Deus.
Prem Ragi: Ótimo. Ela falou que a intenção dela é ser um instrumento de Deus.
Resposta: Eu quero paz e ser feliz.
Prem Ragi: Você quer viver em paz?
Resposta: Eu não sei.
Prem Ragi: Esse é um ponto muito importante. Eu estou te dizendo isso por que esse mesmo eu que eu estava falando agora, ele não pode viver em paz se não é feliz. Por que há que entender que enquanto que a gente está nessa Terra, a bagunça vai estar rolando. Montanha russa, movimento diário. Viver em paz e feliz quando estiver lá no céu, menos aqui. Brincadeira. O que eu quero dizer é que o ego não pode viver em paz e feliz. É verdade o que eu falei. Há uma dimensão que você não consegue resolver, por que ela tem vida própria, e é tudo o que existe aqui. Você não tem como controlar o que está acontecendo com o seu corpo, o que está acontecendo com as árvores. Você não tem como controlar. Você tem como rezar. Você não tem como controlar. Vai controlar o que? Essa parte você não tem como controlar. Agora, a paz é você saber que tudo isso está acontecendo, mas ok. Acabou, acabou. Voltou, voltou. Não coloque a paz como o objetivo do ego.
Quando eu estou falando do ego, vocês conseguem entender que o ego não é uma coisa ruim? Às vezes a gente tem essa ideia de que o ego é o malvado da historia, por que às vezes ele é mesmo, mas nesse momento não é isso que eu estou falando. O que eu estou falando é o eu que não é real dentro de nós. Esse eu que eu estou falando. É o eu. Quando eu digo eu, esse é o ego. Eu. Esse já é o ego. O ego não vai encontrar a felicidade. Quando você vai além do ego, que você vai além desse jogo, com certa paz você começa a compreender esse jogo melhor, aí você está em paz mesmo. Está em paz por que você começa a desfrutar dele, na subida, na descida. Aí você vê que tem um aprendizado. Mas é uma boa pergunta para todo mundo, por que não é um caminho desde onde você está até a onde você imagina que é a paz. Às vezes você vai em direções que para a sua mente você imagina que são contrarias. Por exemplo, ir para o inferno, “mas eu quero chegar na paz”. Por isso que eu digo, o eu está ali interferindo. “Eu quero isso”. Todo mundo está indo nessa direção a um nível mais profundo. Até que ponto você está disposta a realmente soltar esses quereres do eu? Eu garanto para você que esse caminho te leva para a paz. Mas não é o caminho que você imagina que vai te levar para a paz.
Você entende o que eu estou dizendo? A paz você encontra quando o eu desaparece, por que é o eu que está em guerra. Ele desaparece do seu ser, ele não desaparece da sua vida. Você continua com o seu nome, continua com as suas dinâmicas, mas ele desaparece de dentro de você. Ou talvez ele sai da nave de comando dentro de você. Então quem é esse eu? Se não tem eu não tem problema. Agora, cabe a você descobrir, se não tem eu então tem o que? Isso cabe a cada um. Juntos, caminhando. Mas cada um vai descobrir por si. Se não tem eu, tem o que? Vai soltanto, soltando o eu, soltando o eu. Tudo aquilo que está à volta desse eu. Aí você vai vendo o que sobra. Quanto menos eu tem, mais paz tem. É um processo que você já começa a enxergar a diferença à medida que você vai caminhando. Você começa a enxergar essa diferença. Quanto menos você está identificado com o seu ego, menos você está brigando com você mesmo, com o mundo. Você aceita como você é, você não precisa ser perfeito para se aceitar. Você vai sempre se melhorando. Então essa é uma boa para muita gente, esse eu. Mais do que a paz, busque liberdade. O ego gosta muito da paz, por que ele está cansado e não sabe o que fazer. De liberdade o ego não gosta, por que ele não consegue imaginar muito o que isso significa. Ser livre, mais do que liberdade. Ser livre. Então se tem algo que você busque, busque ser livre. Às vezes é importante direcionar um pouco o GPS da nossa busca, mudar as coordenadas. Aquelas coordenadas estão se repetindo e não conseguem se desenvolver. Muda as coordenadas e tudo começa a mudar. Mude essas coordenadas aí dentro. Aí Zeleste, (1:16:55) a mesma coisa, você pode estar em paz cuidando da Helena, tranquilo. Você entende? Você está cuidando, ok, está aí te chamando a atenção, é a mesma coisa. Há dinâmicas que estão aí, são reais. Por isso eu digo que não espere agora que de repente ela vai ficar quieta para que você escute. “Eu escutar”, não. Eu estou falando, você está escutando, está tudo certo. Está aí, as coisas estão acontecendo. Você fica em paz se o querer vai embora, a exigência vai embora. Está aí, tem que dar atenção, sentada dando atenção.
O difícil de colocar a intenção da sua vida como a busca da liberdade é que para o ego isso é uma bomba que detona, por que ele sabe que mais tarde ou mais cedo ele não vai ter muita saída. Senão que mais tarde ou mais cedo você vai se dar conta de que ele está te impedindo de encontrar aquilo que você está buscando, que ele não tem como te oferecer o que você realmente quer. Você precisa se livrar dele ou colocar ele no lugar certo. Mas junto com isso cai toda a sua fantasia da vida que o ego estava se sustentando. Toda. Mesmo a ideia de que você é uma pessoa legal. Cai tudo, seu nome. Você não fica com nada. Você está disposto a ficar sem nada? Isso é a onde se torna difícil para muita gente. A gente quer encontrar a paz, porém a gente quer manter tudo. Aí fica nessa briga interna, “eu quero encontrar o eterno mas eu não quero me livrar daquilo que está aqui agora”. Na verdade “eu não quero abrir mão”. “Me livrar” é “abrir mão”. Tem que abrir mão de tudo, e de nada ao mesmo tempo, por que é só dentro de você. Mas para a mente é a queda do império mesmo. Então se você se sente seguro por aquilo que você é hoje, você vai ter uma queda e vai se sentir muito inseguro durante a queda. Depois você vai e levanta, e vê que na verdade era tudo uma grande fantasia, que você construiu um castelo com grandes paredes em volta dele e que na verdade a única coisa que você estava fazendo era se separando do mundo, com medo a que o mundo te engolisse. Medo de que o seu castelo era menor do que o outro, medo que se você deixar de ser tudo aquilo que você criou você não vai ser bom suficiente. Você tem que enfrentar todos esses medos nessa queda. Por que você começa a se relacionar com a vida desde aquilo que você é realmente, um ser humano, simplesmente um ser humano. E dentro desse ser humano existe um campo fértil de qualidades divinas a serem cultivadas. À medida que o ser humano vai cultivando elas, elas vão se tornando divinas. Para você ganhar, você não tem que ter medo de perder, se não você não pode ganhar. Você também não pode querer. Na verdade você não pode querer nada. Por isso eu falei que é uma passagem difícil aqui, por que o ego está no terceiro chacra, o coração no quarto, é difícil passar. Então a gente tem que soltar tudo, e dói. É bom saber se o seu objetivo é ser livre, encontrar a paz. Eu estou perguntando isso para saber de todo mundo. Eu já estou fazendo isso. Ok, vamos nessa direção. Segure firme e vamos embora. É por aí. A gente vai passar por aí, por que não tem outra.
Resposta: Eu estou aqui para exercitar a observação, exercitar o amor. E quando eu procuro exercitar o silencio o ego vem em forma de dor física, uma dor forte, querendo me distrair, me tirar do meu foco. Então eu estou agora exercitando soltar isso. É por isso que eu queria falar com você.
Prem Ragi: Eu sinto que está sendo pedido um trabalho de cura dentro disso, além desse trabalho de observação. Eu sinto que quando vem essa dor, que muitas vezes começa com o físico e vem para o emocional, há um processo que está pedindo cura aí dentro, coisas que precisam ser libertadas. Essa dor física é um acumulo de energia. É um pedido mesmo. O que eu sinto que pode ajudar nesse trabalho, você pode fazer uma leitura de aura sobre esse tema. Isso pode te ajudar, ajudar a libertar, ajudar a abrir. Por que isso está passando, tem coisa para curar aí, tem coisa do passado que precisam ser abertas e limpas, libertadas. Eu colocaria o foco aí agora, querer enxergar o que é isso. Você já chegou em um ponto. Dá uma parada para uma manutenção, coloca mais gasolina no tanque para seguir em frente. Há coisas aí que estão chamando a sua atenção, com dor física mesmo. Você não precisa dar atenção à dor, mas poder enxergar para onde isso te leva. Talvez isso venha junto com algumas imagens, sensações. Isso você precisa abrir mesmo por que tem muita coisa fechada.
Resposta: A minha intenção aqui é como começar a construir o meu sonho. Eu queria saber para que serve o ego no final das contas.
Prem Ragi: Eu não vou estar respondendo muitas perguntas sobre essas coisas, mas eu posso te falar sobre o seu sonho. Que é a intenção. Eu se fosse você, colocaria a minha intenção nesse sonho mesmo, e não ficar se preocupando com todas essas coisas por que elas só atrapalham.
Resposta: É que tudo vem e eu não sei muito bem como começar, por onde começar. É como se eu não tivesse uma base.
Prem Ragi: Começa com algo simples. Você já sabe que o que te realiza é fazer, não importa o que. O que importa é você fazer, para que você sinta a energia fluindo por você. Às vezes a mente quer criar muitas ideias, sonhos distantes. A gente quer fazer algo para que a gente seja amado, a gente quer criar algo para que nos reconheçam, para que nos enxerguem. A gente quer chamar essa atenção por que a gente tem uma carência mesmo dentro. Se você olha profundamente dentro de você, na pratica o que te realiza, o que te faz bem, você vai ver que ali existe uma função, fazendo algo, plantando semente, seja o que for. Então você crie isso por você. Você não precisa agradar ninguém. Você precisa estar bem com você. Muitas vezes você entra em um lugar de grande desequilíbrio por você querer agradar os outros, sua mãe, seu pai. Chegar à expectativa deles, de o que eles querem de você. Mas o que você precisa? Você vai ver que são coisas muito simples. Todas essas coisas que não são suas, não faça. Isso não vai te realizar. Deus tem um plano para cada um de nós, a gente só pode escutar isso dentro de nós. Não o que o outro quer de você, não o que você precisa para você crescer. Você precisa seguir o seu plano, não o de outros. E você vai ver que através de caminhar isso você vai ter as respostas que você precisa. Mas comece nesse lugar. Começa a caminhar o seu caminho, seja lá o que for. Servir, criar. Não use tanto a sua cabeça por que ela não vai te ajudar. O que vai te ajudar é caminhar, trabalhar, movimentar a sua energia. É assim que você vai se sentir amado. Por que você começa a sentir que você está fazendo o que você veio fazer. Você se sente preenchido. Para de ficar muito preocupado com os outros, se preocupa com você. Isso vai te dar mais estabilidade para você continuar a sua caminhada, como todo mundo precisa caminhar. O importante é que você enxergue o que realmente você precisa, o que realmente você quer, o que são projeções dos outros. As projeções dos outros por mais bonitas que sejam não te ajudam. Lá no fundo lá no fundo você sabe o que te faz bem realmente. Você pode saber o que não te faz bem. Isso pode ter também um espaço de confusão entre esses dois. Querer e saber o que te faz bem é diferente. Você pode querer muita coisa, mas o que te faz bem? O que te faz estar caminhando o seu caminho? Isso é o que você tem que buscar e atuar em cima disso. Os outros te amam quando você se ama, caminhando o que você caminha. Não tente chegar ao lugar onde está agradando ninguém, isso não vai te fazer nenhum bem. O que te faz bem é você estar firme na sua história. Você vai ver como isso transforma a sua vida. Coisas simples, mas que para você são grandes, são importantes. O que importa é o aprendizado, o aprendizado espiritual, o crescimento espiritual. E você só vê isso olhando para dentro. Tem pessoas que precisam de muita coisa para ter um aprendizado. Tem pessoas que precisam pouquinhas coisas para ter o mesmo aprendizado. O que importa é o aprendizado. Aproveita e usa isso a seu favor, e não contra você. Por que você tem uma sensibilidade muito grande, então você tem essa possibilidade. Com coisas simples, vai aprendendo. Por simples que seja, na matéria mesmo. Ser útil, estar servindo. “Em que eu posso ser útil?”. Acaba com essa briga interna. Põe o seu foco aí e você vai ver que você vai receber todos os aprendizados que você precisa.
Eu vou ter que fechar por que é meio dia e quinze. A gente começou meia hora mais cedo, mas não deu certo, continua sendo meio dia e quinze.



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