Como viver com lucidez total? A entrevista de 68 de Krishnamurti a Huston Smith, ex-professor do MIT
No dia 15 de novembro de 1968, no Claremont College, California
(EUA), o então professor de Filosofia do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Huston
Smith, se encontrou com o célebre filósofo indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986) para uma entrevista que deveria
durar 30 minutos mas passou de uma hora, e foi transmitida na época e hoje está
disponível na Internet na íntegra – segundo fontes, porque os diretores do
programa relutaram em editá-la. A pergunta que norteia a entrevista é se
“é possível viver com lucidez total?“, seguida pela
segunda parte, “se for possível, como?“, parte esta
que abre uma argumentação clínica sobre o medo, a verdade e a dependência da
autoridade.
Krishnamurti discorre
sobre esse mesmo tema em vários de seus discursos, muitos deles que viraram
livros como “Reflexões Sobre a Vida“, “Viagem ao um Mar Desconhecido” e “O Mistério
da Compreensão“, questionando e pedindo o completo envolvimento do seu
interlocutor para a descoberta da verdade. Sobre como
ter claridade, ele diz: “O como implica um método, um sistema,
um caminho percorrido por outros, alguém que diga ‘faça isto e você irá
encontrar a claridade’. É preciso liberdade da autoridade. (…) Se pudermos
descartar completamente toda a autoridade de especialistas em psicologia, em
religião, se pudermos negar profundamente todas essas autoridades, o indivíduo
estaria valendo-se totalmente de si mesmo. (…) Mas a palavra como implica intrinsecamente uma mente que diz ‘por favor, me diga
o que devo fazer’”. Ao perseguir a autoridade e um método criado, Krishnamurti
argumenta, “deixa-se de fora as complexidades e a qualidade viva da
claridade”.
A explicação sobre lucidez traz outros pontos importantes mas não
tão simples de compreender como a possibilidade da liberdade total do medo – o
próprio Huston Smith tem dificuldade na entrevista. “É um
ensinamento difícil“, diz ele. Apesar da liberdade ser tratada de
maneira total e irrestrita, creio ser importante endereçarmos primeiramente a
liberdade interior, a capacidade de lidar com os
assuntos e descobertas da vida por nós mesmos, sem constantemente ou
automaticamente nos referir a métodos e respostas externas pelo que Krishnamurti
cita como um sentimento de dependência. Pode ser difícil de realizar, e nós
mesmos estamos de certa maneira nos referenciando nele (Krishnamurti) para
avançar nessa liberdade que contém a lucidez viva, mas gradativamente, ou talvez
em alguns campos, podemos – e precisamos – seriamente adotar essa autonomia.
“Não vejo porque (essa lucidez total) não deveria ser encontrada por qualquer um que seja realmente sério a esse respeito. Mas a maioria de nós não é séria. Queremos ser entretidos, queremos que alguém nos diga o que fazer, queremos que alguém nos diga como viver, o que é a claridade, o que é o verdadeiro, o que é Deus, qual é a conduta correta e por aí vai.”
~ Jiddu Krishnamurti, em entrevista a Huston Smith (1968)
O vídeo é falado
originalmente em inglês mas a versão abaixo possui
legendas embutidas em espanhol. Peço desculpas, mas
não traduzi este vídeo pela longa duração que ele possui (1h02min). Espero que consigam captar a mensagem de maneira
completa.
PS: Há uma segunda publicação deste mesmo vídeo, sem legendas, aqui.
Fonte:http://dharmalog.com/2014/03/10/entrevista-1968-krishnamurti-huston-smith-liberdade-lucidez-medo-autoridade/
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