CAMISINHA : TEM QUE USAR,MAS MUITA GENTE BOA POR AÍ NÃO USA

E você, usa camisinha ou não? (Foto: Thinkstock)

Camisinha: tem que usar, mas muita gente boa por aí não usa

Gente esclarecida, bacana. Gente que tem medo de quebrar o clima, de perder o cara. Gente que não tem medo de engravidar (“Pílula do dia seguinte, dã!”) ou de contrair doenças como a Aids (“Ninguém mais morre disso”). Gente que conta como pensa a seguir.

Responda rápido: você transa de camisinha? Sempre e só de camisinha? E se ele nem fizer menção de usar, você pede? Mas e se ele achar que você está insinuando que ele tem uma doença? Pior: e se ele achar que você tem alguma doença? E, vem cá, se ele pedir com jeitinho, você abre mão? 
 
E se, e se, e se...? São tantas as emoções quando o assunto é usar ou não usar, pedir ou não pedir, correr risco ou não correr... Engraçado que esse tipo de dúvida não existia para os jovens com vida sexualmente ativa no início dos anos 90. Morrer de Aids era algo muito próximo. As pessoas tinham acabado de acompanhar um dos maiores ídolos do País, o cantor Cazuza, definhar em rede nacional. Também não existia pílula do dia seguinte, e nem a cura rápida para as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Trocando em miúdos: naquela época, o medo era maior que o suposto aumento no prazer e que o receio de encher a boca e dizer: “Ou você coloca a camisinha ou a gente não vai transar”. 

Hoje, porém, os avanços da medicina trouxeram um ônus. Transar com camisinha passou de regra a exceção. “As pessoas falam que usam porque é politicamente correto, mas eu garanto que nem eu, nem nenhuma das minhas amigas usa ou pede para ele usar se for um cara legal,
conhecido”, diz uma leitora que prefere não se identificar. Uma pesquisa feita em nosso site com 289 mulheres endossa a frase acima: 57% das que responderam à enquete disseram que eventualmente usam, mas que transar sem camisinha é o padrão normal delas e de suas amigas.

Morrer de Aids: sooo 80´s!

Felizmente, os tratamentos contra o HIV evoluíram – e as outras DSTs, como HPV e sífilis, têm cura. Tanto que a preocupação número um de 44,6% das leitoras que responderam nossa enquete não é ficar doente, e sim engravidar. A ginecologista Carolina Ambrogini, da Unifesp (SP), acredita que o fato de estarmos vencendo a Aids – com coquetéis de remédios que garantem boa sobrevida – faz com que o mal se distancie das pessoas. Mas os números ainda são alarmantes. Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o Brasil tem 36 mil casos novos por ano. E, se antes a maioria dos soropositivos era homem, hoje cada vez mais mulheres estão entrando nessa estatística – a relação de 6 homens para cada mulher infectada em 1989 passou para 1,6 em 2009.
 
Foi o caso da advogada Cássia*, 31 anos, que conheceu um guapo por intermédio de um casal de amigos há dois anos. “A primeira vez que transamos, tentei fazê-lo colocar camisinha. Ele alegou que, poxa, era amigo do meu amigo há milênios... Não quis cortar o clima e transamos sem proteção”, conta. Eles terminaram e, meses depois, Cássia se descobriu soropositiva ao doar sangue. “Meu ex fez os exames e comprovou que também tem o HIV – mas jura que não sabia disso quando estávamos juntos. Hoje, faço acompanhamento com infectologista e exames a cada três meses. Mas, mesmo me cuidando, não transo desde o diagnóstico. Morro de medo de contaminar alguém”, diz.
 
Discurso mofado, mas ainda válido

Não é só o avanço da medicina que tem feito cada vez mais mulheres dispensarem o preservativo. “Em uma sociedade machista como a nossa, o homem pode tirar o pacotinho do bolso. Já a mulher tem receio do que possam pensar dela se fizer isso”, afirma Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas (SP). Ele está certo. Segundo nossa pesquisa, apenas 25% das entrevistadas carregam preservativo na bolsa. E, por mais ultrapassado que pareça, o motivo ainda é o medo de não agradar ao cara. É como se a camisinha fosse a prova de uma vida sexual promíscua, vê se pode.
 
Desde quando cara bonita é atestado médico?

Outro álibi usado para “esquecer” a camisinha: um rostinho/corpinho bonito e aparentemente saudável. A estudante Julieta*, 25 anos, foi vítima dessa arapuca. Fazia quatro semanas que estava saindo com o primo de uma amiga quando eles transaram – sem camisinha. “Eu conhecia a família toda dele... Saberia se estivesse doente”, relembra. Mas é aquela história: quem vê cara... Em seguida, em um exame de rotina, Julieta descobriu que tinha HPV. “Bem, se eu tenho o vírus e não aparentava, ele também podia ter, né? Aliás, qualquer um pode ter. Agora, sempre carrego camisinha e não abro mão dela nem se o príncipe Harry me pedir.” E completa:
“No fim das contas, tive sorte. Já pensou se fosse HIV?”. Pois é, a maioria das leitoras está convicta: “Aids? Isso nunca vai acontecer comigo!”. Tomara que não. Mas que tal então transformar logo a exceção em regra? 
 
Sexo inseguro em números

* 289 leitoras responderam à enquete no nosso site. Os resultados são chocantes:
* 57% dizem que transam, sim, sem camisinha habitualmente.
* 41% já abriram mão do preservativo no primeiro encontro.
* Das que transam sem camisinha, mais de 72% alegaram que sentem mais prazer assim. As outras justificativas: vergonha de cortar o clima (13%), confiança no parceiro (11%) e vontade de
agradar (4%).
* 76% disseram que, quando usam camisinha, a iniciativa é delas.
* Só 24,9% carregam camisinha na bolsa.

Fone:http://revistaglamour.globo.com/Amor-Sexo/noticia/2013/10/camisinha-tem-que-usar-mas-muita-gente-boa-por-ai-nao-usa.html

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