O CIÚME E O AMOR

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O ciúme e o amor
O ciúme é um estado emocional normal como o luto, presente em toda vida humana cotidiana. No amor filial e no romântico, nos grupos e na sociedade, ele aparece, em todas as suas formas: normal, projetada ou delirante. O que determina a sua anormalidade é a sua intensidade. Sua forma mais intensa é o delírio de ciúme, sua manifestação patológica, uma das modalidades da paranóia.
Sendo assim, o ciúme é uma emoção, uma paixão, um fenômeno psíquico ou ainda, uma manifestação psíquica do amor, que pode esconder uma verdade sobre o sujeito, que ele não quer ver, como no caso do delírio de ciúme paranóico, o conflito homossexual.
O ciúme normal, presente em homens e mulheres, é composto de sentimentos de pesar devido ao sofrimento causado pelo pensamento de perda, real ou possível, do objeto amado e pela ferida narcísica associada a isso. Este pesar inclui sentimentos de rivalidade contra o inimigo em potencial mais afortunado e pela auto-crítica que mostra a sua responsabilidade na perda do referido objeto.
Embora normal, não pode ser considerado totalmente racional, derivado de uma situação e circunstâncias reais ou sob o controle total do consciente. Por que tem uma raiz no inconsciente, derivada das primeiras experiências infantis e do relacionamento com os pais e os irmãos.
O ciúme está ligado a impulsos extremamente egoístas, que exigem dedicação e amor exclusivos por parte do objeto amado.
Pode ser considerado um estado emocional primo irmão da inveja. Muitos os confundem, por estarem associados à perda ou ameaça de perda. Entretanto, no ciúme estão envolvidas no mínimo três pessoas. A terceira é aquela que pretende tirar do sujeito, aquele ou aquela que por direito, ele julga ser sua. A inveja eclode quando outro tem aquilo que o invejoso tanto deseja ou almeja.
O ciúme pode ser uma emoção nobre ou ignóbil. Aguçada pelo temor, no primeiro caso e pela cobiça estimulada pelo medo, no segundo. Sendo assim, o amante ciumento não é compelido somente pelo amor, mas pelo ódio invejoso da capacidade do seu amado despertar amor.
São sentimentos associados ao ciúmes: o medo, a ameaça de perda, o medo da traição e da denúncia, a rejeição, a preocupação, a suspeita, a dúvida, a incerteza, a solidão, a insegurança, a baixa auto-estima.
Em todas as relações íntimas e duradouras entre duas pessoas, sentimentos de amor e hostilidade, como o ciúmes, podem estar presente. A sua percepção muitas vezes escapa devido à repressão.
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Portanto, é a esfera do amor, que o ciúmes se expressa tal qual é conhecido. O amor sensual, devido a sua natureza genital, pressupõe uma prática sexual entre duas pessoas e implica numa tendência ao isolamento ou afastamento dos grupos. Desta forma, sentimentos, muitas vezes violentos de ciúme, tentam proteger o objeto amado da usurpação pelos laços grupais. As relações puramente sexuais, não impedem as grupais, apenas a condição especial, de se estar apaixonado ou amando.
No entanto, no ciúme dos amantes nunca vai faltar uma raiz infantil ou um reforço dessas experiências, que podem gerar precondições na hora da escolha do objeto amoroso e na predisposição para existência do ciúme: 1) a presença de uma terceira pessoa prejudicada ou injuriada; 2) outra pessoa em quem os sentimentos de rivalidade e hostilidade são depositados; 3) fidelidade posta em dúvida devido a má reputação do objeto amoroso; 4) ocasiões dirigidas a manifestação dessa emoção; 5) alvo do ciúme não sendo o legítimo do dono do objeto, mas um estranho qualquer que por ventura possa aparecer.

Saiba mais:
Camadas ou graus do ciúme:
  1. Normal – sentimentos de pesar presente na vida cotidiana;
  2. Projetado – derivado dos próprios sentimentos de infidelidade, que sucumbiram devido à repressão, fortes pressões oriundas de constantes tentações que obtém alívio pela projeção do desejo no outro;
  3. Delirante ou delírio de ciúme – originário do homossexualismo que não seguiu seu curso normal, impulsos reprimidos dirigidos a objetos do mesmo sexo do sujeito, presente na paranóia.
Formas da paranóia:
a) ele me odeia (delírio de perseguição);
b) ela me ama (erotomania);
c) ela o ama (delírio de ciúme);
d) eu me amo (delírio de grandeza ou megalomania).
Texto extraído da monografia O ciúme na obra de Freud, de Ana Marcia Mello Pereira, para o Curso de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica.
Fonte:http://mulherespontocom.com.br/

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