COMO O TERAPEUTA DE RELACIONAMENTOS FAVORITO DE GWNETH PALTROW SALVOU MEU CASAMENTO

 

Dia dos Namorados (Foto: Arquivo Vogue/ Bruna Castanheira)

Como um terapeuta de relacionamento ajudou a salvar meu casamento (Foto: Arquivo Vogue/ Bruna Castanheira)

Como o terapeuta de relacionamentos favorito de Gwyneth Paltrow salvou meu casamento

A jornalista e escritora Jancee Dunn contou como os ensinamentos do terapeuta de casais Terry Real a ajudou a recuperar seu relacionamento com o marido

Bradley Cooper chama o trabalho de Terry Real de “nada menos do que milagroso” e diz que ele “simplesmente mudou minha vida”. Gwyneth Paltrow, que recentemente apresentou uma conversa ao vivo com Real, fala que seu trabalho é vital “para aqueles de nós que buscam a verdadeira intimidade”. Bruce Springsteen, que escreveu o prefácio do novo livro de Real, Us: Getting Past You & Me to Build a More Loving Relationship (que ainda não tem tradução para o português), contou sobre estar “perdido em uma floresta escura e profunda em mim mesmo” e seus esforços de longa data para “encontrar o caminho através das árvores sombreadas até o rio de uma vida sustentável.” Segundo ele, Real foi o responsável por ajudá-lo a encontrar esse rio.

Terry Real, que trabalha em Boston, mas voa por todo o mundo para sessões com pacientes, é o fundador da Relational Life Therapy, ou RLT, uma forma radical de terapia de casais que quebra convenções de longa data. Ele descaradamente toma partido. Ele xinga e conta piadas. Ele compartilha histórias de sua própria vida ao invés de ser uma lousa em branco, como os terapeutas costumam ser. Sessões com Real são caras, cerca de US$ 1 mil por hora. Porém, o profissional é conhecido por aprofundar os problemas centrais com velocidade e precisão quase sobrenaturais, realizando em meses o que normalmente pode levar anos.

Mas você não precisa ser um magnata do bem-estar para participar de uma de suas sessões. Fiz um dos intensivos de fim de semana do Real com meu marido quando estávamos prestes a nos separar. A fala contundente e cheia de verdades de Real pode ser angustiante, e ele extraiu coisas de mim que eu nunca revelei a outro ser humano. Mas ele não apenas salvou nosso casamento, como também efetuou uma mudança profunda e permanente em nosso relacionamento. “Sou um cara de reviravolta”, diz Real. “As pessoas me procuram quando estão à beira de um desastre, quando ninguém foi capaz de ajudá-las.”

Agora praticamos o que Real chama de “viver com respeito total” – que indica que nenhuma interação deve cair abaixo do nível básico de respeito. Ele nos disse que há uma linha firme entre assertividade e agressivividade, e não devemos ultrapassá-la. Isso significava não gritar, ridicularizar, ignorar ou – o que mais irrita – desabafar, o que ele diz ser uma “estratégia perdedora” que corrói os relacionamentos e não fará com que seu parceiro mude. Se uma discussão ameaça escalar, ele indica nos perguntarmos: o que estou prestes a dizer é respeitoso? Colocar essa regra simples em prática revelou com que frequência éramos rudes um com o outro. “Estou farto de você deixar sua porcaria em todos os lugares” está a mundos de distância de “Eu gostaria que você não deixasse suas roupas no chão”. Ainda é preciso esforço diário, mas, em geral, nós o fazemos.

Real é especialista em questões de gênero, poder e trauma; seu trabalho foi descrito como "desmantelando o patriarcado", um casal de cada vez. Seu novo livro mostra como o individualismo que muitos de nós internalizamos é tóxico para nossos relacionamentos e para a sociedade, e fornece maneiras de explorar nossa interconexão. Em entrevista à Vogue, o especialista deu suas cinco melhores dicas para manter um relacionamento saudável. Olha só o bate-papo com o profissional!

V: Um dos focos da RLT ou Relational Life Therapy é ajudar as pessoas a superarem o sentimento de grandiosidade que carregam, que você chama no livro de “veneno sedutor”. Por que isso é tão importante para que os relacionamentos tenham sucesso?

TR: A grandiosidade é a sensação de estar acima das outras pessoas e desprezar as regras. O amor exige democracia. Uma coisa que eu digo no livro é que você não pode amar de cima ou de baixo. Você pode ser poderoso ou estar conectado, mas não pode ser os dois ao mesmo tempo. Digo a homens grandiosos em particular que privilégios legítimos são como uma faca que é toda feita de lâminas – ela corta a mão que a empunha.

No livro, você compara relacionamentos com uma biosfera. Como funciona essa alusão?

Sim. Nossos relacionamentos são nossa biosfera emocional. Não estamos fora deles, vivemos dentro deles e dependemos deles. E é do seu próprio interesse manter essa biosfera saudável. Você pode ter uma crise de raiva e poluir a sua própria biosfera, nesse caso, irá respirar essa poluição na troca com o par ou no clima estranho que pode surgir. Não há escapatória, estamos intimamente conectados.

Você escreveu que as pessoas perdem tempo e energia discutindo sobre qual é a verdadeira versão dos eventos em seu relacionamento, quando não há uma versão verdadeira. Como isso impacta nos atritos diários?

A resposta relacional para a pergunta “quem está certo aqui e quem está errado” é “quem se importa?” Não há lugar para a realidade objetiva nos relacionamentos pessoais. Você nunca vai pousar na única realidade verdadeira – apenas duas realidades subjetivas. Estar preocupado em descobrir qual ponto de vista é “válido” e também o que é “justo” é uma armadilha nos relacionamentos.

Quando você pensa relacionalmente, você não dá a mínima para o que é justo, e você não dá a mínima para o que é verdade. O que importa é: como vamos resolver esse problema de uma maneira que funcione para os dois? O empoderamento relacional é saber dizer “Isso é o que eu preciso de você. O que posso fazer para ajudá-lo a me dar? Vamos trabalhar juntos para que isso aconteça.” Pare de marcar pontos, pare de pensar como um indivíduo e lembre-se de que você é uma equipe.

No seu livro, você também fala que devemos estar atentos e dispostos a fornecer “ações funcionais” em um relacionamento. O que seriam essas atitudes?

Em nossa cultura individualista, nossa relação com os relacionamentos é passiva. Você recebe o que recebe e depois reclama. Este é o pior programa de modificação comportamental de que já ouvi falar. Ações disfuncionais, como dizer “eu faço todo o trabalho doméstico aqui”, são aquelas que deixam seu parceiro ou parceira paralisados. Elas encaixotam o par e não dão a direção para onde ele ou ela devem ir. Capacite o outro, dando-lhe ações funcionais que permitam que ele ou ela apareçam para você e entreguem o que você necessita. Dê ao parceiro ou parceira uma via de reparo e diga o que pode ser feito para que você se sinta melhor.

O conceito simples, mas radical, de “viver com respeito total” pregado por você mudou permanentemente o meu relacionamento com o meu marido. Por que colocá-lo em prática no dia a dia é fundamental para uma relação saudável?

O grande mestre espiritual Jiddu Krishnamurti disse uma vez que a verdadeira liberação é a liberdade de nossas próprias respostas automáticas. Não há um valor de redenção na dureza e no sofrimento. Não há nada que a dureza faça que a firmeza amorosa não faça melhor. O verdadeiro trabalho dos relacionamentos não é ocasional, nem mesmo diário: é minuto a minuto. Neste momento desencadeado agora, que caminho vou tomar? A intimidade não é uma coisa que você tem, é algo que você faz.

Fonte:https://vogue.globo.com/Wellness/noticia/2022/06/como-o-terapeuta-de-relacionamentos-favorito-de-gwyneth-paltrow-salvou-meu-casamento.html

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