O “CORPO DA DOR”, DE ECKHART TOLLE


O “CORPO DA DOR”, DE ECKHART TOLLE: O SOFRIMENTO PRESENTE QUE VEM DAS IDENTIFICAÇÕES COM SOFRIMENTOS PASSADOS


Apesar da identificação ser o problema, a solução não é fácil, pois depende do grau de identificação e de quanto tempo ela está em vigor. Em um trecho do livro citado, Tolle diz o seguinte:
“Toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada nem considerada pelo que ela é no momento em que se manifesta não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.”
Eckhart Tolle, em “Um Novo Mundo – O Despertar de Uma Nova Consciência” (pg. 126)
Como as dores da vida começam a ser vividas desde quando começamos a viver, e na infância já começam a ser manipuladas, assim, quanto menos forem enfrentadas, mais o corpo de dor cresce e persiste. Eckhart diz que “as sobras de dor deixadas para trás a cada forte emoção negativa que não é enfrentada, aceita e depois abandonada de forma plena, juntam-se formando um campo energético que vive em cada uma das células do corpo. Elas incluem não só os sofrimentos da infância como as emoções dolorosas que se agregam a eles depois, na adolescência e durante a vida adulta”. O corpo de dor se torna, assim, uma entidade semi-autônoma, na definição do autor, e se alimenta de infelicidade.
É importante ler mais sobre isso porque chamar essa situação (?) de “corpo de dor” pode ser um pouco inexato. Esse corpo não é algo assim tão fora, é um campo que se formou e que se mistura energeticamente ao nosso organismo, e sem que continuemos lhe alimentando, se extingue. Como chegou a ser impresso nas células, como diz Eckhart, pode não ser facilmente extinto por decreto. É um fenômeno que se alimenta de inconsciência e que, portanto, precisa ser alvo da luz da consciência, e também da postura de não-identificação.
Esse é um assunto enorme, que envolve praticamente todas as formas de terapia e também, direta ou indiretamente, assabedorias espirituais de todas as origens. Conhecer a si mesmo envolve, afinal, saber também quem e o que não somos. Em posts posteriores quero continuar desenvolvendo esse tema, inclusive com outros esclarecimentos do próprio Eckhart.
Segue o vídeo (4min) onde Tolle fala sobre “o corpo de dor“, apenas uma das diversas oportunidades onde ele fala sobre o tema, aqui traduzido e dublado pelo usuário “Eu sou”, do YouTube, a quem agradecemos. Abaixo do vídeo está a transcrição, feito por este blog.

TRANSCRIÇÃO:

“Quando o corpo de dor desperta, de repente seu pensamento se torna bastante negativo. Todo pensamento vai dizer alguma coisa negativa sobre vocês mesmo, ou sobre o mundo, ou sobre outras pessoas, ou sobre o local onde você mora, qualquer coisa… mas é sempre negativo, é sempre horrível, minha vida é horrível, as pessoas são todas horríveis, ou talvez foquem em uma pessoa que uma vez esteve em sua vida, que apenas conhecer aquela pessoa estragou o resto da sua vida. Minha ex-mulher, meu ex-marido, quem quer que seja, minha mãe, meu pai, o que eles fizeram comigo… Eu não estou dizendo que as pessoas não fazem coisas horríveis com outros humanos, sim elas fazem, mas o resíduo emocional deixado por algo horrível que alguém fez pra você uma vez e a memória deixada por alguma coisa horrível que alguém alguma vez fez contra você, isso vai determinar quem você sente e acha que você é?
Isso vai se tornar a base da sua identidade? Do seu sentido de eu?
Você quer dar tanto poder para uma pessoa inconsciente que anos atrás estava na sua vida?
Quer dar poder à inconsciência, e transformar a memória da dor, e o sentimento da dor emocional, em parte do que você é?
Isso é horrível. E ainda assim várias pessoas estão tão identificadas com a dor emocional que elas sentem que elas não querem deixar passar. Elas sentem que isso é o que elas são, elas falam sobre isso e dizem até que ‘eu sou um sobrevivente’ disso ou daquilo. É maravilhoso que você tenha sobrevivido a essa coisa horrível que aconteceu na sua infância, mas criar uma identidade pra você a partir disso? Isso limita você enormemente. É uma limitação horrível. Pelo resto da sua vida você é um sobrevivente de um abuso físico? Você se transforma em algo muito pequeno e diz ‘essa é a minha identidade’. E o ressentimento ou a mágoa e a dor fica como uma forma-pensamento na sua cabeça que precisa ser revivida periodicamente, você precisa pensar naquilo que alguém fez contra você uma vez pra você sentir a emoção antiga correspondente. Então algumas pessoas se identificam tanto com algumas formas-pensamento antigas, velhas, e essa forma-pensamento nela mesmo tem um ‘eu’, ‘eu sou aquele pensamento’, ‘eu sou aquela dor’, ‘eu sou aquela mágoa, aquele ressentimento’. E aquele ressentimento é uma parte essencial do ego. Então alguns egos não consistem de várias coisas diferentes com as quais se identificam, alguns egos são 80% de um pedaço de memória ou emoção, uma grande mágoa que se apegou à sua mente, que ficou presa na sua mente e quer ficar lá pro resto da sua vida.
E todos nós conhecemos pessoas desse tipo que… Se você ver isso em você mesmo talvez não seja, alguns de vocês talvez tenham um pouco disso, estou apenas descrevendo as formas mais extremas que também são comuns”.
ECKHART TOLLE

Fonte:http://dharmalog.com/2015/01/12/corpo-da-dor-identificacoes-pensamentos-negativos-eckhart-tolle/

O Corpo de Dor



“No caso da maioria das pessoas, quase todos os pensamentos costumam ser involuntários, automáticos e repetitivos. Não são mais do que uma espécie de estática mental e não satisfazem nenhum propósito verdadeiro. Num sentido estrito, não pensamos -o pensamento acontece em nós. 

“Eu penso” é uma afirmação simplesmente tão falsa quanto “eu faço a digestão” ou “eu faço meu sangue circular”. A digestão acontece, a circulação acontece, o pensamento acontece. 

A voz na nossa cabeça tem vida própria. A maioria de nós está à mercê dela; as pessoas vivem possuídas pelo pensamento, pela mente. E, uma vez que a mente é condicionada pelo passado, então somos forçados a reinterpretá-lo sem parar. O termo oriental para isso écarma. 

O ego não é apenas a mente não observada, a voz na cabeça que finge ser nós, mas também as emoções não observadas que constituem as reações do corpo ao que essa voz diz. 

A voz na cabeça conta ao corpo uma história em que ele acredita e à qual reage. Essas reações são as emoções. 

A voz do ego perturba continuamente o estado natural de bem-estar do ser. Quase todo corpo humano se encontra sob grande tensão e estresse, mas não porque esteja sendo ameaçado por algum fator externo - a ameaça vem da mente . 

O que é uma emoção negativa? 

É aquela que é tóxica para o corpo e interfere no seu equilíbrio e funcionamento harmonioso. 

Medo, ansiedade, raiva, ressentimento, tristeza, rancor ou desgosto intenso, ciúme, inveja - tudo isso perturba o fluxo da energia pelo corpo, afeta o coração, o sistema imunológico, a digestão, a produção de hormônios , e assim por diante. 

Até mesmo a medicina tradicional, que ainda sabe muito pouco sobre como o ego funciona, está começando a reconhecer a ligação entre os estados emocionais negativos e as doenças físicas. 

Uma emoção que prejudica nosso corpo também contamina as pessoas com quem temos contato e, indiretamente, por um processo de reação em cadeia, um incontável número de indivíduos com quem nunca nos encontramos. Existe um termo genérico para todas as emoções negativas: infelicidade. 

Por causa da tendência humana de perpetuar emoções antigas, quase todo mundo carrega no seu campo energético um acúmulo de antigas dores emocionais, que chamamos de“corpo de dor”. 

O “corpo de dor” não consegue digerir um pensamento feliz.Ele só tem capacidade para consumir os pensamentos negativos porque apenas esses são compatíveis com seu próprio campo de energia. 

Não é que sejamos incapazes de deter o turbilhão de pensamentos negativos - o mais provável é que nos falte vontade de interromper seu curso. Isso acontece porque, nesse ponto, o “corpo de dor” está vivendo por nosso intermédio, fingindo ser nós. E, para ele, a dor é prazer. Ele devora ansiosamente todos os pensamentos negativos. 

Nos relacionamentos íntimos, os “corpos de dor” costumam ser espertos o bastante para permanecer discretos até que as duas pessoas comecem a viver juntas e, de preferência, assinem um contrato comprometendo-se a ficar unidas pelo resto da vida. 

Nós não nos casamos apenas com uma mulher ou com um homem, também nos casamos com o “corpo de dor” dessa pessoa . 

Pode ser um verdadeiro choque quando - talvez não muito tempo depois de começarmos a viver sob o mesmo teto ou após a lua-de-mel – vemos que nosso parceiro ou nossa parceira está exibindo uma personalidade totalmente diferente. Sua voz se torna mais áspera ou aguda quando nos acusa, nos culpa ou grita conosco, em geral por uma questão de menor importância. 

A essa altura, podemos nos perguntar se essa é a verdadeira face daquela pessoa – a que nunca tínhamos visto antes - e se cometemos um grande erro quando a escolhemos como companheira. Na realidade, essa não é sua face genuína,apenas o “corpo de dor” que assumiu temporariamente o controle. 

Seria difícil encontrar um parceiro ou uma parceira que não carregasse um “corpo de dor”, no entanto seria sensato escolher alguém que não tivesse um “corpo de dor” tão denso. 

O começo da nossa libertação do “corpo de dor” está primeiramente na compreensão de que o temos. 

É nossa presença consciente que rompe a identificação com o “corpo de dor”. Quando não nos identificamos mais com ele, o “corpo de dor” torna-se incapaz de controlar nossos pensamentos e, assim, não consegue se renovar, pois deixa de se alimentar deles. Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente . 

No entanto, assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. 

A energia que estava presa no “corpo de dor” muda sua freqüência vibracional e é convertida em “Presença”.”


A LIBERTAÇÃO DO CORPO DE DOR
Por Eckhart Tolle 

 

Uma pergunta que as pessoas costumam fazer é: "De quanto tempo precisamos para nos libertar do corpo de dor?". 

Evidentemente, isso depende tanto da densidade do corpo de dor quanto do grau, ou da intensidade, da presença manifestada em cada um de nós.

No entanto, não é o corpo de dor, e sim a identificação com ele que causa o sofrimento que infligimos a nós mesmos e aos outros. É essa identificação que nos leva a reviver o passado vezes sem conta e nos mantém no estado de inconsciência.

Assim, uma pergunta mais importante a se fazer seria esta:"De quanto tempo necessitamos para nos libertar da identificação com o corpo de dor?"

A resposta a esta pergunta é: não demora tempo nenhum.

Sempre que o corpo de dor estiver em atividade, temos que estar cientes de que o que estamos sentindo é o corpo de dor em nós. Esse conhecimento é tudo de que precisamos para interromper a identificação com ele. E, quando essa identificação cessa, a transmutação tem inicio .

O conhecimento impede que as emoções antigas surjam na nossa cabeça e controlem não só o diálogo interior como tambem nossas ações e interações com as pessoas. Assim, o corpo de dor não conseguirá mais nos usar e se renovar por nosso intermédio.

As antigas emoções podem ainda viver em nós por algum tempo e aparecer de vez em quando. Talvez tambem nos enganem ocasionalmente, fazendo com que nos identifiquemos com elas de novo e, desse modo, obscureçam o conhecimento, porém não por muito tempo.

Não projetarmos as antigas emoções nas situações significa que devemos encará-las diretamente dentro de nós. Pode não ser agradável, mas isso não chega a nos matar. Nossa presença (*) é mais do que capaz de conte-las.As emoções NÃO são quem nós SOMOS.

(*) Nota Stela - "estar presente": estar no agora, consciente, centrado, focado, ser o observador.

Portanto, quando sentir o corpo de dor, não comece o equivoco de pensar que existe algo errado com você. O ego adora quando você faz de si mesmo um problema.

O conhecimento precisa ser seguido pelaaceitação. Qualquer outra coisa, irá obscurecê-lo novamente.

Aceitação significa que você se permite sentir qualquer coisa naquele momento. Isso é parte da essência do Agora. Você não pode discutir com o que é. Bem, você pode. No entanto, se fizer isso, sofrerá.

Por meio da aceitação, você se torna o que você é: vasto, pleno de espaço. Transforma-se no todo. Não é mais um fragmento, que é como o ego vê a si mesmo. Sua natureza verdadeira emerge, e ela está unificada com a natureza de Deus.

Jesus indica isso nesta passagem: "Portanto, sede um todo. Assim como vosso Pai celeste é um todo". (Mateus 5:48)

No Novo Testamento temos, porem, "sede perfeitos", o que é um erro de tradução da palavra grega original, que significa "todo".

Ou seja, não precisamos nos tornar um todo, massermos o que já somos - com ou sem o corpo de dor.

Eckhart Tolle - trecho do livro "Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência", editora sextante, pag 161

Fonte: Blog De Coração a Coração

Eckhart Tolle - "Sobre o Sofrimento" 

"O sofrimento é necessário até que se perceba e se conscientize que não é necessário. A partir desse momento, há aceitação, acolhimento, entrega e abandono."
(Eckhart Tolle)

"Enquanto não somos capazes de acessar a vida agora, vamos acumular sofrimento emocional."
(Eckhart Tolle)

"A maior parte do sofrimento humano é desnecessária. Ele se forma sozinho, enquanto a mente superficial governa a nossa vida.
O sofrimento que sentimos neste exato momento é sempre alguma forma de não-aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que é. No nível do pensamento, a resistência é uma forma de julgamento. No nível emocional, ela é uma forma de negatividade. O sofrimento varia de intensidade de acordo com o nosso grau de resistência ao momento atual, e isso, por sua vez, depende da intensidade com que nos identificamos com as nossas mentes. A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.
Por que a mente tem o hábito de negar ou resistir ao Agora? Porque ela não consegue funcionar e permanecer no controle sem que esteja associada ao tempo, tanto passado quanto futuro, e assim ela vê o atemporal Agora como algo ameaçador. Na verdade, o tempo e a mente são inseparáveis.
Imagine a Terra sem a vida humana, habitada apenas por plantas e animais. Será que ainda haveria passado e futuro? Será que as perguntas "que horas são?" ou "que dia é hoje?" teriam algum sentido para um carvalho ou uma águia? Acho que eles ficariam intrigados e responderiam: "Claro que é agora. A hora é agora.
O que mais existe?"
Não há dúvidas de que precisamos da mente e do tempo, mas, no momento, em que eles assumem o controle das nossas vidas, surgem os problemas, o sofrimento e a mágoa.
Para ter certeza de que permanece no controle, a mente trabalha o tempo todo para esconder o momento presente com o passado e o futuro. Assim, a vitalidade e o infinito potencial criativo do Ser, que é inseparável do Agora, ficam encobertos pelo tempo e a nossa verdadeira natureza é obscurecida pela mente. Todos nós sofremos ao ignorar ou negar cada momento precioso ou reduzi-lo a um meio para alcançar algo no futuro, algo que só existe em nossas mentes, nunca na realidade. O tempo acumulado na mente humana encerra uma grande quantidade de sofrimento cuja origem está no passado.
Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os outros, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como deixar de "criar" tempo? Tendo uma profunda consciência de que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua vida. Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua vida. Diga sempre "sim" ao momento atual. O que poderia ser mais insensato do que criar uma resistência interior a alguma coisa que já é? O que poderia ser mais insensato do que se opor à própria vida, que é agora e sempre agora? Renda-se ao que é. Diga "sim" para a vida e veja como, de repente, a vida começa a trabalhar mais a seu favor em vez de contra você."

(Eckhart Tolle)


Eckhart Tolle - O corpo sofredor é muito sedutor 




O Corpo da Dor


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