Estrela na 'vizinhança' da Terra tem
três planetas em sua zona habitável
O sistema Gliese 667 tem três estrelas. Os planetas descobertos com a ajuda do telescópio VLT do ESO (Observatório Europeu do Sul), no deserto do Chile, estão em órbita da estrela 667C, uma anã-vermelha bem mais fria que o Sol e com um terço de sua massa.
Estudos anteriores apontaram três planetas orbitando essa estrela, sendo que um deles, o Gliese 667Cc, estaria na zona habitável.
'Super-Terra' pode ter água líquida como nosso planeta
Um planeta rochoso com 4,5 vezes a massa da Terra e que orbita uma estrela a "apenas" 22 anos-luz daqui é o mais novo candidato a conter água no estado líquido fora do Sistema Solar.
O GL 667Cc, que em termos astronômicos está na nossa "vizinhança", é o quarto a ser identificado na chamada zona habitável de sua estrela.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Isso permite que a superfície do planeta tenha temperaturas semelhantes às daqui. O novo planeta é, agora, o que tem melhores chances de ter água líquida e condições de abrigar vida.
No entanto, para o astrônomo Fernando Roig, do Observatório Nacional, o que mais chama atenção são as características da estrela que ele orbita, a Gliese 667C.
Parte de um sistema com duas outras estrelas na constelação de Escorpião, ela tem uma atmosfera muito mais pobre em metais do que o Sol.
"Sempre se considerou que a presença desses elementos seria fundamental para a formação de planetas do tipo terrestre", afirma Roig.
NADA A VER
A descoberta indica que a formação de planetas rochosos pode não ter nada a ver com a atmosfera da estrela que eles orbitam. "Esse é o primeiro exemplo de um planeta desse tipo orbitando uma estrela pobre em elementos pesados".
Uma outra característica importante da Gliese 667C é o fato de ela ser uma anã vermelha do tipo M. Isso significa que ela é bem mais fria que o Sol, cuja superfície tem temperatura de 5.500ºC.
Na 667C, a temperatura da superfície está por por volta de 3.500ºC. E como sua massa é de 38% a do Sol, sua luminosidade equivale a apenas 0,3% a da nossa estrela.
Apesar disso, o que garante o potencial de vida no novo planeta é sua proximidade da estrela. Ele está a uma distância equivalente a três quartos do espaço entre Mercúrio e o Sol.
Essa proximidade dá ao planeta um período orbital muito curto, completando uma translação em 28 dias.
Além disso, grande parte de sua luz está na faixa infravermelha, que é bem absorvida na forma de calor.
Conforme explica a astrônoma Lucimara Pires Martins, professora do núcleo de astrofísica teórica da Universidade Cruzeiro do Sul, é ao redor desse tipo de estrela que há esperança de encontrar planetas "promissores".
"Para encontrar água líquida, é preciso ter temperaturas amenas, então a busca vem se concentrando naquelas com temperatura equivalente ou mais frias que o Sol."
O planeta foi detectado por meio das pequenas oscilações que sua gravidade provoca na órbita da estrela, que abriga ainda outro planeta, o GL 667Cb, localizado ainda mais perto. Seu período orbital é de apenas sete dias, o que o deixa muito quente para ter água líquida.
A descoberta das condições do novo planeta foi feita por astrônomos independentes a partir da análise de dados do ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile, e será publicada no "Astrophysical Journal Letters".
Agora, astrônomos liderados por Guillem Anglada-Escudé, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, e Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, reexaminaram o sistema e adicionaram mais dois astros à zona habitável da estrela, que está a "só" 22 anos-luz daqui, muito mais perto do que os astros procurados pelo telescópio Kepler, o caçador de planetas da Nasa, por exemplo.
De acordo com um comunicado enviado pelo ESO, o horizonte visto de um dos planetas em órbita da Gliese 667C teria essa estrela aparecendo como o nosso Sol e as outras duas que compõem o sistema como duas estrelas bem visíveis à luz do dia e tão brilhantes quanto a Lua cheia à noite.
AFP | ||
Concepção artística com a vista do exoplaneta Gliese 667Cd; por lá, a estrela que ele orbita pareceria com o nosso sol e as outras duas do sistema se assemelhariam a estrelas brilhantes visíveis à luz do dia; um outro planeta do sistema aparece como crescente |
Os três planetas achados na região potencialmente habitável são 'super-Terras' --planetas cuja massa é maior do que a da Terra mas menor do que a de Urano ou Netuno. É a primeira vez que três astros são achados na mesma zona habitável.
Efe | ||
Céu em volta do sistema Gliese 667, a 22 anos-luz da Terra, na constelação de Escorpião; o ponto brilhante no centro são as estrelas Gliese 667A e B; a 667C está um pouquinho abaixo, ainda ao alcance do brilho das outras duas |
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/06/1300965
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