OS SOLDADOS DE TERRACOTA E AS DINASTIAS CHINESAS

 
 
Os soldados de Terracota
e as Dinastias Chinesas
 
Posicionados em formação de batalha, vários soldados de terracota e seus cavalos protegem o túmulo do Imperador Qin Shi Huang. Apesar de ser de beleza impressionante, o exército não foi criado para ser visto por olhos de meros mortais. As figuras de argila foram enterradas mais de 2 mil anos atrás em catacumbas subterrâneas, prontas para escoltarem o imperador à vida eterna.
O esplêndido tesouro, legado do primeiro imperador da China unificada, foi descoberto em 1974 por camponeses que cavavam um poço. Entre os guerreiros de terracota descobertos até agora nas três catacumbas há arqueiros, cavalaria, cocheiros e soldados armados empunhando lanças e adagas. O escalão militar dos soldados pode ser determinado ao se examinar seus cortes de cabelo e sutis pontos em seus uniformes. Originalmente, suas roupas eram pintadas de verde, vermelho, roxo e azul, mas apenas alguns traços do pigmento permaneceram.
O interessante é que cada figura tem características faciais únicas e pode na verdade ser o retrato de um guarda imperial. Ainda assim, as estátuas eram de certa forma genéricas; as figuras, em sua maioria ocas, eram produzidas em massa, e depois recebiam cabeças e mãos modeladas individualmente.
Como soldados de verdade, os guerreiros de terracota originalmente carregavam arcos, espadas e lanças de verdade. Cerca de 10 mil armas já foram encontradas nas catacumbas. Como as superfícies de metal das espadas tiveram tratamento especial, desafiaram a corrosão com tanta eficácia que as lâminas ainda estão afiadas, mesmo após 2 mil anos enterradas. De certa forma ameaçadoras, as pontas de flechas encontradas ali foram feitas de uma liga venenosa de chumbo - a mesma das flechas que foram usadas como armadilhas no túmulo do próprio imperador.
Em uma catacumba, muitos guerreiros de argila foram encontrados fragmentados e quebrados, resultado dos séculos de vigília sob o solo. Descobertos agora, eles criam a impressão de um campo de batalha de soldados arruinados - uma recordação, talvez, da futilidade da guerra e da vaidade dos imperadores.
 
Qin Shi Huang
 
Qin Shi Huang, cujo nome original era Qin Zheng, foi príncipe nascido durante o período dos Estados Guerreiros. Ele ascendeu ao trono aos 13 anos, e aos 21 havia assumido o poder totalmente. Com grande agressividade, ele conquistou os estados feudais e obteve o controle de toda a China em 221 a.C.
Qin se auto-proclamou o Shi Huang Di, ou "Primeiro Imperador”, comparando-se aos deuses e anunciando seu direito divino de governar a China. Ele ordenou que as paredes das montanhas sagradas em toda a China fossem esculpidas com um novo edital imperial, declarando a unificação sob seu governo.
Durante a era Qin, os pesos e medidas foram padronizados, assim como a moeda e até a distância dos eixos das carroças, o que permitia que estas avançassem suavemente pela extensa rede de novas estradas que ele havia construído para conectar suas províncias.
Qin tomou medidas drásticas para debelar revoltas. Ele tentou eliminar a heresia ao queimar a literatura clássica – com exceção dos livros de medicina, adivinhação e agricultura – e chegou a ordenar que 460 Confucionistas fossem enterrados vivos. Ele confiscou armas, e implementou um rígido sistema legal para punir os crimes.
Qin se encarregou da construção de seu túmulo – o famoso mausoléu de Xian, cheio de soldados de terracota – quando ainda era jovem. Morreu viajando pela China orieintal, enquanto buscava as lendárias “ilhas perdidas dos imortais”.
CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE AS DINASTIAS QUE GOVERNARAM A CHINA AO LONGO DA HISTÓRIA
A China foi governada por uma sucessão de dinastias em grande parte de sua História. As dinastias chinesas, como a Han, dominaram por muito tempo, mas também houve dinastias estrangeiras, como Yuan e Qing. Saiba mais sobre as principais dinastias que governaram a China antiga.
Dinastia Shang
1766 – 1045 a.C.
A Dinastia Shang foi a primeira dinastia verdadeira da China, e surgiu depois da lendária Dinastia Xia. Localizado no Vale Huang He, o Reino Shang era uma sociedade altamente desenvolvida, governada por uma classe de aristocratas de forma hereditária.
A sociedade agrária Shang era dividida em duas classes sociais – a nobreza e os plebeus – e governada por um rei sacerdote. Famosa por suas finas esculturas em jade, trabalhos em cobre e tecidos de seda, a dinastia também desenvolveu carruagens de guerrra puxadas por cavalos e um sistema próprio de escrita durante este período. O sistema de escrita Shang usava mais de 3.000 símbolos, esculpidos em ossos e cascos de tartaruga. Essa linguagem “oral” mais tarde evoluiu para os caracteres usados na grafia da língua chinesa.
O povo Shang cultuava seus ancestrais e um panteão de deuses. Ocasionalmente, eles praticavam sacrifícios humanos, incluindo a queima de escravos vivos nas tumbas de seus mestres. A Dinastia Shang acabou quando uma rebelião de escravos derrubou o último imperador, um déspota impopular.
Dinastia Zhou
1045 – 256 a.C
Em 1045 a.C., os Zhou da China ocidental depuseram os Shang e estabeleceram a sua própria dinastia. A sociedade dos Zhou possuía um sistema de classes bem parecido com a Dinastia Shang, com aristocratas e plebeus, mas com uma classe adiconal de escravos.
A dinastia Zhou controlava diretamente apenas algumas partes do norte da China, dividindo o reino em vários estados. Cada um era dominado por um governador local, que apoiava a autoridade central. Ao longo do tempo, estes estados se tornaram cada vez mais independentes, enfraquecendo o poder da dinastia.
Em 771 b.C., uma invasão estrangeira obrigou os Zhou a abandonar sua capital e seguir para leste, iniciando o período Zhou Oriental. As cidades cresceram, criando uma classe de mercadores que usava dinheiro em vez do escambo. Os artesãos do bronze atingem seu apogeu artístico e técnico.
Este período foi pródigo em grandes pensadores, como Confúcio e Lao-Tsé, e livros essenciais, incluindo o I Ching ou Livro das Mutações; o Shijing ou Livro dos Poemas; o Shujing, ou Livro do Aprendizado; o Liji, ou Livro dos Ritos; e o Chunqiu, ou Anais da Primavera e Outono.
Em 256 a.C, a Dinastia Zhou finalmente terminou, quando o governo central perdeu poder e se dividiu em sete grandes estados.
Dinastia Qin
221 – 206 a.C.
Depois do colapso da Dinastia Zhou, sete diferentes estados guerrearam entre si para obter o controle da China. O estado de Qin finalmente saiu vitorioso e estabeleceu um império forte e autoritário. O Imperador Qin Shi Huang aboliu os estados e e criou um governo central forte, que agia de forma cruel e autoritária, com grande eficiência admininistrativa e um rígido código legal.
O governo Qin trouxe muitas das mudanças duradouras que unificaram a China. Pesos e medidas, a moeda e a escrita chinesas foram padronizadas. O Imperador Qin ordenou a construção da Grande Muralha da China para defender seu reino contra a invação estrangeira. A Grande Muralha, ampliada e reconstruída por dinastias futuras, se estende por cerca de 7.240 quilômetros, do Mar Amarelo à Xinjiang, na China ocidental.
O Imperador Qin cobrava pesadas taxas e impostos do povo chinês para sustentar suas extensas campanhas militares e projetos de construção. Devido ao governo cruel e ao excesso de impostos, uma guerra civil eclodiu quando o Imperador Qin morreu, em 207 a.C., provocando o colapso de sua dinastia.
Dinastia Han
206 a.C. – 220 d.C.
Depois da queda da Dinastia Qin, o poderoso estado Han estabeleceu a Dinastia Han. Ela se divide em dois períodos: a Dinastia Han Ocidental (ou Anterior), que durou 206 a.C. a 8 d.C.A, e a Dinastia Han Oriental (ou Posterior), que governou de 25 a 220 d.C. O povo chinês ainda se refere a si mesmo como povo Han.
O governo manteve grande parte da estrutura administrativa Qin, mas dispensou a excessiva centralização do poder. Assim, houve uma mudança de uma aristocracia pura para uma espécie de meritocracia, que selecionada os funcionários públicos através de exames para o serviço civil. Os ideais de Confúcio, anteriormente suprimidos, se tornaram primordias para o Império Han.
Em 8 d.C., um oficial rebelde usurpou o trono para estabelecer a curta Dinastia Xin, mas a Dinastia Han recuperou o poder em 25 d.C. Durante a Dinastia Han Oriental, a economia, a educação e a ciência prosperaram. Havia comércio com os vizinhos do norte, e também com as civilizações na Europa, através da continental Rota da Seda. Escritores criaram grandes obras literárias, incluindo textos históricos e dicionários. Vindo da Índia, o Budismo também foi introduzido na China. A Dinastia Han era extremamente militarizada, e expandiu suas fronteiras para incorporar as regiões que hoje correspondem ao Tibete, Coréia do Norte e norte do Vietnã.
A Dinastia Han finalmente se enfraqueceu com a rivalidade política e a corrupção. Poderosos estados vassalos se revoltaram, e uma rebelião em larga escala eclodiu, causando a queda da dinastia em 220 d.C. A partir daí, a China se dividiu em três reinos que competiam entre si, e foi ameaçada pelas invasões de tribos nômades do norte.
 
Fonte:http://clubedahistoria.com.br/post.php?codigo=61

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