Experiências de Meditação
Se você continuar a praticar meditação, então sua experiência vai gradualmente aumentar e haverá cada vez mais e mais estabilidade e lucidez. Contudo, as experiências que podem surgir na meditação podem tomar várias formas. E, apesar do fato de a pessoa ter tido um reconhecimento real da natureza da mente, ainda há a possibilidade ou probabilidade de flutuação na experiência, mesmo depois disso.Khenchen Thrangu Rinpoche (Tibete, 1933 ~)“Pointing Out the Dharmakaya” (Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 24/09/2010).
Às vezes, você pode sentir que tem uma meditação fantástica e tremenda; em outras, pode sentir que não consegue nem meditar. Isso caracteriza as experiências de meditação, que flutuam bastante. A realização — que é distinta das experiências — não muda, mas as experiências variam muito ou se alternam entre boas e ruins.
Ainda haverá vezes em que você vai ter o que considera boas experiências e, em contraste, o que considera experiências ruins. Quando isso acontecer, apenas continue olhando. Não se distraia ou desvie com a experiência. Qualquer experiência de meditação que surgir, você deve reconhecer que isso é transitório. Como costuma ser dito: “experiências de meditação são como névoa, certamente vão desaparecer”.
Experiências são diferentes do fato real do próprio reconhecimento. Como elas são experiências efêmeras, não vale a pena investir nisso. Então, se você tem uma experiência de meditação ruim, não se alarme, porque isso também vai desaparecer.
Se você tem uma boa experiência de meditação, precisa continuar; se tem uma experiência de meditação ruim, precisa continuar. Em qualquer caso, você precisa simplesmente continuar a repousar nesse reconhecimento da natureza da mente.
Pós-Meditação
Algumas pessoas pensam que, se meditarem por quinze minutos a cada dia, deverão se iluminar em uma semana e meia. Mas as coisas não funcionam assim. Mesmo se você meditar, rezar e contemplar durante uma hora por dia, isso representa uma hora em que você medita contra 23 em que não medita. Quais seriam as chances de uma pessoa contra 23 em um cabo-de-guerra? Um puxa para um lado e 23 para o outro — quem vai ganhar?Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002)“Portões da Prática Budista“, parte 2
Não é possível mudar a mente com uma hora de meditação diária. Você tem que prestar atenção a seu processo espiritual ao longo de todo o dia, enquanto trabalha, joga, dorme; a mente precisa estar sempre se direcionando para a meta final da iluminação.
Quando você estiver imerso nas coisas do mundo, conserve sua mente naquilo que está fazendo. Se estiver escrevendo, mantenha a mente no tracejar da caneta. Se estiver costurando, concentre a mente em cada ponto. Não se deixe distrair. Não pense em cem coisas ao mesmo tempo. Não fique viajando no que aconteceu ontem ou no que pode acontecer no futuro.
Não importa tanto o que você esteja fazendo, desde que concentre a mente e fique com aquilo que se propõe a fazer. Permaneça junto da tarefa, procurando estar confortável em relação ao que está fazendo e, desse modo, você treinará a mente.
Sempre se observe de forma minuciosa, reduza os pensamentos, palavras e comportamentos negativos, e aumente aqueles que são positivos. Pense com cuidado e constantemente refaça seu foco, pois você pode ficar com a mente nublada com muita facilidade. O que a meditação produz é um constante ajuste do foco. Você tem que trazer de volta a intenção pura, vez após vez.
E, então, relaxe a mente para permitir um reconhecimento direto e sutil daquilo que está além de todo o pensamento.
União da Meditação e Pós-Meditação
No momento, a claridade natural de sua mente está obscurecida por ilusões. Mas ao passo que esse obscurecimento se dissolve você irá começar a descobrir a radiância do estado desperto, até que você alcança o ponto em que, assim como um desenho na água desaparece no momento em que é feito, seus pensamentos serão liberados no momento que surgem.
Experimentar a mente dessa maneira é encontrar a própria fonte do Estado Búdico, a prática da quarta iniciação. Quando a natureza da mente é reconhecida, isso é chamado de nirvana; quando está obscurecida pela ilusão, é chamada de samsara — embora tanto samsara quanto nirvana jamais tenham se afastado do continuum do absoluto.
Quando a realização do estado desperto chega à sua extensão máxima, as defesas da ilusão terão sido comprometidas e a fortaleza do Dharmakaya além da meditação poderá ser tomada de uma vez por todas. Aqui não há mais distinção entre meditação e pós-meditação, e a experiência é estabilizada sem esforço — isso é não-meditação. […]
Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991)“The Heart Treasure of The Enlightened Ones”, v. 43
Fonte:http://darma.info/trechos/
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