ESPIONAGEM DOS EUA EQUIVALE A ATO DE GUERRA,MAS A RESPOSTA É POLÍTICA


Em reunião anterior: Chefes de Estado dos BRICS. Da esquerda para a direita: Índia, China, África do Sul, Brasil e Rússia 
 

ESPIONAGEM DOS EUA EQUIVALE A ATO DE GUERRA, MAS A RESPOSTA É POLÍTICA.


Por Fernando Brito


“Diante da lei brasileira [e internacional], o crime cometido pelo Governo dos EUA ao espionar e-mails e telefonemas da Presidenta Dilma Rousseff pouco ou nada se diferencia de um ato de guerra.

Muito embora eletronicamente, trata-se de violar as comunicações da Chefe de Estado, de Governo e a comandante-em-chefe das Forças Armadas do Brasil.

Mesmo antes da revelação deste crime, diante das informações sobre coleta de dados no Brasil, o governo brasileiro já havia solicitado que os Estados Unidos só realizassem interceptações telefônicas ou cibernéticas com autorização judicial.

Semana passada, os EUA negaram-se a assumir este mínimo compromisso.

Não se trata, como se vê, de uma ação antiterrorismo.

É vigilância ilegal sobre outros países e governos, numa despudorada violação do direito internacional.

Só há uma maneira eficaz de responder a ela.

Suspender viagem da Presidenta aos EUA, chamar o embaixador, apresentar queixa na ONU, tudo isso pode e será feito, na hora adequada, e que não vai tardar.

Mas o essencial é que chegou o momento da confrontação entre a velha ordem internacional e a que emerge no século 21.

Cabe-nos provocar e coordenar a reação dos chamados Brics – além de nós a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul.

Somos, juntos, 42% da população global, 40% da superfície terrestre, 75% das reservas monetárias internacionais, e cerca de 20% do PIB, muito próximo dos 23% representados pelos EUA.

Chegou o momento de termos um peso geopolítico correspondente a essa força econômica.

O mundo unipolar dos últimos 24 anos, desde que o desaparecimento da União Soviética abriu caminho para o mando unilateral dos norte-americanos sobre o planeta, já não pode mais prosseguir, porque significou guerra, recolonização econômica, supremacia bélica intimidante e, agora, um intervencionismo ‘eletrônico” sobre os governos nacionais.

Não pretendemos – embora tivéssemos o direito internacional ao nosso lado – sermos um rato que ruge, como certamente não seremos, como já fomos [anos 90], um gatinho [carinhoso] que apenas mia, contrafeito.

Devemos ser – e é pena que não possamos (será mesmo que não podemos?) contar com a projeção internacional do ex-presidente Lula para o fazermos com o peso que isso mereceria – os estimuladores de uma mudança de patamar da influência mundial dos países em desenvolvimento.

As transformações não acontecem apenas porque as queremos, é preciso que as estruturas ultrapassadas revelem a profunda contradição entre o que dizem ser e o que são, na realidade.

Sem arroubos retóricos, apenas à luz dos fatos: os Estados Unidos tornaram-se um país criminoso.

E é dever da comunidade internacional por fim à esta atividade criminosa.

Não pelos métodos americanos de combater o que diz serem crimes contra as liberdades e os direitos civis, com seus mísseis de cruzeiro.

Mas com a força econômica e moral da maior parte da humanidade, que não aceita ser monitorada, vigiada e violada pela ânsia americana de poder.”

[OBS deste blog ‘democracia&política’: os posicionamentos do Brasil acima propostos por Fernando Brito são corretos e coerentes para um brasileiro autêntico e com brios. Contudo, estou insegura quanto ao seguinte fato: foi a “Globo” que divulgou, com inusitado estardalhaço, a grave violação da soberania brasileira e do direito internacional! Logo a "Globo"!?! A “Globo”, há décadas, até aonde vai a minha memória, sempre atuou (por ideologia ou pagamento) a favor dos Estados Unidos e do poder econômico e financeiro internacional, em detrimento até do interesse nacional. Até mesmo na política interna brasileira ela protege, enaltece, 
luta pela volta ao poder, blinda, aqueles que agem em sintonia com as determinações estadunidenses. Portanto, se ela agora divulgou essas notícias de espionagem, aparentemente críticas  ao governo americano, certamente foi com o consentimento prévio e orientação da Embaixada dos EUA. Assim, sinto que há alguma agenda oculta pró-EUA nessa divulgação da espionagem e nas exigências de atitudes duras como resposta do governo brasileiro. Qual o interesse norte-americano em criar clima de rompimento com o Brasil? Escalar a crise para deteriorar as relações entre os dois países para criar condições de atos hostis e até militares contra o Brasil dentro de algumas décadas? Por quê? O Brasil ideal para eles é o “Estado-bandido” a invadir, em vez de sermos o “bom parceiro”? Petróleo? Água? Terras férteis? Ainda não estou convicta da resposta ao enigma. Inúmeras hipóteses me vêm à cabeça.]

FONTE: escrito Por: Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”  (http://tijolaco.com.br/index.php/espionagem-dos-eua-equivale-a-ato-de-guerra-mas-a-resposta-e-politica/). [Trechos e observação entre colchetes e em azul acrescentados por este blog ‘democracia&política].

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