RESGATE DA CRIANÇA INTERIOR
(o som dá o tom)
Texto escrito em 24-12-2010
Os aprendizados mais valiosos são os mais simples e os que estão bem diante de nós.
Sempre aprendi muito com meu pai e continuo aprendendo. Ele sempre consegue com os exemplos mais elementares me fazer compreender as grandiosidades. Lembro-me até hoje que com dois imãs se repelindo ele me ensinou que jamais foi preciso verpara crer.
Ele se iniciou nos estudos recentemente, com alma e coração abertos ao novo e isso o permitiu constatar que tudo não era novo, e sim lembranças. Ele está acessando de forma impressionante e acelerada suas lembranças através das leituras, meditações e orações diárias. Ele também está se conectando com ele mesmo e transbordando Amor, Alegria e a serenidade que a compreensão traz. É maravilhoso conversar com ele e ver o brilho em seus olhos a cada re-descoberta.
Esses dias ele compreendeu amplamente o conceito de dualidade que tanto ouvimos falar através do exemplo do resgate dacriança interior, que muito tem sido lembrado, de várias formas, em canalizações e em muitos dos textos aqui do MM.
“É tão simples. Para alcançarmos o caminho da Unidade, para encontrarmos o retorno à nossa essência, devemos resgatar nossa criança interior.“ (assim ele disse.)
Nascemos Unos com o Todo, nascemos sem nenhum conceito do que é certo ou errado, ou seja, sem nenhum conhecimento e percepção da dualidade. Nascemos integrados com o Todo e vamos ‘perdendo’ essa integração nos fragmentando a cada "educação", a cada "aprendizado" captado do ‘externo’, de fora de nós. Aliás, até mesmo esse conceito de dentro e fora de nós fica enraizado e acaba por pré-determinar as crenças que vamos alimentando e desenvolvendo ao longo de nossa vida.
Enquanto criança não nos acostumamos com a beleza da vida, cada cor, sabor e textura é uma festa. Nos encantamos com a cor do céu e suas nuvens de algodão doce. Cada elemento da natureza é o cenário perfeito para nossa imaginação, para ser tudo que queremos ser. Não é preciso nenhum motivo para soltar uma gargalhada gostosa. Todo cachorro é o ‘au-au’ e todo gatinho é o ‘miau’ e sempre os recebemos com grande alegria e entusiasmo.
Mas as vezes choramos por vários motivos. Nos assustamos com esse mundo grandão, tão bem "mais grande" que a gente. É aí que entra o bicho-papão: "Não chora senão o bicho papão vai te pegar!".
Conhecemos o medo tão pequeninos e vamos nos fechando e enclausurando-nos num mundinho limitado de idéias, conceitos, limitações e generalizações. Nosso mundão tão grandão vira uma bolinha de gude que só podemos brincar depois de tomar banho.
Sim, na 3DD aprendemos dentro do que é certo ou errado, ou seja, dentro da dualidade. ‘Se botar o dedinho na tomada vai levar choque’. ‘É bom pra aprender’. Afinal, tudo vai se encaixar nolado bom ou no lado ruim. Se estamos aqui em num mundo onde prevalece a dualidade e o livre arbítrio, acabamos por ter que aprender com tudo isso, desde muito cedo.
O que ocorre é que pouco a pouco, passo a passo, a dualidade cria os conceitos e as crenças, que limitam todo e qualqueraprendizado novo. E quanto mais passos nessa direção, mais distantes vamos ficando de nossa verdadeira essência. Crescemos mas nosso cercadinho nos acompanha e usamos apenas os brinquedinhos dentro dele para compreender o mundo a nossa volta. “Essa novidade é maravilhosa, mas eu ainda prefiro o aviãozinho do meu cercadinho...eu cresci brincando com ele, não deve haver brinquedo melhor nesse mundo”.
Você se lembra qual foi a última vez que você riu até dar câimbra na barriga? Que soltou umagargalhada sem motivo algum? Que se encantou com a beleza do laranja-rosado do céu e com as formas majestosas das nuvens? Que sentiu uma alegria imensa só por estar pertinho de alguém? Que falou o que pensou sem se importar com a opinião alheia? Que foi sincero? Que chorou de tanto rir? Que comeu um bolo de chocolate lambendo os dedos? Que foi realmente espontâneo?
E a última vez que olhou sem véu nenhum para esse mundo? Sem nenhuma ‘maldade’ que pudesse impregnar e manchar a sua visão? E alguma vez já tentou enxergar com a inocência dos olhos de uma criança?
É como simplesmente respirar, nós nascemos respirando perfeitamente e até isso vamos perdendo pelo caminho.
Vivemos em um mundo em que a pureza da inocência virou sinônimo de ingenuidade.
A volta à nossa essência depende do abandono de tudo que construímos dentro do nosso “cercadinho”, inclusive dele mesmo. É como se permitir dar os primeiros passinhosnovamente, limpos e livres de qualquer crença, opinião, conceitos e julgamentos. É aceitar a mão que nos é oferecida a todo instante. É cair na gargalhada se der um passinho torto e cair no chão. É levantar-se novamente com toda GRAÇA, pois estamos aprendendo a caminhar para a UNIDADE.
É ser inocente, livre, leve e solto.
Quer saber, eu vou em busca do meu tesouro perdido! Lá na casinha na árvore eu posso ver e ser o Universo inteiro, esse mundão que cabe dentro do meu jardim. Eu vou correr, soltar pipa e comer pipoca. Vem comigo?
Resgatar nossa criança interior é permitir-se o retorno à nossa essência divina, integrada e plena com Tudo que É. Essa compreensão já foi passada para nós sob diversas formas e agora de maneira muito intensa através das canalizações.
“Trouxeram-lhe também as criancinhas, para que Ele as tocasse.
Vendo isto, os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará.” (Este Reino de Deus significa estar em Unidade, e como criancinha significa estar LIVRE de todos os conceitos de uma mente limitada de 3DD.)
Thaís Vidal
(Colaboração de Anthonio Magalhães)
PS.:É com felicidade que trago aqui um trecho do filme o Pequeno Príncipe baseado no livro de Antoine de Saint Exupéry.
Uma obra prima das "verdades essenciais, que são invisíveis aos olhos. Só é possível ver e sentir com o coração."
E aqui o presente por escrito:
No quinto dia, sempre graças ao carneiro, este segredo da vida do pequeno príncipe me foi de súbito revelado. Pergunto-me, sem preâmbulo, como se fora o fruto de um problema muito tempo meditado em silêncio:
- Um carneiro, se come arbusto, come também as flores?
- Um carneiro come tudo que encontra.
- Mesmo as flores que tenham espinho?
- Sim. Mesmo as que têm.
- Então… para que servem os espinhos?
Eu não sabia. Estava ocupadíssimo naquele instante, tentando desatarraxar do motor um parafuso muito apertado. Minha pane começava parecer demasiado grave, e em, breve já não teria água para beber…
- Para que servem os espinhos?
O principezinho jamais renunciava a uma pergunta, depois que a tivesse feito. Mas eu estava irritado com o parafuso e respondi qualquer coisa:
- Espinho não serve para nada. São pura maldade das flores.
- Oh!
Mas após um silêncio, ele me disse com uma espécie de rancor:
- Não acredito! As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com os seus espinhos…
Não respondi. Naquele instante eu pensava: “Se esse parafuso ainda resiste, vou fazê-lo saltar a martelo”. O principezinho perturbou-me de novo as reflexões:
- E tu pensas então que as flores…
- Ora! Eu não penso nada. Eu respondi qualquer coisa. Eu só me ocupo com coisas sérias!
Ele olhou-me estupefato:
- Coisas sérias!
Via-me, martelo em punho, dedos sujos de graxa, curvado sobre um feio objeto.
- Tu falas como as pessoas grandes!
Senti um pouco de vergonha. Mas ele acrescentou, implacável:
- Tu confundes todas as coisas… Misturas tudo!
Estava realmente muito irritado. Sacudia ao vento cabelos de ouro:
- Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!” e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!
- Um o quê?
- Um cogumelo!
O principezinho estava agora pálido de cólera.
Há milhões e milhões de anos que as flores fabricam espinhos. Há milhões e milhões de anos que os carneiros as comem, apesar de tudo. E não será sério procurar compreender por que perdem tanto tempo fabricando espinhos inúteis? Não terá importância a guerra dos carneiros e das flores? Não será mais importante que as contas do tal sujeito? E se eu, por minha vez, conheço uma flor única no mundo, que só existe no meu planeta, e que um belo dia um carneirinho pode liquidar num só golpe, sem avaliar o que faz, – isto não tem importância?!
Corou um pouco, e continuou em seguida:
- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: “Minha flor está lá, nalgum lugar…” Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importância!
Não pôde dizer mais nada. Pôs-se bruscamente a soluçar. A noite caíra. Larguei as ferramentas. Ria-me do martelo, do parafuso, da sede e da morte. Havia numa estrela, num planeta, o meu, a Terra, um principezinho a consolar! Tomei-o nos braços. Embalei-o. E lhe dizia: “A flor que tu amas não está em perigo… Vou desenhar uma pequena mordaça para o carneiro… Uma armadura para a flor… Eu…”. Eu não sabia o que dizer. Sentia-me desajeitado. Não sabia como atingi-lo, onde encontrá-lo… É tão misterioso, o país das lágrimas!
(Trecho do livro: O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint Exupéry)
Fonte:http://minhamestria.blogspot.com.br/2010/12/resgate-da-crianca-interior-thais-vidal.html
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