ALMAS GÊMEAS E SEU MISTÉRIO - SAMAEL AUN WEOR

Almas gêmeas e seu mistério

 
O tema das almas gêmeas é muito procurado e pesquisado. Principalmente as mulheres, que são muito sensíveis, intuitivas e fascinadas na questão dos relacionamentos amorosos e matrimoniais.
Ninguém conseguiu ainda explicar o mistério das almas gêmeas. Porém o que se vê nos inúmeros livros e programas de tevê para o público feminino são meras suposições, fantasias e esperanças sobre as almas gêmeas.
As pessoas creem firmemente que somente encontrando nossa alma gêmea é que será possível ter um casamento feliz, vivenciar o sexo perfeito, nossas loucuras e comportamentos inadequados serem compreendidos e perdoados etc.
Mas o que é precisamente a alma gêmea? E por que se confunde o conceito “alma gêmea” com “relacionamento amoroso”?
Alguns conceituam que se trata de almas distintas que no mundo espiritual têm um acordo de se encontrar aqui no mundo físico, e um ajudando o outro a ser feliz. Outros creem que as almas gêmeas são o mesmo espírito que se divide, lá em cima, no mundo espiritual, para se reencontrar no físico e se fundir para poder voltar à “casa do Pai”.
E dentro dos estudos gnósticos, o que se ensina sobre o Mistério das Almas Gêmeas?
Primeiramente, a Gnose enfatiza a questão das Afinidades Eletivas. Uma coisa são as afinidades internas, que tanto podem ser do Íntimo, ou Alma, quanto do Ego. Muitas vezes temos profundas afinidades e combinações, por exemplo, intelectuais, sexuais e/ou emocionais com uma pessoa, mas isso não passa de mera combinação parcial.
E quando há essas combinações, vulgarmente dizemos: esta pessoa é realmente minha alma gêmea… Entretanto, quando o Ego se manifesta e há separação, divórcio, brigas, conflitos, o casal se separa, dizendo: “Temos incompatibilidade de gênios!”
Existem também vemos muitas combinações egoicas, como quando vemos dois parceiros que se combinam em atividade criminosas, degeneração sexual etc. Isso, enfim, não passa de afinidade egoica.
E quanto ao tema em si das almas gêmeas? A Gnose ensina que existem três tipos de alma gêmea: a externa, a desdobrada e a interna.
- A extena são duas Almas, ou Essências, distintas entre si, que de certa maneira realizaram um “Acordo Cósmico” de cooperação mútua nos mundos sutis, ou dimensões superiores do Cosmo, para se ajudarem a realizar seus trabalhos esotéricos desde o mundo físico, retornando à sua origem divina, se possível, juntos. Muitas vezes se encarnam como marido-esposa, irmãos, amigos íntimos, pai-filho(a), mãe-filho(a), instrutor-discípulo etc., e quase sempre se encontram encarnação após encarnação.
- Já a questão das Almas Desdobradas é muito mais profunda, misteriosa e mágica, e esta é mais difícil de se ver por aí. Uma mesma Alma Causal (Alma Humana)  desdobra de si não uma Essência, mas duas ou mais Chispas (ou Essências), e estas, diferentes e idênticas ao mesmo tempo, podem ou não se encontrar aqui no mundo físico para se unir intimamente e realizar (ou não) um trabalho de autorrealização e ascenderem ao “mesmo Pai”. Temos o caso do venerável mestre Samael Aun Weor que tem duas almas gêmeas, uma morando na Cidade do México (a capital) e a segunda em outro planeta… e, apesar de serem pessoas distintas, são a mesma alma, o mesmo Pai Íntimo. A finalidade das almas desdobradas é muito mais o aprendizado do que necessariamente seu encontro aqui no físico.
Note-se que estamos, a partir de agora, quebrando certos paradigmas, especialmente o sexual. Não necessariamente poderemos encontrar nossa alma gêmea e nos associar com esta sexualmente. Pode-se dar o caso de as duas pessoas serem do mesmo sexo, portanto, se não houver atração homossexual, estes dois sentirão uma grande e profunda atração fraterna e indissolúvel.
- Já no caso das almas gêmeas internas é necessário ter um profundo conhecimento de Anatomia Oculta, de pesquisa sobre as diversas “Partes do Ser”. A Gnose ensina que nosso Espírito, ou Íntimo, possui na verdade duas Almas, uma que se chama Alma Divina (a teosofia a chama de Budhi) e a outra, Alma Humana, chamada também de Manas. Quando, por meio de um trabalho iniciático profundo, tântrico, essas duas almas se fundem, então se realiza o que se denomina esotericamente de Bodas Alquímicas das Almas Gêmeas. Das três classes de união de almas gêmeas, esta última é a mais importante para o gnóstico.
Vejamos o que nos ensina o venerável mestre Samael Aun Weor sobre o conceito gnóstico de alma gêmea:
O ascenso sublime e maravilhoso da Sexta Serpente radiante, para dentro e para cima, ao longo do canal espinhal do corpo búdhico, deu-me, de fato e por direito próprio, passagem franca para a sexta Iniciação Venusta…
No mundo búdico, ou intuicional universal, tive de vivenciar, por aquela época, alguns capítulos transcendentais do evangelho crístico…
Quero me referir agora, com suma delicadeza, a certas passagens miríficas secretas, intencionalmente eliminadas do texto original pelos escribas e doutores da lei…
É certamente deplorável que a Santa Bíblia hebraica tenha sido tão cruelmente mutilada, adulterada, deformada…
O que então experimentei na cósmica região intuicional guarda múltiplas concordâncias rítmicas perfeitas com os diversos processos esotéricos iniciáticos que nós devemos vivenciar aqui e agora…

Almas Gêmeas

Extraordinárias cenas relacionadas com os outros planetas do sistema solar de Ors, no qual vivemos, nos movemos e temos o nosso Ser.
Quando a Sexta Víbora de Luz resplandeceu, transpôs o umbral augusto de sua correspondente câmara no coração tranquilo, gloriosamente brilhou o Sol da Meia-Noite no inalterável infinito…
Entrei no Templo da Iniciação, acompanhado por muita gente. Cada um dos do cortejo portávamos em nossa destra uma vela, círio ou tocha ardente…
Nesses instantes, eu me senti vivenciando aqueles versículos esotéricos, crísticos que ao pé da letra dizem:
“E logo, ainda falando ele, veio Judas, que era um dos 12, e com ele uma companhia com espadas e paus, da parte dos príncipes dos sacerdotes (ou homens constituídos por autoridade mundana), e dos escribas (ou seja, dos tidos por sábios no mundo), e dos anciães (os tidos, no mundo, por prudentes, sensatos e discretos).
E como veio Judas (o demônio do desejo), aproximou-se logo dele e lhe disse: “Mestre”, e o beijou.
Então lançaram sobre Ele suas mãos e o prenderam.”
Embriagado de êxtase, exclamei: “Eu sou o Cristo!” Uma dama-adepto me admoestou, dizendo: “Cuidado, não digas isso! É falta de respeito!”
“Nestes momentos o estou representando”, repliquei. A dama sagrada guardou, então, um respeitoso silêncio.
O Drama Cósmico dentro do Templo das Paredes Transparentes teve certo sabor majestático muito grave, terrivelmente divino…
Convertido no personagem central, tive de experimentar, em mim mesmo, as seguintes passagens evangélicas:
“E trouxeram Jesus ao sumo sacerdote Caifás (o demônio da má vontade), e se juntaram a ele todos os príncipes dos sacerdotes (as autoridades oficiais deste mundo), e os anciães (as pessoas muito respeitáveis e cheias de experiência), e os escribas (os intelectuais). E os príncipes dos sacerdotes e todo o concílio buscavam testemunho contra Jesus (o interno salvador), para entregá-lo à morte. Mas não o achavam. Porque muitos diziam falso testemunho contra Ele, mas seus testemunhos não concordavam.
Então, levantando-se uns, deram falso testemunho contra Ele, dizendo: “Nós o ouvimos dizer: ‘Eu derrubei este templo que é feito por mão (referindo-se ao corpo animal) e em três dias edificarei outro feito sem mão (o corpo espiritual, o To Soma Heliakon)”. Mas nem ainda assim concertava o testemunho deles.
Então, o sumo sacerdote (com sua má vontade), levantando-se no meio, perguntou a Jesus, dizendo: “Não respondes algo? Que testemunham estes contra ti?” Mas ele calava e nada respondia (o silêncio é a eloquência da sabedoria).
O sumo sacerdote voltou a lhe perguntar e disse: “És tu o Cristo, o Filho de Deus?” (o Segundo Logos) E Jesus lhe disse: “Eu Sou! (Ele é). E vereis o Filho do Homem (a todo verdadeiro cristificado ou osirificado) sentado à direita da potência de Deus (o Primeiro Logos) e vindo nas nuvens do céu”.
Então, o sumo sacerdote (o demônio da má vontade) rasgou suas vestimentas e disse: “Que mais temos necessidade de testemunhos? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?” E eles todos o condenaram a ser culpado de morte. E alguns começaram a cuspir nele, e cobrir seu rosto, e dar-lhe bofetadas, e dizer-lhe: “Profetiza!” E os servidores o feriam com bofetadas.
E, logo pela manhã, havendo tido conselho, os príncipes dos sacerdotes, com os anciães e com os escribas, e com todo o concílio, levaram Jesus atado e o entregaram a Pilatos.
E Pilatos (o demônio da mente) perguntou-lhe: “És tu o rei dos judeus?” E respondendo Ele, disse: “Tu o disseste!”
E os príncipes dos sacerdotes (as autoridades deste mundo) o acusavam muito.
E lhe perguntou outra vez Pilatos, dizendo: “Não respondes algo? Olha de quantas coisas te acusam.” (Ao Cristo Interno o acusam todas as pessoas, até aquelas que se dizem seus seguidores.)
Mas Jesus (o Cristo Íntimo) nem sabia que com isso respondeu (repito: o silêncio é a eloquência da sabedoria). Pilatos (o demônio da mente) se maravilhava.
Entretanto, no dia da festa soltavam um preso, qualquer um que pedissem. E havia um que se chamava Barrabás (o demônio da perversidade que cada um leva dentro), preso com seus companheiros de motim, que haviam cometido morte numa revolta (porque o ego é sempre homicida e malvado). E, visto a multidão, começou a pedir que se fizesse como sempre lhes havia feito.
E Pilatos lhes respondeu, dizendo: “Quereis que vos solte o rei dos judeus?” Porque sabia que por inveja o haviam entregue os príncipes dos sacerdotes (as autoridades de todo tipo). Mas os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão para que lhes soltassem antes Barrabás (as autoridades de todo tipo defendem o ego. Elas dizem: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu).
E, respondendo Pilatos, diz-lhes outra vez: “Que, pois, quereis que faça daquele que chamais de rei dos judeus?” E eles voltaram a dar vozes: “Crucificai-o!” (Crucificai! Crucificai! Crucificai!).
Do sancta inefável saí extático, depois de haver experimentado, de forma direta, o tremendo realismo íntimo de todos esses versículos parágrafos acima citados.
Revestido com uma nova túnica de glória, vestimenta talar esplendorosa, saí da grande Catedral da Alma…
Quão ditoso me senti ao contemplar, dali, o amplo panorama! Então vi o fluir e o refluir de todas as coisas…
Budhi é como um vaso de alabastro fino e transparente, dentro do qual arde a chama de Prajna…
Atman, o Ser, tem duas almas. A primeira é a alma espiritual e é feminina (Budhi). A segunda é a alma humana e é masculina (Manas superior).
O animal intelectual equivocadamente chamado homem só tem encarnada, dentro de si, a Essência.
Ostensivelmente, esta última é o budhata, uma mínima fração da alma humana, o material psíquico com o qual se pode e se deve fabricar o embrião áureo (veja O Mistério do Áureo Florescer).
A fonte e base da Alta Magia encontra-se no desponsório perfeito de Budhi-Manas, já nas regiões puramente espirituais, ou no mundo terrestre.
Helena significa claramente os esponsais de Nous (Atman-Budhi) com Manas (a alma humana, ou causal), a união mediante a qual se identificam Consciência e Vontade, ficando, por tal motivo, dotadas ambas as almas com divinais poderes…
A essência de Atman, do primordial, eterno e universal fogo divinal encontra-se contida dentro de Budhi, que, em plena conjunção com Manas causal (alma humana), determinam o masculino-feminino.
A bela Helena de Troia é a mesma Helena do Fausto de Goethe, Shakti, ou potência feminina do Ser Interno…
Ele e Ela, Budhi-Manas, são as almas gêmeas dentro de nós mesmos (embora o animal intelectual ainda não as tenha encarnado), as duas filhas adoráveis de Atman (o Íntimo), o esposo e a esposa eternamente enamorados…
Tal amor tem infinitas correlações, seja nos pares conjugados dos sóis duplos do céu e no da Terra com a Lua, seja no anfiáster protoplasmático das células determinantes, como é sabido, do misterioso fenômeno da cariocinese ou duplicação morfológica da célula una,  seja no universal simbolismo das epopeias e de toda a restante literatura, onde o amor ideal entre dois seres de sexo oposto constitui a alma mater da produção literária.
Inquestionavelmente, o Sahaja Maithuna, como sacramento da Igreja de Roma, repete-se com os gêmeos no akasha tattwa e continua glorioso com Osíris-Ísis na região de Anupadaka.
Esclareço: quando citamos a Igreja de Roma, coloque as letras ao inverso e leia-se assim: Amor. Obviamente, o sexo é a igreja do amor.
A teoria das almas gêmeas não implica perigo algum quando captamos seu profundo significado. O coito químico, a cópula metafísica, resplandece gloriosamente no zênite do ideal, sem a mais leve sombra de impureza…
O legítimo enamoramento nunca está separado do sexo. O ato sexual é, certamente, a consubstancialização do amor no realismo psicofisiológico de nossa natureza.
O desponsório Budhi-Manas só é possível mediante o coito químico. O desfrute sexual é um direito legítimo do homem.
Renato cometeu o grave erro de afirmar, de forma enfática, que a Helena de Simão o Mago, era uma formosa mulher de carne e osso, a quem o citado mago havia encontrado num lupanar de Tiro e que, segundo opinam seus biógrafos, era a reencarnação da Helena grega.
Tal conceito não resiste a uma análise profunda. Os colégios iniciáticos autênticos ensinam, com inteira clareza, que a bela Helena é Budhi, a alma espiritual da Sexta Iniciação Venusta, a Shakti potencial feminina.
(Samael Aun Weor, As Três Montanhas)

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