PROFESSOR HERMÓGENES : A SUPERAÇÃO PELA DOR PARA SER PORTA-VOZ DO AMOR

Professor Hermógenes: A superação pela dor o fez virar porta-voz do amor

"A minha transformação foi tão grande, foi tão profunda, tão convincente, tão festiva, que até hoje eu festejo"
Professor Hermógenes: A superação pela dor o fez virar porta-voz do amor


Uma cirurgia sem anestesia fez com que um dos mais antigos mestres de yoga do Brasil encontrasse o sentido de sua vida e o disseminasse para o mundo.

Esse texto faz parte da coleção "Histórias que mudam o mundo", criada e mantida pelo Museu da Pessoa. Nela, encontram-se grandes e pequenas histórias de mudanças que acontecem todos os dias ao nosso redor, transformando vidas e fazendo do mundo um lugar mais justo, mais bonito e mais feliz.


José Hermógenes de Andrade Filho, ou Professor Hermógenes, foi um menino preocupado com a religiosidade. A sua busca por Deus foi ainda mais instigada quando teve tuberculose, e se submeteu ao doloroso e precário tratamento da época, que quase o levou à morte. A partir daí, Hermógenes mergulhou nos estudos da yoga e se tornou um dos primeiros mestres no Brasil. O seu desejo de divulgar seu conhecimento para todos o levou a escrever muitos e famosos livros sobre yoga e autoconhecimento.
“Eu me matriculei na faculdade católica inspirado pelo desejo de conhecer melhor a minha religião. Logo na primeira aula, soube que o professor de Teologia era formado em Roma. Festejei na minha alma a descoberta. Em minha cabeça, alguém que tinha bebido na fonte do catolicismo poderia trazer esclarecimento e respostas concretas para minhas questões existenciais.
Quando o infeliz do professor abriu um espaço na aula para dúvidas, levantei imediatamente e fiz a minha pergunta. Ele respondeu em alto e bom som que a dúvida que eu trazia era uma heresia. Naquele momento, dei o fora da universidade e da religião, passei alguns anos trabalhando e, aos poucos, comecei a estudar filósofos brasileiros.
Por muito tempo acreditei que a única religião que falava de Deus era o catolicismo. Com as novas leituras minha compreensão foi se transformando. Lembro de ter me enriquecido muito com a literatura do Espiritismo e com a literatura indiana. O livro que mais me tocou foi o Bhagavad-Gita’ , que é uma conversa, uma catequese de Krishna para o homem.
Nas minhas leituras do Bhagavad-Gita senti Krishna me trazendo o Cristo de volta. Eu encontrei um Cristo muito amoroso nesse livro. Estava me aprofundando no Bhagavad-Gita mais e mais quando um dia, numa livraria, encontrei um exemplar de outro livro indiano, fino e pequeno, chamado Hatha Yoga. Meses depois, descobri mais um, também de Hatha Yoga, de outro autor. Foi quando, dentro de mim, ficou clara a concepção do que era Hatha Yoga. Entendi que aquilo poderia curar, melhorar e promover a felicidade humana.

Depois dessa passagem, segui com a minha vida de estudos. Participei da Sociedade Teosófica, de onde cheguei a ser vice-presidente. Mas estudei tanto que um dia comecei a sentir, no final da tarde, um desânimo terrível, uma fraqueza. Descobri que estava com tuberculose. O médico que me tratou disse que eu tinha uma doença muito séria e que precisaria operar.
Tive que fazer uma cirurgia absolutamente indispensável. Na manhã da operação o médico cirurgião encontrou comigo e me explicou algo terrível: eu não poderia tomar anestesia e por isso, sentiria todas as dores da cirurgia. Ele iria cortar e queimar meu corpo, e para que tudo corresse bem, eu não poderia fazer nenhum tipo de movimento e nem gritar.
Lembro de uma hora em que ele estava cortando e queimando meu corpo, e eu tinha certeza que morreria de tanta dor. Foi quando me lembrei que tinha lido o Bhagavad-Gita. No livro, Krishna explicava o destino depois da morte, que ele é determinado pelo pensamento que você tem na hora em que está morrendo. Segundo ele, se você morrer dizendo Deus, Jesus Cristo, Krishna ou Buda, você estará se prevenindo pra se encaminhar, depois de morto, para onde eles estão.
Na hora em que percebi que estava falecendo, que estava mesmo na hora de eu morrer, comecei a dizer o nome de Deus. Neste momento, então, o médico fechou a incisão e eu voltei pra casa.
Passei por tudo isso confiando em Deus. A minha transformação depois dessa experiência foi tão grande, tão profunda, tão convincente e festiva, que até hoje eu festejo.
Meu primeiro passo nesses festejos foi chegar perto, de alguma forma, das pessoas que sofrem, para suavizar suas dores, pra livrá-las do sofrimento, para reduzir essa sensação. Entendi que essa era a maneira que tinha encontrado para expressar a minha gratidão. E foi então que voltei para os meus estudos com mais afinco do que antes, porque concluí que se eu me tornasse um escritor, poderia levar minha mensagem ao lar de uma pessoa que está longe de mim, na Amazônia ou na Coreia.
Então eu danei a escrever livros para propor uma ciência nova, que se chamaria yogaterapia. Eu tinha aprendido que a gente tem que viver afirmando a nossa saúde, a nossa paz, a nossa vitória e nunca o oposto”.

Fonte:http://asboasnovas.com/gente-boa/

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