VIDA SEXUAL NA MANOPAUSA EXISTE SIM, E ELA PODE SER PRAZEROSA

 

Vida Sexual na menopausa (Foto: Reprodução)

Vida Sexual na menopausa (Foto: Reprodução)

  • GIULIANA CURY
 ATUALIZADO EM 

“Os melhores orgasmos da minha vida estão sendo agora. Eles estão mais longos e mais profundos.” Para quem achava que a vida sexual na menopausa estava condenada a um final pra lá de morno e sem graça, ouvir essa declaração da jornalista e comunicadora digital Patricia Parenza, que entrou no climatério aos 46 anos, dá um ânimo e tanto. Aos 51 anos, ela faz questão de compartilhar seu momento para que cada vez mais mulheres entendam que há, sim, prazer sexual nessa fase da vida. “Mas tem que querer”, completa.

É isso. E querer no sentido mais literal do termo: ter o desejo ou a intenção de; tencionar, projetar. “Tesão espontâneo? Não tenho. Pra despertar o desejo, preciso recorrer a algum estímulo responsivo: um toque, uma leitura erótica, um filme que me excite. Preciso pensar em sexo, me provocar, me preparar. Dá trabalho? Dá. Mas eu gosto de transar, gosto da satisfação do orgasmo, me faz bem”, explica Patricia.

A falta de desejo é, sim, uma das principais queixas das mulheres que estão em alguma das fases do climatério — perimenopausa (quando começa a irregularidade menstrual), menopausa (ausência de menstruação por um ano) e, finalmente, a pós-menopausa. E grande parte da “culpa” é colocada na conta da queda progressiva do estrogênio, um dos principais hormônios feminino e que está associado às funções reprodutivas. “Mas não podemos esquecer que a libido é multifatorial. Não dá para dizer que o desejo acabou só pela falta desse hormônio”, pondera a dra. Viviane Monteiro, ginecologista e doutoranda em pesquisa aplicada à saúde da criança e da mulher.
  
O prazer feminino é realmente complexo, ele envolve vários fatores, como disposição, auto-estima, ausência de dor, cumplicidade… Todo esse conjunto, somado a um bom equilíbrio hormonal, é que garante uma vida sexual gostosa e satisfatória. “Acho importante reforçar que não adianta focar só na parte hormonal, fazendo terapia de reposição, quando indicada, ou adotando outros medicamentos, para resgatar o desejo. Sozinhos, eles não funcionam. É preciso trabalhar todo o entorno, que vai da auto-estima ao treinamento mesmo, até com o uso de vibradores. A mulher precisa se acostumar de novo a ter prazer. Tem que praticar”, diz a especialista, que estimula suas pacientes a tratar os sintomas físicos, psíquicos e sociais da menopausa.

Em busca do desejo perdido

Ponto #1: dá para ter (muito) prazer na menopausa. Cada vez mais mulheres estão descobrindo isso. Ponto #2: a entrada nessa fase, realmente traz muitos desafios, que vão desde questões sociais (como preconceito), passando pelos psíquicos (não se achar mais interessante, capaz…) e físicos (a baixa contínua do estrogênio acarreta inúmeros desequilíbrios na saúde, como insônia, fogachos, sudorese noturna, ressecamento vaginal, irritação, falta de ânimo…). Ponto #3: nem todas as mulheres sentem os mesmos sintomas, e umas podem ser impactadas de uma forma mais severa do que outras. “Mas todos eles podem ser minimizados. A conversa com o ginecologista, bem sincera, é fundamental para encontrar as melhores opções de tratamento — que são pessoais e diferentes de mulher para mulher”, aconselha a sexóloga Laura Muller. “Amenizando isso, já é possível ter uma grande melhora no bem-estar”, completa.

Certamente você já ouviu a frase “A prática leva a perfeição”. Pois ela se encaixa perfeitamente na vida sexual na menopausa. A sexóloga também reforça a importância de praticar o sexo para aumentar a libido. “E, para ajudar no estímulo, vale inserir brinquedinhos eróticos, como vibradores, gel lubrificante, testar novas posições…”, ensina. A dra. Viviane complementa: “Nessa fase, é preciso habituar o cérebro a pensar em sexo, e o corpo, a fazer. Quanto mais você pratica, mais rápida fica a resposta ao desejo”.

Os conselhos das especialistas são, também, a base da vida sexual plena e satisfatória que Patricia Parenza desfruta hoje. “Aprendi, de uma vez por todas, que a responsabilidade pelo meu prazer sexual é 100% minha. Não tenho que ficar esperando o outro querer me satisfazer. Eu é que tenho que construir: me tocar, me masturbar, experimentar o que mais gosto, conversar muito com meu parceiro, explicando o que funciona, o que não rola, ajustar o compasso (o meu orgasmo demora mais para vir, a ereção dele dura menos tempo…). E isso dá trabalho, sim. Por isso, até entendo quando algumas mulheres falam que não ligam mais para transar nessa fase. Como eu disse, tem que querer. Mas, acredite, vale todo o investimento. O prazer não tem idade. E descobri que, nessa fase, estou tendo menos quantidade, mas com muito mais qualidade.”

Fonte:https://vogue.globo.com/Wellness/noticia/2022/06/existe-sim-vida-sexual-na-menopausa-e-ela-pode-ser-bem-mais-prazerosa-do-que-voce-imagina.html



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