Podemos falar agora em Jesus Cristo? é preciso, porém, que dobremos os joelhos diante daquele que a metade do mundo adora. Que grande hierofante, que antigo oráculo teria podido prever esse Deus? Que astrólogo ou que adivinho poderia ter concebido a idéia de dizer ao Imperador Tibério:
— Neste instante um Judeu da Galiléia, proscrito pelo seu próprio povo, renegado pêlos amigos e condenado por um de vossos Prefeitos, está na agonia da morte. Depois de sua morte ele destronará os Césares e aqueles que promoverem a continuação da sua inconcebível dinastia reinarão em Roma no vosso lugar. Todos os Deuses do Império e do mundo inteiro cairão por terra ante a sua imagem; o instrumento da sua tortura se transformará no símbolo da Salvação.
Que loucura será o Cristianismo se não for sobre-humano! Que fé horrível, essa em Jesus Cristo, fé se ele não for Deus! Será concebível uma moléstia mental suficientemente contagiosa para fazer delirar através de muitos séculos a quase totalidade da humanidade? Que dilúvio de sangue fez correr esse extintor dos sacrifícios cruentos! Que ódios implacáveis, que vinganças, que guerras, que torturas, que massacres, não fomentou esse apologista do perdão? Mas Jesus era mais do que um homem; era uma idéia, um princípio. Eu sou um princípio que fala, disse ele, referindo-se a si mesmo.
Deus fez-se homem; assim se proclama na terra a adoração da humanidade. “Emanuel. Deus está em nós”, dizem, abraçando-se mutuamente os Irmãos em Rosacruz, iniciados no mistério do Deus-Homem.
Eliphas Lèvi
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