Avatar Negro
Sob as palmeiras de Gonçalves
Um gemido de Castro Alves
Relembra decerto outras origens...
E no céu cheio de imagens,
O ronco surdo das astronaves
Não são gorjeios de aves
Que se gosta de ouvir;
Pois, nas visões de porvir
Qualquer imagem sobreposta,
Jamais carrega a proposta,
De solução para esse povo...
O futuro é um passado novo
Onde permaneceu tudo igual,
E que o sinete oficial
Nunca foi capaz de mudar...
Negro! Esse é o teu avatar!
Quando soar a trombeta,
Clarim, bombarda e corneta,
Solta o teu grito potente
Pra enconrajar toda a gente,
Na hora final e decisiva
Porque a chama é sempre viva
E fará brilhar tua luz
Sob a sombra dessa cruz
De exílio racial...
Eis que revolução afinal:
Zumbi agora é o teu nome,
Poder que consola...e consome...
Liberdade, igualdade e justiça;
Uma idéia que enfeitiça,
Que te faz sonhar e sonhar,
Enquanto o tempo fica a passar
E nada; nada mesmo acontece...
E um fantasma enfim reconhece,
Sob as palmeiras de Gonçalves
Que a voz rude de Castro Alves,
Pede outra rota pras belonaves,
Pra que os gorjeios das aves
Nunca mais tragam senões,
Nem gemidos dos porões.
José Carlos Rodrigues
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