ATÉ O FIM : O SEU MAIOR MEDO É A SOLIDÃO

 Até o Fim

Boa noite madrugas...

Do que você tem mais medo?

O meu maior medo é a solidão.

Abraços!

O relógio despertou, exatamente seis horas da manhã. O par de chinelos o esperava à beira da cama.

Já não levantava mais com todo seu vigor, os anos o levaram, agora muito esforço era necessário para sentar e calça-los.

Ao lado da cama, o copo com agua comportava o que agora eram seus dentes. Já não tinha mais aquele belo sorriso natural que antes conquistava a todos. Também ali repousava seu óculos, a visão não era a mesma, agora se quisesse admirar a beleza alheia ele se fazia necessário. O belo tom azul dos olhos, que antes foram tão elogiados, agora era esbranquiçado. Começo de catarata, as garotas não mais o notavam.

Foi até o banheiro para a higiene matinal. Antes de lavar o rosto marcado pelo tempo eram necessários alguns minutos ao vaso, mas que o normal. 

Quando se olhou ao espelho não via mais o belo rosto que um dia arrancou suspiros e elogios, só via que o tempo passou. O cabelo liso que antes o vento bagunçava se perdeu, um a um, não precisa mais de pente ou gel.

Caminhando pela casa, cada passo o lembrava que as forças nas pernas não eram mais a mesma. Não conseguiria mais correr para os braços de nenhuma mulher. As mãos, antes firmes e seguras, não conquistariam mais ninguém com suas carícias.

A mesa onde tomava café da manhã se tornara grande só para ele.

E sentado ali, na varanda, lendo o jornal matinal, não tinha o costume de ler, essa talvez foi a unica coisa boa que o tempo lhe trouxe. Ali na velha cadeira de balanço, na companhia do silencio, a única coisa que restava era as lembranças de um tempo em que cada noite dormia com uma mulher diferente.

O dia sempre demorava para passar, na TV nada o interessava, a casa,sempre estava em ordem, a única coisa que restava era ficar na varanda observando as crianças e desejando poder voltar no tempo.

Mais uma noite chegou. Precisava ir dormir cedo, afinal amanhã começaria tudo de novo. Deitado na cama observando o outro lado vazio ele ouviu uma doce voz que quebrou aquele triste silêncio.

- Prazer, meu nome é Solidão e estarei contigo até o fim.

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