PANTANAL 30 ANOS DEPOIS, APÓS 1990: O QUE MUDOU NO BIOMA 'CORAÇÃO DO BRASIL'
Gerar link
Facebook
Twitter
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Pantanal 30 anos depois,após 1990: o que mudou no bioma 'coração do Brasil'
Queimadas, secas e expansão do agronegócio, que passaram a fazer parte da realidade do bioma nas últimas décadas
Queimadas
Do ponto de vista histórico, o Pantanal sempre sofreu com incêndios consequentes de raios e outras formas naturais. No entanto, de acordo o biólogo e diretor de comunicação do SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, as intervenções do homem tornaram frequentes as queimadas que antes eram ocasionais. “Atualmente, mais de 95% dos incêndios no Pantanal são causados pela ação humana, seja ela intencional ou não”, afirma.
A seca também agravou a situação. Apesar de ser comum que o Pantanal passe por períodos de seca e de cheia ao longo do ano, os números atuais confirmam um padrão fora do normal.
“A média dos últimos 30 anos mostrou que o Pantanal está 26% mais seco. Isso é devido a vários fatores como desmatamento na Amazônia e nas bordas do Pantanal, mudanças climáticas, entre outros. Além disso, a umidade do ar caiu em 25%, a temperatura média aumentou em 2°C. Os períodos de cheia estão mais curtos e a área alagada é menor”, analisa.
Além do clima super seco e a seca histórica que a região atravessa, Gustavo destaca que o acúmulo de matéria orgânica e a falta de manejo do fogo agravam a situação, principalmente porque assuntos relacionados ao manejo do fogo não eram muito comentados, nem fiscalizados, conforme conta Gustavo.
“Agora já existe o entendimento da necessidade de ter fogo na época e lugares certos e com planejamento. Isso é importante para você controlar a matéria orgânica. Caso contrário, o mato começa a crescer e quando o fogo vem, como sempre vem, o dano é muito maior”, explica.
Segundo o especialista, queimar partes estratégicas, dentro de um plano de manejo integrado do fogo é fundamental para fazer a gestão do território. “Vários países do mundo que são referência no combate a incêndio florestal fazem esse manejo. Tem que queimar quando nos períodos em que há água suficiente e não está perigoso nem muito seco, com estratégia e fiscalização”, explica.
Ecologicamente falando, por conta das queimadas, a dinâmica populacional da região mudou. “Em 2020 foram queimados 3 milhões e 900 mil hectares do Pantanal. Isso equivale a cerca de 6% do bioma. Em 2021, foram 1 milhão e 945 mil hectares, somando um total 12,6% do bioma. Para esse ano, a previsão é que a situação do Pantanal Sul ainda seja muito complicada. É uma seca nunca antes vista. Tem pesquisador que trabalha há 40 anos no Pantanal e nunca viu o Rio Abobral das parcialmente interrompido, por exemplo”, comenta.
Comentários
Postar um comentário