RAMAKRISNA : ELE QUE FOI RAMA E KRISNA



Râmakrishna é considerado um dos últimos grandes santos hindus. Teve seu primeiro êxtase aos seis anos: "Eu seguia um caminho estreito entre os arrozais... Levantei os olhos para o céu enquanto mastigava um grão de arroz. Vi uma bela nuvem sombria de tempestade que avançava com rapidez. Ela encobriu o céu inteiro... De repente, na borda da nuvem, em cima da minha cabeça, passou um bando de gruas de uma brancura de neve. O contraste era tão maravilhoso que minha imaginação voou para regiões distantes. Perdi a consciência e caí no chão; o arroz espalhou-se pela terra. Alguém encontrou-me ali e levou-me nos braços para casa. O excesso do prazer , a emoção me subjugaram... Foi a primeira vez que experimentei um êxtase..."
Mais tarde, já adulto, Râmakrishna começou a prestar serviços no templo. Sentia uma necessidade incontrolável de alcançar o absoluto: "...O sofrimento me dilacerava . Ao pensar que não teria na vida a graça desta visão divina, fui tomado de uma ansiedade terrível. Pensei: se isto deve ser assim, estou farto desta vida!... A grande espada estava pendurada no santuário de Kali. Meu olhar caiu sobre ela e um clarão atravessou-me a mente. - Ela!... Ela me ajudará a por fim... Precipitei-me em direção à espada. Segurei-a como um louco... E eis que a sala, com todas as usas portas e janelas, o templo, tudo desapareceu da minha vista. Parecia-me que nada mais existia. Em lugar disto, enxerguei um oceano do espírito, sem limites, resplandecente. Para qualquer ponto que voltasse os olhos, por mais longe que fosse, avistava as vagas enormes deste oceano brilhante. As ondas precipitavam-se furiosamente sobre mim, com um ruído medonho, como se fossem me engolir. Num instante estavam em cima de mim, arrebentaram, engoliram-me. Enrolado por elas, perdi a respiração. Perdi a consciência e caí no chão... Não sei como passei aquele dia e o seguinte. Dentro de mim rolava um oceano de alegria inefável. E até o fundo tinha consciência da presença da Mãe divina..." Suas visões ganhavam intensidade. Numa exaltação desmedida, rezava, chorava, gritava, cantava, a fim de alcançar o absoluto. Posteriormente, ele encontraria seu primeiro guru, uma monja de nome Bhairavi Brahmani, praticante de ritos vaishnavas e tântricos. Râmakrishna contou-lhe suas visões e sua ansiedade, achando que estava enlouquecendo. A monja respondeu-lhe: "Meu filho, bem aventurado é o homem que conhece esta loucura. O universo inteiro é louco; alguns são loucos de riquezas, outros de prazeres, outros de glória, outros de cem outras coisas. São loucos do ouro que possuem, de seus maridos ou mulheres, loucos de coisas insignificantes, loucos do desejo de dominar alguém, loucos de todas as tolices possíveis, mas nunca loucos de Deus... Todos estes só podem compreender a própria loucura. Se um homem é louco do desejo do Bem Amado, louco do desejo do Senhor, como poderiam compreendê-lo?" Râmakrishna exercitou-se com sua mestra durante três anos. Após ela ter ensinado tudo que sabia ao jovem discípulo, era hora de Râmakrishna ir além. Foi então que Râmakrishna encontrou-se com Totapuri, um sannyasin (pessoa que renúnciou ao mundo) que havia realizado o Absoluto. Totapuri ensinou-lhe os conceitos do Advaíta (não-dualidade) , a forma mais elevada do Vedanta (doutrina puramente metafísica). Após a iniciação e o abandono simbólico de toda afeição terrena, após ter vestido a túnica vermelha de sannyasin , emblema da vida nova, Râmakrishna iniciou seu treinamento: "...Totapuri recomendou que libertasse meu espírito de todos os objetos, a fim de mergulhá-lo no seio de Atman (o Absoluto, totalmente incondicionado). Mas apesar de todos os meus esforços, não podia atravessar o reino do nome e da forma, e conduzir a mente ao estado "incondicionado". Não tive nenhuma dificuldade em libertar a mente de todos os objetos, com exceção de um único: a forma muito familiar da radiosa Mãe bem-aventurada, essência da consciência pura, que aparecia diante de mim como uma realidade viva. Ela fechava-me o caminho do além. Tentei diversas vezes concentrar a mente nos ensinamentos do Advaíta mas, todas as vezes, a forma da Mãe interpunha-se. Tomado de desespero, disse a Totapuri: "É impossível! Não consigo elevar o espírito ao estado incondicionado, para encontrar-me face a face com Atman ..." - Ele me respondeu severamente: "Como, não pode? É preciso!". Olhando em volta, avistou um pequeno vidro, segurou-o na mão e me disse: "Concentre a mente sobre este ponto!" - Concentrei-me com todas as minhas forças e, tão logo a forma graciosa da Mãe divina apareceu, usei minha discriminação como se fosse uma espada, e a parti em dois pedaços. Não havia então mais nenhum obstáculo diante da minha mente, que voou imediatamente para além do plano das coisas condicionadas. E me perdi no êxatase..." Râmakrishna havia realizado o nirvikalpa samâdhi (a suprema realização). Totapuri ao ver tal estado declarou cheio de admiração: "Adquiriste em três dias o que eu só consegui depois de quarenta anos de constante luta". Totapuri, que nunca permanecia mais do que alguns dias em um lugar, permaneceu por onze meses junto de Râmakrishna. No fim de 1866, Râmakrishna encontra um muçulmano de nome Govinda Rai. Percebendo que Govinda era iluminado pela presença de Deus, resolve pedir-lhe a iniciação. Govinda concorda e Râmakrishna passa a seguir todos os ritos e costumes do islamismo - abandonando por completo os rituais e deveres hindus - a fim de se integrar perfeitamente nesta tradição. Ao fim de três dias, tem a visão de Maomé e realiza o Absoluto. É importante observar aqui para evitar uma má compreensão dos fatos - que acabou ocorrendo mesmo entre seus discípulos, em especial Vivekânanda - que a experiência de Râmakrishna no islamismo não possui nenhum caráter de sincretismo. Râmakrishna ao afirmar que todas as religiões - desde que ortodoxas - conduzem a Deus, não quis dizer com isso que se pode abolir as religiões em favor de um pretenso universalismo. Todos os caminhos conduzem a Deus, mas deve-se seguir um só caminho sob pena de não se chegar a lugar nenhum. Querer seguir vários caminhos ao mesmo tempo ou não seguir nenhum afirmando que eles são relativos, é condenar-se à ignorância pura e simples. Râmakrishna, ao seguir o islamismo, abandonou o hinduísmo, pois tinha consciência que não se deve misturar as religiões. Ao realizar o Absoluto pelo caminho islâmico, ele se deu conta da validade de outras religiões, mas nunca mencionou que se deveria misturá-las. E Râmakrishna só adotou o islamismo depois de ter realizado o Absoluto pelo caminho hindu, voltando ao mesmo posteriormente. E para a pessoa que alcançou tal estado de espiritualidade, o caminho espiritual que se adota torna-se relativo. Para a pessoa que ainda está buscando a realização, a mudança de uma religião à outra só torna as coisas mais difíceis, pois deve-se começar novamente desde o princípio na nova religião. Em 15 de agosto de 1886, Râmakrishna morre devido ao agravamento de sua saúde após um longo período em que permaneceu doente.


Depois da morte de Râmakrishna
Vivekânanda foi o discípulo preferido de Râmakrishna, e a ele havia sido confiado que cuidasse de tudo. Infelizmente, devemos dizer aqui que Vivekânanda não fez jus à confiança que lhe foi depositada. Vivekânanda tinha preocupações sociais excessivamente fortes, próximas de uma visão marxista: "Eu não sou metafísico, filósofo nem santo! Eu sou pobre, amo os pobres. Quem simpatiza, na Índia, com os 200 milhões de homens e mulheres afundados na pobreza e na ignorância? Quem lhes indicará o caminho para sair? Quem lhes fornecerá luz?... Que estes pobres sejam o Deus de todos!... Somente chamo mahatma (grande alma) àquele cujo coração sangra pelos pobres... Mas enquanto estes milhões viverem na fome e na ignorância, todo homem que tiver recebido uma educação à custa deles, e que não fez nada por eles, é um traidor!". Parecia esquecer-se totalmente dos ensinamentos de seu mestre: "Falais de reformas sociais! Podereis muito bem agir assim depois de Realizar Deus. Recordai: os Rishis (santos) da antiguidade abandonavam o mundo para alcançar Deus. Isto é o único necessário". Obviamente que não somos contra as reformas sociais, mas para quem era discípulo do ilustre Râmakrishna e parecia ter alguma pretensão espiritual, o fato de se dar tamanha importância aos problemas sociais demonstra uma verdadeira incompreensão em relação a verdadeira realização espiritual. Outro traço marcante dos deslizes de Vivekânanda se encontra na deturpação do hinduísmo que ele pretendeu expôr aos ocidentais. Ele transformou o hinduísmo - e mais especificamente o vedânta - numa doutrina sentimentalista e consoladora, aproximando-se de maneira notável ao protestantismo. Como dissemos mais acima, Vivekânanda parece não ter compreendido bem as experiências de seu mestre no islamismo e mesmo no cristianismo. Ele começou a achar que como todas as religiões conduzem ao mesmo objetivo, não haveria nenhum problema em agrupá-las em nome dum suposto universalismo - que a tudo descaracteriza - e assim ajudou na constituição da Sociedade Vedanta (sic) e posteriormente fundou a Missão Râmakrishna , "uma fraternidade para os adeptos de diferentes religiões". Pouco antes de morrer, Vivekânanda prestou uma última homenagem a seu mestre: "Se disse uma única palavra verdadeira, ela vem unicamente dele. Se disse muitas coisas que não são verdadeiras, que não são exatas, que não são benéficas para a humanidade, elas vêm unicamente de mim e sou o único responsável". Que assim seja...

Fonte:http://pensar.tripod.com/ramakrishna.htm

VIDA E OBRA

Ramakrishna Paramahamsa (Bengali: রামকৃষ্ণ পরমহংস), nascido Gadadhar Chattopadhyay (Bengali: গদাধর চট্টোপাধ্যায়) [1], (18 de Fevereiro, 1836 - 16 de Agosto, 1886), foi um dos mais importantes líderes religiosos Hindus da Índia, e foi profundamente reverenciado por milhões de Hindus e não-Hindus como um mensageiro de Deus. Ramakrishna foi uma figura influente na Renascença Bengali do século XIX. Swami Vivekananda, um dos seus maiores discípulos descreveu Ramakrishna Paramahamsa como: "Ele que foi Rama, Ele que foi Krishna, agora é Ramakrishna neste corpo."


Ramakrishna ,1885

Biografia

Historicamente, na Índia, a ênfase dada aos ensinamentos dos santos e pouca, tanto em datas quanto em detalhes. No caso de Ramakrishna entretanto, nós temos um autentico registro de sua vida e obra. Isto foi possivel por causa do cuidado que seus discípulos tiveram em preservar apenas os fatos advindos de inúmeras fontes. O credito principal por preservar estes fatos vai para o Swami Saradananda, um discipulo de Ramakrishna. Ele escreveu uma bibliografia autorizada para marcar a diferença entre os fatos e as histórias que cresciam em volta do nome de Ramakrishna. Um nova tradução em inglés da obra de Swami Chetanananda, hoje esta disponivel em livrarias.
Entretanto, o melhor registro dos ensinamentos de Sri Ramakrishna Bengali Kathamrita escrito por Sri Mahendranath Gupta (Sri M.). A tradução desta obra para lingua inglesa, O evangelho de Sri Ramakrishna de Swami Nikhilananda, e certamente o mais amplamente lido. No prefacio da tradução, Nikhilananda menciona, "Eu fiz um tradução literal, omitindo apenas algumas paginas, sem particular interesse para os leitores ingleses ." Alguns dizem que estas omissões de Nikhilananda, surgem problemas de interpretação do Kathamrita.

 Infância

Gadadhar nasceu na vila de Kamarpukur, que é agora um distrito santificado de Bengali ocidental. os pais de Gadadhar, Khudiram e Chandramani, eram pobres e sempre tinham grandes dificuldades. Gadadhar era conhecido como mascote da vila. Ele era considerado habíl com as mãos e tinha o dom natural para a arte. Ele, entretanto, não gostava de ir para escola, e não tinha interesse em ganhar dinheiro. Ele adorava a natureza e passava horas nos campos e jardins frutíferos fora da cidade, com seus amigos. Ele era visto visitando os monges que fazia o trajeto para Puri. Ele os ajudava e escutava com atenção, os debates religiosos que eles frequentimente discutiam. À época dos preparativos para Gadadhar, investido no caminho sagrado (Upanayana) estavam quase completos, ele declarou que teria sua primeira alma como Brahmin de uma certa mulher da etnia Sudra da vila (os hindus são extremamente precoceituosos e uma sudra é considerada uma intocavel). Este foi um choque nos dias em que as tradições exigiam que a primeira alms fosse uma brahmin, mas ele foi inflexivel. Ele disse ter dado a sua palavra a mulher e se ele não mantivesse a sua palavra, que tipo de Brahmin ele poderia ser? Sem argumento, sem apelo, não importando as lagrimas para convence-lo ele ficou firme na sua posição. Finalmente, Ramkumar, seu irmão mais velho e cabeça da familia após a morte do seu pai, deu seu consentimento.
Enquanto isso, a condição financeira da familia piorava a cada dia. Ramkumar foi para uma escola de Sanscrito em Calcutá e também serviu como sacerdote purohit para algumas famílias. Nesta epoca, uma mulher rica de Calcutá, Rani Rashmoni, fundou um templo em Dakshineswar. Ela pediu para que Ramkumar servisse como sacerdote no templo de Kali e Ramkumar concordou. Após certa persuasão, Gadadhar concordou em decorar a deidade. Quando Ramkumar se afastou, Gadadhar tomou seu lugar como sacerdote.

 Devoto da Deusa mãe

Ramakrishna começou a vida religiosa como devoto da Deusa Mãe, a Grande Mãe indiana Kali ou Durga, celebrada num grande festival ou Pudja [1] Quando Gadadhar começou a adorar a divindade Bhavatarini questionava se estava adorando um pedaço de pedra ou uma deusa. Se ele estava adorando um ser vivo, por que ela não respondia à sua adoração? Esta questão o perturbava dia e noite. Então, ele começou a rezar para Kali: "Mãe, você deu tantas dádivas aos seus devotos no passado e se revelou a eles. Por que não quer se revelar a mim também? Eu não sou também seu filho?"
Ele era conhecido por chorar de forma encarniçada e às vezes ruidosamente enquanto a adorava. Em uma noite, ele foi para um floresta próxima e passou toda a noite rezando. Um dia, diz a lenda, que ele estava tão impaciente para ver mãe Kali que decidiu terminar com a sua vida. com este intuito, ele pegou uma espada que ficava pendurada na parede e ia usá-la contra si mesmo quando viu uma luz em forma de ondas saindo da imagem da deusa, e foi envolvido por estas ondas caindo no chão inconsciente.
Gadadhar, insaciável, rezou ainda mais para a Mãe Kali para poder experimentar outras experiências religiosas. Ele queria sobretudo conhecer o que as outras religiões ensinavam de verdadeiro. Estranhamente, este professores vieram a ele quando foi necessário e ele disse-lhes que alcançar a meta final das outras religiões era fácil. Assim, rapidamente ele ficou conhecido e pessoas de todos os locais e posições começaram à vir ao seu encontro.

 Iniciação

Ramakrishna foi iniciado em Advaita Vedanta por um monge peregrino chamado Totapuri, na cidade de Dakshineswar. Totapuri era "um professor viril de aparência severa e feições ásperas , e uma voz forte". Ramakrishna logo afetuosamente apelidou o monge de Nangta ("homem nu"), por ele ser um sannyasin (renunciante), ele não usava roupas.[2]
Eu [Ramakrishna] disse a Totapuri em desespero: "Isto não é bom. Eu nunca serei capaz de libertar o meu espírito para um estado incondicionado e estar face a face com o Atman." Ele [Totapuri] repreendeu severamente: "O que você quer dizer com não pode? Você deve!" olhando para ele, ele achou um pedaço de vidro. Ele pegou e bateu num ponto entre as minhas sobrancelhas e disse: "Concentre sua mente neste ponto." [...] A última barreira desaparecerá e meu espírito imediatamente precipitou-se para além do plano de condicionamento. Eu me perdi em samadhi.[3]
Após a partida de Totapuri, Ramakrihsna permaneceu por seis meses em estado de contemplação: Por seis meses, Eu [Ramakrishna] permaneci em um estado do qual homens normais nunca voltaram; geralmente o corpo despenca, após três semanas, como uma casca vazia. Eu não tinha consciência do dia e da noite. Moscas entravam em minha boca e nariz como se eu fosse um corpo morto, mas eu não os sentia. Meu cabelo ficou emaranhado com poeira.[4]

Vida de casado

Rumores de que Ramakrishna havia ficado louco em consequência do excesso de exercícios espirituais em Dakshineswar se espalharam por Kamarpukur. Os vizinhos, alarmados, aconselharam a mãe de Ramakrishna que ele deveria casar, de modo que estaria mais ciente de suas responsabilidades para com sua família. Longe de opor-se ao casamento, ele indicou Jayrambati, três milhas ao noroeste de Kamarpukur, como a aldeia onde sua noiva podia ser achada, na casa de um Mukherjee de Ramchandra. A noiva de seis anos, Sri Sarada, foi achada e o casamento foi devidamente realizado. Sri Devi Sarada foi a primeira discípula de Ramakrishna. Ele tentou ensinar a sua esposa tudo que aprendeu com seus vários Gurus. Acredita-se que ela tenha dominado cada segredo religioso com a mesma rapidez que Ramakrishna. Impressionado por seu potencial religioso, ele começou a tratá-la como a Mãe Universal e executou um Puja considerando Sarada como verdadeira Tripura Sundari Devi. Disse, "considero você como o própria mãe e a Mãe que está no templo". Ramakrishna impressionou sobremaneira Sarada Devi que ela tornou-se a mãe de seus discípulos mais jovens, mas também da humanidade inteira. Inicialmente, Devi Sarada era tímida sobre este papel, mas lentamente, encheu-se com coragem.
Sua renúncia mencionada por devotos ser uma qualidade chamativa que ela compartilhou com seu marido de forma semelhante, senão além. A natureza verdadeira de seu relacionamento e parentesco esteve além da compreensão das mentes comuns. Sri Ramakrishna concluiu, depois de acabar o casamento com ela, que seu relacionamento e atitude em direção a ele firmemente foram baseados numa conduta totalmente espiritual. Os devotos acreditam que apesar de compartilharem uma vida juntos, dia e noite, nenhum pensou no outro de outra forma que não a espiritual. Conta-se que tal relacionamento divino entre duas almas de gênero oposto é rara e sem registros religiosos, não conhecido em qualquer das bibliografias do passado. Depois do afastamento de Ramakrishna, Devi Sharada tornou-se uma professora religiosa.

 Vida posterior

Ele logo veio a ser conhecido como Ramakrishna Paramahansa, e como um magneto, começou a atrair discípulos genuínos. Ensinou incansavelmente por quinze anos por meio de parábolas, metáforas, canções e acima de tudo pela própria vida as verdades básicas da religião. Ele desenvolveu câncer de garganta e atingiu o Mahasamadhi numa Casa de Jardim em [ Cossipore no dia 16 de agosto de 1886, deixando para trás um grupo de 16 jovens discípulos encabeçados pelo santo-filósofo poço-sabedoria e orador, Swami Vivekananda. Entre seus contemporâneos, Keshab Chandra Sen e Pandit Ishwar Chandra Vidyasagar, conhecidos por sua posição contra a adoração a ídolos, eram seus admiradores.

 Perspectivas Religiosas

Ramakrishna (1881, Calcutá)

 Ensinamentos

Ramakrishna enfatizava que a realização divina era a meta suprema de todos os seres vivos. Por conseguinte, para ele a religião servia como meio para atingir esta meta. A realização mística de Ramakrishna, classificada pela tradição Hindu como nirvikalpa samadhi (literalmente, "meditação constante", através da absorção de tudo ao seu redor inconsciência), levou-o a acreditar que as várias religiões são caminhos para alcançar o Absoluto, e que a definitiva realidade nunca poderia ser expressa em termos humanos. Isto estava de acordo com o que declara o Rigveda: "A verdade é unica mas os sábios a chamam por diversos nomes." Como resultado desta opinião, Ramakrishna passou períodos inteiros da sua vida praticando de acordo com seu entendimento o Islã, o Cristianismo, vários tipos de Yoga e seitas Tântricas dentro do Hinduísmo.
Devotos acreditam que a realização de Ramakrishna, o nirvikalpa samadhi também levou-o a um entendimento dos dois lados de maya (ilusão), que são referidos como avidyamaya e vidyamaya: Ele explica que avidyamaya representa as forças obscuras da criação (desejo sensual, paixões malignas, cobiça, luxúria e crueldade), que mantêm o mundo nos planos baixos de consciência. Estas forças são responsáveis pelo aprisionamento dos humanos no ciclo de nascimento e morte, e devem ser combatidas até desaparecerem. Vidyamaya, por outro lado, representa as mais altas forças da criação (virtudes espirituais, qualidade iluminadas, bondade, pureza, amor e devoção), que elevam o seres humanos aos mais altos planos de consciência. Com a ajuda de vidyamaya, ele disse que os devotos poderiam se livrar de avidyamaya e atingir a meta definitiva da existência mayatita - isto é, libertar-se de maya.
Ramakrishna declarou: "jatra jiv tatra Shiv" ("onde está um ser vivo, está Shiva") através da sua percepção não-dual (advaita) da realidade. Isto levou-o a ensinar a seus discípulos "jive daya noy, Shiv gyane jiv seba" ("não se deve apenas ser gentil com os seres vivos, mas servir os seres vivos como se fossem o próprio Shiva"). Este ponto de vista difere-se consideravelmente do "panteísmo sentimental" de São Francisco de Assis.
Embora Sri Ramakrishna fosse analfabeto ele entendia complexas filosofias. De acordo com ele o universo visível e todos os outros universos(brahmanda)são apenas bolhas emergindo de um oceano de inteligência (Brahman) (Gospel de Ramakrishna, vol. 4).
Os conceitos chave nos ensinamentos de Ramakrishna são:
Uma parte da sua vida e ensinamentos é recordada por seu discípulo, Mahendranath Gupta, conhecido como "M", no Kathamrita, que nos mostra a forma distinta que Ramakrishna usava em suas conversas, seu profundo emprego de metáforas e parábolas, seu característico humor e seu frequente uso do dialeto Bengali.
Como Adi Sankara fez a mais de mil anos antes, Ramakrishna Paramahamsa revitalizou o Hinduismo que tinha sido fragilizado com o excessivo ritualismo e superstição no século dezenove e ajudou a melhorar a resposta ao desafio do Islam, Cristianismo e o alvorecer de uma nova era. Entretanto, diferente de Adi Sankara Ramakrishna devenvolveu ideias sobre o pos-samadhi Ascendência da consciência no mundo fenomênico, que ele descreveu com o termo Vignana. Enquanto ele defendeu a suprema validade do Advaita Vedanta, ele também proclamou aceitar ambos o Nitya (Eterno Substrato) e o Lila (a dinâmica fenomênico da Realidade) como um aspecto de Brahman.
A idea da ascendência da consciência mostra a influencia pelo movimento Bhakti e certa sub-escolas do Shaktismo no pensamento de Ramakrishna. A idea mais tarde influenciou a visão de Aurobindo sobre a vida divina na Terra

A Influência de Ramakrishna

Nascido durante uma revolta social em Bengali em particular e na Índia em geral, Ramakrishna e seu movimento foram importantes influenciadores dos rumos que o Hinduísmo e o nacionalismo indiano tomariam nos anos seguintes.

 Hinduísmo

Pode-se dizer que de certa maneira a Renascença Hindu que a Índia experimentou no século XIX foi impulsionada por sua vida e obra. Embora o Brahmo Samaj e o Aryal Samaj precedam a Missão de Ramakrishna, sua influência foi limitada num nível mais amplo. Com o surgimento da Missão, no entanto, a situação mudou dramaticamente. A Missão de Ramakrishna foi fundada por Ramakrishna quando distribuiu o plano da renúncia a seus discípulos diretos. Isto é corroborado por Vivekananda, quando diz que sem a graça do Thakur nada teria sido possível. Muitos seguidores de Ramakrishna acreditam que Vivekananda agiu como mensageiro do mestre no Ocidente e doravante ajudou na realização de sua missão espiritual.
O Hinduísmo encarou o desafio intelectual do século XIX, dos ocidentais e Indianos de forma diferente. A prática Hindu de adoração de ídolos esteve sob intensa pressão especialmente em Bengali, até então o centro da Índia Britânica, e foi declarado intelectualmente insustentável. A resposta a isto foi variada: movimentos de jovens de Bengali abandonaram o Hinduísmo e abraçaram o Cristianismo ou o ateísmo, o movimento de Brahmo manteve a primazia do Hinduísmo, mas desistiu da adoração de ídolos e lançou o nacionalismo Hindu de Bankim Chandra Chattopadhyay. A influência de Ramakrishna foi crucial neste período de renovação para as tradições Hindus, e pode ser comparada a contribuição de Chaitanya nos séculos anteriores, quando o Hinduísmo em Bengali esteve sob pressão similar com o crescimento da força do Islã.
É difícil dar uma descrição ampla da influência de Ramakrishna sobre o Hinduísmo, e de quão profunda ela foi, mas algumas de suas contribuições mais importantes não podem deixar de ser percebidas. Na adoração da Murti da mãe Kali, ele questionava a razão da adoração de ídolos – se estava adorando um pedaço de pedra, uma deusa viva ou um ser vivo, porque ela não respondia a suas preces. Ele foi tranquilizado várias vezes por experiências que mostraram a ele que ela estava presente. Por muitos que foram convertidos por ele, isto reforçou as velhas tradições que tiveram um holofote sobre as mesmas neste momento. Ramakrishna também excursionou por outras versões de religião, declarando Joto mot toto path. Em Bengali, isto significa Toda opinião leva ao caminho. Ele adotou um nome claramente Vaishnavita (Rama e Krishna foram encarnações de Vishnu), mas ele era devoto de Kali, a deusa mãe, e era conhecido por seguir varias outras religiões incluindo o Tantrismo, o Cristianismo e o Islam.

 Sem nacionalismo indiano

O impacto do Ramakrishna no crescente nacionalismo indiano foi um pouco mais indireto, mas bastante notável. Um grande número de intelectuais dessa época tiveram reuniões regulares com ele e o respeitavam, embora nem todos necessariamente concordassem com ele nas questões religiosas. Numerosos membros do Brahmo Samaj respeitavam-no. Embora alguns deles criticassem sua forma de Hinduísmo, o fato de não demonstrar que simpatizava em o uma possibilidade para uma identidade nacional forte perante um adversário colonial que intelectualmente subvertia a civilização indiana. Uma declaração semelhante pode ser feita sobre o fato de Ishwar Chandra Vidyasagar e Ramakrishna terem-se em alta estima, apesar do primeiro ser um ateu declarado.

 Vivekananda e a Sucessão de Ramakrishna

Vivekananda, o mais ilustre discípulo de Ramakrishna, é considerado por alguns como seu mais importante sucessor.

 Influência no Mundo Contemporâneo

Pode-se argumentar que a visão de Ramakrishna do Hinduísmo, e sua popularização por conversões ocidentais como a de Christopher Isherwood, em grande parte tingiu noções ocidentais ao Hinduísmo. As crenças de Ramakrishna, junto com seus seguidores, eram todas Smarta. Outros, como Andrew Harvey e Ken Wilber, vê o começo de uma nova consciência planetária com a vida de Ramakrishna. Alguns leitores vêem as concepção de Ramakrishna de [ Brahman como uma analogia à TEORIA-M (a teoria das cordas de 11 dimensões).

Citações

  • "O conhecimento leva a união. A ignorância, a desunião."
  • "O homem se torna o que ele pensa."
  • "O número de opiniões equivale ao número de caminhos."(Jata mat tata path)

 Referências

  • Smart, Ninian The World's Religions (1998) p. 409, Cambridge University Press, ISBN 0-521-63748-1
  • Swami Nikhilananda, The Gospel of Sri Ramakrishna (1972), Ramakrishna-Vivekananda Center, New York
  • Roland, Romain The Life of Ramakrishna (1984), Advaita Ashram
  • Swami Nikhilananda, Ramakrishna, Prophet of New India, New York, Harper and Brothers, 1942, p. 28.

 Veja também

Ligações externas

Outras leituras

Referências

  1. Google Books, A volta da deusa, Vamberto Morais
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ramakrishna

Sri Ramakrishna (1836-1886)

Sri RamakrishnaSri Ramakrishna (1836-1886) é adorado por milhares de pessoas como uma encarnação divina, ou avatar. Sua vida foi um testemunho da verdade e da universalidade dos princípios espirituais, assim como da pureza e do amor.
Nascido em Kamarpukur, uma aldeia próxima a Calcutá, desde criança demonstrou uma grande inclinação para a vida espiritual. Como um jovem sacerdote de um templo em Dakshineswar (Calcutá), Ramakrishna mergulhou em intensas práticas espirituais e profundas meditações, tomado por um forte anelo por Deus e pelo anseio da comunhão divina.
Sri RamakrishnaVivia constantemente absorto em Deus. Em seus frequentes êxtases espirituais, alcançava o sublime estado de união com a Infinita Realidade. Para ele, o ensinamento védico da unidade da existência era mais que uma teoria, pois realizou essa verdade pela percepção direta. Sri Ramakrishna trilhou diferentes caminhos religiosos dentro do Hinduísmo. Mais tarde praticou o islamismo e depois meditou profundamente em Jesus Cristo, experimentando a mesma Realidade Divina através destes caminhos não hindus.

A Família de Sri Ramakrishna

Sri Ramakrishna nasceu em 18 de fevereiro de 1836 no vilarejo Karmapukur, cerca de dez quilômetros a noroeste de Calcutá. Seus pais, Kshudiram Chattopadhyaya e Chandramani Devi, casaram-se em 1799 e embora fossem pobres, eram muito piedosos e dotados de inúmeras virtudes. Naquela época Kshudiram estava vivendo no vilarejo ancestral de Derepore, próximo de Kamarpukur. Seu primeiro filho, Ramkumar, nasceu em 1805, e sua primeira filha, Katyayani, em 1810.
Em 1814, o proprietário da terra mandou que Kshudiram prestasse falso testemunho no tribunal contra um vizinho. Quando ele se recusou a fazê-lo, o senhor moveu uma ação contra ele e lhe retirou a propriedade ancestral. Assim, desprovido de seu bem material mais importante, Kshudiram mudou-se para a pacata vila de Kamarpukur, a convite de outro proprietário, que lhe deu uma casa e aproximadamente um acre de terra fértil. As colheitas dessa pequena propriedade eram suficientes para atender as necessidades básicas de sua família. Ali ele viveu com simplicidade, dignidade e contentamento.
Templo de ShivaDez anos depois de sua chegada a Kamarpukur, Kshudiram fez uma peregrinação a pé até Rameswaram, no extremo sul da Índia. Dois anos depois nasceu seu segundo filho, Rameswar. Novamente, em 1835, com a idade de sessenta anos, fez uma peregrinação a Gaya. Ali, desde tempos imemoriais, os indianos vêm dos quatro cantos da Índia a fim de cumprir suas obrigações com seus ancestrais, fazendo-lhes oferendas nas sagradas pegadas do Senhor Vishnu. Neste lugar sagrado Kshudiram teve um sonho em que o Senhor Vishnu lhe prometeu nascer como seu filho. E sua esposa Chandramani Devi, defronte ao templo de Shiva em Kamarpukur, também teve uma visão mostrando-lhe o nascimento da divina criança. Quando regressou, o marido encontrou-a grávida.

Gadadhar Quando Criança

Quando criança, Sri Ramakrishna (seu nome de nascimento era Gadadhar) era muito amado pelos aldeões. Desde o princípio, ele não tinha interesse pela educação formal e nem por assuntos mundanos. Entretanto, ele era um garoto muito talentoso e podia cantar e pintar muito bem. Gostava de servir os homens santos e escutar suas histórias. Era muito comum encontrá-lo absorvido em estados espirituais. Com a idade de seis anos ele experimentou seu primeiro êxtase, quando viu uma revoada de grous brancos movendo-se sob um fundo de nuvens escuras. Essa tendência de entrar em êxtase foi se intensificando com a idade. Seu pai faleceu quando Gadadhar tinha sete anos e este acontecimento aprofundou seu comportamento introspectivo e seu desapego pelo mundo.
Casa onde Sri Ramakrishna nasceu


 A Vida de Sacerdote no Templo de Dakshineswar

Quando Sri Ramakrishna tinha cerca de dezesseis anos, seu irmão Ramkumar levou-o até Calcutá para que ele o assistisse em sua profissão sacerdotal. Em 1855, o templo de Kali, em Dakshineswar, construído por Rani Rasmani, foi consagrado e Ramkumar tornou-se o sacerdote chefe deste templo. Quando ele faleceu, alguns meses depois, Sri Ramakrishna foi indicado como sacerdote. Este desenvolveu intensa devoção pela Divina Mãe Kali e consagrava muitas horas em adoração de Sua imagem, esquecendo-se dos rituais e das tarefas sacerdotais. Seu intenso anelo culminou na visão da Divina Mãe Kali como ilimitada refulgência permeando tudo à sua volta.

Intensas Práticas Espirituais
O estado de intoxicação divina de Sri Ramakrishna alarmou seus familiares em Kamarpukur e eles convenceram-no a se casar com Saradamani, uma garota do vilarejo vizinho de Jayrambati. Mesmo assim, Sri Ramakrishna continuou com suas intensivas práticas espirituais. Motivado por intenso chamado interior para experimentar os diferentes aspectos de Deus, ele seguiu, com a ajuda de vários Gurus, os muitos caminhos descritos nas escrituras hindus e realizou Deus através de cada um deles.
O primeiro Guru que apareceu em Dakshineswar (em 1861), foi uma mulher extraordinária conhecida como Bhairavi Brahmani, que era uma avançada mestra espiritual muito versada nas escrituras. Com sua ajuda, Sri Ramakrishna praticou várias das mais difíceis disciplinas do caminho tântrico e teve êxito em todas elas. Três anos mais tarde, chegou um monge errante chamado Totapuri, e sob sua orientação, Sri Ramakrishna atingiu o Nirvikalpa Samadhi, a mais elevada experiência espiritual mencionada nas escrituras hindus. Ele permaneceu neste estado de não dualidade por seis meses sem nenhuma consciência de seu próprio corpo. Desta maneira, Sri Ramakrishna reviveu toda a gama de experiências espirituais de mais de três mil anos da religião hindu.

Praticando Outras Religiões

Com sua insaciável sede por Deus, Sri Ramakrishna rompeu as fronteiras do Hinduísmo e percorreu os caminhos do Islam e Cristianismo, atingindo a mais elevada realização em cada um deles em curtos períodos de tempo. Ele aceitava Jesus e Buda como Encarnações Divinas e venerou os dez Gurus Sikhs. Expressou a quintessência dos seus doze anos de intensiva realização espiritual em uma simples frase: Yato mat, tato path, cujo significado é: “Quantas forem as crenças, tantos serão os caminhos”. Ele agora vivia frequentemente num exaltado estado de consciência, onde via Deus em todos os seres

Adorando Sri Sarada Devi no Templo
Sri Sarada DeviEm 1872, sua esposa Sarada Devi, agora com dezenove anos, veio à Calcutá para encontrá-lo. Ele a recebeu cordialmente, ensinou-a como executar as tarefas domésticas e ao mesmo tempo praticar uma intensa vida espiritual. Uma noite, ele adorou-a como a Mãe Divina no altar do seu quarto situado no conjunto de templos de Dakshineswar. Embora sua esposa permanecesse com ele, eles viviam vidas puras e imaculadas, e sua relação matrimonial era puramente espiritual. É preciso mencionar aqui que Sri Ramakrishna havia sido ordenado sanyasin (monge hindu), e mantinha os votos monásticos básicos que conduzem à perfeição. Mas, externamente, ele vivia como um homem laico, humilde, amável e com a simplicidade de uma criança. Desde que Sri Ramakrishna veio para Dakshineswar, Rani Rasmani foi quem primeiramente proveu suas necessidades. Após o falecimento dela, seu genro, Mathur Nath Biswas, assumiu a responsabilidade de cuidar de Sri Ramakrishna.

Contato com Alguns Notáveis
Sri RamakrishnaO nome de Sri Ramakrishna começou a ser conhecido à medida que se espalhava a notícia de que ele era um iluminado santo bengali. Mathur, certa vez, convocou uma assembleia de eruditos para examiná-lo e eles concluiram que Sri Ramakrishna não era um homem comum, mas o Avatar da Era Moderna. Nesta época, o movimento sociorreligioso conhecido como Brahmo Samaj, fundado por Raja Ram Mohan Roy, encontra-se no topo da popularidade em Bengala. Sri Ramakrishna entrou em contato com muitos líderes e membros do Brahmo Samaj e exerceu grande influência sobre eles. Seus ensinamentos sobre a harmonia das religiões atraíram pessoas pertencentes a diferentes denominações religiosas, e Dakshineswar tornou-se um verdadeiro parlamento das religiões.


A Chegada dos Devotos
Sri RamakrishnaComo um enxame de abelhas rodeando uma flor totalmente desabrochada, os devotos começaram a chegar até Sri Ramakrishna. Ele os dividiu em duas categorias: a primeira consistia de chefes de família e ele os ensinou como realizar Deus, enquanto viviam no mundo e cumpriam seus deveres familiares. A outra, e mais importante categoria, era composta por um grupo de jovens educados, a maioria da classe média de Bengala, que ele treinou para se tornarem monges e, assim, serem os porta-vozes de sua mensagem para a humanidade. O principal dentre eles foi Narendra, que anos mais tarde, com o nome de Swami Vivekananda, semeou a mensagem universal da Vedanta em diferentes países do mundo, revitalizando o Hinduísmo e despertando o espírito da nação indiana.

O Evangelho de Sri Ramakrishna
Sri Ramakrishna não escreveu nenhum livro, nem ministrou palestras públicas. Ao invés disso, ele optou por falar em uma linguagem simples com o uso de parábolas e metáforas de maneira ilustrativa, que foram coletadas pela sua observação da natureza e das coisas comuns do dia a dia. Suas conversas eram encantadoras e atraíram a elite cultural de Bengala. Estas conversas foram anotadas por um de seus discípulos, Mahendranath Gupta, que as publicou em bengali sob a forma de livro, com a denominação: “Sri Ramakrishna Kathamrita” (O néctar das palavras de Sri Ramakrishna). Sua versão em inglês, denominada “The Gospel of Sri Ramakrishna”, foi publicada em 1942. O livro foi editado também em português com a denominação: “O Evangelho de Sri Ramakrishna” e está sendo traduzido e editado em outros idiomas, fazendo com que aumente sua popularidade em função de sua relevância e apelo universais.
Casa em Cassipore


 Seus Últimos Dias
A intensidade de sua vida espiritual e a incansável tarefa de dar instruções para um interminável fluxo de aspirantes espirituais, consumiu a saúde de Sri Ramakrishna, que desenvolveu câncer na garganta em 1885, então, ele se mudou para uma casa de campo mais espaçosa, onde esteve sob os cuidados de seus jovens discípulos durante o dia e à noite. O Mestre, na sua relação com os seus discípulos, era a manifestação perene do amor puro, que também estava sempre presente no convívio com as outras pessoas que o rodeavam, e essa relação amorosa foi a tônica e a pedra fundamental da futura ordem monástica conhecida como Ramakrishna Math. Nas primeiras horas do dia 16 de agosto de 1886, Sri Ramakrishna deixou seu corpo repetindo o nome da Mãe Divina, retornando assim ao seu Lar Espiritual.
Quarto de Sri Ramakrishna

Fonte:http://www.vedantacuritiba.org.br/site/sri_ramakrishna.html

Comentários