SOBRE “ALMAS
GÊMEAS”:
Teo, ao contrário
do que se pensa e veicula, não são seres que nasceram um para o outro,
destinados a complementarem-se como se fossem metades imperfeitas de um todo,
que só é pleno e perfeito quando formado pelas partes separadas. Pertencemos
todos, sem exceção, a uma mesma e vastíssima Família Espiritual, que se estende
desde o nosso planeta, sistema solar, setor galáctico, intergaláctico, neste e nos
demais universos existentes e ainda por vir, em numerosos graus de evolução,
planos dimensionais sequer imaginados.
O significado da expressão “Almas
Gêmeas”, do modo como entendemos e aceitamos – e refiro-me ainda mais aos povos
ocidentais ou ocidentalizados – traduz-se na existência de criaturas afetiva e
fisicamente acorrentadas uma na outra, como Almas Algemadas, que conseguem
alcançar a Felicidade – ou a idéia imperfeita de Felicidade – quando e somente
juntas estão. A teoria das almas-metade simboliza a união de dois seres
simpáticos entre si mas, tal expressão não encerra a exata idéia do amor e da
afinidade entre os espíritos. Por sermos, ainda, homens imperfeitos a esfera de
nossas idéias é, necessariamente, limitada ao vão entendimento que já temos
desenvolvido e, não raro, costumamos tomar o todo por suas partes.
Se partimos das premissas de que todo
homem é um espírito e de que todo espírito vive sucessivas existências numa
roda de reencarnações¹, passamos a ter como natural, por exemplo, a idéia de
que dois espíritos afeiçoados um ao outro na presente existência pelas linhas
indivisíveis do amor e que guardam afinidades entre si, puderam, em vidas
passadas, ter-se conhecido sob as mais diversas circunstâncias e que, com o
tempo e crescimento espiritual de cada um, desenvolveram uma relação de íntimo
bem-estar.
Esses dois seres, mesmo não se
reconhecendo, atraem-se um para o outro, pelos laços invisíveis do magnetismo
pulsante em todo o universo e nas criaturas que as ligam umas nas outras
segundo as suas necessidades espirituais, sob a regência das Leis de Causa e
Efeito – a Lei Kharmica – e de Evolução Progressiva, e dos princípios cósmicos
da Vibração, do Ritmo e da Polaridade que permeiam cada coisa criada,
interligando-as. Importante notar, que não apenas os espíritos simpáticos
atraem-se mas, aqueles que se repelem, por um motivo ou por outro. Isto porque,
de acordo com as necessidades espirituais de aprendizado e sublimação, que
envolvem desde o resgate expiatório de débitos cármicos, as provações de todos
os gêneros, até as missões propriamente ditas, os seres, encarnados e
desencarnados, atraem-se mutuamente num meio onde nada, absolutamente nada é
por acaso, e onde tudo possui uma lógica matematicamente estilizada de ser e de
estar.
A ordem natural da vida determina que
todos os espíritos, por terem a mesma natureza e partirem de um mesma e única
fonte geradora, tendem à perfeição e à união entre si por amor e no amor. Os
espíritos perfeitos, pertencentes às esferas superiores de graus diferenciados
de perfeição, vivem em total simpatia e afinidade uns com os outros. São todos
“almas-gêmeas”, no sentido de que já alcançaram um degrau na escala evolutiva
que os permite viver o amor tal como é e não como lhes parece, como assim o
fazemos, nós que ainda sobrevivemos de melindres e subterfúgios carnais que nos
levam a não vivenciar o amor em toda a sua essência e confundimos, na maioria
das vezes, o ato de amar com o apego.
As almas, ou seja, os espíritos
encarnados, não estão predestinadas a unirem-se fatalmente, por todo o sempre e
na eternidade, como se pensa, erroneamente, ao se tratar da idéia de
“almas-gêmeas”. O enlace conjugal de um homem e uma mulher na presente vida não
significa, necessariamente, que ambos irão permanecer unidos nas próximas
encarnações como consortes. Por outro lado, pessoas que se amam hoje poderiam
ter sido inimigas vorazes em outras épocas ou antipáticas entre si. Ontem
casados, hoje irmãos consanguíneos. No passado duelistas ligados pelo ódio e
pela vingança, no presente companheiros fiéis no serviço ao próximo.
Consideremos, pois, as Leis do Kharma – Causa e Efeito – e do Dharma – Perdão e
Reconciliação – em cuja eira todos nós estamos.
Realidade promissora, no entanto, é a
de que os espíritos que hoje não são simpáticos entre si, reforçando o que foi
dito acima, serão simpáticos mais tarde pela evolução moral-intelectual de cada
um.
Desse modo, a idéia primitivista de
alma-gêmea que une dois seres carentes que tendem a apegar-se um ao outro e
depender afetivamente, cede lugar à idéia das almas simpáticas entre si ou
afins, que dispõem-se a aperfeiçoar-se, cada uma em seu caminho e ritmo
próprio, amigas, irmãs e companheiras – sem necessariamente contraírem
matrimônio -, abraçando mais o que está entre elas, a uni-las, do que a si
mesmas. O que permanece no meio delas não é o ego de sua inquietação pessoal,
mas sim o elo e fio condutor que as leva a um mesmo fim: o amor.
“Vocês nasceram juntos, e juntos
ficarão para todo o sempre. Ficarão juntos quando as asas brancas da morte
decretarem o fim de seus dias. Sim, permanecerão juntos até mesmo na silente
memória de Deus. Mas que haja espaço em meio a sua união, e o que os ventos
celestiais dancem entre vocês. Amem uns aos outros, mas não façam do amor um
grilhão; Que ele seja, sim, o balanço do mar entre as praias de suas almas.
Encham a taça uns dos outros, mas não bebam da mesma taça. Repartam o pão uns
com os outros, mas não comam do mesmo pedaço. Cantem e dancem juntos e sejam
alegres, mas permitam que cada um também seja sozinho. Assim como estão
isoladas as cordas de um alaúde, embora vibrem a mesma música. Deem seus
corações, mas não à guarda uns dos outros. Pois só as mãos da própria Vida
podem conter seus corações. E fiquem lado a lado, mas não próximos demais uns
dos outros: Pois os pilares do templo ficam afastados, e o carvalho e o
cipreste não crescem à sombra um do outro.” – Do livro “O Profeta”, “Sobre o
Casamento” -
O amor transforma, pois é naturalmente
transformador. Não possui amarras ou quem lhe detenha o título de dono e senhor
mas, é soberanemente possuidor. Se a Verdade é o fim, certamente o amor é o
meio.
O amor basta-se a si mesmo.
Portanto, amados, independentemente das
relações humanas a que nos sujeitamos, permita-nos tocar pela chama da
transformação. Aperfeiçoemo-nos. Independamos, ainda que necessitemos.
Necessitar sim, depender nunca. Saibamos que o amigo, o ser amado, o amante, o
companheiro, o esposo, o irmão não podem complementar algo que já queda
completo mas, adormecido. Podemos nós, em nosso máximo, amarmos uns aos outros
mas não tornamos um ao outro feliz. Lembremo-nos: amar implica vivenciar
responsabilidades universais cada vez mais distantes da primeira casa psíquica:
o ego.
________________
¹ O dogma ou doutrina da Reencarnação
não é, como muitos pensam, um conceito novo. Sábios e Mestres antigos, como os
filósofos indianos e egípcios, Sidarta Gautama – o Buda, Pitágoras, Sócrates e
seu discípulo Platão, e, finalmente, Jesus são alguns exemplos de pessoas que
consolidaram sua visão de futuro assentados sobre a pluralidade das existências
e o progresso espiritual graças a reencarnação. A Teoria da Metempsicose, ou
trasmigração das almas de um corpo a outro, era, pois, uma crença comum
admitida pelos homens mais eminentes de seu tempo – ainda que esse tempo não
seja, sequer, catalogado pela História, tão imemorial que chega a ser.
Segundo o Espiritismo, as ciências
espiritualistas, teosóficas, e alguns dos muitos tratados ocultistas, a
doutrina da pluralidade das existências corporais remonta o pensamento que
nascera nas primeiras idades do mundo, e que se conservou até os nossos dias na
intuição de muitas pessoas.
A doutrina da Reencarnação é, pois,
aquela que admite para o homem várias existências sucessivas, por meio das
quais os erros podem ser resgatados através de novos aprendizados e provas, até
a sua ascensão espiritual aos planos superiores de existência, pondo um fim no
processo reencarnatório. O objetivo da Reencarnação é o crescente evoluir do
Espírito, o qual nasce simples e ignorante mas que arquetipicamente é perfeito.
Seu destino final é, pois, a Perfeição. E assim, num ciclo finito, o homem
terrestre encarna, existência após existência, visando resgatar os erros
cometidos em encarnações precedentes, por meio de provas e expiações, ao passo
em vai tendo o seu intelecto, a sua moral, os seus sentimentos, a sua
personalidade, o seu caráter, enfim, desenvolvidos e aperfeiçoados até alcançar
a sua plenitude.
Paz, Luz, Amor e Harmonia, amados!
Abençoados sejam!
Abençoados são!
Abençoados são!
Fraternalmente, Lu.
Fonte:http://www.imagick.com.br/?p=15710
Comentários
Postar um comentário