QUEM FOI PATÂNJALI ?

Quem foi Patânjali?

Considerado um siddha (iogue perfeito), Patânjali teria vivido na Índia por volta do século 4 d.C.. O “Caminho Óctuplo” (Ashtanga Yoga) atribuído a ele, e que inclui a meditação, a ioga, e algumas posturas de vida, define um sistema espiritual completo, que qualquer um de nós pode tentar colocar em prática.
Ele é constituído por:
• Autocontrole (yama), que compreende cinco “nãos”: não à violência, não à mentira, não ao roubo, não à sexualidade descontrolada, não à avidez (por comida, riqueza ou poder);
• Observância (nyama), que compreende cinco “sins”: pureza, contentamento, prática constante, auto-estudo, devoção ao Divino. O autocontrole e a observância permitem-nos superar tendências negativas como a avidez e desenvolver atitudes positivas como o contentamento.
• Postura física (asana); flexibiliza, fortalece e alinha o corpo.
• Controle da respiração (pranayama); juntamente com as posturas físicas, direciona a força vital (prana) para a ativação dos centros energéticos (chakras) e a ampliação da consciência.
· Recolhimento da atenção (pratyahara); juntamente com a concentração nos liberta do turbilhão de sensações, sentimentos e pensamentos e direcionam a força mental para o Divino.
• Concentração (dharana)
• Meditação (dhyana)
• Êxtase místico ou superconsciência (samadhi).

Fonte: Revista Veja Novembro de 2008

"O pai do Yoga". Esse título é atribuído a Patanjali, porque foi ele quem compilou o Yoga Sutra, uma das primeiras e mais completas obras sobre Yoga. Isso não quer dizer que o Yoga começou aí (e há muita confusão com isso). Antes de Patanjali, provavelmente Shiva teve sua participação na criação e disseminação  dessa prática, bem como muitos outros indivíduos.
Fictícios ou não, todos os personagens da história do Yoga têm uma responsabilidade  significativa e simbólica.  Patanjali (200 a.C. a 400 d.C), é conhecido por ter resumido o Yoga, uma das seis escolas da filosofia hindu, em sutras sobre sua prática e seu ideal.  Sutras são um tipo de composição literária sânscrita que tem a finalidade de facilitar a memorização de um assunto complexo. A obra se compõe de 196 aforismos, divididos em quatro capítulos:


1. Samāadhi Pāada - trata da definição do samadhi, que é um estado meditativo da mente, e dos processos para alcançar esse estado;
2. Sādhana Pāda - trata da prática que leva ao estado meditativo, e dos obstáculos que podem ser encontrados;
3. Vibhūti Pāda - trata dos resultados obtidos com a prática da meditação profunda (samyama), que são conhecimentos e habilidades especiais;
4. Kaivalya Pāda - trata do objetivo final do Yoga proposto nos Sutras, que é o estado de identificação do praticante com todo o Universo, produzindo o isolamento (Kaivalyam) que dá nome ao capítulo.
O Yoga ensinado nos Sutras é conhecido como Raja Yoga, Yoga Clássico ou Yoga do Samkhya. Patanjali é reconhecido desde então como o fundador dessa prática e muito do que se diz em aulas e cursos vem de sua obra.

Se dá o nome de Pátañjali ao mítico codificador do Yoga Clássico, autor do Yoga Sútra. Tudo sobre esta figura histórica é um verdadeiro mistério. Para começar, a data em que ele teria vivido é fonte de discrepâncias. Há autores que afirmam que viveu no século IV a.C. e outros que pensam que tenha vivido entre os séculos II e VI d.C. Tamanha diferença se deve, em parte, ao costume que os autores daquela época tinham de atribuir a autoria dos seus próprios trabalhos a outros escritores já consagrados, para homenageá-los ou para dar relevância à própria obra.

Considerando que ele escreveu no estilo dos sútras ou aforismos, pode se considerar que tenha vivido entre os séculos IV e II a.C., pois foi nesse período que este estilo literário conheceu seu auge. O Yoga Sútra é considerado um dos exemplos mais perfeitos do estilo aforístico.

Uma lenda sobre o nascimento do sábio conta que Vishnu estava descansando deitado na serpente de mil cabeças, Ádishesha, quando viu o deus Shiva dançando e ficou extasiado. Imediatamente seu corpo começou a vibrar tanto no ritmo da dança que acabou por provocar um enorme desconforto na serpente. No final da dança, Ádishesha perguntou ao deus o que tinha acontecido. Ao ouvir sobre a dança, o deus-serpente ficou interessado em aprende-la, para dançar para Vishnu. O deus ficou impressionado com a devoção da serpente e disse-lhe que Shiva iria abençoa-lo e que nasceria em sua próxima encarnação como alguém que iria abençoar a humanidade com sua sabedoria.

Ádishesha começou imediatamente a especular sobre quem seria sua mãe. Ao mesmo tempo, uma yoginí muito virtuosa, chamada Goñiká, estava procurando um filho a quem pudesse transmitir a sabedoria que o Yoga tinha lhe dado. Assim, ela se prostrou diante de Súrya, o deus sol, fazendo-lhe a única oferenda que conseguiu, um pouco de água, e lhe pedindo um filho. Vendo a cena, Ádishesha soube que aquela era a mãe que ele estava procurando. Quando Goñiká estava oferecendo a água ao sol, ficou maravilhada ao ver uma pequena serpente que se materializou em suas mãos e começou momentos depois a adquirir forma humana. Ádishesha se prostrou então diante da sua mãe e suplicou-lhe para que o aceitasse como filho. Aceitando-o, ela o chamou Pátañjali, que significa 'aquele que caiu do céu durante a oferenda.' Páta significa caído e añjali, oferenda.

Como encarnação de Ádishesha, ele é representado com forma de nága, um ser metade homem, metade serpente, com quatro braços cujas mãos seguram os atributos de Vishnu: a concha e o disco e fazem o gesto da oferenda, añjali mudrá, abençoando aqueles que se aproximam dele procurando a verdade do Yoga.

Sobre a obra de Pátañjali existem tantas dúvidas quanto em relação à sua vida. Dançarinos fazem-lhe oferendas antes das apresentações, pois é tido como o patrono de algumas danças indianas. Alguns autores o identificam com o autor de um famoso tratado sobre Ayurveda, o sistema de saúde indiano. Outros, com Pátañjali 'o gramático', autor do Mahábháshya, o Grande Comentário da gramática de Pánini, em uso ainda hoje. Essa obra redefiniu as regras do sânscrito, aumentando o vocabulário e transformando esta língua num instrumento mais preciso e efetivo, e ao mesmo tempo mais sutil e poético, capaz de expressar qualquer aspecto do pensamento humano.

Entretanto, as evidências apontam para o fato de que os autores destas obras sobre filosofia, medicina e gramática seriam pessoas diferentes, pois a distância no tempo entre elas é de vários séculos. Comparando o Mahábháshya com o Yoga Sútra se chega à conclusão de que ambas as obras são excelentes na argumentação e as estruturas lógicas que propõem em seus respectivos temas, mas isso não torna os autores a mesma pessoa.

Todas as formas de Yoga que se praticam hoje em dia têm neste autor uma referência obrigatória. Assim sendo, outras três perguntas que surgem neste quadro são de índole mais inquietante ainda. A primeira: foi Pátañjali de fato o autor do Yoga Sútra? Em caso afirmativo, ele fez alguma contribuição original ao Yoga ou foi apenas o compilador e o sistematizador das técnicas que se usavam em seu tempo? E a última questão: ele teria feito parte de um sampradaya, uma linhagem tradicional ou teria sido um reformador?

Sobre a questão de ver este autor como um compilador, temos as duas seguintes situações: por um lado, o Nirodha Samhitá, shástra atribuído a Hiranyagarbha, tido como patrono do Yoga, é chamado com freqüência Yogánushasanam ou o 'Ensinamento do Yoga', exatamente as palavras com as quais Pátañjali inicia sua obra.

Segundo uma obra chamada Ahirbudhnya, Hiranyagarbha revelou o Yoga em duas escrituras: o Nirodha Samhitá e o Karma Samhitá. E, coincidentemente, Pátañjali usa o mesmo termo 'nirodha' para definir o Yoga no seu segundo aforismo.

Se ele fez alguma contribuição original ao Yoga não sabemos, mas com certeza podemos afirmar que citou copiosamente fontes anteriores a ele mesmo. Fontes essas que, infelizmente, hoje em dia estão perdidas.

A maior controvérsia diz respeito ao quarto capítulo dos Sútras. O estilo, o conteúdo e a extensão deste páda são diferentes do resto da obra. Nele se repetem assuntos já abordados nos capítulos anteriores. Nos três primeiros, o estilo em que se desenvolvem os temas é acessível e não dogmático. No quarto, entretanto, esse estilo muda. A voz que aqui fala, o faz desde o ponto de vista de alguém que viveu algo, a diferença do resto da obra, onde se ouve falar alguém que ainda está procurando.

Outro ponto escuro é que o terceiro capítulo conclui com a palavra iti, que significa 'fim' e é a maneira tradicional de encerrar um texto. Aqueles que defendem a unidade dos Sútras como eles estão hoje afirmam que o quarto capítulo é coerente com os outros três, enquanto que os críticos desta posição acham muito estranho ter uma obra com dois finais e consideram o último capítulo uma interpolação posterior.

Sobre as coisas que temos claras, podemos dizer, por exemplo, que algo chamado Yoga existiu com certeza muito antes do tempo em que Pátañjali viveu. Porém, as incertezas históricas em relação ao autor do Yoga Sútra são de pouca importância para quem deseja alcançar aquilo sobre o que a obra fala: tranqüilidade da mente e realização do espírito. Embora possamos questionar a autoria e a origem desta obra, ela é coerente e, como guia prático para a realização pessoal, se sustenta totalmente por si própria.


Extraído do Dicionário de Yoga.
 
 
BIOGRAFIA
 
Patanjali (em sânscrito: पतञ्जलि , Patāñjali) viveu entre 200 a.C. a 400 d.C.. O cometário de Vyasa o define como descendente de Santanu.
Existem diversas lendas sobre o mesmo como sendo ele uma encarnação do deus serpente Ananta, ou meio homem meio serpente, ou ainda uma serpente que desejando ensinar o yoga ao mundo, caiu (pat) dos céus nas palmas das mãos abertas (anjali) de uma mulher, que por sua vez o chamou de Patandjáli.
Nos documentos de Shadgurusishya pesquisados por Max Muller indicam cinco gerações de professores da tradição sânscrita, sendo o primeiro Shaunaka, seguido por Asvalayana, Katyayana, Patandjáli e finalmente Vyasa.[1]
Virtualmente nada se sabe sobre a vida de Patandjáli, e algumas escolas acreditam que ele é totalmente ficcional.

Obras

Patāñjali tem a reputação de ser o autor do Yoga Sutra, bem como do comentário sobre a gramática do sânscrito por Pānini(Ashtadhyayi) que é conhecido Mahābhāsya ou Bhartrihari. Existem também muitos textos da Ayurveda atribuídos a ele. Mas quase todas as escolas acreditam atualmente que estes textos foram escritos por diferentes pessoas em diferentes eras.

 Os Yoga Sutras

Os Yoga Sutras compilados por Patanjali provavelmente datam de 150 d.C.; formam uma grande obra contendo aforismos sobre a sua prática e da sua filosófia do Yoga.
O Yoga é uma das seis escolas da filosofia hindu, um sistema de meditação prática, ética e metafísica.
Patandjáli tem sido freqüentemente chamado de fundador da Yoga por causa deste trabalho; o Yoga Sutra é um tratado sobre o Raja Yoga, baseado na escola Samkhya e nas escrituras hindus do Bhagavad Gita.
Esta obra não faz referência à prática de sacrifícios como condição para a prática. Ao desmistificar este dogma, Patanjali propôs as bases do yoga clássico, se opondo ao yoga proto-histórico. [2]
Ele baseia seu trabalho nas Puranas, Vedas e Upanixades, sendo o mais brilhante tratado sobre as escrituras Hindus.
Ele também foi o criador do Ashtanga Yoga e do Raja yoga por literalmente descobrir os oito passos do yoga. Eles são os yamas, niyamas, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi.

 O Mahābhāsya

O Mahābhāsya ("grande comentário") de Patandjáli sobre o celebre Ashtadhyāyi de Panini, um dos três mais famosos tratados sobre a gramática sânscrita. Foi nele que Patandjáli, como lingüista da ciência indiana, alcançou sua verdadeira fama. O sistema estabeleceu em detalhes o shiksha ("fonéticalogia", incluindo a acentuação) e o vyakarana ("morfologia"). Sua sintaxe é memorável, mas sua nirukta ("etimologia") é discutível, e esta etimologia naturalmente leva a explicação da semântica. Intérpretes de seu trabalho dizem que ele é um defensor de Panini e opositor as idéias de Katyayana, atacando suas teorias muito severamente.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/

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