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Síria: a história do conflito em 8 pontos
Quase 200 mil sírios morreram no conflito entre forças leais ao presidente Bashar al-Assad e a oposição. O sangrento conflito destruiu bairros inteiros e forçou mais de nove milhões de pessoas a deixar suas casas. Esta é a história do conflito até agora, em seu quarto ano, em oito pequenos capítulos.
1. Protestos se tornam violentos
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Protestos pró-democracia tiveram início em março de 2011 na cidade de Deraa, ao sul, após a prisão e tortura de adolescentes que pintaram mensagens pedindo a derrubada do governo no muro de uma escola. Após forças de segurança abrirem fogo contra manifestantes, matando dezenas deles, outros tomaram as ruas.
Manifestações se espalharam pelo país pedindo a renúncia de Assad. A violência usada pelo governo para reprimir a oposição aumentou a determinação dos manifestantes. Em julho de 2011, centenas de milhares de pessoas protestavam em todo o país contra o regime.
Opositores recorreram às armas, primeiro para se defender de forças de segurança e, depois, para expulsá-las de áreas locais.
2. Guerra civil
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A violência cresceu e o país se viu numa guerra civil: brigadas de rebeldes foram formadas para enfrentar forças do governo na luta pelo controle de cidades e de regiões no interior do país. Os combates chegaram à capital, Damasco, e a segunda maior cidade síria, Aleppo, em 2012.
Até junho de 2013, a ONU estimava 90 mil mortos no conflito. No entanto, em agosto de 2014, este número tinha mais que dobrado, para 191 mil mortos.
O conflito é mais do que uma guerra entre aqueles que apoiam e se opõem a Assad: tornou-se uma batalha de teores sectários, colocando a maioria sunita contra a minoria xiita alauíta do presidente, e envolveu os países vizinhos e as grandes potências ocidentais.
A ascensão de grupos jihadistas, incluindo o autodenominado 'Estado Islâmico', deu ao conflito uma dimensão maior.
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3. Crimes de guerra
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Uma comissão da ONU que investigou supostas violações de direitos humanos cometidas desde março de 2011, disse ter evidências de que ambos os lados cometeram crimes de guerra - incluindo assassinato, tortura, estupro e sequestros.
Forças do governo e rebeldes também foram acusados pelos investigadores de imporem sofrimento à população civil - como bloqueio do acesso a alimentos, água e serviços médicos - como método de guerra.
Na cidade de Aleppo, cerca de 2 mil pessoas morreram por bombas de barril - recipientes com óleo, explosivos e estilhaços - jogadas pelo regime em áreas controladas pelos rebeldes desde dezembro do ano passado. A ONU diz que, em alguns casos, reuniões de civis foram atacadas deliberadamente, constituindo massacres.
O grupo 'Estado Islâmico' também é acusado pela ONU de liderar uma campanha de medo no norte e no leste da Síria. Militantes decapitaram reféns e realizaram assassinatos em massa de membros de forças de segurança e minorias religiosas.
4. Armas químicas
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Centenas de pessoas morreram em agosto de 2013 após foguetes com o agente nervoso sarin terem sido lançados contra diversos distritos rurais nos arredores de Damasco. Potências mundiais condenaram o ataque e disseram que este só poderia ter sido realizado pelo governo sírio. O regime e a Rússia, aliada de Damasco, culparam os rebeldes.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia dito que o uso de armas químicas cruzaria uma "linha vermelha".
Diante da possibilidade de uma intervenção militar americana, Assad aceitou a remoção completa ou destruição do arsenal químico sírio supervisionada por uma missão conjunta da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas. A destruição de agentes químicos e munições foi finalizada um ano depois.
Apesar da operação, a organização disse ter documentado o uso de agentes químicos, como cloro e amônia, em ataques do governo contra áreas controladas pelo governo entre abril e julho de 2014.
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5. Crise humanitária
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Mais de 3 milhões de pessoas deixaram a Síria desde o início do conflito, a maioria mulheres e crianças. É um dos maiores êxodos de refugiados na história recente. Os países vizinhos são os mais afetados, e Líbano, Jordânia e Turquia enfrentam dificuldades para acomodar o fluxo constante de refugiados. O êxodo teve uma forte alta em 2013 com a piora na situação na Síria.
Acredita-se que outras 6,5 milhões de pessoas, a metade crianças, tenham sido internamente deslocadas na Síria, levando o total de desalojados a mais de 9,5 milhões, metade da população do país. Cerca de 10,8 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária dentro da Síria, e 4,6 milhões vivem em áreas cercadas ou de difícil acesso.
Em dezembro de 2013, a ONU lançou um apelo com a meta de arrecadar US$ 6,5 bilhões (R$ 16,6 bilhões) para distribuir ajuda médica, alimentos, água, abrigo e serviços de saúde e educação.
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6. Rebeldes e ascensão de grupos islâmicos
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A oposição armada cresceu e há mais de mil grupos comandando cerca de 100 mil combatentes. Agora, moderados seculares foram superados em tamanho por militantes islâmicos e jihadistas, cujas táticas brutais causaram preocupações em todo o mundo e geraram confrontos entre rebeldes.
Capitalizando no caos na região, o 'Estado Islâmico' - grupo extremista que cresceu a partir da Al-Qaeda no Iraque - assumiu controle de grandes partes do Iraque e da Síria. Muitos de seus combatentes na Síria estão envolvidos em uma "guerra dentro da guerra", enfrentando rebeldes que se opõem às suas táticas e forças curdas.
Em setembro de 2014, uma coalizão liderada pelos EUA lançou ataques aéreos dentro do Iraque e da Síria em uma campanha para "reduzir e destruir" o 'Estado Islâmico'.
No campo político, grupos rebeldes também estão divididos - com alianças rivais brigando por supremacia. A mais prominente é a Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias, apoiada por diversos países do Ocidente e do Golfo Pérsico.
No entanto, a liderança do grupo é rejeitada por outros, incluindo a influente aliança Frente Islâmica, deixando o país sem uma alternativa nacional convincente ao atual regime sírio.
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7. Esforços de paz
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Com nenhum dos lados capaz de derrotar o outro, a comunidade internacional chegou à conclusão de que apenas uma solução política poderá por fim ao conflito na Síria. No entanto, diversos planos da Liga Árabe e da ONU falharam.
Em janeiro de 2014, os EUA, a Rússia e a ONU realizaram uma conferência na Suíça para implementar o Comunicado de Genebra de 2012, um acordo com apoio internacional que incluía a criação de um governo de transição na Síria baseado no consentimento mútuo das partes.
As conversas fracassaram em fevereiro depois de apenas duas rodadas. O então enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi, culpou a recusa do governo sírio de discutir as exigências da oposição e o interesse em lutar contra "terroristas", um termo usado por Damasco para descrever grupos rebeldes.
O novo enviado da ONU, Staffan de Mistura, também propôs a criação de "zonas livres", onde cessar-fogos locais seriam negociados para permitir o acesso de ajuda em áreas cercadas.
8. Além da Síria
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O que começou como mais um protesto da Primavera Árabe contra um líder autocrático se transformou numa guerra com vários jogadores regionais e do mundo.
O Irã e a Rússia apóiam o governo do presidente Assad e dão ao regime uma vantagem que tem ajudado-o a realizar avanços significativos contra os rebeldes. Assad também tem apoio do grupo islâmico xiita libanês Hezbollah.
A oposição sunita tem apoio de Turquia, Arábia Saudita, Catar e outros países árabes, além de EUA, Grã-Bretanha e França. O crescimento de milícias radicais islâmicas entre os rebeldes, no entanto, e a chegada de jihadistas sunitas de diversos países forçou uma redução do apoio internacional e regional.
Fone:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141112_siria_explainer_hb
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