JESUS - PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS DO CRISTIANISMO

Jesus - Para Além das Fronteiras do Cristianismo

Falar sobre Jesus é sempre um desafio. Contudo, mais desafiador ainda é seguir Jesus verdadeiramente. Pois bem... e o que significa mesmo isso?
A questão, neste breve texto, não é a posse da verdade, mas o entendimento do que mais faz falta em nossos tempos: o imenso desafio de renovação impregnado nas mensagens de Jesus. Aí está a essência, o sumo que vale a pena ser absorvido para nos sentirmos, de fato, saciados.
Para tanto, é preciso ir além das fronteiras do Cristianismo. Pode parecer estranho para muitos, mas há significativas diferenças entre Jesus e o dogmatismo cristão. E este dogmatismo foi se consolidando com o tempo e promovendo associações entre o Messias e as crenças consideradas pagãs. Uma estratégia importante para a expansão do Cristianismo.
Vejamos dois exemplos disso. Um envolve o nascimento de Jesus e o outro a sua morte e ressurreição.
Para simplificar e, assim, não tocar em todos os pontos relativos ao nascimento de Jesus, vejamos a data de seu nascimento: 25 de dezembro. Apesar de toda a festividade natalina, entranhada em nossa cultura e alimentada pela lógica consumista do mercado, essa é uma data escolhida para comemorar o nascimento do Messias. O interessante é que nesse mesmo dia se comemorava o Festival de Inverno, para os romanos: o natalis invicti (natividade do sol invicto, inconquistado). Era uma festa em que se venerava o sol durante o solstício de inverno para os povos do hemisfério norte. Então, o Papa Júlio I publicou um decreto, no ano 350 d.C., determinando a substituição da veneração ao deus sol pela data em que teria nascido Jesus. Este seria o novo deus invicto para os povos pagãos.
Já uma outra data ou festividade, coincidindo com Paixão do Cristo, acontece em um momento muito caro ao povo judeu e a povos pagãos. Para os judeus a Páscoa é um evento sagrado que representa a libertação do povo eleito de Deus da escravidão no Egito. Além desse simbolismo de liberdade, a Páscoa também representa um símbolo de vida, pois é justamente o início da primavera (equinócio da primavera), quando a vida ressurge. Entre os pagãos, cultuava-se a deusa Eostre, palavra raiz das línguas germânicas para significar a Páscoa (em inglês: Easter). Essa deusa costumava ser representada com um ovo na mão e um coelho ao seu redor. O ovo simboliza o nascimento e o coelho a fertilidade. Desse modo, a Paixão do Cristo simboliza libertação (o cordeiro de Deus que tira o pecado dos homens) e vida renovada (aqueles que crêem em suas palavras não experimentarão a morte).
Não é sem razão que afirma Geza Vermes:
“No final do primeiro século, a cristandade tinha perdido de vista o Jesus real e o significado original de sua mensagem. Paulo, João e suas igrejas o substituíram pelo Cristo sobrenatural da fé, e por sua insistência em esforço pessoal, concentração e crença em Deus através da confiança nos méritos salvadores de um Redentor divino eterno.” (As Várias Faces de Jesus)
O desafio, pois, é reencontrar e não perder mais de vista o significado original da mensagem de Jesus. O reencontro não é tão difícil. Seus ensinamentos continuam disponíveis. A dificuldade está em deixar de se voltar para o Mestre galileu como um Redentor, o que é muito cômodo, confortável. O difícil é nos voltarmos para o que ele disse sobre nossa natureza e, assim, nos voltarmos para nós mesmos. Quem se lembra de retirar a trave que está no próprio olho antes de querer retirar o argueiro no olho do outro? Ou de não nos afadigarmos “por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda”?
Enfim, é fácil perceber o quanto a grande multidão cristã está longe de seguir verdadeiramente Jesus. Independente de questões religiosas, não há dúvida de que Jesus continua sendo um grande mestre, capaz de viver o que ensinou e ensinar conforme viveu.
Vamos, então, nos colocar esse desafio de, a cada dia de nossas vidas, cumprir “pelo menos a exigência por uma atenta e amorosa percepção do mundo ao nosso redor e da mais profunda introspecção em nós mesmos.” (WELBURN, Andrew. As Origens do Cristianismo)

28-12-2013 12:11
- Kleber Monteiro -

Fonte:IAKEE

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