EVOLUÇÃO DO MINERAL AO ANIMAL - OS IRMÃOS MENORES DA HUMANIDADE




Evolução do Mineral ao Animal - Os Irmãos Menores da Humanidade

É voz corrente afirmar-se que o Homem é o “Rei da Criação”, o alter-ego dos Reinos abaixo de si, que são: Animal, Vegetal e Mineral.
Se o animal sente, o vegetal reage e o mineral estabiliza, o homem detém a consciência do “bem e mal”, isto é, a MENTE.
Com efeito, é o aspecto superior da Mente ou Manas, como quinto princípio ou faculdade de raciocínio abstracto perpassando o concreto, que distingue o humano do subhumano. Por isto é que ele é o “Rei da Criação” manifestada no Mundo das Formas em que evolui, tal como o estado de Anjo ou Deva (Barishad) caracteriza-se pela posse do sexto princípio da Intuição (Budhi), sendo o Reino imediatamente superior ao Humano que o toma por modelo a seguir e assumir e, assim, o considerando “Rei da Espiritualidade”!…
O Homem tem por direito e dever ser o INICIADOR dos Reinos Subhumanos, respeitando-os, amando-os e compreendendo-os ao nível coexistencial que lhes é próprio, como formas grupais animadas por princípio Espiritual ou Atmã semelhante ao seu, e apesar de comparativamente ser muito diminuto em vibração e expansão neles, contudo não deixa de existir… como Centelha Divina partida do Deus Único e Verdadeiro que, ao nível mais imediato para nós, é o Logos Planetário – células que somos do Seu Corpo que é o Globo físico a quem chamamos Mãe Terra.
Quando a criatura humana desrespeita os seus irmãos menores a Natureza fustiga-o (como se vê hoje por toda a parte), e então ela passa a ser um “rei sem coroa”, por não saber governar nem criar e tão-só tiranizar e destruir, o que fatalmente a converte em escrava da Criação, pois para que esta lhe obedeça submissa terá primeiro que lhe obedecer submisso, e não pretender prostituir a sua Mãe Única. Desgraçadamente, o Homem-homem tende a descender ao Homem-animal, escravo dos seus descontroles anímico-passionais em detrimento do Mental, invés de ascender ao Homem-espiritual e ser, verdadeiramente, Rei da Criação, porque efectivamente SENHOR DO MENTAL.
Ao servir-se dos elementos minerais para a construção de casas, pontes, etc., o Homem está iniciando esse Reino permitindo-lhe encarnações migratórias de transferência a formas cada vez mais complexas e perfeitas.
Os grãos de poeira como adubo permitem a entrada do Reino Mineral no Vegetal. O Homem plantando jardins e bosques admite a manifestação desse Reino, e servindo-se das suas flores para adornar, das suas madeiras para fabricar mobílias, etc., certamente o está iniciando e permitindo o movimento da Roda da Evolução Vegetal. Os vegetais mais adiantados penetram o Reino Animal ao serem devorados por espécimes deste, indo assim aglutinar elementos de natureza anímica ou animal e posteriormente, na Cadeia Planetária seguinte, começar nova escala evolutiva mais vasta e complexa que a anterior.
Os Reinos Mineral, Vegetal e Animal evoluem em grupo e as espécies manifestadas estão interligadas entre si, sendo as experiências de cada unidade dissolvidas no todo e não tomadas só para enriquecimento consciencial da parte, pois que a individualização consciente não existe. A isto se chama ALMA GRUPAL, dirigida pelo respectivo Buda Mineral, Vegetal, Animal, etc., que é o elevadíssimo Ser regente do Grupo que lhe compete dirigir e que está dotado de Supra-Consciência Kumárica ou da 1.ª Cadeia Planetária de Saturno.
Uma Alma Grupal apresenta-se nos Planos subtis da Matéria como uma espécie de “bolsão” encerrando os respectivos Grupos de Mónadas cujo “Sol” ou Núcleo Central é o próprio Ser Director do Reino que lhe compete. Esse “bolsão” reveste-se dum envoltório tríplice da mesma natureza da matéria que reveste o Grupo Monádico, ou seja:
1.º envoltório constituído de essência elemental do Plano Mental;
2.º envoltório constituído de essência elemental do Plano Astral;
3.º envoltório constituído de matéria etérica do primeiro Sub-Plano Atómico.
A Alma Grupal Mineral consiste no agrupamento das Centelhas ou Mónadas minerais encerradas no “bolsão” cuja borda é constituída da tríplice camada de substâncias mental, astral e física etérica. No início, essas Mónadas dentro da Alma Grupal ainda não estão ligadas a qualquer tipo de minério. Com o tempo, a partir da sua Matriz que paira no espaço etéreo, algumas Mónadas, não todas ao mesmo tempo, começam a mergulhar nas diversas massas de natureza mineral. Não é possível, por exemplo, um grande bloco de minério ser vivificado por uma única Mónada, pois tal coisa a individualizaria. Ao invés disso, encontra-se uma vasta massa mineral animada por grupos de Mónadas. Isto elimina qualquer ideia de individualização. É por isso que não se encontra uma alma individual num bloco de pedra, numa planta ou num animal.
Quando, por qualquer motivo, é destruída a massa mineral em que as Mónadas estão mergulhadas, portanto, servindo-lhe de veículo, estas retornam à sua Matriz levando consigo a experiência já vivenciada como Mineral, experiência essa que é compartilhada por todo o Grupo.
A evolução da Alma Grupal Mineral processa-se no nível mais denso do Universo, que é o Plano Físico. Todos nós, humanos, já passámos por essa etapa. Mas não expressa bem a realidade quando se diz: «Nós já fomos um mineral, uma árvore ou um animal», pois o correcto seria dizer que a nossa Mónada, através do seu tríplice envoltório inferior, já usou, no decurso da sua evolução, veículos minerais, vegetais e animais, e jamais que ela fosse isso, pois a sua origem e essência é de natureza Divina.
A actividade da Alma Grupal Vegetal é o segmento evolutivo que sucede à formação do Reino Mineral. Na fase anterior trabalhava-se o Plano Físico, o nível máximo da descida da Onda ou Vaga de Vida. Nesta segunda etapa a actividade processa-se no Plano Astral, e a evolução na vitalização das partículas astrais que estão encerradas no envoltório da Alma Grupal Vegetal, agora possuída de apenas duas camadas:
A camada externa, constituída de essência elemental do Plano Astral;
A camada interna, constituída de essência elemental do Plano Mental.
A Alma Grupal Vegetal não é de constituição permanente. Ela divide-se e subdivide-se consoante a grande variedade de espécies. Devido a este fenómeno, a Alma Grupal, à medida que o Reino se aprimora, torna-se cada vez mais dilatada para atender à imensa multiplicidade de espécies que vão surgindo no decorrer da sua Evolução.
A presença do tríplice envoltório inferior cria uma aura etéreo-astral nas árvores e demais plantas, tornando-as sensíveis aos impactos ambientais externos: intempéries, incêndios, seca, chuva, bons ou maus tratos infligidos pelos homens, etc. Essas experiências vivenciadas pelo Reino Vegetal são assimiladas pelo átomo-semente astral do Grupo. Com a morte dos jardins, dos bosques, etc., as Mónadas recolhem-se para o interior da Alma Grupal Vegetal que paira no espaço etéreo, à semelhança do que acontece no Reino Mineral. Também os valores adquiridos são compartilhados por todas as Mónadas residentes no envoltório colectivo.
Na Alma Grupal Animal o “bolsão” formado pelo tríplice envoltório inferior agora só possui uma camada, constituída de essência elemental do Plano Mental (Inferior). O envoltório de natureza astral da Alma Grupal Vegetal foi absorvido para fortalecer o corpo astral das Mónadas agora no interior da Alma Grupal Animal. O mesmo fenómeno verificou-se com o envoltório etérico das Mónadas em evolução no interior dos “bolsões”. Tal acontece em virtude dessas substâncias já terem passado por uma diferenciação ao entrarem em contacto com as Mónadas evoluintes.
Como nos Reinos anteriores, os Devas maiores (Anjos) dirigem os devas menores (Elementais) na orientação das Mónadas vegetais para a integração nas formas animais. Até certo ponto, os animais, se forem das espécies mais desenvolvidas, possuem uma alma já em processo de individualização, e quando desencarnados conservam no Astral a sua «individualidade» por algum tempo, não muito. A diferença fundamental está em que, não estando ainda plenamente individualizados, retornam à Alma Grupal que é a reserva comum ao Grupo a que pertencem, levando as suas experiências. Com o decorrer do tempo, o conteúdo da Alma Grupal é modificado pelas múltiplas experiências trazidas para ela.
Com o decorrer da Evolução, as espécies animais multiplicam-se e aprimoram-se devido às crescentes e renovadas experiências. Isto reflecte-se no interior da Alma Grupal Animal, cujo número de Mónadas iguais diminui cada vez mais no “bolsão” gerando, consequentemente, maior quantidade de espécies para atender à selecção natural do processo evolutivo no interior do Grupo, indo originar novas variedades específicas de animais. A multiplicação das espécies no interior da Alma Grupal realiza-se por um processo de cissão, algo parecido com o fenómeno que se dá com a multiplicação das amebas ou a divisão celular.
No Homem, o Espírito Tríplice (Atmã BudhiManas, ou seja, a tríplice expressão da Mónada Divina) está activo ao seu elevado nível, agindo sobre si mesmo, e manifesta-se pela personalidade através da MENTE CONCRETA.
No Animal, existem as sementes do Espírito e da Intuição manifestando-se sensorialmente como interesse e instinto, o interesse instintivo, faltando-lhe a Mente para discernir.
No Vegetal, em seu âmago profundo, vibram as sementes da Mónada e do Espírito. A sua consciência é a reacção vital ou resposta grupal à vida que os Anjos lhe facultam, faltando-lhe os corpos de Emoção e Pensamento.
No Mineral, pulsa o Espírito ou Atmã em semente quase indefinida. O seu único corpo de manifestação é o físico denso, e as restantes reacções provêm dos devas minerais agindo por esse elemento. Os devas vegetais constituem a matéria da Alma Grupal Vegetal e processo análogo acontece com a Vaga de Vida Animal.
Só o Homem é dirigido por um ESPÍRITO GRUPAL, tanto racial, como continental e global, o qual se expressa pelas justas e fraternas relações entre todas as criaturas humanas como semente ou bija da CONCÓRDIA UNIVERSAL, isto é, da SINARQUIA. A Essência do ESPÍRITO GRUPAL da Humanidade é JIVATMÃ, assumido pelo MANU (Legislador da Raça Humana), o Divino VAISVASVATA, expressando-se através de seu Irmão o BODHISATTVA (Instrutor da Raça Humana), o Excelso Senhor MAITREYA, o CRISTO como “Bom Pastor do seu vasto Rebanho” que é a sua Alma Colectiva: a HUMANIDADE, cujo Corpo Colectivo é dirigido pelo Senhor da Civilização ou MAHACHOAN – o Augusto VIRAJ, também conhecido como TAKURA BEY manifestado no antigo TRAIXU-LAMA, no Tibete.
Quando os homens deixarem de faltar às leis naturais, porque cada falta é como uma pedrada repercutindo dolorosamente na Aura do Cristo, então Este deixará de ser o “Homem das Dores” para finalmente se manifestar, para maior glória do Género Humano, como o SALVADOR UNIVERSAL de homens, de anjos e demais seres viventes.
De maneira que o Homem, ao invés de atacar e destruir insensatamente a Mãe Natureza manifestada nos Reinos subhumanos, mormente como se vê na sua atitude para com os animais inocentes à mercê da sua intempestiva inclemência passional, deveria antes, como eubiótica solução única, respeitá-los, compreendê-los e amá-los. Assim fez São Francisco de Assis, como se repara na sua “Oração ao Irmão Sol”, chamando aos Reinos subhumanos de “irmãos”, expressando por eles RESPEITO – COMPREENSÃO – AMOR, estas que são as chaves-mestras para o Homem auxiliar a transição do Animal ao Hominal e este, por sua vez, puder finalmente alçar-se ao estado Angélico, ao 5.º Reino Espiritual.
Sendo efectivamente o “Rei da Criação” ou Natureza manifestada, por sua posse efectiva da gema preciosa do Mental, a Hierarquia Humana é coadjuvada por outras 3 Hierarquias Criadoras na direcção dos Reinos subhumanos, cada qual possuindo um estado de consciência que é lhe próprio, como seja:
SABER – ARQUEU (ASSURA) – HOMINAL – CONSCIÊNCIA DE VIGÍLIA – MENTAL
OUSAR – ARCANJO (AGNISVATTA) – ANIMAL – SONO COM SONHOS – EMOCIONAL
QUERER – ANJO (BARISHAD)– VEGETAL – SONO SEM SONHOS – VITAL
CALAR – HOMEM (JIVA) – MINERAL – TRANSE PROFUNDO – FÍSICO
As Mónadas, mesmo com o final da vida impessoal das Almas Grupais, continuarão, contudo, a ter as suas existências orientadas por princípios colectivos. Todos os seres dos 4 Reinos manifestados no Mundo das Formas estão sujeitos a essa Lei. Assim, quando uma pessoa desperta para a vida espiritual e por ela encaminha os seus dias terrenos sob a direcção de dado Movimento Espiritualista com o qual as suas necessidades interiores sejam afins, automaticamente passa a pertencer à Egrégora ou “Alma Colectiva Psicomental” da sua Organização, Ordem, Religião, etc. Os membros da Ordem do Santo Graal, por exemplo, estão todos inseridos no Ovo Áurico da Ordem. Numa escala mais ampla, os que pertencem à Santa Irmandade da Obra do Eterno, a Excelsa Fraternidade Branca, estão envolvidos no Ovo Áurico da mesma Obra Divina. A própria Humanidade, no seu conjunto, está envolta na Aura do Logos Planetário, o que equivale a que TODOS sejam, na última e suprema instância, IRMÃOS. De maneira que este princípio de Espírito de Grupo se estende por todos os níveis da existência, desde as Cadeias e Rondas até às Raças e Nações e, inclusive, às famílias e aos homens em si mesmos como agregados celulares perfeitamente organizados. Nada existe independentemente, pois uma gigantesca trama invisível enlaça toda a Vida organizada.
Os Reinos subhumanos contemplam o Homem como o seu deus, como o modelo perfeito de evolução a alcançar, tal como este contempla no Anjo a forma perfeita do seu devir, porque, quer ou não se queira, mesmo de «cabeça para baixo e pernas para cima» até que assuma a verticalidade de Ser Integral que é nesta imperturbável Escola da Vida de todos os dias, inevitavelmente O HOMEM ESTÁ CONDENADO A SER DEUS!…
Todos temos obrigações para com todos os seres vivos, particularmente para com os animais como a espécie mais próxima de nós. Podemos servir-nos deles, porém, o serviço que nos prestam deve ser retribuído com atenção, carinho, amor e protecção, e não com crueldades francamente desumanas. Um animal doméstico que conviva connosco, recebe profunda e directamente as nossas influências (boas ou más) que o podem encaminhar para o bem ou para o mal, isto é, podem fazer com que ele engendre um karma ou consequência futura boa ou má. Por exemplo, um cão vindo para a nossa companhia, se o treinarmos na obrigação de caçar outros animais e até pessoas para nosso gáudio, certamente estamos fazendo com que gere um futuro mau karma, e com esse, por consequência, criamos um mau karma para nós mesmos. Se, pelo contrário, fazemos dele um amigo nosso, o instruirmos pelo lado do amor e da docilidade, ajudamos a sua (e nossa) própria evolução, criamos através dele um bom karma e fazemo-lo contrair bom karma ante os seus semelhantes do Reino afim, construindo assim um mundo melhor.
O que actua muito na individualização de um animal é sem dúvida a influência do ser humano. O impulso que leva um animal a individualizar-se pode ser de amor ou de ódio, antes, de sofrimento que ele manifestará como ódio às restantes espécies vivas. Assim, quando exercemos uma influência benéfica, amistosa e afectiva sobre o animal, ajudamos o seu crescimento natural, o seu desenvolvimento normal; é como um fruto que se deixa crescer naturalmente e só se colhe quando está maduro. Quando se colhe um fruto verde, a sua tendência será azedar e estragar-se. O mesmo se dá com o animal. Tanto podemos ajudá-lo a desenvolver-se normalmente como provocar a sua individualização prematura de maneira violenta. Os animais submetidos a muito sofrimento são obrigados, por temor e pavor, a desenvolver o sentido do sacrifício intenso que os obrigará a uma indesejável individualização prematura. Resulta disso que, ao tomar ele uma forma humana, venha a ser, por más samskaras ou “impressões psicomentais” aglomeradas em virtude de um mau karma, um indivíduo desajustado, um marginal, um rancoroso, um vingativo desejoso de destruir os seus semelhantes. Isto ensina-nos que em nossas relações com os animais deve haver sempre um recto senso de justiça, de amor e de fraternidade, se realmente nos pretendemos superiores a eles.
O animal vê o humano rodeado de uma aura azul anilada parecida a uma bruma suave, e apercebe as suas reacções para com ele pela mudança das cores vibratórias nessa aura astral. Um chamado terno ao bichano implica uma cor simpática rosa pálida; um aviso hostil faz exibir no corpo astral um antipático vermelho lívido que irá afugentar aterrorizado o animal.
Fitava Nusha, a pequena gata preta que já era membra da família e parte integrante do Lar; bem tratada, vivendo à soleira do Templo, fitava-me com os seus olhos expressivos enquanto escrevia estas linhas.
Quando veio para a nossa companhia, todos quisemos baptizá-la de “Princesa”. Certa noite, decidi adentrar mentalmente o respectivo embrião mental da bichana. Entre os seus “roms e suspiros” de satisfação, aflorou-me na mente o nome Nusha. A partir daí fui penetrando cada vez mais fundo na Alma Grupal do animal, e a imagem ou “cliché” astral que me sobreveio foi a seguinte: ela havia sido na encarnação anterior uma pantera andina (o famoso tipo “leão dos Andes”) domesticada, animal de estimação vivendo no palácio da nobre Nhusta ou “Princesa” de uma das últimas linhagens Incas, posteriormente identificada pelos povos autóctones do Peru, sob domínio católico, à própria Virgem Maria.
Habituada aos prazeres da vida palaciana, a ex-leoa Nusha foi até há pouco uma gata prazenteira decerto na última encarnação no Reino Animal, como denunciavam os seus hábitos e o olhar expressivo como que fitando já a entrada no Mundo Humano. Daí o Buda Animal ter permitido o seu último estágio num ambiente teúrgico, teosófico e mental que, por certo, a irá tornar na Cadeia futura (quando o Animal de hoje se tornará o Homem de amanhã) um homem refinado, sensível e, possivelmente, acabando por encontrar-se como filósofo ou sacerdote. Maneira de dizer, porque certamente a Vida Humana será absolutamente diferente, inimaginável na futura Cadeia de como hoje a conhecemos, ademais, de acordo com a Lei da Evolução o Reino Humano do Futuro será muitíssimo mais evoluído que o actual, tal como o Animal da Cadeia Terrestre é incomensuravelmente mais evoluído que o da Cadeia Lunar.
A gatinha morreu nos meus braços, meio-cega aconchegando-se ao meu peito como querendo um último refúgio ou alento protector, e após, com o natural desgosto da partida da gata amiga e companheira de largos anos, fui enterrá-la num esconso discreto da Serra de Sintra.
O que se faz para acelerar a evolução do animal que já foi doméstico? Geralmente é colocado de novo em contacto directo e íntimo com o ser humano, cuja influência acelera, apressa o desenvolvimento dessa alma ainda na forma animal, até galgar a etapa em que se individualiza e transfere ao Reino Humano. Passar para este não significa – mormente na época actual – que na próxima encarnação, passados anos ou séculos, tome uma forma humana; não, ela vai para o Plano Mental (o Devakan hindu como o mesmo Bardo tibetano) e aí aguarda a próxima Cadeia Planetária, e só então encarnará pela primeira vez na forma humana.
Como já disse, no Reino Animal (como nos Reinos anteriores a ele) cada forma não representa uma alma, mas a evolução das Mónadas animais por meio da Alma Grupal de animais da mesma espécie.
Numa Alma Grupal em evolução existe certa quantidade de Mónadas que encarnam em diferentes lugares. Umas podem encarnar na África, outras na Ásia, outras na Europa, outras nas Américas e todas pertencendo ao mesmo Grupo. A Alma Grupal recebe as experiências que essas Mónadas, ou melhor, que esses animais estão colhendo nos diferentes continentes e países. Um animal que esteja na África tropical evidentemente não colhe experiências iguais às do animal que esteja no Árctico, na zona glacial; as experiências são completamente diferentes. Também não colhem a mesma experiência do animal que esteja no Japão. Isto significa que onde quer que estejam os animais pertencentes à mesma Alma Grupal, estão colhendo experiências diferentes. À medida que eles vão morrendo, as suas experiências são acumuladas na sua Alma Grupal; isso vai se repetindo uma infinidade de vezes, e nessa etapa a evolução é muito lenta. Assim, à medida que os animais nascem, vivem e morrem, trazem ou levam sempre a bagagem de experiências acumuladas na sua Alma Grupal. É esta a causa de se verem animais mais ou menos inteligentes, mais ou menos dóceis.
No seu livro Compêndio de Teosofia, Charles Leadbeater usou de um exemplo muito feliz ao comparar a Alma Grupal a um balde com água. Diz ele: «Se nesse balde colocarmos uma certa quantidade de água, ali ela terá o seu tipo, a sua única cor e o seu único sabor, porém, se desse balde tirarmos cem copos de água, estes representariam, neste exemplo, cem animais. Se em cada copo puséssemos uma matéria corante ou certos elementos químicos, dando àquelas diferentes águas outras qualidades diferentes, quando despejássemos todos esses copos no balde evidentemente aquela água não seria a mesma de antes, pois estaria muito modificada. A água modificada representa as experiências colhidas pelos diferentes animais».
Vem depois uma segunda encarnação da Alma Grupal, isto é, «pegamos nos mesmos cem copos, enchemo-los de água e colocamo-los em pontos diferentes, fazendo outras combinações químicas e despejando os copos no mesmo balde. A água daí resultante ficará ainda mais modificada, e as modificações irão operando-se sucessivamente. É o que, analogamente, acontece a uma Alma Grupal. À medida que os animais vão acumulando experiências, a sua Alma Grupal vai se bipartindo, fragmentando, e assim uma Alma Grupal pode dividir-se em duas Almas Grupais de Mónadas com experiências específicas. Se na primeira Alma Grupal houvesse 100 Mónadas e ela se bisseccionasse, haveria 50 Mónadas em cada Alma Grupal, cada qual colhendo experiências de um tipo diferente. Depois, se essas duas se bisseccionassem novamente, teríamos quatro Almas Grupais cada qual com 25 Mónadas. E assim sempre fraccionando-se até chegar ao ponto de animal doméstico, em que este tem uma alma só, porém, ainda ligada à Alma Grupal, a qual continua recolhendo as suas experiências».
O Karma presidente à evolução dos quatro Reinos é essencialmente o mesmo, no sentido em que todos trazem débitos do Passado que tanto podem ser de sofrimento como de felicidade.
Por isso, numa mesma Alma Grupal, um cão pode ser um vadio sem eira nem beira cuja vida faz jus ao seu nome animal, e um outro ser um mimado rodeado de afagos. Ambos colhem experiências, um mais de sofrimento e outro mais de felicidade, e quando voltam à mesma Alma Grupal levam a sua respectiva contribuição.
A Lei é Justa, Perfeita e Sábia, e daí também devemos tirar lições para nós, humanos, principalmente em relação aos animais.
Os animais encarnam mas não reencarnam. A evolução progressiva de um canino, por exemplo, é: lobo, raposa e cão. Por sua natureza agressiva e carnívora, o lobo e a raposa matam e devoram os seus semelhantes mais fracos, por necessidade natural, e quando o excesso assassino inatural se impõe, o Karma vai impassivelmente registando todos os seus actos. De sorte que, quando a raposa encarna como cão, este pode ser um vadio abandonado, pagando assim o seu karma, ao passo que outro, presumivelmente não tendo sido um lobo ou uma raposa de excessos assassinos, ou por ter resgatado nessa etapa as suas dívidas mais pesadas que o Karma da Alma Grupal lhe impôs, portanto não trazendo mau karma, irá viver uma vida de afagos e mimos entre os humanos.
Cabe, pois, compreender que os animais também têm karma. O gato antes de o ser já havia sido leão, tigre e leopardo, sendo os seus débitos então contraídos processados de maneira idêntica aos do cão: gato mimado ou gato vadio, residindo a decisão no seu karma em posse da Alma Grupal, dirigida pelo respectivo Buda Perfeito ou Realizado.
Há ainda grupos de espécimes animais que passam por fases transitórias ou de vivenciação de experiências anteriores não devidamente assimiladas. São grupos estéreis, não reproduzíveis, como é o caso da mula híbrida, que antes de o ser fora burro e agora recapitula essa fase antes de passar ao estado de cavalo.
Acerca desse assunto quase desconhecido das espécies intermediárias, o Professor Henrique José de Souza proferiu no seu Livro do Loto (Carta-Revelação de 15.07.1951):
«Como foi dito anteriormente, entre uma classe e outra figuram os chamados INTERMEDIÁRIOS, ou metade de um Reino e metade de outro. Haja vista: Gnomos, Sereias ou Ondinas, estas positivamente “humanas e animais ou peixes”, e assim por diante. No Plano visível ou material, nós vemos animais, por exemplo, com essa dupla feição e vida, como sejam: os pinguins, as focas, etc. E até os pássaros, cópia fiel dos peixes: penas em lugar de escamas, barbatanas (dos peixes) em lugar de asas (dos pássaros). E assim por diante.»
Se o Reino Humano está sob a direcção de ASTAROTH e o Animal de KARUNA, o Angélico ou 5.º Reino Espiritual é dirigido por ARDHA-NARISHA na pessoa de AKDORGE, já hoje o REI DO MUNDO (Melkitsedek ou Chakravarti), por ser o mais próximo da Divindade ou LOGOS PLANETÁRIO, sendo como que a Personalidade para a Individualidade.
Todos os Reinos da Natureza estão repartidos em 7 Tipos ou Classes animadas por 7 Fluxos Vitais ou Raios de Vida emanados do Logos Planetário, que diferenciam e dirigem essas 7 Classes evoluintes, do Mineral ao Arqueu, conferindo o seu tom e colorido à Vida em desenvolvimento. Se um animal pertence actualmente ao 5.º Raio, isso significa que anteriormente, nos Reinos Vegetal e Mineral, ele também pertenceu a esse Raio e por ele colheu as experiências inerentes à sua Classe, vindo possivelmente a ser um homem de 5.º Raio quando penetrar o Reino Humano.
Como todas estas Linhas de Evolução atravessaram os vários Reinos da Natureza, cada uma delas culminou o seu trajecto, Reino a Reino, num tipo inexcedivelmente perfeito da sua categoria. Como resultado, existem pedras preciosas, plantas e animais «encabeçando» a sua Espécie respectiva, permutando com os seres humanos do seu Raio uma benéfica influência magnética. Um diamante nunca brilhará tanto como no diadema de um chefe, o rubi num religioso, a safira num instrutor. Um cavalo a ninguém obedecerá com maior submissão do que a um velho médico, ungido dos conhecimentos das leis da Natureza. Se o dono de um cão for um devoto sincero de sua causa, não importa qual, o animal terá encontrado o seu deus; um gato encontrá-lo-á num diplomata, rodeado de conforto e etiqueta.
Em resumo, a tabela seguinte predispõe a ligação simpática ou afim dos 7 Raios de Luz Divina aos tipos principais dos 4 Reinos da Natureza:
A) DOMINGO – SOL – OURO – SÂNDALO – SIRIEMA – ALQUIMIA
B) 2.ª FEIRA – LUA – PRATA – JASMIM – CÃO – ARTE
C) 3.ª FEIRA – MARTE – FERRO – VERBENA – GALO – POLÍTICA
D) 4.ª FEIRA – MERCÚRIO – AZOUGUE – CRAVO – CERVO – MECÂNICA
E) 5.ª FEIRA – JÚPITER – ESTANHO – AÇAFRÃO – RAPOSA – LITERATURA
F) 6.ª FEIRA – VÉNUS – COBRE – MIRRA – JAGUAR – FILOSOFIA
G) SÁBADO – SATURNO – CHUMBO – ALECRIM – ANTA – TEURGIA
↑↓
1.º RAIO PLANETÁRIO (LARANJA) – CARBÚNCULO – GIRASSOL – LEÃO – SABER
2.º RAIO PLANETÁRIO (VIOLETA) – AMETISTA – BONINA – GATO – BELEZA
3.º RAIO PLANETÁRIO (VERMELHO) – RUBI – ESTORAQUE – LOBO – BONDADE
4.º RAIO PLANETÁRIO (AMARELO) – TOPÁZIO – GARDÉNIA – MACACO – PUREZA
5.º RAIO PLANETÁRIO (PÚRPURA) – RUBINA – MAÇÃ – ELEFANTE – RIQUEZA
6.º RAIO PLANETÁRIO (AZUL) – SAFIRA – ALFAZEMA – TOURO – VENTURA
7.º RAIO PLANETÁRIO (VERDE) – ESMERALDA – ALECRIM – CABRA – SUBLIMAÇÃO
Posto tudo quanto se deve dizer, resta terminar reiterando o pedido insistente de que os nossos irmãos menores, os animais e demais Reinos subhumanos, merecem o nosso inteiro RESPEITO, AMOR e COMPREENSÃO. Pois que fique bem gravado que o homem só será realmente Homem quando essas Vagas de Vida alcançarem a individualização consciencial através do seu apoio directo, pelo entendimento real de que o Deus que palpita nele é o mesmo que pulsa em toda a Natureza, ficando assim demonstrado que a Sua Criação é bem maior do que pressupõem os limitados sentidos físicos!… Amar e defender aos seus irmãos menores, só se nutrindo deles nos limites da lei natural da necessidade, não os fazendo sofrer desnecessariamente, é quanto a condição humana necessita para puder alcançar esse estado ideal de FRATERNIDADE UNIVERSAL entre tudo e todos, e finalmente o Reino de Deus seja restaurado sobre a Terra.

OBRAS CONSULTADAS

Henrique José de Souza (JHS), Livro do Loto, 1951.
Laurentus, Ocultismo e Teosofia. Edição Sociedade Teosófica Brasileira, Rio de Janeiro, 1966.
Roberto Lucíola, Mónadas. Caderno “Fiat Lux” – 4, Agosto de 1995, São Lourenço, Minas Gerais, Brasil.
Félix Bermudes, O Homem condenado a ser Deus. Livraria Bertrand, Lisboa, 1952.
C. W. Leadbeater, Compêndio de Teosofia. Editora Pensamento, São Paulo, Brasil.
Geoffrey Hodson, A Fraternidade de Anjos e de Homens. Editora Pensamento, São Paulo, Brasil.
Geoffrey Hodson, O Reino dos Deuses. Editora Pensamento, São Paulo, Brasil.

Fonte:Vitor Manuel Adrião
http://lusophia.wordpress.com/2011/11/06/

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