MEDICINA INTEGRATIVA NO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN DE SÃO PAULO-BRASIL




MEDICINA INTEGRATIVA



MEDICINA INTEGRATIVA



Medicina integrativa – mais que uma nova abordagem em medicina

Uma nova abordagem, chamada medicina integrativa, tem conquistado espaço em instituições de pesquisa, hospitais, unidades de saúde e consultórios médicos ao propor transformações nesse cenário fragmentado e nem sempre eficiente. Organizada como movimento dentro de universidades americanas de pesquisa a partir de meados dos anos 1970, uma de suas grandes inovações está numa mudança de paradigma: sai a doença como foco principal da atenção e entra o paciente inteiro - mente, corpo e espírito - no centro do cuidado. Parece simples, mas é um deslocamento gigantesco que modifica toda a prática médica, numa reação em cascata: o paciente é visto como agente responsável por sua melhora, a consulta inclui uma atenção diferenciada, a relação médico-paciente se fortalece, a escolha de terapias se expande. Até mesmo o conceito da cura é ampliado, deixando de ser entendido apenas como ausência de doença, o que é bastante comum hoje em dia, para ser visto como o restabelecimento do bem-estar físico, mental e social - definição, aliás, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outra mudança importante da medicina integrativa é a ênfase na capacidade inata de recuperação do nosso organismo. Em outras palavras, isso significa dizer que somos capazes de participar ativamente do nosso processo de cura, apesar de não sermos educados para saber disso. A cura não vem de fora, mas de dentro - remédios, tratamentos e cirurgias são necessários para auxiliar e acelerar essa recuperação, mas não são tudo nem podem fazer todo o trabalho sozinhos. Condicionados como estamos ao modo racional e descartiano de pensamento, que primeiro divide em partes para depois tentar compreender e racionalizar, temos mais dificuldade do que uma criança em entender as capacidades de recuperação do corpo - um garoto de 10 anos ao observar um machucado se cicatrizando entende melhor o conceito do que muitos adultos. É uma mudança de entendimento. Por exemplo, ao se recuperar de uma pneumonia após ingerir antibióticos, qualquer pessoa pensaria que foram os remédios que cur​aram o paciente. A medicina integrativa entenderia que o sistema imune do paciente auxiliado pela redução de bactérias devido ao uso de antibióticos foi quem permitiu a cura. Parecido, mas totalmente diferente.


Dentro desse pensamento integrado, as opções de tratamento disponíveis realmente se ampliam, e a dicotomia entre ocidental e oriental perde o sentido. É como um leque que fica maior: existe todo o rol do qual a medicina tradicional dispõe, mas também as modalidades complementares que tenham evidências científicas de sua segurança e eficácia. Essa parte é muito importante já que pacientes fazem uso de práticas não tradicionais sem avisar seu médico, num sinal de que algo está faltando para elas e num indício de que possam estar mais se prejudicando do que ajudando ao não receberem orientação adequada para isso. Pesquisa feita nos Estados Unidos em 1993 mostrou que 1 em cada 3 pacientes fazia uso de alguma terapia complementar sem contar ao médico responsável pelo seu tratamento.
Na definição do Consortium of Academic Heath Centers for Integrative Medicine, "a medicina integrativa é a prática que reafirma a importância da relação entre médico e paciente, com foco na pessoa como um todo, embasada em evidências, e que usa de todas as abordagens terapêuticas apropriadas para alcançar saúde e cura". Andrew Weil, um dos pioneiros da medicina integrativa, explica o caminho desse conceito associando-o ao da boa medicina, identificada como ele como aquela que utiliza todos os tipos de terapias consagradas cientificamente, sejam oriundas da medicina convencional ou de sistemas médicos não tradicionais, para prevenir e tratar doenças, e promover o bem-estar do paciente. Weil ressalta também a importância dessa abordagem, mostrando que ela acontece em duas dimensões - uma que expande o rol de escolhas terapêuticas e outra que reintegra mente, corpo e coração, num entendimento de que saúde e doença incluem mais do que apenas o corpo. E novamente, num entendimento de que o bem-estar do paciente precisa estar em primeiro plano.
Em maio de 2006, uma portaria do Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando a oferta de tratamentos complementares no Sistema Único de Saúde (SUS). Pela norma, passaram a ser oferecidos acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia e termalismo. Atualmente, dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS faz, em média, 385 mil procedimentos de acupuntura e mais de 300 mil de homeopatia por ano. A oferta desses serviços está disponível em cerca de 1.200 municípios.​​​​

O QUE É MEDICINA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR?


COMPLEMENTAR OU ALTERNATIVO?

Já que a medicina integrativa usa todas as terapias com comprovação científica em prol do bem-estar do paciente, seria ela uma medicina também alternativa?
A confusão com os termos é comum e, por isso, antes de prosseguirmos é importante fazermos duas definições. Definimos medicina alternativa como aquela que preconiza terapias que excluem o tratamento convencional. Por exemplo, o uso de um fitoterápico em substituição à quimioterapia para tratar um tumor. A medicina complementar por sua vez usa terapias e orientações médicas que, como o próprio nome enfatiza, são complementares ao tratamento convencional. No mesmo exemplo, seria o uso da acupuntura para diminuir as náuseas provocadas pela quimioterapia. E é nessa segunda definição que se enquadra a abordagem preconizada pela medicina integrativa.
O propósito é integrar. Juntos, médico e paciente traçam um plano de sobrevivência e busca de bem-estar, mesmo nos quadros mais graves. Para que isso seja possível, é necessário que o médico esteja apto para validar as práticas já trazidas pelo paciente, estimulando o diálogo e fornecendo dados científicos embasados para isso, abrindo espaço, inclusive, para discutir uma possível associação com o tratamento convencional. O entendimento principal é de que terapias que podem ser recomendadas são as que têm evidências de sua eficácia e segurança, como a prática de meditação. As que podem ser aceitas são aquelas com segurança comprovada por pesquisas, mas com eficácia ainda não indicada, por exemplo, sessões de shiatsu. Práticas comprovadamente perigosas e ineficazes, como a associação de alguns fitoterápicos, devem ser desencorajadas e suspensas.
Essa abertura é muito importante para que as opções complementares sejam usadas a favor dos pacientes, que em momentos de fragilidade tendem a aderir a tratamentos sem relatarem a seus médicos. Pesquisas mostram que boa parte dos pacientes oncológicos brasileiros usa práticas complementares ao tratamento convencional. Os dados são alinhados com os americanos - e provavelmente com os do resto do mundo ociental. Trabalho feito no Centro de Medicina Integrativa do Memorial Sloan Kettering Center, em Nova York, publicado na revista científica Oncologist revela que 69% a 80% dos pacientes com câncer usam fitoterápicos, suplementos vitamínicos, orientações nutricionais e acupuntura, entre outros. Cerca de 70% deles não relataram o uso aos seus médicos - inclusive pelo fato de eles não abordarem o tema em suas consultas.
A crescente busca por essas opções está relacionada à redução de efeitos colaterais das drogas, com a sensação de autocuidado e controle no tratamento, com a busca do aumento de bem-estar e qualidade de vida, maximizando a resposta do corpo ao tratamento. Sensações de medo, depressão e ansiedade também são mais bem trabalhadas com auxílio de terapias complementares. Além disso, doenças antes associadas à morte hoje são vivenciadas como crônicas, que nem por isso deixam de provocar incômodos ou limitações, e levam os pacientes a buscas que os ajudem a conviver melhor com seus sintomas.
Uma iniciativa interessante está em curso no Beth Israel Medical Center, em Nova York (EUA), patrocinada pela Fundação Dona Karan. Professores de ioga foram convocados para darem aulas para pacientes oncológicos e enfermeiras estão aprendendo técnicas de relaxamento. Os pacientes estão sendo acompanhados para que seja possível avaliar se a prática da ioga reduz sintomas clássicos do câncer e da quimioterapia, como dores, náusea e ansiedade. Experimentos e iniciativas do tipo estão sendo adotadas com sucesso e custos reduzidos em hospitais e unidades de saúde em várias partes do mundo. Em São Paulo mesmo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pesquisa há anos, com resultados bastante animadores, a influência da meditação e das técnicas de biofeedback em transtornos de ansiedade e distúrbios alimentares.
O Hospital Israelita Albert Einstein também tem levado a medicina integrativa a pacientes que convivem com o câncer. As ações do tipo têm sido chamadas de intervenções em estilo de vida.

Razões que estimulam pessoas com câncer a utilizar terapias complementares

  • Auxilio no tratamento dos efeitos colaterais aos tratamentos de câncer, como náusea, dor e fadiga
  • Obtenção de conforto e alívio das aflições decorrentes do tratamento, e conseqüente estresse
  • Sensação de estar fazendo "algo mais" por si mesmo
  • Tentativa de conseguir o melhor para o tratamento e a cura do câncer

Fazendo escolhas

É natural ao ser humano o desejo de lutar contra o câncer de todas as maneiras possíveis. Existe muita informação disponível, e novos métodos de tratamento do câncer estão sendo testados. Em conseqüência de tanta informação, torna-se difícil saber por onde começar. As terapias complementares não são totalmente eficazes para todos os pacientes, porém alguns métodos sempre serão úteis no manejo do estresse, náuseas, dores e outros sintomas ou efeitos colaterais.
Uma mensagem importante é que se procure sempre falar com o medico responsável ao iniciar qualquer nova pratica. Esta atitude irá assegurar que nada poderá interferir no direcionamento do tratamento proposto.

Medicina Integrativa

  • A Medicina Integrativa aborda de forma integral e completa o processo de cura do paciente, envolvendo sua mente, corpo e espírito. Ela combina a Medicina Convencional com as práticas de Medicina Complementares, que tenham se mostrado mais promissoras.
  • Por exemplo, usar conhecimentos de relaxamento para reduzir o estresse durante a quimioterapia.

Medicina Complementar

  • A Medicina Complementar é usada "em conjunto" com os tratamentos médicos convencionais.
  • Um bom exemplo é a utilização da acupuntura no alívio dos efeitos colaterais causados pelo tratamento do câncer.

Medicina Alternativa

  • A medicina alternativa é usada "em substituição" aos tratamentos médicos convencionais.
  • Um exemplo é o uso de uma dieta especial para tratamento do câncer, em substituição a um método convencional sugerido pelo oncologista.
  • Ressaltamos que a utilização de terapias alternativas não é recomendada pelos praticantes de medicina integrativa, sobretudo em pacientes portadores de câncer.

Medicinas para mente e corpo

Baseadas na crença de que a mente é capaz de exercer influência sobre o corpo. Alguns exemplos são:
  • Meditação: focando na respiração e repetindo palavras ou frases para aquietar a mente
  • Hipnose: um estado de relaxamento no qual o paciente concentra seu foco de atenção em determinado sentimento idéia ou sugestão, para auxiliar o processo de cura
  • Yoga: sistema de posturas e alongamentos, que dedica especial atenção à respiração
  • Visualização: imaginando cenas, quadros ou experiências de prazer e felicidade para estimular a cura
  • Atividades criativas: como artes, música ou dança.

Práticas baseadas em biologia

Este tipo de medicina utiliza o que a natureza nos oferece, como por exemplo, suplementos vitamínicos e produtos fitoterápicos. Alguns exemplos são:
  • Vitaminas
  • Ervas
  • Alimentos
  • Dietas especiais
Uma observação a respeito de nutrição: é muito comum às pessoas com câncer terem dúvidas a respeito da alimentação durante o tratamento da doença. É importante saber que não existem alimentos ou dieta especial que tenha comprovada importância no controle do câncer. Grande quantidade de um mesmo alimento não irá ajudar, e poderá ser prejudicial. Devido às necessidades nutricionais específicas, o ideal é que o paciente consulte seu médico para obter a orientação correta do alimento que deverá ingerir.

Praticas de manipulação corporal

São técnicas baseadas no trabalho manual aplicado sobre uma ou mais partes do corpo. Alguns exemplos:
  • Massagem: manipulação dos vários tecidos do corpo humano usando as mãos e eventualmente algum aparelho especializado.
  • Shiatsu: é um tipo de manipulação corporal que utiliza pressão em pontos específicos do corpo, visando obter relaxamento e melhora do estado geral.

Terapias baseadas em energia

Esta medicina se baseia na crença de que o corpo humano possui campos energéticos e que a energia é parte vital do equilíbrio de nosso corpo. Alguns exemplos:
  • Tai Chi Chuan: envolve lentos e suaves movimentos corporais, com foco na respiração e concentração profunda.
  • Reiki: busca o equilíbrio de energia, tanto à distancia como em proximidade do paciente, através da postura de mãos.
  • Toque Terapêutico: o terapeuta movimenta as mãos sobre os campos energéticos do corpo.

Sistemas médicos tradicionais

Estes são sistemas de cura e crenças muito antigos provindos de diferentes culturas e lugares do mundo. Alguns exemplos:
  • Medicina ayurveda: provinda da Índia, esta medicina enfatiza o equilíbrio entre mente, corpo e espírito.
  • Medicina chinesa: baseada na crença de que a saúde é o resultado da perfeita harmonia de duas forças denominadas Yin e o Yang.
  • A acupuntura é uma prática comum da medicina chinesa, que envolve a estimulação de pontos específicos através de agulhas finíssimas, visando a melhora da saúde e a redução de sintomas e efeitos colaterais.
  • Homeopatia: utiliza doses extremamente pequenas de agentes e de seu substrato energético que estimulam o organismo a promover a autocura.

Fale com seu médico antes de utilizar a medicina integrativa

Alguns pacientes receiam que seu médico desaprove ou não compreenda o uso da medicina integrativa. Sabemos, porém, que os médicos aceitam e valorizam o desejo do paciente em participar ativamente do processo de cura. O médico sempre irá desejar o melhor para seu paciente, ansiando por fazer o trabalho em conjunto.
Fale com seu médico para assegurar-se de que todos os métodos escolhidos podem atuar em harmonia. Este posicionamento é importante porque escolhas que parecem seguras - como certos alimentos e fitoterápicos - podem interferir no tratamento proposto pelo médico responsável.


O que devo perguntar ao médico a respeito da medicina integrativa?

Quais as opções de medicina integrativa eficazes para:
  • Ajudar a enfrentar meu problema, reduzir o estresse e me sentir melhor?
  • Ajudar a me sentir menos cansada?
  • Ajudar a lidar com os sintomas do câncer como a dor, ou os efeitos colaterais do tratamento, como as náuseas?

Nem sempre o produto "natural" é um produto seguro

Alguns fatos importantes a respeito de suplementos dietéticos, como fitoterápicos e vitaminas.

Estes suplementos poderão afetar negativamente a eficácia da medicação convencional.

Plantas e alguns produtos à base de plantas podem alterar a eficácia dos remédios e quimioterápicos, não permitindo que eles desempenhem no organismo a função para a qual foram indicados. Tanto faz se estes remédios foram prescritos pelo médico, ou comprados diretamente das prateleiras de farmácias.
Por exemplo, a conhecida Erva de São João (Hypericum perforatum), que alguns pacientes com câncer utilizam para a depressão, pode alterar o efeito de certas drogas anticâncer, impedindo o resultado esperado do medicamento.

Ervas podem atuar como "drogas" no organismo.

Suplementos de ervas podem ser prejudiciais se ingeridos puros, misturados a outras substâncias ou ainda em doses inadequadas. Por exemplo, alguns estudos demonstram que a Kava-Kava (Piper methysticum), conhecida planta que é usada no controle do estresse e da ansiedade, pode causar dano ao fígado.

Vitaminas também podem causar danos ao organismo.

Altas doses de vitaminas, como por exemplo, vitamina C podem afetar o modo de atuação da quimioterapia e da radioterapia. Grandes doses de vitaminas não são seguras – até mesmo para pessoas saudáveis.
Informe ao médico se você faz uso de suplementos vitamínicos - não importa o quanto você imagina que sejam seguros. Esta é uma atitude muito sensata. Embora alguns aleguem que determinadas vitaminas vêm sendo usadas há muito tempo, dificilmente se obtém confirmações científicas que provem sua eficácia e segurança. É importante ser cauteloso.
Os suplementos não requerem aprovação governamental para sua comercialização. Da mesma forma a prescrição médica não é obrigatória. Portanto, o consumidor deve decidir o que é melhor para si.

O que devo perguntar ao terapeuta a respeito das terapias complementares?

  • Como a terapia poderá ajudar-me?
  • Você conhece estudos que comprovem sua atuação benéfica?
  • Quais são os riscos e efeitos colaterais?
  • Quanto tempo deve durar a terapia?
  • Qual será o custo?
  • Você tem material que eu possa ler para obter informações?
  • Existe alguma razão pela qual eu não deva usar esta técnica?
​​​​​Publicado em 18/11/2011

Fonte:http://www.einstein.br/Hospital/oncologia/nossos-servicos/medicina-integrativa/Paginas/o-que-medicina-integrativa-complementar.aspx



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