BUDISMO SHAN : CHAWUYI UNIFICA RELAÇÃO ENTRE BUDISMO E ARTE MARCIAL

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Budismo Chan

Chawuyi Unifica Relação entre Budismo e Arte Marcial

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Afresco do Templo Shaolin de Henan mostra monges praticando Kung Fu
A história foi madrasta com a relação profunda entre o Kung Fu e o Budismo Chan (ramo do Budismo chinês que deu origem ao Zen japonês). A doutrina foi o alicerce sobre o qual se ergueu a arte marcial chinesa, a liga que transformou as técnicas de guerra e a tradição filosófica, moral e médica do Taoismo e do Confucionismo em uma arte unificada voltado ao autoaperfeiçoamento e ao serviço dos seres vivos. Mas os séculos de perseguições políticas e mudanças culturais transformaram o Kung Fu em duas atividades que guardam semelhança apenas externa com esta tradição: o wushu olímpico, desenvolvimento artístico-esportivo das técnicas de luta, e a exploração da tradição Shaolin como performance.
Há alguns anos, um monge decidiu dedicar sua vida a sistematizar e a divulgar parte desse conhecimento “perdido”. Mestre Shi Dejian é o décimo oitavo sucessor da tradição Shaolin Chanwuyi[1], que reúne o Budismo Chan, a Medicina Tradicional Chinesa (Yi) e o aprendizado marcial (Wu). O Chanwuyi é um ramo do Chan que floresceu na Yonghuatang, escola do Mosteiro Shaolin fundada pelo Mestre Wuyan Zhengdao na Dinastia Ming (1368 a 1644).
A Yonghuatang pertence ao ramo do Sul do Templo Shaolin e o Chanwuyi  só existe nela. O Wu praticado pelo ramo Sul é diferente do Kung Fu de outras escolas e ramos do Templo porque enfatiza o treinamento da mente. Nele, a  respiração centrada no Dantien é o primeiro passo para a prática Chan, bem como para a melhoria da saúde física e psíquica. Por séculos os princípios do Chanwuyi permanecem desconhecidos para muitos, sendo transmitidos como um saber esotérico a um círculo muito restrito, como forma de escapar à perseguição política.
A Dejian foi dada a responsabilidade de preservar a tradição e administrar o Templo Shaolin em 1996; diferenças internas motivadas em parte pelo interesse de explorar comercialmente a cultura shaolin, no entanto, fizeram com que ele decidisse construir um monastério a cerca de quatro quilômetros do templo, nas montanhas de Sanhuangzhai. “É lamentável que haja tantos mal entendidos sobre o que é a cultura shaolin. [...] O nome “Shaolin” foi abusado de muitas formas para fins comerciais e sua essência original foi distorcida”, lamenta o mestre.
Para o Chanwuyi, o Wu, a arte marcial, é meditação em movimento; praticar Wu é a porta para entender o Chan, o caminho para buscar a virtude, o autoconhecimento e a iluminação. Mas, para alcançar o mais alto nível na arte marcial Shaolin, o discípulo tem, necessariamente, de ter um bom conhecimento filosófico e científico do Chan.
O princípio básico do Chanwuyi é melhorar a saúde física e psicológica através do Chan e de Wu. Em níveis elevados da prática, o discípulo alcança um entendimento tão profundo dos meridianos, do funcionamento dos órgãos internos e da circulação do sangue e do Chi que se torna um especialista em Medicina Chinesa. O Chanwuyi é uma cultura unificada; é um conceito, e não a combinação de três conceitos diferentes.
 O Chan do Chanwuyi
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Ideograma chinês do Chan, palavra deriva do sânscrito Dhyana, “pensar em quietude”
Mestre Shi Dejian diz:
As pessoas procuram em todos os lugares mestres, doutores, milagres na esperança de que eles os ajudem a resolver seus problemas, mas só através de uma disciplina de pensamentos retos e de caridade podemos lentamente nos tornar pessoas felizes e em paz.  Este é o princípio fundamental do Budismo Chan e a base de Chanwuyi.
Segundo o mestre, o Chan, ou  Zen[1], é natural, não pode ser explicado, não pode ser descrito e não pode ser revelado por meio de palavras.  No entanto, não pode ser transmitido sem palavras, assim, elas se tornam necessárias. Ele destaca que a melhor forma de entender o que é o Chan e o Kung Fu tradicional é vivenciá-lo. Através das artes marciais aprendemos sobre o Chan.  “Para aprender Kung Fu você deve exercitar sua mente. Não seus braços e pernas. Abra-se ao seu coração”.
A prática do Chanwu (literalmente “arte marcial chan”), no entanto, exige muito mais do que apenas a disciplina física e mental; pede de nós aperfeiçoamento moral e, consequentemente, espiritual.
Qual é o mais alto estado da mente no Kung Fu Shaolin? Eu digo que é não ferir a si mesmo, não ferir os outros; aprenda como salvar a si mesmo, aprenda como ajudar os outros. Este é o mais alto estado da mente. [...] O Kung Fu não foi a primeira coisa que meu mestre me ensinou. É mais importante aprender a ser uma boa pessoa. Aprender a ser uma boa pessoa para só então aprender a ser um doutor. Quando ensinamos Kung Fu, ensinamos sobre a vida em primeiro lugar, ensina Dejian.
Para aprender a ser bom se deve partir da autorreflexão. No Chawuyi, a sabedoria é uma ferramenta para compreender e estar aberto à sabedoria dos outros e também à de nosso “eu profundo”.  Na visão der Dejian um indivíduo possui não só um eu subjetivo, que tende á autocomplacência, e um eu objetivo, propenso a ser influenciado pelos desejos, mas também, e mais importante, um eu real. É a este último que devemos nos voltar. Aqui a regra é a mesma de parte das doutrinas filosóficas e religiosas ocidentais: conhece-te a ti mesmo.
Essa proposta moral é absolutamente anticonvencional. O Chan, em sua essência, não se atém a regras impostas e socialmente compartilhadas. Sua ética é individual e se exerce de maneira assimétrica: não está preocupada com quem é o outro ou com o que ele nos dará em troca.
O Wu do Chawuyi
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Shi Dejian posa na frente do mosteiro de Sanhuangzhai. © National Geographic
Na perspectiva do Chanwuyi, o Wu, ou arte marcial, é a mais alta forma do Chan. Mestre Dejian sustenta que cada movimento no Chanwu, ou Wushu Chan (Kung Fu Chan), sintetiza um combate. Eles são reais, não são para show ou performance.
Dejian resume:
O Chanwu é um estudo com teorias e métodos bem sedimentados, não se restringe a uma série de movimentos ou boxe. Isto é o que faz o Chanwu diferente de outros tipos de wushu. O wushu se concentra no combate, mas o wuxue (o conhecimento sobre artes marciais) não é intimamente relacionado com o combate. [...] O propósito de praticar Shaolin Chanwu é nos conhecermos e compreendermos a verdade.  [...] A mente precisa estar sempre tranquila. Quando a mente está tranquila, o Qi[1] é forte, e Qi forte é energia interna. Somente quando a mente está em paz é que o Qi pode circular.
Praticar Kung Fu é o mesmo processo do estudo do Zen. Deve-se praticá-lo lentamente e em paz. Uma mente pacífica é vital e uma boa cooperação de mãos e pés é importante. [...] Shaolin Kung Fu enfatiza a coordenação e a transição rápida entre suavidade e vigor. Ele pode ser praticado lentamente, mas em combate deve ser aplicado rapidamente.
A escola interpreta a essência do Chan como a essência do Qi. Dominar a mente é dominar o Qi. Isso pode ser feito de diversas maneiras, a meditação é uma delas e o Kung Fu outra. O Chanwuyi entende que existem cinco grandes princípios no Kung Fu Shaolin tradicional, também referido por seus adeptos como Xinyiba.
O primeiro é o das seis combinações: fundir o coração[1] com a mente, a mente com o Qi, o Qi com a força, o ombro com as pernas, as mãos com os pés e os cotovelos com os joelhos. O segundo é o das três seções, que divide o corpo humano em extremidades (mãos e cotovelos), tronco (parte inferior das costas e abdômen) e  raízes (pernas e pés). O terceiro principio é o das quatro extremidades: cabelos, dedos, dentes e língua.  Os cinco elementos da medicina tradicional chinesa, metal, madeira, água, fogo e terra, são o quarto principio e o último é a divisão dos cinco elementos do corpo em cinco elementos externos e cinco elementos internos.
Meu mestre me disse: “É mais valioso aprender um Ba [estilo marcial] bem do que  aprender trezentos estilos impraticáveis​​. Este único Ba será útil a você por toda a sua vida. ” No começo eu não entendi o que ele quis dizer, mas quando pratiquei mais comecei a entender. Esta prática aparentemente fácil é muito difícil de ser bem coordenada, porque requer a coordenação entre mão e pé, cotovelo e joelho, ombro e coxa, coração e mente, mente e Qi, Qi e força. Essa prática enfatiza a coordenação da agitação com a quietude, o equilíbrio do yin e yang, a alternância de força e suavidade.
Vídeos curtos mostram Shi Dejian praticando  á beira do penhasco de Sanhuangzhai

Vídeo mostra Dejian manipulando o Fu Dao (Orelha de Tigre) e a Corrente e lamentando as dificuldades de manter a tradição nos dias atuais

Orientações para a prática do Chanwuyi[1]
  •  Praticar é como comer; nós precisamos fazer isso todos os dias. Enquanto é muito difícil se aprimorar, é muito fácil perder os ganhos. Assim a persistência é um must na prática do Shaolin Wushu e deve ser exercitada diariamente.
  • Pratique com uma dieta vegetariana.
  • Não perca o foco no ajuste entre o corpo, o Qi e a mente quando estiver praticando.
  • Atenção à postura. O Shaolin Wushu pode ser praticado ao caminhar,  em pé, sentado ou deitado. Desta maneira, não importa quem pratica, deve-se manter a postura o mais natural e relaxada possível. Apenas uma postura natural e confortável pode facilitar a circulação do Qi.
  • Ajuste sua mente. Ajustar a mente significa controlar seus pensamentos. Quando pensamentos ansiosos se intrometerem na mente durante a pratica deixe-os ir naturalmente. Apenas observe eles se dissiparem naturalmente ou então se concentre em seu Dantien ou outra parte do corpo.
  • Ajuste o Qi. Ajustar o Qi significa controlar a respiração. Há duas maneiras de ajustar a respiração, a “passiva” e a “ativa”. Respiração passiva “é respirar naturalmente e devagar e observar cada respiração. Concentre-se no Dantien quando inspirar e no nariz quando expirar. Os chineses antigos a chamam de “fogo brando”. Este tipo de respiração relaxa todo o corpo e, em seguida, o cérebro. Na respiração “ativa”, chamada de “fogo feroz” pelos antigos, é preciso expandir o abdômen e curvar a parte inferior das costas na inspiração e ao expirar contrair levemente a região do períneo e o abdômen mantendo a boca fechada  Isso ajuda a aumentar a velocidade e a força da circulação do Qi interno. As duas respirações se complementam: o fogo suave ajuda a acalmar e induz o estado de mente vazia; o “fogo feroz”  treina o Dantien e o preenche com Qi.

Documentário de média duração sobre o Chanwuyi

O Yi do Chanwuyi
A medicina do Chan (Chayi) pode ser resumida como a junção do arsenal de prevenção, diagnose e terapêutica da medicina tradicional chinesa acrescido da ênfase no trabalho marcial como ferramenta de prevenção e cura. O sistema dá muita importância à dieta, a qual aplica uma série de restrições e recomendações.
A Chanyi coloca ênfase no Qi e no Dantien, a morada da energia vital. O Dantien está intimamente ligado ao nariz; se a respiração é profunda, a pessoa terá longevidade. Yi é antes de tudo medicina preventiva e tem o Wu como seu complemento. “Através da medicina aprendemos sobre o corpo humano, incluindo os membros, os órgãos, o Qi e o sangue. Através da compreensão da função dos órgãos e da prática combinada de exercícios pode-se aprender a usar melhor o corpo”, sustenta mestre Dejian. O ajuste do corpo é chamado de a unidade de Wuyi.
O mestre resume a relação entre Wu e Yi:
 Ao praticar wushu, a pessoa não precisa praticar habilidades de combate. Se alguém ganha por meio do uso de mera força, isto é semelhante a oprimir os fracos usando força bruta. Mas se alguém quiser alcançar um estado em que consiga vencer a força bruta mesmo sendo mais fraco é preciso usar a sabedoria, o que significa o uso de wuxue. É por isso que a prática de wushu é um meio para a prática da medicina.
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[1]  Linha de transmissão do Chanwuyi: Zhengdao → Yuanhui → Tongli → Xinghai → Caoran → Tongxi → Xuangui → Zushuang → Qingtai → Jingdian → Zhenchuan → Ruxiang → Haifa → Zhanmo → Jiqin ( Wu Gulun ) → Wu Shanlin → Xingxing (Zhang Qinghe ) → Dejian
[2] Dejian costuma por vezes referir-se ao Chan como Zen.
[3] Optei neste artigo por utilizar a grafia original da expressão, ao invés dos usos mais comuns no Brasil, “chi” e “ki”.
[4] Em chinês o ideograma shin (心) pode ser lido como espírito, coração e mente, seja de modo individual ou em conjunto.
[5] Este trecho é um resumo editado das orientações de Mestre Dejian conforme publicadas em The Shaolin Chanwuyi: A Chinese Chan Buddhism, de Agnes Suiyin, editado em 2010 pela Chan Chanwuyi Publishing House. Tradução da autora.

Chan, o Dharma da Natureza

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Ana Calazans
O Chan, ramo do budismo chinês que originou o Zen no Japão, foi uma reação contra o formalismo dogmatico que havia afastado os fiéis da pureza dos ensinamentos originais de Buda. A escola bebe da essência revelada no Sutra do Lótus, em que Sakyamuni segura uma flor sem nada dizer e é compreendido apenas por Mahakasyapa: a luz da verdade é “trivial” e pode ser encontrada ao redor e dentro do homem.
A escola é um dos oito ramos[1] do budismo na China. Seu nome advém da transliteração da palavra sânscrita Dhyana, que significa “pensar em quietude”, “reparar os pensamentos”. A história do Chan está diretamente ligada à história Shaolin.  O Templo Shaolin foi construído pelo imperador Xiaowen em 495 DC entre as montanhas Shaoshi e Songsham, província de Henan. O monge indiano Batuo tornou-se seu primeiro abade e ensinou a seus discípulos o Budismo Theravada.
Anos depois, o monge Bodhidharma chegou ao mosteiro e transmitiu o Mahayana (Grande Veículo). Pragmático, Bodhidharma acreditava que a ênfase da prática não deveria recair sobre as escrituras, mas ser prioritariamente uma experiência existencial exercida no dia-a-dia. Os ensinamentos do patriarca foram a semente que fez florescer o ramo Chan do Budismo chinês transmitido oralmente a seus discípulos e sucessores.
Depois de Huineng, o sexto grão-mestre, a tradição passou a ser ensinada a um maior número de pessoas e o Chan foi dividido em vários ramos, dos quais apenas as escolas Linji e Caodong ainda existem. A idade do ouro do Chan no pensamento chinês cobriu cerca de quatrocentos anos (mais ou menos do século VIII ao século XII).
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Um dos traços distintivos do Chan é seu afastamento de uma prática ritualizada e canônica. Tanto o legado de Bodhidharma, como a reforma instigada pelos seguidores de Huineng no século VIII, insistem na necessidade do discípulo priorizar a letra viva, as lições da vida, em detrimento da exegese dos textos sagrados e das práticas devocionais. Estar atento ao chamado da natureza e à comunicação entre suas manifestações telúrica, intersubjetiva e do plano espiritual é a forma de percorrer o “Caminho” do Chan.  Mas o credenciamento da experiência rotineira como uma via para o sagrado passa necessariamente por eixos bem consolidados na doutrina, como a insistência no autoaperfeiçoamento e na autoresponsabilidade, a integração no fluxo da natureza, o não-julgamento e o exercício da compaixão.
O Chan não acredita que a iluminação advém de algo externo ao mundo e ao próprio individuo (em linguagem cristã, não é adepto da doutrina da graça). Ela é o resultado de um longo processo que inclui erros e acertos, um aprendizado baseado na livre escolha; neste sentido é uma doutrina humanista, pois cabe unicamente ao sujeito ser seu próprio mestre. A pura e simples crença em Buda não vai levar ninguém à iluminação, nada externo virá salvar o homem, a luz está dentro dele, assim como a seu redor.
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Um dos traços do Chan é a forma como trata a questão causal.  Ele não é determinista ou fatalista, posto que defende o auto-empoderamento e a autodeterminação, mas, assim como os hinduístas, seus adeptos sustentam que os atos, pensamentos e sentimentos são expressões da mente do homem que, necessariamente, provocarão efeitos adiante.
A ideia parece trivial, mas encerra um ponto chave: o de que nossas vidas são uma obra nossa e de mais ninguém; uma ideia que elimina todo sentimento de vitimização e de transferência de responsabilidade por nossa felicidade e  futuro. Não importa se ao executarmos ou pensarmos algo – quer seja bom ou mau – isso seja feito de maneira publica ou privada, seus efeitos virão inexoravelmente.  O Chan prescreve a autorregulação moral; uma ética altamente sofisticada e profunda. Nosso maior “ativo” é nosso Eu, se ele estiver em harmonia com o Dharma vamos não só conseguir viver sem negatividade, como expandir esse presente à nossa volta.
O Dharma para o Chan significa “natureza”. E estar em harmonia com a natureza aqui significa abstrair o véu de maya e entender que os conceitos de bem e mal são forjados por nossa mente. Estar aberto ao fluxo da vida significa estar atento e se comunicar com todas as suas dimensões exteriores, os outros seres e o mundo natural, e interiores buscando a isonomia entre a energia espiritual, mental e física.Entender o corpo como uma parte sagrada de nosso Eu é um grande legado do Chan que, nesse ponto em particular sofreu uma influência ainda maior do taoismo e do confucionismo, doutrinas menos formais mais pragmáticas.
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O Chan adota uma postura quase amoral e antidogmática em sua relação com o mundo. Não há praticamente resquício de maniqueísmo: o encontro com um homem mau pode trazer sabedoria, um momento de felicidade pode nos impedir de realizar o ato justo. É também uma doutrina radicalmente iconoclasta; muitas correntes e mestres – em especial nos séculos VIII e IX – chegaram a pregar uma rejeição completa do Buda e dos ensinamentos e estimulavam a critica a seus próprios preceitos: “Se uma pessoa [de tanto meditar] fica com a mente vazia, não vale a pena falar com essa pessoa”, costumava dizer um mestre do século VIII.
Ao contrario de outras religiões que pregam que a sabedoria está no além, para o Chan mundo é um espaço de conhecimento inesgotável que pode estar tanto num sutra como no trabalho de quebrar pedras. A escola prega a integração e a troca amorosa entre o homem e o universo e está centrada no desenvolvimento da virtude; na persistência da prática moral, intelectual e espiritual na vida cotidiana, seja em tempos normais, de alegria ou tristes e confusos.
Um poema Chan do mestre Hsu Yun
O Coração de Buda
Não é preciso ir e vir como as ondas
A mesma água que vem é a que vai
Não é preciso voltar-se para achar a água
Quando ela flui a seu redor em todas as direções
O coração de Buda e as pessoas do mundo
Onde está a diferença?

[1] Os outros ramos são o Tiantai o Sanlun, o Faxiang, o Lu , o Jingtu, o Huayan e o Mi.


Por Ana Calazans


Fonte:https://zenkungfu.wordpress.com/tag/budismo-chan/

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