OS REDENTORES : LIVRO DE ENRIQUE KRAUSE EXAMINA HABILIDADE TEATRAL DE POLÍTICOS

Os Redentores

"Os Redentores" examina habilidade teatral de políticos
 
Em "Os Redentores", Enrique Krauze convida o leitor a conhecer o universo político e cultural latino-americano, por meio de perfis de seus mais representativos pensadores, políticos e ícones populares.
Onze homens e uma mulher cujo pensamento, ação e influência ajudaram a formar a América Latina contemporânea de maneira decisiva: do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz à líder argentina Evita Perón; do revolucionário Che Guevara ao atual presidente da Venezuela Hugo Chavez, passando pelos escritores Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa.

Há algum tempo, analistas apontam que a política é uma espécie de teatro. A partir do século 20, tornou-se uma atividade com requintes cinematográficos. Em "Os Redentores", Enrique Krauze apresenta um panorama de ideias políticas e culturais, de José Martí a Hugo Chávez.
Ronald Reagan, nos debates televisionados na década de 1980, mostrou o quanto a interpretação pode ser a melhor arma para se convencer a população. O cubano Guillermo Cabrera Infante, escritor exilado de seu país, considerava Fidel um "mestre do monólogo". A chinesa Jiang Qing, atriz de pouco sucesso que atuou em filmes de baixo orçamento, se destacou na política. Eva Perón sonhava em ser estrela de Hollywood e interpretar Maria Antonieta.
No capítulo "Eva Perón: A Madona dos Descamisados", o autor relata as ambições artísticas de Evita e como ela se destacou no rádio, com um tom melodramático, trêmulo, honesto e sofredor que cativou os argentinos.
"Tudo começou com o impacto que Hollywood em uma jovem que vivia na pobreza em Junín, uma pequena cidade provençal da Argentina. Ela lia a revista "Sintonia" e colecionava fotos de Norma Shearer. A garota havia visto Shearer desempenhar o papel de Maria Antonieta. Sonhava em ser a estrela de um filme americano, representar o mesmo papel e ouvir o rufar dos tambores na guilhotina. A garota não tinha recursos, não tinha educação, nem sequer dotes físicos particulares além de uma pele lisa e translúcida como o alabastro. Embora praticasse diligentemente uma espécie de recitação escolar de poesia, sua dicção era dolorosamente deficiente."
Amante das joias, quando morreu em 1952, o tesouro de Evita continha 1.200 broches, três lingotes de platina, 756 peças de ouro e prata, 144 broches de marfim, outra centena de diamantes, colares e relógios de ouro maciço. Somados, estima-se que o valor desses pertences superava dezenas de milhões de dólares.
Com mais de 600 páginas e sem os fogos de artifício "politicamente incorretos", o exemplar é uma coletânea de ensaios biográficos e intelectuais de 12 personalidades cujos pensamentos e ações moldaram a identidade latino-americana. Uma obra para quem quer entender questões da América Latina que estão além da conversa de bar.
Krauze, que participou da Flip deste ano, é jornalista, ensaísta e historiador. Editou a revista literária "Vuelta", atualmente dirige "Letras Libres", no México e na Espanha, colabora com "El País" e "The New York Times", além de lecionar como professor convidado na Universidade de Oxford.

Chávez forjou ligações com heróis venezuelanos, diz Krauze


O historiador e jornalista mexicano Enrique Krauze, em "Os Redentores: Ideia e Poder na América Latina", analisa a adoração de Hugo Chávez por heróis latino-americanos, principalmente Simón Bolívar, e a sua obstinação em se tornar um.
Segundo Krauze, "durante 15 anos em que pacientemente tramou sua conspiração revolucionária, forjando ligações espirituais entre sua genealogia e os heróis do país, Hugo Chávez converteria a si próprio em um ser fundido nos moldes do realismo fantástico de García Márques. Ele seria a redenção, o clímax --o texto supremo profetizado por outros textos-- da Escritura Sagrada da história venezuelana."
No capítulo "Hugo Chávez: O Adorador do Herói", o ensaísta mostra como transformar história em "Escritura" e homens públicos em "milagreiros" é uma prática comum na política da América Latina.
Com mais de 600 páginas, o livro é uma coletânea de ensaios biográficos e intelectuais de 12 personalidades cujos pensamentos e ações moldaram a identidade latino-americana, um panorama de ideias políticas e culturais que avançam desde o século 19.
Krauze participa da Flip 2011. No sábado (9), o autor divide a mesa "O Calor da Hora" com John Freeman.


da Livraria da Folha


Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/942632-os-redentores-examina-habilidade-teatral-de-politicos.shtml

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