Espaço Interior –
Eckhart Tolle
“Quando
a consciência não está mais totalmente absorvida pelo pensamento, parte dela
permanece no seu estado original, não condicionado, sem forma. Esse é o espaço
interior.
A
vida da maioria das pessoas é um amontoado desordenado de coisas: itens
materiais, tarefas a fazer questões sobre as quais pensar. Esse tipo de vida se
assemelha à história da humanidade, definida por Churchill, como “uma maldita
coisa depois da outra”.
A
mente dessas pessoas é ocupada por um emaranhado de pensamentos, um após o
outro. Essa é a dimensão da consciência dos objetos, que é a realidade
predominante de um grande número de indivíduos – e é por isso que a vida deles
é tão confusa. Essa consciência precisa ser equilibrada pela consciência do
espaço para que a sanidade retorne ao nosso planeta e a humanidade cumpra seu
destino. O surgimento da consciência do espaço é o próximo estágio da evolução
da nossa espécie.
O
sentido da consciência do espaço é que, além de estarmos conscientes das coisas
– que sempre se resumem a preocupações, pensamentos e emoções – existe um
estado subjacente de atenção. Isso quer dizer que temos consciência não apenas
das coisas (objectos), como também do fato de que estamos conscientes. É o que
ocorre quando somos capazes de sentir um silêncio interior sempre alerta de
fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Essa dimensão está
presente em todos nós. No entanto, para a maioria das pessoas, ela passa
totalmente despercebida. Às vezes eu a aponto da seguinte maneira: “Você é
capaz de sentir sua própria presença?”
Quando
não estamos totalmente identificados com as formas, a consciência – quem nós
somos – se vê livre do seu aprisionamento na forma. Essa liberdade é o
surgimento do espaço interior. Ele chega como um estado de silêncio e calma,
uma paz muito subtil enraizada dentro de nós, mesmo diante de algo que parece
mau. De repente existe espaço em torno do acontecimento. Há também espaço ao
redor dos altos e baixos emocionais, até mesmo da dor.
E, acima de tudo, existe espaço entre nossos pensamentos. Desse espaço emana uma paz que não é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz e espaço.
Essa é a paz de Deus.
E, acima de tudo, existe espaço entre nossos pensamentos. Desse espaço emana uma paz que não é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz e espaço.
Essa é a paz de Deus.
Dessa
maneira, podemos desfrutar e estimar as coisas e os eventos sem lhes atribuir
uma importância que eles não têm. Estamos em condições de participar da dança
da criação e de ser activos sem nos apegar ao resultado e sem impor exigências
pouco razoáveis em relação ao mundo, como “satisfaça-me”,
“faça-me feliz”, “faça-me sentir mais seguro”, “diga-me quem sou “.
O mundo não pode nos dar nada disso, e quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim.
Toda essa dor se deve à valorização exagerada da forma e à falta de consciência da dimensão do espaço interior.
O mundo não pode nos dar nada disso, e quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim.
Toda essa dor se deve à valorização exagerada da forma e à falta de consciência da dimensão do espaço interior.
Quando
essa dimensão está presente na nossa vida, podemos aproveitar as coisas, as
experiências e os prazeres sensoriais sem nos perdermos neles, sem nos
apegarmos internamente a nada disso, isto é, sem nos tornarmos viciados no
mundo.
Sempre
que a dimensão do espaço se perde ou não é conhecida, as coisas assumem uma
importância absoluta, uma seriedade e um peso que na verdade, elas não têm.
Toda vez que o mundo não é visto da perspectiva do que não tem forma, da
dimensão da consciência, ele se torna um lugar ameaçador e em última análise,
de desespero.(…)
Podemos
descobrir o espaço interior criando lacunas do fluxo do pensamento. Sem elas, o
pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha
criativa – e é assim que ele é para a maioria das pessoas.
Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas; Alguns segundos bastam.
Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas; Alguns segundos bastam.
Aos
poucos elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço da nossa parte.
Mais importante do que fazer com que sejam longas, é criá-las com frequência
para que nossas actividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam
entremeados com espaços de silencio e paz.”
Autor:
Eckhart Tolle em Em Comunhão com a Vida
Fonte:http://portaldobudismo.com/
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