A ÁRVORE DOS DESEJOS - WILLIAM FAULKNER



A Árvore dos Desejos antecipa temas clássicos de Faulkner


Em 1927, quando escreveu o livro infantil A Árvore dos Desejos (Cosac Naify, tradução de Leonardo Fróes, 56 páginas, R$ 42), o escritor americano William Faulkner ainda não existia para a literatura - seu currículo literário incluía apenas edições de poesia e o primeiro romance, Soldier?s Play. Mais alguns anos e Faulkner escreveria obras como O Som e a Fúria, Santuário e Absalão, Absalão, que se encontram entre a melhores produções do século passado.



A Árvore dos Desejos surgiu, portanto, em um momento de transição, quando o escritor (que nasceu Falkner e, sem explicar, acrescentou o "u", detalhe que o diferenciou do avô, autor de novelas de amor e também William) voltara de uma breve temporada em Paris (onde deixou a barba crescer) e se preparava para se voltar para a ficção com força total.



Faulkner adorava contar histórias para crianças e o livro foi escrito depois de demitido da agência de correios porque lia demais - ao deixar o emprego, fez sua famosa observação de não estar mais à disposição de todos que, naquela época de modestas tarifas postais, tivessem dois centavos na mão.



A obra revela sua disposição de abraçar a literatura. "Trata-se de uma odisseia fabulosa: crianças encolhem, pôneis saem de uma sacola e, se alguém ?virar o travesseiro de lado antes de pegar no sono, tudo pode acontecer?", escreve o jovem autor Emilio Fraia, na introdução do volume brasileiro.



A trama se passa no dia de aniversário da pequena Dulcie, surpreendida, ao acordar, por um misterioso garoto ruivo, Maurice. Ao comando dele, a menina se junta ao irmão caçula Dicky, à criada Alice e ao amigo George e todos saem em busca de uma árvore mágica.



No caminho, o grupo vai aumentando com a adesão de um soldado desiludido com a guerra, com um toco de madeira falante e um doce e sensível velhinho, Egbert.



Logo encontram uma árvore mas, segundo apuração de Egbert, não é infelizmente a dos desejos. Nesse momento, a história se desdobra em conflitos e situações de perigo. "Por baixo da narrativa, tipicamente de aventura, surge uma ferida: a ideia de que os desejos podem ser traiçoeiros e, no limite, causar o mal", observa Fraia.



Para isso, também contribuem as ilustrações de Guazzelli, que reproduz paisagens abandonadas com um traço seco, semelhante à xilogravura. Embora se dirigisse às crianças, Faulkner já rascunhava o estilo que eternizaria sua obra posterior, na qual a vida desponta não só destituída de alegria ou paixão, como também nem mesmo é particularmente dolorida.



Algumas passagens também antecipam o uso cruzado de temas como fé e ritos do cristianismo nos romances que viriam a ser escritos. E, em A Árvore dos Desejos, Faulkner faz ainda reflexões sutis sobre a guerra, condenando-a de forma veemente. "O antídoto para a ambição desmedida, aqui, está na renúncia e humildade, uma espécie de fé naquilo que habita a superfície do mundo, simbolizadas pela figura de São Francisco", nota Fraia.



Nas obras de maior fôlego, o escritor dissecou a decadência da região sul dos Estados Unidos, livros ambientados no fictício condado de Yoknapatawpha de O Som e a Fúria. Faulkner recebeu o Prêmio Nobel em 1950 e passou a ser influência constante para uma série confessa de escritores. "O texto tenso e de fôlego, as frases como torrentes cheias de mistério e ambiguidade e a mistura de estilos, os intermináveis parágrafos ou borbotões, quando respiram bem e estão bem acabados, são a expressão máxima da prova narrativa", escreveu o espanhol Javier Marías.



Com o infantil, a Cosac Naify lança novas edições revistas de Faulkner (Palmeiras Selvagens, Luz em Agosto e O Som e a Fúria) e prepara, para o segundo semestre, Absalão, Absalão. A ação implica também vitrines exclusivas na Livraria Cultura e debates no Rio e em São Paulo.

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-arvore-dos-desejos-antecipa-temas-classicos-de-faulkner,383147,0.htm


Uma viagem fabulosa a um universo fantástico



Um presente de aniversário mais do que especial:
A Árvore dos Desejos conta em história a da realização do sonho infantil. Indispensável na sua biblioteca!




A criatividade surpreendente mergulhada em um universo fantástico. Tudo criado pela mente incrível do escritor americano William Faulkner. Ok, vou trocar em miúdos e tentar cortar os elogios excessivos à novela infanto-juvenil em questão e único do autor. O lançamento infantil da Cosac Naify, A Árvore dos Desejos, de William Faulkner conta uma história intrincada que envolve o leitor (de todas as idades) com total propriedade.

Nesta história conhecemos Dulcie, uma garota que, mesmo dormindo, sente-se emergir do sono, tal e qual um balão. Para preservar a magia da aventura vivida no dia do seu aniversário, a garotinha, mesmo acordada, permanece deitada e de olhos fechados. Assim, Dulcie, tenta lembrar-se do dia anterior, quando conheceu Maurice, um garoto estranho, de rosto feio, mirrado e cabelo vermelho reluzente, que usava um casaco de veludo preto, meias e sapatos vermelhos e que carregava uma enorme sacola para livros.

Assim, no dia do aniversário de Dulcie tudo é diferente. Ao começar quando ela afasta as cobertas e pula da cama e está totalmente arrumada: de sapatos e meias, e com o vestido novo azul-claro, que tinha uma fita da cor de seus olhos. Pronta para celebrar "o seu dia" em clima de muita aventura, a garotinha segue o menino misterioso com Alice (babá), Dicky (irmão) e George (vizinho), quando "encontram" com um velhinho que sabe muito bem qual é o caminho até a árvore dos desejos. Desta forma, as crianças seguem rumo ao desconhecido por meio de charretes e pôneis mansinhos. Tudo isso tirado de dentro da magra sacola de Maurice.

Ao longo da história os personagens mostram ter vida própria e marcam o leitor e/ou ouvinte. Até porque os "momentos mágicos" vividos por Dulcie e seus amigos são fascinantes e mexem diretamente com a imaginação. Desta forma, ao viver (por meio da imaginação) uma história tão rica, fica inevitável não associar as aventuras de Dulcie a clássicos da literatura infantil como Alice no País das Maravilhas.

O texto de A Árvore dos Desejos é imagético (que se exprime por imagens; que revela imaginação) e, permite (aos que se deixam levar pelo poder da imaginação) aproximar a história a um lindo desenho animado, algo nos traços coloridos vibrantes dos Estúdios Disney e Pixar. Esta é uma leitura indispensável para os leitores que irão governar o nosso planeta tão doente e fraco de magia e encanto. Leia e releia A Árvore dos Desejos, de William Faulkner!

CURIOSIDADES: Um ano após publicar seu primeiro romance, Soldier´s Pay (1926), Faulkner escreveu esta novela infanto-juvenil para presentear filhos de amigos, em aniversários. Os exemplares eram produzidos exclusivamente para cada criança, pelo próprio Faulkner, geralmente em folhas coloridas e com dedicatória. Como eram impressos em papel-carbono, o autor modificava uma passagem ou outra da história, dependendo do presenteado. A Árvore dos Desejos veio a público pela primeira vez no jornal Evening Post, em 8 de abril de 1967. Três dias depois, a editora Random House publicaria uma edição ilustrada do texto, que permanece até hoje como a melhor referência.

AUTOR: William Cuthbert Faulkner (New Albany, 25 de setembro de 1897 — Byhalia, 6 de julho de 1962) é considerado um dos maiores escritores americanos do século XX. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1949. Posteriormente, ganhou o National Book Awards de 1951 por Collected Stories e o de 1955 pelo romance Uma Fábula. Foi vencedor de dois prêmios Pulitzer, o primeiro em 1955 por Uma Fábula e o segundo em 1962 por Os Desgarrados. Utilizando a técnica do "fluxo de consciência" consagrada por James Joyce, Virginia Woolf, Marcel Proust e Thomas Mann, Faulkner narrou a decadência do sul dos Estados Unidos da América, interiorizando-a em seus personagens, a maioria deles vivendo situações desesperadoras no condado imaginário de Yoknapatawpha. Por muitas vezes descrever múltiplos pontos de vista (não raro, simultaneamente) e impor bruscas mudanças de tempo narrativo, a obra faulkneriana é tida como hermética e desafiadora. (
Fonte: Wikipédia)

Fonte:http://www.resenhando.com/resenhas/r25309-a-arvore-desejos.htm

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A Árvore dos Desejos – William Faulkner

Descobri, há pouco tempo, William Faulkner, por meio de Luz em Agosto, uma obra-prima. Li Enquanto Agonizo e há uma série de obras do escritor na minha fila de leitura. Não sabia, entretanto, que ele havia escrito uma história infantil. Meus agradecimentos à Cosac Naify por lançar esse projeto tão ousado: um livro de cinquenta páginas, com pouco apelo comercial, mas com um acabamento de primeira, de dar gosto. Encontrei esse livro na Livraria UFMG e não pensei duas vezes: vou comprar e ler para o meu filho, André, de seis anos.
“Os pais se realizam nos filhos” é uma frase extremamente comum e com uma boa dose de verdade. Acredito que os pais têm que exercer uma influência forte sobre suas crias, esforçando-se ao máximo para que seu exemplo seja o melhor possível. Vejo com alegria o gosto que André tem desenvolvido pela leitura, e credito boa parte disso ao fato de minha esposa e eu, especialmente, vivermos com um livro na mão. Os pais querem o melhor para os seus filhos. Se um filho quer um pão, qual pai lhe dará uma pedra? Eu quero que meu filho não somente leia muito, mas que desenvolva um bom gosto para a leitura. Por esse motivo a aquisição de Faulkner. Daqui a alguns anos poderei dizer, com muita alegria, ao meu filho, já adulto, que o primeiro livro que li para ele foi um Faulkner, o que não é pouca coisa.
O livro conta a história de Dulcie, no dia do seu aniversário, em uma viagem que inclui pôneis de brinquedo que se tornam reais, árvores cujas folhas mudam de cor, desejos realizados, animais fantásticos, “querida, encolhi as crianças”, e muito mais, até uma reflexão sobre a guerra. É um livro para ser lido em voz alta, e Faulkner deve tê-lo lido para seus filhos.
Confesso que senti uma enorme satisfação em sentar com meu filho na cama e ler, fantasiar a voz, estimular sua imaginação, rir, explicar uma palavra nova, uma metáfora inesperada (em Faulkner isso é sempre comum). E os olhos do meu filho, olhando para mim, ah!, aquilo arrasa qualquer coração. Você chega a sentir o amor falando alto naquele olhar. Quanta alegria para meu filho ter ouvido “A Árvore dos Desejos”. Mais do que a história em si, para ele, foi a minha presença, acumplicidade das risadas, os carinhos, dormir em uma parte mais monótona da história, embalado pela voz do pai, que tornaram aqueles momentos tão especiais.
É só um livrinho infantil! É só mais um pai lendo para um filho! Muitos antes o fizeram e muitos o depois o farão (e provavelmente muitos, simultaneamente, o faziam). Mas foi um momento especial para mim e para André, algo que sempre sonhei: ler para meu filho.
Tenho a firme convicção de que devemos educar nossos filhos para a virtude, e a meta que tenho é: devo ser mais virtuoso que meus pais e meu filho deve ser mais virtuoso que eu. As gerações vindouras devem ser melhores que a nossa geração atual.
Sei que esse post não vai ter sentido completo para quem ainda não afagou os cabelos de um filho, não sentiu a emoção de ser abraçado com carinho por alguém que, há pouco tempo, só comia e dormia, e há também pouco tempo, nem exista… Asseguro que nenhuma situação pode emular o sentimento provocado por esses gestos simples.
 
Fonte:http://catalisecritica.wordpress.com/2010/07/16/a-arvore-dos-desejos-william-faulkner/
A Árvore dos Desejos, de William Faulkner (Cosac Naify - 2009)
Guazzelli/ilustração
O texto infantil, segundo livro na carreira de um dos grandes escritores do século 20, pode ser curto em suas 50 páginas, mas largo em importância poético-literária. Uso, nesse caso, a oposição "curto-largo" para que, além do sentido de grandeza que a obra sustenta em sua narrativa, tenhamos a noção da ausência de limites que a Literatura, no trabalho de um artífice, alcança ao ser concebida com o fim de poder ser diversas vezes recriada pela imaginação de cada leitor - principalmente crianças, para as quais Faulkner escreveu A Árvore dos Desejos, em 1927.

Usando uma base, por princípio, simples ao compor a novela - a história de uma menina que, no dia do seu aniversário, acorda ao lado de um garoto de cabelos ruivos e de olhos estranhos -, o texto conduz a uma odisseia de imagens, metáforas e alegorias que também levam personagens a percorrer, em grupo, jornadas individuais que reforçam valores como bondade, perserverança, mérito e esforço. O livro é um elogio à imaginação e ao poder da escrita criativa em tempos de realismo romântico e de agonia da fantasia.

Ao imaginar tudo o que pode acontecer a uma menina que, ná vespera do aniversário, entrou na cama com o pé esquerdo e virou o travesseiro de lado, Faulkner reforça a teoria de que, acompanhada de regras, toda criança é capaz de poder alternar entre os mundos fantástico e real. Contesta, por outro lado - com a propriedade inerente a um escritor e de sua trama imagética -, a diferença entre fantasia e realidade já que, para a infância, a ficção seria a realidade iminente do ser humano que, enquanto envelhece, haverá de discernir um dia as razões pelas quais o fantástico se embrutece com o passar do tempo.

A Árvore dos Desejos é um texto que requer a voz de um narrador e, mais do que leitores, ouvintes. É a voz que tornará palpável a mágica de uma história que contém pôneis tirados de uma bolsa, árvores com folhas que mudam de cor, comidas que surgem às mãos, palavras novas, bichos inventados. Cada célula dramática vivenciada durante a jornada pode ser alegoricamente considerada um dos galhos da árvore que dá título à novela.

 
 
É um livro que vale a pena
para qualquer um, com especial destaque para pais que gostam de ler aos seus filhos, pais que querem incentivar crianças a lerem e a escreverem, filhos que querem ensinar os pais a lerem, crianças que querem crescer no tempo que lhes corresponde e adultos que jamais tiveram infância. Para todos aqueles que desejam e pretendem histórias em torno do desejado.

Para quem acreditar, como eu, que a imaginação retarda o fim.
Fonte:http://passapagina.blogspot.com.br/2012/01/



 

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