LADAKH,REGIÃO MONTANHOSA ISOLADA PELA NEVE, MANTÉM TRADIÇÃO BUDISTA MILENAR


Região 'isolada pela neve' mantém tradição budista milenar; veja

Ladakh é uma região montanhosa e semiautônoma no norte da Índia, em um ponto de bastante conflito político - na fronteira com o Paquistão, com a região disputada da Caxemira e com as regiões autônomas chinesas de Xinjiang e Tibete.
A cidade é um ponto importante de travessia há mil anos. Mas nem mesmo o milênio de viagens por ali melhorou os acessos.
A região é um ponto pequeno entre as montanhas do Himalaia e Karakoram. Só duas estradas passam pelo local - e as duas ficam inacessíveis durante sete a oito meses por ano, devido à neve. Nesses períodos, a única forma de viajar para Ladakh é de avião, com voos até a capital regional Leh.
Por ser tão inacessível, a região se mantém fiel às tradições culturais budistas. Mais até do que o Tibete - destino popular de turistas em busca de cultura budista - que é dez vezes maior e recebe 250 vezes mais visitantes do que Ladakh.
Em Ladakh, os budistas também tiveram mais autonomia para manter suas tradições, já que o governo indiano não exerce o mesmo tipo de pressão e perseguição que o chinês pratica no Tibete.

TRILHAS E PAGODES

Uma das melhores formas de explorar a região para turistas é fazendo trilhas e se hospedando na casa dos moradores locais. O caminho é cheio de pagodes, estruturas rochosas que simbolizam a presença do Buda. Eles geralmente são colocados em lugares considerados espirituais - com boa vista para lagos e montanhas, pontos ideais para a meditação.
A tradição entre os peregrinos é, sempre que se passa por um pagode, de dar uma volta ao redor dele, em geral no sentido horário.

TEMPESTADE DE NEVE DE VERÃO

"Nosso primeiro de dia de trilha era uma caminhada fácil entre as vilas de Zingchen e Yurutse, de apenas cinco quilômetros. Mas no segundo dia, fomos recebidos por uma tempestade de neve em pleno verão", conta Daniel Noll.
A visibilidade dos viajantes ficou limitada a dois metros. Sem a ajuda de um guia local, seria impossível completar a trilha. Assim que a tempestade passou, eles começaram uma descida de 1,5 metros em direção a um mosteiro budista do século 11.
Eles fizeram a trilha em junho, já que em julho e agosto há muitos turistas tentando a travessia.

TRÊS GERAÇÕES

No vale Markha, os viajantes buscam abrigo entre os moradores locais. Muitos alugam um quarto. O preço inclui também comida caseira como o "momo" (uma espécie de bolinho tibetano), "tingmo" (pão no vapor) e "thulpa" (sopa de macarrão).
Esta família vive no Skiu. Algumas casas possuem tetos solares, que geram alguma eletricidade, mas a sensação para o viajante e de que o tempo não passou em séculos aqui. Os campos são arados com o uso de animais e as casas são feitas de barro. Depois do pôr-do-sol, todos se reúnem ao redor do forno.

RIOS DE PEDRA VERMELHA

A paisagem do vale Markha varia bastante. Aqui, a neve desaparece, revelando rochas vermelhas.

AGRICULTURA

Muitas famílias de Ladakh possuem pequenas fazendas e administram rebanhos de ovelhas, cabras, iaques e dzos (um híbrido entre vaca e iaque). Agricultura é um desafio para os locais. O ciclo de crescimento de plantas se limita a junho a agosto, quando a água das geleiras derrete por um tempo. A cevada é o principal produto da região. A partir dela, se faz o "tsampa", uma farinha que é a base da alimentação local, usada em bolos.

PEDRAS MANI

As pedras mani são rochas achatadas com gravuras tibetanas. Nelas, é possível ler o mantra "om mani padme hum", uma frase que poderia ser traduzida livremente como "saudação à joia do lótus". Ao longo dos anos, as pilhas de rochas vão crescendo, já que os peregrinos acrescentam mais manis ao local.

TRANSPORTE LOCAL

A região é repleta de trilhas para quem quiser caminhar, mas poucas aceitam carros. Assim, o meio de transporte mais valioso para cargas são as mulas e os cavalos. Estes cavalos trazem mantimentos importantes para vilarejos que ficam a 15 quilômetros da capital de Ladakh, Leh.

LAGOS

Depois de cinco dias andando, chega-se ao acampamento de Nimiling, a 4,8 mil metros de altura, onde é possível observar as montanhas refletidas nos lagos.

ORAÇÕES

Budistas deixam bandeiras com orações no cume do Gongmaru, com altitude de 5.130 metros. Mesmo para os padrões de Ladakh, este é um dos pontos mais isolados de toda a viagem.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141103_vert_tra_fotos_budista_dg

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