SOCIÁVEL,BRITÂNICO TEM SÍNDROME 'OPOSTA AO AUTISMO'

Chris Steel, que uma vez emprestou seu celular a uma pessoa, que o roubou
Foto: Tim Smith/Mind the Gap





Sociável, britânico tem síndrome
'oposta ao autismo'







Pessoas com rara condição genética são empáticas e amigáveis, mas têm dificuldade de compreender quando estão em perigo.



O britânico Chris Steel tem 40 anos, é extremamente simpático e fica mais feliz quando está em cima de um palco atuando em peças como a Revolução dos Bichos, de George Orwell.
Quando criança, sua natureza solidária o levou ao leito de uma vítima da tragédia de Hillsborough - nome do estádio em que 96 torcedores do Liverpool morreram pisoteados em abril de 1989. Por tanta compaixão e zelo, Steel recebeu um prêmio da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Mas ele não é capaz de sair de casa sozinho por causa de sua facilidade em confiar em estranhos e da sua dificuldade em compreender quando está em perigo. Uma vez, quando o fez, emprestou seu celular a uma pessoa, que o roubou.
Ele sofre de ansiedade aguda e precisa de constante reafirmação das pessoas ao seu redor.
"Moro com minha mãe porque não quero viver sozinho", afirma Steel. "Fico muito ansioso quando quero sair para fazer coisas. Também não posso lidar com dinheiro. Gostaria que isso fosse possível."


Necessidade por atenção 
  
Steel tem Síndrome de Williams (WS, na sigla em inglês), uma doença genética rara que afeta cerca de uma em 18 mil pessoas na Grã-Bretanha e que tem sido frequentemente apelidada de o "oposto do autismo".
Pessoas com WS são empáticas, sociais, amigáveis e cativantes, mas tendem a ter um baixo QI e encontram dificuldades em tarefas como contar dinheiro.
Elas podem se sentir ansiosas com estímulos como o zumbido de uma abelha ou a textura dos alimentos.
Sua necessidade por atenção é tão grande que, em alguns casos, são capazes de ligar para a polícia fingindo haver uma emergência para ter a atenção de alguém.
A Síndrome de Williams, identificada pela primeira vez em 1961, pode causar problemas cardíacos, atrasos de desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem.
A doença acaba reforçando a arte de atuar de pessoas com WS. "Sou bom em enrolar as pessoas e em ser um personagem em situações diferentes", diz Steel.
Ele é ator em uma instituição de caridade chamada Mind the Gap, com sede em Bradford, no norte da Inglaterra, e lembra que uma de suas atuações favoritas foi quando fez um pirata em uma peça chamada Treasure Island.


Sutilezas comportamentais 
  
Quando era criança e visitava seu pai no hospital, Chris conheceu Tony Bland, que teve graves danos cerebrais depois de ser esmagado no desastre no estádio de Hillsborough, em 1989.
Steel fez amizade com Bland, e ficou, fielmente, ao lado da cama do novo amigo por semanas. "Chris pode falar com qualquer um e não precisa de uma resposta", diz sua mãe Judy.
Ela diz que Steel é "ótimo para levar a festas", pois ele se apresenta alegremente a novas pessoas .
Mas há um outro lado para essa sociabilidade. Sua mãe diz que Steel "confia muito nos outros" - e algumas pessoas tiram proveito dele.
Ela diz que ele também precisa de pessoas ao seu redor para ser feliz e orientá-lo nas opiniões que deveriam ser próprias.
Pessoas com WS podem fazer um contato visual prolongado e ser mais envolventes, o que pode colocá-los em perigo.




A linguagem a frente da mente 
  
Há também outros aspectos da doença que podem colocá-los em uma situação difícil.
"Eles não têm uma capacidade cognitiva equivalente a sua idade linguística", diz Lizzie Hurst, diretora executiva da Fundação Síndrome de Williams. "Também não conseguem avaliar o estado de espírito de uma multidão e agir de acordo com isso."
Hurst diz ser questionável se pessoas com WS são legalmente responsáveis por si mesmas. "Diria que não podem", acrescenta ela.
Ela está trabalhando para tornar a doença mais conhecida entre médicos britânicos, pois apenas


Fonte:BBC Brasil - ‎terça-feira‎, ‎8‎ de ‎abril‎ de ‎2014

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