CHARLIE HEBDO DIVULGA CAPA COM SÁTIRA AOS ATENTADOS EM PARIS

Charlie Hebdo divulga capa com sátira aos atentados de Paris  | Foto: Reprodução / CP


Charlie Hebdo divulga capa com sátira aos atentados de Paris


PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2016
Semanário traz homem baleado bebendo champagne
Alvo de um atentado que chocou o mundo em janeiro, a revista satírica Charlie Hebdo publicou nesta terça-feira a capa da nova edição da publicação. Sem medo e sem perder o tom de humor, a capa ironiza os terroristas responsáveis pelos atentados que atingiram Paris na última sexta-feira. 

A capa do Charlie Hebdo traz o desenho de um homem que tem o corpo com perfurações de bala, mas ao mesmo tempo bebe champagne. Os buracos mostram a bebida saindo do corpo do homem. A capa ainda traz as seguintes frases: "Eles têm as armas. Que se f..., nós temos o champagne". 

No dia sete de janeiro, 12 pessoas morreram no ataque contra o semanário. O ataque foi motivado pela publicação de uma charge do profeta Maomé. 

Mais de 40 anos de história
O equivalente na França à revista argentina "Humor" ou à espanhola "El Jueves", a Charlie Hebdo foi fundada em 1970, quando substituiu "Hara Kiri", semanário que reivindicava seu tom "estúpido e malvado", fundado por Cavanna - falecido no ano passado - e Georges Bernier.

A linha inicial era anticlerical e denunciava a ordem burguesa, mas buscava, principalmente, fazer seus leitores rirem com um humor corrosivo implacável.

Em 1970, misturando o drama de uma discoteca no qual 146 pessoas morreram com o falecimento de Charles De Gaulle, a revista intitulou "Baile trágico em Colombey (a localidade onde o general morreu): um morto". O governo proibiu imediatamente a difusão da Hara Kiri.

A redação optou, então, por uma nova fórmula editorial que combinava quadrinhos com posições parecidas com as da Hara Kiri, mas sob um novo título, Charlie Hebdo, em referência a Charlie Brown, o Charlie dos Peanuts, as famosas tirinhas americanas de Charles Schulz.


Fonte:http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/Internacional/2015/11/572222/Charlie-Hebdo-divulga-capa-com-satira-aos-atentados-de-Paris

Charlie Hebdo (EPA)
Image captionCharlie Hebdo usa escárnio e charges ácidas para expressar seu ponto de vista
O atentado desta quarta-feira foi o mais violento, mas não é o primeiro ataque contra a sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris.
Com cerca de três décadas de história, a Charlie Hebdo sempre incomodou alguns grupos ao desafiar tabus e usar o escárnio e a sátira escrachada para expressar seu ponto de vista.
Em 2011, a sede da revista foi atacada com uma bomba incendiária depois de ter publicado na capa uma charge de Maomé com a manchete "Charia Hebdo" - em referência à lei islâmica.
Em 2006, muitos muçulmanos se irritaram com o fato de a publicação ter reimpresso as charges do profeta originalmente publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Na época, a polícia teve de ser mobilizada para proteger a redação.
O editor-chefe da publicação, Stephane Charbonnier, morto no ataque, já havia recebido ameaças de morte e andava com guarda-costas há três anos.

Revolução Francesa

Segundo o correspondente da BBC em Paris, Hugh Schofield, a Charlie Hebdo é parte de uma longa tradição do jornalismo francês que remonta às publicações que satirizavam Maria Antonieta no período que precedeu a Revolução Francesa.
Essa tradição combinaria um radicalismo de esquerda com um tom provocativo, com sátiras que muitas vezes beiram o obsceno.
No século 18, essas sátiras tinham com alvo a família real.
Algumas publicações da época traziam relatos - muitas vezes ilustrados - de supostas extravagâncias sexuais e atos de corrupção dos integrantes da corte de Versalhes.
Hoje, os alvos são muitos: políticos, a polícia, os banqueiros e a religião.
Mas a imprensa satírica francesa ainda é marcada pelo mesmo espírito de insolência que no passado foi usado para colocar em xeque as estruturas do antigo regime.
Para Schofield, a decisão da Charlie Hebdo de zombar do profeta Maomé é coerente com a sua história e razão de ser.
Criada em 1969 com o nome Hara-Kiri Hebdo, a revista provocou a fúria do governo um ano depois ao ironizar a morte do ex-presidente e herói de guerra francês Charles de Gaulle, na cidade de Colombey, fazendo menção a um trágico incêndio em uma discoteca, que havia matado mais de 100 pessoas dias antes.
"Balada trágica em Colombey - um morto", anunciou.
Depois disso, a Hara-Kiri foi banida pelas autoridades francesas. Mas seus integrantes a relançaram com o novo nome.
Em 1981, a publicação da revista foi suspensa por falta de recursos e só seria retomada em 1992.

Visibilidade

Charlie Hebdo nunca teve uma grande tiragem.
O que faz com que seja tão incômoda é a visibilidade: com grandes charges coloridas e manchetes incendiárias, a revista chama a atenção em bancas de jornal e livrarias.
As charges provocativas são a marca registrada.
Entre as publicadas pela revista nos últimos anos há desde policiais segurando cabeças decepadas de imigrantes até freiras se masturbando e papas usando preservativos.
Charlie Hebdo é constantemente comparada com sua rival, mais popular, a Le Canard Enchaine.
As duas publicações procuram desafiar o status quo.
Mas enquanto a Le Canard Enchaine aposta nos furos de reportagem e na revelação de segredos guardados a sete chaves, a Charlie Hebdo lança mão do escárnio e de um humor muitas vezes polêmico.
Em algumas ocasiões as polêmicas também dividiram a equipe de jornalistas da revista.
Em um caso que teve alguma repercussão, um editor de longa data chegou a se demitir depois de uma divergência com outros editores sobre anti-semitismo.
Fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150106_perfil_revista_ru

Relembrando,o Jornal Charlie Hebdo já havia sido atacado por charge de Maomé

Semanário satirizava todas as religiões em charges.
Ataque a sede da publicação deixou 12 mortos .

Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe da revista 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe do jornal 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)
O semanário francês "Charlie Hebdo" foi alvo nesta quarta-feira (7/01/2015) de um ataque de homens armados que deixou 12 mortos - 10 funcionários do jornal e dois policiais. A publicação já havia sido atacada em 2011, após ter publicado charges do profeta do islamismo, Maomé.
Em novembro daquele ano, uma bomba incendiária foi jogada no escritório da publicação, no 11e arrondissement, em Paris. Não houve vítimas e ninguém assumiu responsabilidade pelo ataque, que aconteceu horas antes da edição do "Charlie Hebdo" chegar às bancas com uma tirinha na capa de Maomé e um balão de discurso que dizia "100 chicotadas se você não morrer de rir".
O semanário, conhecido por seu tratamento irreverente a questões políticas e figuras religiosas, trazia o título "Charia Hebdo", em referência à lei muçulmana sharia, e disse que a edição daquela semana tinha como editor convidado Maomé.
Um dia depois do ataque de 2011, o jornal reproduziu o desenho com outras caricaturas em um suplemento especial distribuído junto com um dos principais jornais do país. A "Charlie Hebdo" defendeu 'a liberdade de tirar sarro' no suplemento de quatro páginas que foi embrulhado em volta das cópias do jornal diário de esquerda "Liberatión".
Em 2006, muitos muçulmanos se irritaram com o fato de a publicação ter reimpresso as charges do profeta originalmente publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Na época, a polícia teve de ser mobilizada para proteger a redação.
Segundo a BBC, o editor-chefe da publicação, Stephane Charbonnier, morto no ataque, já havia recebido ameaças de morte e andava com guarda-costas há três anos.
Capa da "Charlie Hebdo" em 2011 com a sátira ao profeta Maomé (Foto: AFP)Capa da 'Charlie Hebdo' em 2011 com a sátira ao profeta Maomé (Foto: AFP)
A Charlie Hebdo foi fundada em 1970, quando substituiu 'Hara Kiri', semanário que reivindicava seu tom 'estúpido e malvado', fundado por Cavanna - falecido no ano passado - e Georges Bernier.
A linha inicial era anticlerical e denunciava a ordem burguesa, mas buscava, principalmente, fazer seus leitores rirem com um humor corrosivo implacável.
Em 1970, misturando o drama de uma discoteca no qual 146 pessoas morreram com o falecimento de Charles De Gaulle, o jornal intitulou 'Baile trágico em Colombey (a localidade onde o general morreu): um morto'. O governo proibiu imediatamente a difusão da Hara Kiri.
A redação optou, então, por uma nova fórmula editorial que combinava quadrinhos com posições parecidas com as da Hara Kiri, mas sob um novo título, Charlie Hebdo, em referência a Charlie Brown, o Charlie dos Peanuts, as famosas tirinhas americanas de Charles Schulz.
O editor e cartunista da revista 'Charlie Hebdo' Stephane Charbonnier (conhecido como Charb) é visto em foto de dezembro de 2012 ao apresentar sua nova tira de quadrinhos intitulada 'A vida de Maomé', em Paris (Foto: François Guillot/AFP)O editor e cartunista do 'Charlie Hebdo' Stephane Charbonnier (conhecido como Charb) é visto em foto de dezembro de 2012 ao apresentar sua nova tira de quadrinhos intitulada 'A vida de Maomé', em Paris (Foto: François Guillot/AFP)
Em sua longa história choveram julgamentos por difamação. Os processos da Igreja, de empresários, ministros ou famosos que eram alvo permanente de suas sátiras acabaram derrubando uma publicação que em 1981, ano da eleição do socialista François Mitterrand, havia perdido muitos leitores.
Passaram-se 11 anos antes que Charlie Hebdo voltasse a ser publicado, em 1992. Desde então, o jornal abriu suas colunas aos melhores cartunistas irreverentes da França, de Wolinski a Cabu, ambos mortos no atentado.
O número de 2006 que havia reproduzido as caricaturas da imprensa dinamarquesa alcançou um recorde de vendas de 400.000 exemplares. Até o dia do atentado, o jornal, que passava por dificuldades financeiras, publicava semanalmente cerca de 30.000 exemplares.
Direito de zombar
"Pensamos que as linhas haviam mudado e que talvez houvesse mais respeito pelo nosso trabalho de sátira, nosso direito de zombar. A liberdade de dar uma boa risada é tão importante quanto a liberdade de expressão", afirmou na época o editor do Hebdo, Stephane Charbonnier, no suplemento do "Liberatión".
Editor da Charlie Hebdo mostra desenho polêmico em ataque em 2011 (Foto: Alexander Klein/AFP)Editor da Charlie Hebdo mostra desenho polêmico em ataque em 2011 (Foto: Alexander Klein/AFP)
O jornal publicou charges com o profeta em outras ocasiões, inclusive alguns em que era representado em poses pornográficas, segundo o jornal britânico "The Guardian", que também cita um cartoon com referência ao grupo jihadista Estado Islâmico. No desenho, publicado em outubro, um militante jihadista mascarado aparece cortando a garganta de um homem ajoelhado, que diz "Eu sou o profeta, seu bruto". O decapitador responde: "Cale a sua boca, seu infiel".

Muitos muçulmanos acreditam que qualquer representação de Maomé é ofensiva. Em 2005, a publicação de charges de Maomé em um jornal dinamarquês provocou revolta no mundo muçulmano, na qual pelo menos 50 pessoas foram mortas.
A França tem a maior comunidade muçulmana da Europa, com cerca de cinco milhões em uma população total de 65 milhões. O país tem uma profunda tradição de secularismo oficial e neste ano adotou uma proibição às mulheres vestindo véus que cobriam o rosto em público, que está sendo contestada no tribunal.
Com AFP
Fonte:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01/revista-charlie-hebdo-ja-havia-sido-atacada-por-charge-de-maome.html

Charlie Hebdo divulga capa com sátira aos atentados de Paris  | Foto: Reprodução / CP

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