GABRIEL GARCIA MARQUES : CEM ANOS DE SOLIDÃO



Gabriel García Márquez

Inspirado por Kafka, ligado a Fidel, perseguido pela CIA. De uma realidade fantástica a outra e, enfim, a nossa. Porque temos todos um pouco dos Buendías.
Jornalista, escritor e ativista político, aos 86 anos, Garcia Márquez é um dos mais nobres e influentes nomes da literatura, do jornalismo e da América Latina. Ainda jornalista, criou laços com personalidades como Fidel Castro - por isso foi posto em alerta vermelho pela CIA. Publicou vários ensaios e crônicas políticas, além de livros como "Relatos de um Náufrago", 1960, e "Crônica de uma Morte Anunciada", de 1981, que são referências no Jornalismo Literário.Como escritor, ganhou o Nobel da Literatura em 1982, pelo conjunto de sua Obra. Publicou mais de 30 livros, entre eles grandes obras como "O Amor nos Tempos de Cólera", 1985, e "Do Amor e Outros Dêmônios", 1994, as quais são algumas das suas estórias que foram readaptadas para o Cinema.Hoje o escritor sofre de leve demência e perda da memória, o que o forçou a se aposentar, porém, até meados de 2009 ainda escrevia e esteve sempre a contribuir com importantes causas políticas e sociais.

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Inspirado por Franz Kafka na adolescência, ao ler o livro "Metamorfose", Gabo - como é carinhosamente conhecido - nos deu um mundo criativo de impossibilidades. Eu me lembro
até hoje de quando li García Márquez pela primeira vez. Foi "Cem Anos de Solidão", 1967,
- e os extraordinários causos da família Buendía narrados com tanta propriedade literária que
se tornou um dos grandes pilares da Literatura do século 20, sendo uma das obras mais vendidas
 e traduzidas ao redor do mundo. Todo o realismo fantástico do livro é capaz de inspirar-nos os sentidos, transformando a leitura numa experiência quase sinestésica. Até os meus sonhos
ficaram mais criativos depois que eu li Gabo. O que mais poderia dizer?

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"As pessoas não param de sonhar porque envelhecem, elas 
envelhecem porque param de sonhar"


Fonte: http://obviousmag.org/sphere/2013/03/gabriel-garcia-marquez.html#ixzz2NhsM9aoS


Romances fantásticos de Cem Anos de Solidão: Pietro Crespi


Mais do que um livro, uma viagem fantástica entre guerras e romances.

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"Cem Anos de Solidão" é uma obra de Gabriel García Márquez, considerada uma das obras mais importantes da literatura Latino-Americana. Mais do que um livro, é uma viagem fantástica, trilhada pela história de uma família cujas gerações vivem em um eterno ciclo de repetições, repetindo erros e celebrando triunfos. No meio de histórias vividas entre guerras e conquistas, os romances paralelos vividos pelos personagens dão uma leveza poética a um livro tão denso e rico de fantasias e simbolismos. Dessas histórias, uma em especial se destaca pelo romantismo clássico em que o amor se torna a razão de viver do homem e quando não realizado, a razão do morrer.
Pietro Crespi é um tímido músico que se torna centro de um triângulo amoroso ente Rebeca e Amaranta. Essa relação é uma parte totalmente diferente das outras personagens. Essa diferença já começa nas características, uma descrição que faz do jovem italiano um príncipe encantado.
"era jovem e louro, o homem mais belo e mais bem-educado que Macondo jamais tinha visto. [...] com uma cabeça coberta de cachos brilhantes suscitava nas mulheres uma irreprimível necessidade de suspirar..."

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Rebeca foi a primeira escolhida pelo jovem italiano, mas Amaranta consegue adiar o casamento por anos e neste tempo Rebeca se encantou por José Arcádio, que acaba por se tornar mais uma das histórias paralelas, brilhantemente emendadas na literatura fantástica de Garcia Marquez.
Ainda próximo da família Buendía, Pietro se apaixona por Amaranta.
"Para Pietro Crespi, aquela mulher que sempre considerou e tratou como uma menina foi uma revelação... Numa terça-feira, quando ninguém duvidava que cedo ou tarde isso teria de acontecer, pediu a ela que se casasse com ele.
[...]

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Amaranta adia o casamento, que se arrasta por um período de cortejo cercado de romantismo, mas no fim Pietro é cruelmente rejeitado e nem com todos os recursos da súplica, cartas de amor e serenatas típicas do romântico apaixonado conseguiu demovê-la da decisão.
O final trágico sela uma história com um padrão romântico parecido com o modelo de Goethe em Os sofrimentos do Jovem Werther, e com a belíssima descrição de García Maquez que transforma a morte em uma poesia sublime digna da personagem.

"...Certa noite, cantou. Macondo despertou numa espécie de estupor, angelizado por uma cítara que não merecia ser deste mundo e uma voz que não era possível conceber que houvesse outra na terra com tanto amor. Pietro Crespi viu então luz em todas as janelas do povoado, menos na de Amaranta. No dia dois de novembro, dia dos mortos, seu irmão abriu a loja e encontrou todas as lâmpadas acesas e todas as caixinhas de música abertas e tocando e todos os relógios travados numa hora interminável, e no meio daquele concerto disparatado encontrou Pietro Crespi na escrivaninha que ficava nos fundos, com os pulsos cortados a navalha e as duas mãos metidas numa bacia de benjoim. "
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Quanto a Amaranta, depois de se trancar no quarto e guardar para si a dor do remorso, queimou a própria mão nas brasas do fogão.
"A única marca externa que a tragédia lhe deixou foi a venda de gaze negra que pôs na mão queimada, e que haveria de usar até a morte."

Mas sua história não terminou, e ainda há outros romances e aventuras vividas pelos Buendía que merecem - e terão - igual destaque.

Fonte:http://lounge.obviousmag.org/apaixonadamente_curiosa/2013/01/cem-anos-de-solidao-romances-fantasticos-rebeca-x-pietro-x-amaranta.html

o realismo mágico de garcía márquez


Com enredos fantásticos e narrações que ultrapassam o limite da criatividade, o ganhador do Prêmio Nobel de literatura consegue promover reflexões polítizadas sobre o modo de vida da sociedade do século XX, além de divertir, emocionar e fazer sonhar.



garcia marquez cem anos solidao
© Robert McCurdy


O fato de um fantasma demasiado inconveniente habitar a casa foi apenas um dos motivos para o casal Buendía se mudar para um lugar longe e ermo. Tão ermo que, como primeiros habitantes, acabaram fundando uma cidade onde se tornaram a mais numerosa (e confusa) família. É assim que começa Cem Anos de Solidão, que conta a história de sete gerações com o estranho costume de batizar seus filhos com os mesmos nomes -
cheguei a contar 22 Aurelianos. O mais peculiar é que, junto com o nome, herda-se também a personalidade do homenageado, gerando uma sensação de repetição e de que os personagens iniciais ainda são protagonistas, colocando, assim, o tempo como protagonista.

Todos os habitantes dessa cidade fictícia vivem sob constantes e estranhos acontecimentos: chuva de flores amarelas, personagens que ascendem aos céus, frustradas revoluções comandadas por velhos e loucos coronéis de guerra, além de prefeitos déspotas que impõem leis estapafúrdias como a que obriga a pintar todas as casas da cidade de azul. Esses são só pequenos exemplos do que acontece nessa complexa trama. Trata-se de grandes e inteligentes metáforas que utilizam a fantasia como crítica à sociedade arcaica, imersa numa espécie de história cíclica e involutiva, onde tudo se repete independente da vontade dos personagens. Nada muito diferente do mundo real.
Com essa pérola da arte latino-americana, García Márquez – também conhecido como Gabo – garantiu seu prêmio Nobel (1982) e cravou Cem Anos de Solidão no rol de “leituras obrigatórias” dos apreciadores de boa literatura. Para aproveitar o romance sem se perder, é interessante consultar uma árvore genealógica da família, mas deixem as já prontas de lado: leiam com lápis e papel à mão, pois não há nada melhor do que mapear as gerações dos Buendía.

garcia marquez cem anos solidao



Resumo gráfico da obra “Cem Anos de Solidão”


Colombiano de Aracataca, García Márquez é, juntamente com Cortázar, considerado um dos criadores do realismo fantástico (ou realismo mágico), gênero da literatura latino-americana do século XX. Gabo, especialmente, consegue a mescla quase inimaginável de ferrenhas críticas políticas com todo o ardor emocional característico da cultura hispano-americana, gerando obras sedutoras que conseguem ser, ao mesmo tempo, simples e profundas. Com personagens encantadores imersos em histórias excitantes, arrisco-me a dizer que é autor de livros que ficarão presentes na memória coletiva por séculos. Para se ter ideia, Cem Anos de Solidão já vendeu mais de 30 milhões de cópias e foi traduzido para 35 idiomas, que dirá os outros. São números impressionantes para quem, no início, não almejava nada além de uma carreira jornalística.
“No dia em que o matariam, Satiago Nasar levantou-se às 5h30 da manhã.” Esse é o famoso início do livro Crônica de uma Morte Anunciada, onde a narrativa inversa se mostra diferente de todos os outras. O fato de não possuir muitas características técnicas fundamentadas, faz de García Márquez um camaleão com mil cartas na manga, surpreendendo o leitor a cada obra adquirida. O escritor se diz aposentado desde abril de 2009, mas a esperança de uma publicação inédita está bem ali ao lado de seus personagens imortais, no imaginário de muitos de seus leitores.

“O Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade”.
trecho de Cem Anos de Solidão

“Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: ‘O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.' Estava banhado em lágrimas com a dor dos adeuses. Contudo, mal desaparecera o navio na linha do horizonte e a lembrança de Fermina Daza tinha voltado a ocupar seu espaço total.”
trecho de O Amor nos Tempos do Cólera


Fonte http://obviousmag.org/archives/2010/07/realismo_fantastico_de_garcia_marquez.html#ixzz2Nhu6LhpY

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