O conflito épico entre
Merlin o Mago e Mordred, o filho vilão do Rei Artur, reaparece das brumas do
tempo, transposto para a arena da nossa época de guerras, poluições e ódio.
Deepak Chopra em sua estreia ficcional, atualiza a saga da Távola Redonda
para atingir profundamente seus milhões de leitores em todo o Mundo como uma
mensagem inspiradora. Tal como cada indivíduo guarda em si o poder de curar
espontaneamente o seu corpo, nosso inconsciente coletivo tem o poder de
revivificar conceitos como cavalheirismo e honra. O ponto de partida para
essa Nova Era está no abandono das práticas vulgares e objetivos triviais. E
na restauração da MAGIA como centro das nossas vidas.
Pobres daqueles que não acreditam em contos de fadas... pois contêm tantas verdades. Caros leitores, abaixo deixo um pequeno mas relevante excerto desse livro maravilhoso, cujo pdf pode ser encontrado na internet, seguido de um pequeno vídeo, vídeo esse que nos mostra que existe sempre um ponto de partida, neste caso, uma pequena nuvem. Nada como experimentar. Finalmente uma explicação do Mito do Rei Artur e a Távola Redonda.
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Merlim estava
esquentando o assunto, e quando fazia isso um matiz de tristeza coloria com
frequência sua voz. — Por que os aldeões nos temem? Por que sou
amaldiçoado por padres burros e fanáticos em nome do Todo poderoso? Porque o
que os homens mais temem é o desmoronar da ilusão. São capazes de ir a
qualquer extremo para não acreditar na verdade. E o que é a verdade? O mago
estendeu a palma de sua mão, línguas de fogo azulada emanaram dela. — Luz! É
tudo luz. —
O menino ficou espantado. O rosto de Merlim era uma máscara de concentração
total. — A luz é tudo, e a luz só contém uma coisa: a vida eterna. Não pode
ser criada ou destruída. O mago não teme andar na sombra, na realidade
precisa fazê-lo porque é aí que morrem as ilusões. — Os padres alegam que
trabalha com as sombras. — Nós trabalhamos é com a eternidade. O mago olha a
sua volta e encontra o eterno em todas as direções. Sua única opção é o que
fazer com ele. A luz é algo com que se brinca e modela, é a alegria de nossa
existência. Também constitui uma alegria passar pela ilusão e encontrar a
fonte do trabalho criador. — Como podem os mortais aprender isso? — Já o
fazem, só que não sabem. A ilusão foi criada por eles e agora acreditam nela
em demasia.
Utilizam seu poder para criar uma encenação de nascimento e morte, de alegria e dor. Não os culpe, é a dança deles. Na realidade, as sombras não têm mais poder do que eles lhes emprestam. — Merlim pôs seu rosto bem perto do rosto do garoto. — Vou lhe contar um segredo para derrotar o mal. Você é o mal. Quando você consegue enfrentar isso, todos os monstros se dissolvem na névoa. — Inclusive dragões? — Sim. Eu lhe disse que os mortais se recusam a ver de onde vêm os dragões. Todos os monstros moram num lugar escuro onde os mortais enfiam seus medos, sua vergonha e culpa. É um armário lamentavelmente pequeno e suficientemente escuro para caber isso tudo e, conforme a necessidade, pulam dele coisas que vão espalhar o terror.— Mas os dragões matam as pessoas. Isso não é real?
Merlim encolheu os ombros. — Ninguém acreditaria nas ilusões se elas fossem
baratas. Se você encontrar um dragão, ficará espantado com sua aparência
crível. — Sua voz era agora divertida e simpática. — Eu mal poderia fazer um
serviço melhor. — Ele estendeu sua mão, deixando o garoto contemplar por um
momento a chama azul que dançava sobre sua palma, antes que ela começasse a
falhar e se extinguisse. Ao voltar a si na entrada do labirinto, Artur olhou
para a mancha azul na sua palma, que parecia brilhar. — Nós não podemos ser
eternamente enganados — disse ele em voz alta. Os outros olharam para ele,
perplexos, mas sem dar outra palavra, ele se encaminhou para o labirinto.
Depois de um momento de hesitação, os outros formaram uma fila desigual e o
seguiram. Logo estavam de volta no alto da escada. A ameaça os envolvia como
uma neblina.(...)
Mostre-me a espada,
pensou Artur desesperado. Atendendo-o, Edgerton deu um passo à frente e
ergueu Excalibur. Artur esperava um sinal. Nenhum veio. A mão em sua garganta
tornou-se duplamente poderosa, com mais força do que o próprio Joey jamais
poderia ter, e Artur percebeu que Mordred comandava o jogo. Merlim se
continha, haveria sempre de se conter. Não desprezara ele o jogo como uma
ilusão o tempo todo? O corpo de Artur lutava contra a morte, resistindo
desesperadamente à capitulação. Olhou para sua querida Excalibur. Mate meus
dragões — rezou ele. — Ou se for eu o dragão, mate-me. — Sabia estar
correndo um tremendo risco, pois havia bastantes dragões nas pessoas para que
o mundo continuasse a sofrer durante mais dez milênios. E no entanto,
sabia ser essa também a única saída.(...)
— Vocês não têm muita razão em dizer que o
Mestre é mais fraco nesta época, não importa quão escura ela seja — disse
Melquior. — Ele simplesmente não foi reconhecido. Mordred vem acumulando o
máximo de poder possível para que o tempo não o desgaste. O Mestre sabia que
o futuro não poderia ter salvação se seu poder não estivesse em todos.
Sozinhos, vocês teriam permanecido vítimas de Mordred, mas juntos podem
arrebatar o mundo das mãos dele.
— Como? — Cada ocorrência é como um novo fio tecido na teia do tempo, e
esses fios vêm de vocês. — O aprendiz colocou um dedo contra o peito de
Derek. — Não existe nada lá fora que não tenha sido sonhado primeiro cá
dentro. Mordred ditou as linhas de ocorrências que vocês chamam de realidade,
mas ainda restam infinitas possibilidades. Recuperem seu poder; ninguém pode
sonhar um mundo de amor e paz, a não ser vocês.(...)
"A corte dos milagres" andou fugindo
de você, Mordred, esse tempo todo, e isso foi o erro deles. Você tinha a
iniciativa da caçada e enquanto eles corriam, perdiam o xis da questão. Este
jogo não foi sobre uma espada, ou uma pedra, nem mesmo sobre um copo, não
é? Mordred deu uma gargalhada. — Excelente. — Que bom que
ache. Agora você pode dizer o que deseja de nós. — Mordred
exclamou — Não tenho certeza se todos vocês compreenderão. Pouca
gente me compreende, sabe? — A voz de Mordred ficou empolada,
como um ator se esquentando para um monólogo. — Toda esta questão não envolve
mortais, nunca envolveu. Vocês são como camundongos nos lambris, sempre
apreensivos, mas sem sequer reparar que a casa pertence a outra pessoa.
— Aos magos? Aos que contém um nome? — Digamos que existam seres que levantem o véu das aparências e descubram que a realidade não é aquilo que aparenta. Já pensou o que este mundo realmente é? Eu já. Para todo lugar que olho, vejo reflexos de mim mesmo. — Merlim me ensinou mais ou menos a mesma coisa na caverna de cristal. “Olhe para o espelho do mundo e verá você mesmo.” Mas isso propicia uma grande tentação, não é? de manipular as coisas egoisticamente, para seus fins. — Tentação? Eu diria que se trata de uma oportunidade madura. Que benefícios teria o mundo em ser apenas eu, se também não fosse meu? — Por isso buscou o poder, e precisava da "corte dos milagres" para testar os limites do seu poder. — Como diria? Vocês eram meus companheiros de esgrima. — Entretanto, o jogo não lhe tem favorecido sempre. O tempo está começando a acertar contas com você, e o mundo que tem controlado com tanto sucesso está escapando de seu controle, de maneira lenta porém segura. Mordred franziu a testa. — Nada está saindo de meu controle. Ignorando-o, Artur prosseguiu. — De repente você começa a temer o futuro. Chegará o dia, em que você percebe, quando será confinado a um corpo mortal, e aí não será melhor que os demais mortais, a não ser por sua pretensão à maldade. Só que não poderá mais pô-la em prática, não da mesma maneira. Artur aproximou mais seu rosto do de Mordred — Como é se sentir sumindo? Deve ter sido danado de difícil descobrir o que fazer. O tempo ia lhe reduzir a pó. E aí você percebeu que não podia acontecer. Você estava se encaminhando para a morte, mas devido ao fato de os magos viverem de diante para trás no tempo, a morte seria também seu renascimento. Em vez de chegar ao fim, o tempo se curvaria para o passado, levando-o junto. Bravo, foi uma dedução brilhante, e tudo que você precisava fazer era manter os mortais distraídos de modo a não descobrirem como você se tornara realmente fraco!
A explicação do Mito
Por Raymundo de Burlet
Nele reside o mito gaélico, oriundo dos mais remotos mitos atlantes, espalhados entre os nórdicos do País de Gales e da Bretanha, e os sacerdotes de Tanit e Osíris na África, muito antes que atingissem a Ásia, muito antes de abismar-se no oceano a última ilha do país de Mu, a Poseidonis platônica desaparecendo com ela os segredos da Antiga Revelação. Esse mito da progressiva edificação do “Eu” emanado da Mônada Única, nos leva para o terceiro círculo da necessidade, o de Gwenved. Nele somente poderá ser adquirida a memória de cada estado das vidas anteriores. É o alvo da redenção através da escala infinita das existências. É a radiante entrada no círculo da alvura, da Luz Primordial – a Luz Branca do bardo tibetano, sobre a qual reina Amitaba – a alma reúne-se ao seu “gênio” primordial awen, o Amor primitivo, a memória inicial, e funde-se novamente na alma universal, em Ishvara, como diriam os Hindus.
Voltando a nosso assunto veremos que toda sabedoria druídica é
condicionada pelo sacrifício e pela livre escolha.
O círculo Gwenve foi, nas mitologias antigas, simbolizado pelos continentes hiperbóreos. O Rei Arthus não é mais do que a Estrela Polar, a Ursa, conforme a raiz gaélica arth, urso, (em grego, arkto, com o mesmo significado) e simboliza o círculo esotérico da alvura a ser conquistada. Atingir Gwenved, é o sentido oculto das grandes epopéias – Os Cavaleiros da Mesa Redonda, Merlin, o Mago, os romances do Graal, da Rosa, Tristan e mais tarde Dante, proclamam a redenção pela morte. De passagem, digamos que o Gênio de Wagner conseguiu, no espírito de muitos, reduzir essas lendas a uma origem meramente germânica, enquanto que todas elas foram genuinamente gaélicas, isto é, irlandesas e bretãs, antes de serem escandinavas. Podemos então resumir esta elevada filosofia da seguinte maneira: para se tornar vencedor do mal e do princípio da destruição, o “Eu” deve atravessar as três necessidades primordiais. No círculo de Abred há três obrigações: (sofrer – den A necessidade – ank (renovar-se – retz (escolher – goulou ankou – A morte Transgredir a Lei; não pode ser diferentemente libertar-se do mal pela morte, ou aumentar a bondade pelo afastamento do mal. Para consegui-lo deve-se adquirir: Ciência — Amor — Potência E somente depois serão encontrados no círculo de Gwenved os três estados do espírito puro: Sem mal — Sem desejo — Sem fim A ciência está contida na compreensão da natureza das coisas, das causas relativas e da ação. A este preço adquire-se o decrescimento do mal e a vitória sobre a morte. Em resumo, a aquisição da Ciência Verdadeira. Dessa maneira no Universo três coisas vão se desenvolvendo sempre: A Força ou a Luz A Consciência ou a Verdade A Alma ou a Vida Consciente Enquanto que três outras vão decrescendo concomitantemente: As trevas, pelo amor; A mentira, pela consciência reta; A morte, pela Justiça ideal. Tanto mais elevada se torna uma filosofia quanto mais baseada estiver na evolução das mônadas, que não podem exercer o esforço consciente antes de chegarem ao estado humano, visto tudo depender da livre escolha, através de vidas sucessivas cujos esforços se somam para, finalmente, chegar a reconhecer no círculo de Gwenved: a significação de cada uma delas e fundir-se na alma Universal sem perder a indestrutível personalidade adquirida pelo esforço. De todas as provas, inclusive e sobretudo a do Amor, como nos lembram as canções da Mesa Redonda, há de sair-se vitorioso: a imortalidade tem que ser conquistada e a personalidade indestrutível, dentro dos limites deste círculo, constitui o prêmio do esforço despendido como canta o bardo na epopéia de Taliesin: “Foi designado por Math, a Natureza, antes de se tornar Imortal”. Fonte: Dhâranâ n.º 103 - de Janeiro a Março de 1940 – ANO XII - excertos do tema; Pitágoras e os Druidas |
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