O conhecido é dor
O que é esse “eu” a que sua
mente se apega, e que você deseja que tenha continuação? Por favor, não
responda, mas ouça atentamente. O “eu” existe apenas por meio da identificação
com posses, com um nome, com a família, com fracassos e sucessos, com todas as
coisas que você foi e quer ser. Você é aquilo com que se identificou; você é
feito de tudo aquilo, e, sem isso, você não existe. É essa identificação com
pessoas, posse e idéias que você deseja que continue, mesmo após a morte; mas
isso é uma coisa viva? Ou é apenas uma massa de desejos, buscas, realizações e
frustrações contraditórias, com a tristeza sobrepujando a alegria?
Melhor o conhecido do que o
desconhecido, é isso? Mas o conhecido é tão pequeno, tão insignificante, tão
restritivo. O conhecido é dor, e, ainda assim, você anseia por sua
continuidade.
Quando cessa todo o esforço por
saber, surge algo não concebido pela mente. O desconhecido é maior que o
conhecido; o conhecido não é mais que um barco no oceano do desconhecido. Deixe
que todas as coisas passem e sejam.
A verdade é uma coisa estranha;
quanto mais você a busca, mais ela se esquiva. Não se pode capturá-la por
qualquer meio, não importa quão sutil e engenhoso seja; não é possível
aprisioná-la na teia do pensamento. Perceba isso, e deixe que tudo passe. Na
jornada da vida e da morte, você deve caminhar só; nessa jornada, não pode haver
qualquer busca de consolo em conhecimento, em experiência, em memórias. A mente
deve ser purgada de todas as coisas que acumulou em sua ânsia por estar segura;
seus deuses e virtudes devem ser devolvidos à sociedade que os gerou. Deve haver
completa e incontaminada solitude.
Krishnamurti - Comentários
sobre o viver
Fonte:http://nossaluzinterior.blogspot.com.br/2013/03/o-conhecido-e-dor.html
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