RETRATOS DA ÍNDIA

 


Luiz Simões é um fotografo brasileiro que trocou os trópicos pelas ramblas de Barcelona. Somos amigos há quase 20 anos e um dia, retornando de uma de suas viagens, ele expôs categoricamente o seguinte pensamento: "O mundo pode ser dividido em dois grupos, aqueles que conhecem a Índia e aqueles que não conhecem".


Estive na Índia anos mais tarde, em 1996, percorrendo durante 50 dias uma ínfima porção desse universo estético e cultural. Não vou me deter aos detalhes da viagem, apenas dizer que no seu término concordava de corpo e alma com as palavras do Luiz.


Há uma tranqüilidade no olhar dos indianos que é, ao mesmo, tempo relaxante e instigante. Uma despreocupação que só acontece quando sabe-se íntegro no seu espaço.


O rapaz malhado, a menina no meio da plantação de papoulas, o senhor que ordenha o seu gado, o guardião do palácio no Rajasthan e o passeante pelas ruas de Jaipur. Todos eles carregam no seu olhar um pouco de Índia e um tanto a mais de humanidade, afinal foi na Ásia que há milênios floresceram as primeiras civilizações, o que, no meu entender, lhes dá essa vantagem e essa tranqüilidade.


O retrato é para mim a síntese de uma relação, seja ela curta ou demorada, o encontro de olhos que não se evitam. Para retratar o outro precisa estar predisposto a se relacionar com o outro, a entender o outro, a olhar o outro com um olhar que não seja o da avidez fotográfica.


E se alguém perguntar pela água, saiba que ela é sagrada.
Passos
Sempre gosto de, cuidadosamente, reconhecer o terreno onde piso. "Conversar" com ele. Semanalmente uma imagem sem legendas.






Retratos da Índia

Roberto Linsker - 07/11/2008





Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/126842_comentarios.shtml?8166761


 

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